Eric Ribeiro: da curiosidade infantil aos sonhos aeroespaciais

Natural de Caieiras, em São Paulo, Eric Ribeiro atualmente cursa Engenharia Aeroespacial na University of Notre Dame, nos Estados Unidos. Aos 19 anos, ele foi um dos selecionados da primeira edição do programa de bolsa de estudos de graduação para estudantes negros do Fundo Baobá, o Black STEM — iniciativa que apoia a presença e a permanência de pessoas negras nas áreas de Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) em universidades internacionais.

Na fotografia, Eric Ribeiro que atualmente cursa Engenharia Aeroespacial na University of Notre Dame, nos Estados Unidos. Aos 19 anos, ele foi um dos selecionados da primeira edição do programa de bolsa de estudos de graduação para estudantes negros do Fundo Baobá, o Black STEM, é
um homem negro jovem aparece sorrindo enquanto fala ao microfone. Ele usa óculos de armação redonda, camisa branca e calça em tom verde oliva. Sobre os ombros, está com um suéter bege, criando um visual elegante e descontraído. Ele está sentado em uma cadeira branca, participando de um painel ou mesa de conversa em ambiente institucional, com fundo azul e telão ao fundo. Sua expressão transmite entusiasmo e segurança, em um momento de partilha e escuta ativa.
Eric Ribeiro, no evento de boas-vindas do Edital Black STEM 2024.

“Desde pequeno, sempre fui apaixonado por máquinas. Foi assim que aprendi a ler, pois queria entender sobre ônibus e carros. Com o tempo, essa curiosidade se voltou para aviões e foguetes. Eu conseguia identificar qualquer avião que passasse no céu. Essa paixão persiste e se transformou no motor que me move até hoje: estudar engenharia aeroespacial”, afirma.

Mergulhado nos estudos, ele transforma a curiosidade da infância em projetos inovadores. Entre cálculos complexos, simulações e projetos de foguetes, destaca-se por sua dedicação e desejo de contribuir com o futuro da aviação e da exploração espacial.

O estudante conheceu o programa de bolsas por meio de uma amiga, que compartilhou a oportunidade. Como já havia sido aprovado na universidade, ele não hesitou em se inscrever. Hoje, a bolsa oferecida pelo Fundo Baobá, em parceria com a B3 Social, garante a estabilidade financeira necessária para que Eric possa se dedicar integralmente aos estudos e à vida acadêmica. Isso também permite que ele participe com mais liberdade de atividades extracurriculares, sem a necessidade de buscar outras fontes de renda durante o semestre.

Nova edição do programa amplia oportunidades

A diretora de Programa do Fundo Baobá, Fernanda Lopes, destaca a importância da iniciativa:

“A presença negra na ciência é relevante para a humanidade. Por isso afirmamos que o Black STEM não é ‘apenas’ um programa de bolsas complementares para apoiar a permanência de estudantes negros em cursos de graduação completa em instituições estrangeiras. Ele é a recuperação da memória das contribuições negras para a ciência e tecnologia mundial.” Ela reitera que, no futuro, grandes descobertas e avanços também poderão ser protagonizados por pessoas negras.

A segunda edição do Programa Black STEM foi lançada em 27 de março e oferecerá três bolsas complementares de R$ 35 mil a estudantes negros aprovados em cursos de graduação no exterior na área de STEM. As inscrições estão abertas até 30 de abril.

Eric deixa uma mensagem para outras pessoas estudantes que também querem estudar no exterior:

“Quando você sonha por você, você também sonha por todos que vieram antes e por aqueles que ainda virão. E quando você realiza, nós todos — eu, você e milhares de jovens negros periféricos — realizamos juntos”, afirma.

Para mais informações sobre a segunda edição do Black STEM, acesse:
https://bit.ly/BS-2edicao 

Diovanna Negeski, selecionada da 1º edição do Black STEM, compartilha sua jornada direto de Xangai

Diovanna Negeski, selecionada na primeira edição do Black Stem, fala de sua vida como estudante na China

Xangai, na China, uma das cidades mais populosas do mundo. Com quase 27 milhões de pessoas, é um poderoso centro financeiro, econômico, tecnológico e educacional. Por ser considerada uma esquina do mundo, assim como Nova York, Paris e Tóquio, foi lá que a New York University (NYU) decidiu, em 2011, ter um polo de educação fora dos Estados Unidos. Em 2019 iniciou a construção do seu moderno campus e o concluiu em 2022, objetivando receber 4 mil alunos vindos de todas as partes do mundo. 

