Troca de experiências sobre meninas e mulheres nas Ciências

Projeto promove encontro entre estudantes do ensino médio e pesquisadoras para discutir a participação das mulheres em carreiras nas Ciências.

Investiga Menina, projeto financiado pelo Fundo Baobá, por meio do Edital Negras Potências, promoveu, em 15 de março, um encontro presencial entre as estudantes do ensino médio e pesquisadoras negras. Essa é a 4ª edição do projeto, que acontece na cidade de Goiânia (Goiás) e impacta diretamente, 150 alunas/os do Colégio Estadual Solon Amaral.

Clarissa Alves Bernardes, 17 anos, relata que o  projeto Investiga Menina trouxe para ela uma nova perspectiva para encarar a realidade. “Com as aulas ministradas e as conversas que tivemos, consegui me encontrar como uma mulher que sonha produzir Ciências. Com a ajuda do Investiga Menina, mantenho esse sonho vivo dentro de mim. Antes de ser apresentada ao projeto, confesso que estava confusa quanto ao meu futuro, entretanto após o projeto posso afirmar, com toda certeza, que a carreira científica é o que quero para mim”.

As beneficiárias do Investiga Menina são jovens como Clarissa, estudantes do ensino médio e também integrantes e participantes do Grupo de Mulheres Negras Dandara no Cerrado.

O projeto existe desde 2016, está na 4ª edição e com o apoio do Negras Potências vai até o mês de agosto de 2019. A iniciativa é da professora de química, Anna Maria Canavarro Benite, vinculada a Universidade Federal de Goiás (UFG), doutora em Ciências pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e presidenta da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN).
Segundo Anna Maria não se discute a produção de mulheres em sala de aula, muito menos as influências dessas produções para a sociedade. E, quando o recorte é racial, não se tem notícias em currículo oficial ou material didático, sobre qualquer mulher negra brasileira cuja contribuição seja celebrada no mundo acadêmico.

O projeto surge da parceria entre o Laboratório de Pesquisa em Educação Química e Inclusão – LPEQI-UFG e o Grupo de Mulheres Negras Dandara no Cerrado, e atua na aproximação entre as  estudantes e as práticas científicas por meio de ações direcionadas em laboratórios de química. O projeto visibiliza as práticas, as pesquisas e as histórias de vida realizando entrevistas com as cientistas brasileiras, possibilitando que elas visitem a escola parceira, destacando as suas contribuições e inspirando estudantes do ensino médio a seguirem as carreiras das exatas e científicas.

O apoio ao projeto, liderado pela professora de química, está ancorado na missão estratégica do Fundo Baobá para equidade racial, na medida em que o direito à educação de qualidade é um dos eixos estratégicos de atuação do Fundo. O investimento no projeto Investiga Menina se dá por meio do edital Negras Potências. O investimento do Fundo Baobá em educação está alinhado com o Programa de Ação da Conferência Mundial de Combate ao Racismo, Discriminação Racial e Intolerâncias Correlatas (2001) que reitera a importância do reconhecimento das contribuições culturais, econômicas, políticas e científicas feitas por africanos e afrodescendentes e com a Agenda Global de Desenvolvimento Sustentável onde, em 2015, os países se comprometeram a alcançar uma série de metas, entre elas, assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos e todas.

Saiba mais:
Dia 28 de abril é comemorado o Dia Internacional da Educação, essa data foi escolhida, pois foi exatamente nesse dia que terminava o Fórum Mundial de Educação, realizado em Dakar, no Senegal, no ano 2000. A data é lembrada como uma oportunidade de reflexão entre educadores, alunos e pais sobre a qualidade de ensino oferecido e a importância dos valores educacionais para a formação de crianças, adolescentes e adultos.

Os países que compõem a Organização das Nações Unidas (ONU) definiram, em 2015,  uma agenda de desenvolvimento sustentável composta por 17 objetivos, conhecidos como Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS), que devem ser implementados por todos os países do mundo até 2030. Para a conexão entre ciência e mulheres destacamos os: o ODS 4 Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos, em especial a meta 4.5 eliminar as disparidades de gênero na educação e garantir a igualdade de acesso a todos os níveis de educação e formação profissional para os mais vulneráveis, incluindo as pessoas com deficiência, povos indígenas e as crianças em situação de vulnerabilidade e o ODS 5 Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas, na meta  5.b Aumentar o uso de tecnologias de base, em particular as tecnologias de informação e comunicação, para promover o empoderamento das mulheres.


Imagem: Alunas/os do Colégio Estadual Solon Amaral