Um grupo de 25 alunos do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM), campus de Uberlândia (MG), movimentou-se para ter uma viagem em que o objetivo era único: ativar o direito de sonhar. Depois de promoverem ações para angariar a quantia necessária para a viagem, eles vieram a São Paulo. A iniciativa foi articulada e desenvolvida pelo professor Fernando Caixeta e uma das atividades deles na capital paulista foi um encontro com as ações promovidas pelo Baobá – Fundo para Equidade Racial.
Um dos eixos de atuação do Baobá é o da Educação. Nele, o Fundo procura incentivar ações de enfrentamento ao racismo institucional nos ambientes escolares, apoia projetos de vida e ampliação de capacidades socioemocionais entre adolescentes e jovens, além de ampliar a entrada e a permanência no ensino superior, o que resulta na formação de lideranças e novos quadros em ciência, tecnologia e inovação.
Os 25 alunos do IFTM estão em fase de conclusão do ensino médio, a última etapa de aprendizado antes do acesso ao ensino superior. Vivem, com certeza, um momento de decisão com relação ao futuro. Uma coisa, porém, é certa: apostam na educação como a principal ferramenta para transformar suas vidas.
O professor Fernando Caixeta participou da banca de seleção do edital BlackStem, promovido pelo Baobá em parceria com a B3 Social. O BlackStem é um programa de graduação voltado a estudantes negros e negras que tenham sido aceitos para fazer sua formação em universidades estrangeiras dentro das carreiras STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática). Os alunos do IFTM, além de conhecerem alguns dos selecionados do BlackStem, também conheceram participantes do Programa Já É, cujo objetivo é a ampliação das oportunidades de acesso ao ensino superior para estudantes negros e negras, e do Carreiras em Movimento, que gera oportunidades para o desenvolvimento de competências e habilidades entre pessoas negras que estejam no início de sua trajetória profissional.
Os assistentes de programas e projetos, Alan Santos e Edmara Pereira, contaram um pouco sobre cada um dos editais. Giovanni Harvey, diretor executivo, também conversou com os estudantes do Instituto Federal do Triângulo Mineiro focando nas possibilidades e habilidades acadêmicas de cada um deles e no apoio que o Baobá pode dar a isso: “Muitas vezes, vocês têm a competência para entrar na faculdade, mas não reúnem as condições. Entre outros programas, nós temos o BlackStem, que dá uma bolsa de R$ 35 mil como forma de ajudar estudantes brasileiros que almejam fazer seus cursos de graduação em instituições de ensino fora do Brasil. O que objetivamos com isso? Nosso objetivo é ter uma visão mais realista da nossa história, para que tenhamos uma verdadeira democracia neste país”, afirmou.
Ao citar democracia, o diretor executivo do Baobá tocou num ponto crucial. A democracia, em termos de proteção de direitos, prevê a livre participação, entre outros aspectos, na vida cultural de uma sociedade. Por conta da busca por essa livre participação, os estudantes criaram o coletivo Sancofa como ferramenta de luta.
Além da apresentação feita pelos porta-vozes do Baobá, os estudantes mineiros ouviram falas potentes, como a do graduado em Humanidades pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Alajobi Silva, 26 anos, apoiado pelo edital Carreiras em Movimento. Nascido em Salvador, ele se mudou do Nordeste para São Paulo há menos de seis meses para tentar a carreira na área. “O edital Carreiras em Movimento caiu como uma luva. Eu já visualizava algumas coisas como passos na minha carreira. Mas para que elas fossem executadas eu precisava de dinheiro. Uma das minhas preocupações era como eu conseguiria dar os passos que eu estava visualizando, sem ter como financiar isso. Então, quando o edital abriu e eu vi a proposta, considerei ser o ideal para o meu momento de construção de carreira”, afirmou.
O professor do IFTM, Fernando Caixeta, definiu a importância de os alunos terem vindo a São Paulo e terem esse encontro com o Fundo Baobá. “Desde que conheci o Fundo, a gente fica compartilhando as histórias, principalmente com os meus alunos. Eles ficaram interessados nos editais lançados. Então, num primeiro momento, iríamos ver como estão os editais ou as oportunidades que o Baobá proporciona para esses alunos. Mas o que a gente encontrou aqui é muito maior que os resultados, muito maior que as conquistas que qualquer auxílio financeiro possa dar: é aquilombamento, é acolhimento, é saber que existem pessoas pretas que trabalham, que desempenham suas funções, que têm as suas formações reconhecidas, valorizadas e bem pagas. Isso não tem preço. Saio daqui com o sentimento de que foi ótimo”, afirmou o mentor da viagem.