Diovanna Negeski, jovem de pele clara e cabelos cacheados escuros, aparece sorrindo levemente, vestindo um look branco sem mangas e usando um crachá com a identidade visual do edital Black STEM. Ela está em pé, com o braço apoiado em uma superfície, em um ambiente interno iluminado. A foto foi registrada nos bastidores da cerimônia de assinatura da bolsa do programa Black STEM, momento que marca o início de sua jornada internacional acadêmica.
Diovanna Negeski nos bastidores da cerimônia de assinatura da bolsa do edital Black Stem. Crédito: Thalita Novais 

Um desses 4 mil alunos é Diovanna Negeski, uma brasileira negra que cresceu, como ela própria diz, no fundão da zona leste, no bairro de Itaquera, hoje conhecido em todo o Brasil por abrigar o estádio do Corinthians, também chamado de  Itaquerão.

Bairro de classe média baixa, composto por famílias de trabalhadores, ele é o palco da infância de Diovanna, que foi sendo cuidada por sua avó, já que seus pais tinham que trabalhar para dar uma vida mais confortável à filha. A avó também se virava como podia, fazendo serviços domésticos nas casas da região. 

Querendo que Diovanna  tivesse um futuro diferente dos demais da casa, a avó um dia disse a ela que a condição social da menina a estava fazendo perder a luta para a vida. Motivo: as pessoas mais abastadas tinham acesso a um estudo melhor e a cada dia ganhavam mais distância dela em termos escolares.

Aquilo despertou na itaquerense o desejo de brigar por espaço nos melhores bancos escolares. Esse desejo levou Diovanna a avançar nos estudos e, posteriormente, se inscrever no edital Black Stem, do Fundo Baobá, realizado em parceria com a B3 Social e a BRASA. Em 2024, ela foi selecionada na primeira edição do edital e  atualmente está morando e estudando em Xangai.  Fomos conferir como está sendo o dia a dia de transformações em sua vida. 

Como você soube  do edital Black Stem?  Que benefícios essa bolsa tem trazido para você? 

A bolsa do Black STEM foi para mim o alívio, o escape que eu precisava e foi o motivo de hoje eu estar estudando na NYU Xangai, estar inspirando outras pessoas e o motivo de  trazer a minha voz para esse lugar. Minha perspectiva, minha voz, minhas ideias,  porque sem essa bolsa, sem o benefício do Baobá eu não conseguiria viver aqui.  Xangai é uma cidade muito cara. A bolsa que eu recebi da universidade não cobria tudo, então eu tive que  ir atrás do que pudesse me ajudar. Foi quando o Baobá apareceu (fui parar nas inscrições por intermédio de um  amigo na África do Sul que viu). Eu conhecia o Baobá, mas por algum motivo eu não tinha visto as inscrições. Eu não tinha essa informação de que tinha inscrição para pessoas negras que queriam estudar no exterior. Ele, esse amigo querido, o Luís, de Recife, viu que eu tinha todo o perfil e disse que eu tinha que me aplicar para aquilo. Eu já conhecia o Fundo, toda a transparência e toda a cultura das coisas que eles estão fazendo para a comunidade negra. Eu me apliquei e passei e com muito orgulho estou trazendo a força da comunidade negra aqui para a Universidade de Nova York, na China. 

Quando, como e por que você decidiu pela NYU China? Por que um país tão distante e com cultura tão diferente da brasileira? 

