Fundo Baobá discute ESG

Por Vinícius Vieira

No dia 4 de outubro, conhecido como o Dia da Natureza, o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), em parceria com o LinkedIn, realizou o evento virtual “ESG na Prática: Parcerias e Negócios para um mundo em transformação”, que contou com a participação de profissionais de diversas áreas para falar da prática do ESG (Environmental, Social and corporate Governance – Governança Ambiental, Social e Corporativa) em seu ramo de atuação.

A diretora executiva do Fundo Baobá para Equidade Racial, Selma Moreira, foi uma das palestrantes na mesa de encerramento do evento. Com o tema “Como evitar o ESG Washing?”,  a sessão foi mediada pela professora associada da FEA/USP e vice-presidente do IPÊ, Graziella Comini, e contou com as  participações de Adriana Machado (Fundadora do Briyah Institute), Ricardo Batista (CEO do Tribanco) e Tarcila Ursini (EB Capital).

ESG na prática. Sentido horário: Graziella Comini (FEA/USP e IPÊ), Adriana Machado (Briyah Institute), Selma Moreira (Fundo Baobá), Tarcila Ursini (EB Capital) e Ricardo Batista (CEO do Tribanco)

No dia do evento, três redes sociais muito utilizadas tiveram problemas de instabilidade e ficaram sete horas sem funcionamento, gerando caos no mundo todo. Selma Moreira fez questão de iniciar a sua exposição fazendo conexões entre o ocorrido e a prática do ESG: “Se cai a internet, todo mundo enlouquece. Então por que a gente não sente a mesma coisa quando cai uma árvore ou quando a gente perde uma vida?”, perguntou.

Falando sobre ESG na prática, Selma destaca a necessidade de a discussão sobre o tema começar pela letra G, que representa a Governança Corporativa: “A governança é a chave, o espírito, sendo, talvez, o tema mais forte e que a gente tenha que apertar a caneta. Porque você precisa trabalhar a importância internalizada no alto escalão da empresa, para garantir que todos os trabalhos sejam feitos na perspectiva de promover a questão ambiental e a questão social. Muito além de uma simples propaganda”, afirmou.

A expressão ESG Washing é conhecida no meio corporativo como a implementação do ESG, sem o comprometimento real com todas as pautas que compõem a sigla. Neste contexto, Selma Moreira frisou a importância do engajamento e da discussão em torno dos fundamentos estratégicos do ESG; de não ficar apenas em modismos, citando, inclusive, a comoção virtual pela morte do norte-americano George Floyd em junho de 2020: “No ano passado nós vimos todo mundo falando sobre o Black Lives Matter [movimento ‘Vidas Negras Importam’] o tempo todo nas redes sociais. Eu acho muito importante as pessoas dialogarem sobre isso, mas eu quero que seja de verdade, para além de um post nas redes sociais. É preciso que essas pessoas se importem com isso e que todas as decisões tomadas, na vida pessoal ou profissional, estejam conectadas com essa temática também”.

A diretora executiva do Fundo Baobá, o primeiro fundo dedicado à promoção da equidade racial para a população negra no país, fez questão de afirmar que é necessário um olhar cuidadoso para as organizações e Fundos de justiça social e aprender com a experiência de atuação de cada um deles, nas causas mais urgentes: “O nosso trabalho está diretamente ligado ao Brasil profundo, escutando e respondendo às demandas dos diversos públicos. Assim como o Baobá, existem outros Fundos com outras temáticas que atuam para garantir que organizações de base comunitária, rurais, quilombolas, além da população mais afastada e vulnerável, tenham direito de viver com dignidade e de seguir se desenvolvendo”.

Por fim, Selma Moreira reitera que é necessário se permitir colocar em dúvida as nossas certezas: “As crianças têm o chamado ‘cantinho da disciplina’, os adultos precisam ter o cantinho da dúvida, antes de tomar qualquer decisão. É nessa hora da dúvida que se permite dialogar, experimentar e tentar outros caminhos, porque o que falta é conhecer mais do Brasil, falta conhecer mais das necessidades e falta, inclusive, desenhar os nossos planos a partir das escutas”, afirmando que não significa apenas investir o dinheiro em uma causa, baseado nas próprias estratégias, mas ter a sensibilidade de ouvir as demandas de cada um: “É muito do ser humano achar que tem a solução de tudo, no entanto, eu diria que é preciso fazer tudo com intencionalidade”, finalizou. 

No final do evento, a artista gráfica Camila G.MW. fez uma arte com todos os participantes da mesa digital e retratou Selma Moreira com os cabelos em formato de baobá, a árvore nativa da África, pertencente à família das malváceas, com um tronco que pode chegar a nove metros de diâmetro e 30 metros de altura e que deu origem ao nome da organização.

O vídeo está disponível no perfil do IPÊ no LinkedIn e pode ser assistido aqui.