É, para contar essa história eu acho que tenho que voltar um pouquinho no tempo. Sempre fui uma menina que nasceu na zona leste de São Paulo,  região de Itaquera,  onde fui criada. Estudei toda minha infância em escola pública do bairro. Mas já nessa época eu era muito inquieta, alguém que buscava muitos desafios e coisas novas. Comecei a me envolver com projetos sociais durante esse momento do ensino fundamental. Eu gostava muito de entender como a educação poderia ser uma chave de transformação na vida das pessoas. Com isso eu fui estudar no Instituto Federal de São Paulo. No Instituto Federal de São Paulo comecei a estudar tecnologia e me envolvi com diversas iniciativas interessantes. Mas essa inquietação,  esse desejo pelo novo, esse desejo por desafios e por algo que me tirasse dessa zona de conforto foi o fator decisivo quando estava pensando para onde eu iria estudar. Porque o maior sonho da minha vida era viajar para Nova York e  meu sonho era estudar na Universidade de Nova York. Consegui realizar esse sonho de conhecer Nova York antes de vir para a China. Porém, apesar de ser o meu maior sonho,  eu ainda sentia que não era exatamente esse lugar que queria morar. Apesar de não ser uma pessoa de fala nativa. uma estadunidense,  eu domino o inglês. Então,  eu achava que Nova York não seria tão desafiador. Aí,  quando eu vi a China, Xangai,  eu falei: esse é o lugar perfeito para mim.  É o lugar que vai me desafiar. O lugar que vai me tirar da zona de conforto todos os dias. Que vai me colocar para estar sempre atenta e sempre buscando novos desafios.  Estando no Brasil, você imagina que a  China tem uma cultura que é muito distante da nossa. Mas,  estando aqui hoje, eu posso falar pela perspectiva de alguém que está morando aqui há mais de 6 meses. Eu falo que a gente (Brasil e China) tem muita similaridade. Queria sair da zona de conforto. Todo dia aqui é um desafio novo. Eu  estou  aprendendo chinês, que é uma das línguas mais difíceis do mundo, mas eu acho que é nesses momentos que a gente consegue ser moldado como ser humano e é por isso que escolhi aqui. 

O estudo é puxado? Como é sua rotina de estudos? Qual a matéria que tem sido mais difícil?

É bastante puxado. Meu dia começa bem cedo, às 6 horas da manhã. Aí eu vou pra faculdade e tenho aula das 8h às 14h. Todas as semanas temos provas, provas e mais provas. E há outras atividades. Então, a agenda tem que ser muito organizada. Isso demanda ter que ser muito certinho. Como eu gosto, preciso e necessito estudar, mantenho tudo em ordem. Mas também gosto de cuidar do meu corpo, de fazer esportes. Então, vou  para a academia. Mas tudo é agendado. A matéria mais difícil para mim foi chinês. É uma língua muito difícil, tem caracteres. Fiz o milagre de aprender de uma forma muito rápida,  porque aqui a gente aprende de uma forma extremamente rápida. Em quatro meses eu aprendi o que uma pessoa aprende em  um ano. Está muito rápido o processo. 

Diovanna Negeski, participante do programa Black STEM, aparece entre colegas internacionais da New York University (NYU) Shanghai durante a celebração do Ano Novo Chinês. O grupo está sorridente, vestindo moletons roxos com o nome da universidade, e segura enfeites e cartazes vermelhos com mensagens de boas-vindas e prosperidade. A imagem foi registrada em um ambiente interno colorido e moderno, refletindo a diversidade e o espírito coletivo da turma de alunos na China.
Diovanna na China com a turma de alunos da New York University (NYU)

Você chegou em Xangai e logo já foi fazendo um “Perdida na China”, série de vídeos sobre seu dia a dia aí.  A ideia nasceu aqui no Brasil ou quando pisou em Xangai?

A questão do Perdida é muito interessante, porque está tendo um alcance muito bacana.  Então,  muitas pessoas estão conhecendo. Nos últimos vídeos que eu postei, tive mais de  380 mil visualizações. Então,  muita gente está conhecendo um pouco mais sobre a China. O intuito do Perdida na China é fazer um  quadro semanal de vídeos onde eu mostro a minha realidade. Quero informar as pessoas, porque vejo quanto a desinformação pode ser um fator perigoso. Como ela pode colocar as pessoas em lugares de ignorância. Então, pensei em como eu vou conectar as pessoas que estão lá no Brasil para que elas vejam que a China não é de outro mundo. A China é um país como qualquer outro,  com suas peculiaridades. É um país com diferenças e similaridades.  Então o Perdida é um espaço de afirmação para espalhar informação de qualidade,  informação de alguém que está vivendo aqui,  informação verdadeira sobre o que é a China. 

Por que o apelido de “Blogueira de Centavos”? 

É interessante porque eu coloco em todos os vídeos a legenda: Perdida na China, episódio “X”, que vai mostrar a saga dessa blogueira de centavos tentando conquistar seu diploma na NYU Xangai. Blogueira de Centavos  é uma brincadeira,  porque com certeza eu não sou uma blogueira. Não considero também que eu seja criadora de conteúdo. Mas é uma brincadeira que tem  na internet, pois quando você posta você está explorando esse mundo das mídias sociais, onde tudo é muito rápido. Então, Blogueira de Centavos sou eu tentando me adaptar a esse modelo mais instagramável, em que as pessoas gostam de coisas mais instantâneas, rápidas, mais miojo. 

Quando começou a crescer na cabeça daquela menina da Zona Leste o desejo de ir para outros países? Houve algum motivo ou alguém inspirador?

Essa pergunta é bem profunda. Eu gosto muito de falar de um lugar, que é o meu coração.  Gosto de falar das coisas que vêm do coração. Eu adoro falar de mim menina. Aquela criança que nasceu e cresceu na Zona Leste de São Paulo, no fundão de Itaquera. Sempre fui uma criança inquieta, sonhadora, obstinada e dedicada. Fui criada pela minha avó, porque os meus pais trabalhavam. Eu os via com mais frequência nos finais de semana. Meu avô é um imigrante russo, que veio para o Brasil para trabalhar nas fazendas. Já a minha bisavó por parte de mãe era uma pessoa que vivia em situação de escravidão. Já a minha avó fazia esses trabalhos informais para as pessoas como empregada doméstica.  Meus pais tinham que trabalhar muito para que eu tivesse uma vida razoável. Lembro certa vez que  minha avó estava arrumando meu cabelo e ela disse uma das frases que muitos jovens negros ouvem: “Você sabe que está perdendo a corrida da vida, não sabe?” Eu era uma menina de uns 8 anos de idade e falei:  “Como assim?” Ela disse: “ É porque as pessoas que estão recebendo uma educação de melhor qualidade, os ricos, estão à frente de você. Estão a passos largos, muito mais na frente!”  Quando ela disse isso, eu passei a ver minha vida com uma corrida mesmo,  em que as pessoas que estavam melhor instruídas,  que tinham melhor educação, recebiam acesso a lugares que possivelmente poderiam potencializá-las mais. Elas poderiam acessar coisas diferentes. Então, eu  comecei a correr muito mais, a fazer muito mais. Ela, minha avó, além da minha mãe, foi esse motivo tão inspirador para me fazer estar aqui. Minha família sempre me apoiou muito em tudo, apesar das dificuldades financeiras. Eu tenho uma família que acreditou mesmo quando os sonhos eram muito grandes. Quando eu dizia: eu quero ir para Nova York,  nunca ninguém da minha família tinha tido um passaporte. Eu fui a primeira da minha família a ter um passaporte. A primeira da minha família a aprender inglês e viajar para fora.   Minha família nem achava que inglês era necessário. Então, mesmo sem entender exatamente para que serviria aquilo, ela me apoiou. 

Descreva sua chegada na NYU China e, se possível, o impacto que isso te causou. 

A minha chegada na NYU Xangai foi surpreendente, mas muito tranquila. Antes de eu vir para a China, estava morando na África do Sul, por conta de um programa de voluntariado que eu estava fazendo lá. Então eu passei um mês apenas pelo Brasil e vim para a China. Quando vim para cá, eu já estava acostumada com essa questão de não ter uma casa  fixa,  já estava acostumada a dividir um apartamento, dividir o quarto e essas coisas. Então, foi uma chegada muito tranquila. Tem sido muito desafiador aprender chinês, apesar de eu gostar muito de aprender línguas. Mas a cidade é incrível,  maravilhosa. A faculdade é muito interessante também. Ajuda a gente a ir mais longe,  chegar e conquistar o que a gente quer. Mas efetivamente eu acho que o maior impacto é eu estar aqui não só por mim, mas pelas pessoas que estão comigo. As crianças da minha comunidade de jovens negros, jovens como eu que nasceram na zona leste,  na periferia e que me dão força. Os meus sonhos não são só meus,  mas deles também. 

Diovanna Negeski, participante do programa Black STEM, aparece sorrindo em destaque na frente de um grupo de colegas estudantes da New York University (NYU) Shanghai. Usando moletons roxos com a identidade da universidade, a turma posa de forma descontraída em um corredor interno, com sinais de paz e alegria. A diversidade cultural do grupo e o ambiente universitário reforçam a experiência internacional de Diovanna na China.
Diovanna com a turma de alunos na China

As aulas são em inglês, certo? Onde, como ou com quem você aprendeu a língua?

Sim, as aulas são em inglês. Mas eu tenho que aprender também o chinês, pois tenho aulas separadas que são só em chinês. Mas as referentes ao meu curso são todas em inglês. É  muito interessante como eu aprendi inglês, mas eu preciso dar também um contexto. Eu vim de uma família que nunca entendeu qual era o propósito de falar inglês, não entendia qual é o propósito de aprender uma língua. Eu tive que implorar,  que pedir para minha mãe muitas vezes para que ela me colocasse num curso de inglês. Mas ela não conseguia entender qual era o propósito daquilo.  Eu sei que em outras famílias,  em outros contextos sociais no Brasil, você não precisa implorar para que um pai,  uma mãe pague um curso de inglês. Mas é que minha mãe e meu pai  não entendiam por que isso era necessário. Para que isso era bom? Com muito custo eu consegui convencer minha mãe a pagar. Eu fiz um curso de inglês particular, que ela pagou durante anos e também não gostava de pagar. 

Você cursa Ciência da Computação. O curso é de quantos anos? A divisão é por semestres, como aqui no Brasil?

Sim, eu curso Ciência da Computação, que é um curso de 4 anos e a divisão é por semestres, como no Brasil. A cada semestre eu pego algumas matérias. Nesse primeiro ano geralmente a gente faz matérias que a faculdade chama de core  (matérias que são fundamentais para a formação acadêmica do estudante), pois precisamos ter  o nível x de matemática e o nível y de escrita. Então,  eu tenho que pegar algumas matérias específicas para cumprir primeiro esses requerimentos e aí depois eu consigo pegar as matérias de outro curso. Mas as matérias de ciência da computação são mais voltadas para software,  programação  e dados. 

Você sempre aparece nos vídeos com amigos brasileiros e uma garota negra norte-americana. Quem são eles e como nasceu essa integração entre vocês aí na China? Qual a importância deles na sua vida hoje?

Existe claramente aqui uma diferenciação de culturas, mas  além da diferenciação existe a diversidade cultural, que dá a oportunidade de  ver pessoas do mundo inteiro falando línguas das mais diversas,  mais especiais e diferentes. A gente sabe que a questão racial  no Brasil é estruturada de uma forma e estruturada por outra nos Estados Unidos.  Mas as questões raciais sempre estiveram atreladas, histórica e antropologicamente, às questões de ordem  financeira, ao capital. Estudar em uma das universidades mais caras dos Estados Unidos e a mais cara da China faz a gente não ter muitas referências negras aqui. As pessoas negras que tem aqui são pessoas negras que talvez não se sintam pertencentes, porque são negros, mas cresceram como pessoas brancas ricas nos Estados Unidos. Aí eu encontro essa minha amiga, a Fortune, uma garota negra, e a  primeira vez que eu a vi eu sabia que queria ser muito amiga dela. A gente cresceu em culturas diferentes,  em países completamente diferentes, mas as nossas realidades são muito parecidas. Ela também tem um nível de conquistas muito grande, também tem bolsas e, como eu, está lutando aqui para se afirmar nesse espaço. Ela é muito importante nesse processo de aquilombamento, onde nos juntamos para falar de nossas dúvidas, dores, dificuldades, mas também falar das nossas alegrias de estar aqui. De termos chegado. Então, tenho essa amiga, a Fortune, outros brasileiros, muitos internacionais, mas há uma brasileira, a Clara, que foi crucial para mim. Ela tornou a minha chegada aqui na China tranquila.  A gente se considera uma família,  mas uma família longe da minha família, por  exemplo. 

Que mensagem você deixa para outros estudantes brasileiros que têm também o sonho de estudar no exterior? 

Eu penso sempre na palavra acreditar. E acreditar é um movimento de acreditar em si. De  ser o seu primeiro apoiador. De ser o seu primeiro fã. Eu tive apoio de familiares, de  amigos, mas a pessoa que mais acreditou em mim fui eu. Apostei muito em mim,  acreditei no meu potencial,  acreditei que iria mudar o jogo de um modo que inspirasse outras pessoas,  que trouxesse transformação social, que trouxesse diferenças. Então é muito importante que os estudantes acreditem que podem, que é possível!  

Você tem até o dia 30 de abril para se inscrever na segunda edição do edital Black Stem. Para ter mais informações, acesse este link: https://bit.ly/BS-2edicao. 

E quem se interessou por seguir os episódios do Perdida na China, que a Diovanna posta toda semana, siga ela no Instagram.

Estudar fora do Brasil: a atitude faz a diferença

Selecionados do Black STEM 2024

Especialista e familiares dos bolsistas do Black STEM falam sobre desafios e conquistas no exterior

O senso comum diz que, para estudar no exterior, é necessário ser alguém especial – o famoso ponto fora da curva. Quem dissipa esse mito é o professor Fernando Caixeta, titular do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM), Campus Uberlândia, que atua com mentoria em programas de internacionalização e foi convidado a ser um dos mentores dos estudantes do programa Black STEM.

Essa iniciativa, promovida pelo Fundo Baobá para Equidade Racial, apoia a presença e permanência de pessoas negras em universidades fora do Brasil. No início de julho de 2024, cinco estudantes negros foram selecionados – quatro mulheres e um homem. Desde então, esses pioneiros vêm sendo acompanhados e apoiados por professores e suas famílias.

“Não tem que ser gênio e não tem que ter nota acima da média. Isso é uma grande ilusão. Eu acredito muito que são fatores que contam, mas não são o principal. O principal é o fator atitude”, sintetiza Caixeta, ao comentar o que levou esses jovens a serem selecionados por instituições de ensino no exterior. 

“Muitas universidades estrangeiras consideram o ponto de onde você partiu até o ponto em que você chegou. Se você teve acesso a estudo de línguas, fez várias viagens, você tem uma bagagem cultural e de experiência muito maior que aqueles que não tiveram essa chance.”

“Então, é muito mais o que você fez com aquilo que você tinha do que as notas que você alcançou. Tem que ter vontade e estar habilitado a receber não. A vida de quem se candidata a uma oportunidade no exterior é de muitos nãos até que se obtenha um sim. É importante entender que isso faz parte do processo”, diz.

O impacto do Black STEM na vida dos estudantes negros

O Black STEM tem foco em Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM). Também conhecidas como ciências exatas, essas áreas têm uma ligação histórica com a população negra, responsável por importantes desenvolvimentos científicos e tecnológicos. 

O programa foi criado pelo Fundo Baobá, com apoio da B3 – Social e parceria do BRASA (Brazilian Student Association). 

Camila. bolsista Black STEM, é uma mulher negra, de cabelos cacheados e sorriso radiante, está posicionada atrás de um balcão azul com o logotipo iluminado da B3 Social, iniciativa de impacto social da Bolsa de Valores. Ela veste uma camisa preta e um blazer colorido com estampas geométricas vibrantes. No fundo, uma grande tela exibe gráficos de variação do mercado financeiro e cotações de ações, reforçando o ambiente corporativo e tecnológico.
Camila Ribeiro, bolsista Black STEM. Crédito: Thalita Novais.

Camila Ribeiro está em Portugal. Ela optou por cursar Pilotagem na Escola Superior Náutica Infante Dom Henrique. A Marinha Mercante surge como uma grande alternativa profissional quando estiver formada. 

Eric Ribeiro está nos Estados Unidos cursando Engenharia Aeroespacial na Universidade Notre Dame. Os desafios que ambos têm que enfrentar são duros e não estão apenas dentro das instituições em que estudam. 

“Tenho conversado com os estudantes do BlackSTEM com alguma frequência. O que eles relatam de maneira geral é que o início é complicado, no sentido de se entender em uma sociedade que não é a deles.  E o que a gente entende como prioridade é que se encontre quem pode nos ajudar nesse processo. Grupos de pessoas pretas nos ajudam bastante. Aquilombar, nessa hora, pode ser um fator essencial”, diz o professor Caixeta. 

O impacto familiar e os desafios da distância

Camila é capixaba de Vitória (ES). Sua mãe, Andressa Ribeiro, fala sobre como é estar longe da filha, que não voltou para o Brasil no período de Natal e Réveillon: 

“Nos preparamos para esse momento, é um sonho se realizando, então há um misto de sentimentos. Muita saudade, mas também orgulho pelo protagonismo dela. Há o receio com relação ao clima, ao racismo, que buscamos mitigar com informação, muita fé e sorte. A tecnologia tem sido aliada nesse processo. Nos falamos com frequência”, afirma Andressa.

A rotina de Camila em Portugal é puxada. “Ela tem aulas diariamente, pela manhã e à tarde; tem excelentes professores, que focam o ensinamento mais na parte prática da matéria. Ou seja, no que ela realmente vai aplicar no dia a dia da profissão.”

“Está integrada com os colegas, formaram grupos de estudos e recebeu orientação da instituição para obter alguns  documentos que precisava. Ela mora no alojamento e faz as refeições na própria faculdade. Quando possível,  aproveita para conhecer um pouco mais a cidade”, revela Andressa Ribeiro. 

Eric, bolsista Black STEM, é um homem negro jovem, de cabelos crespos e óculos redondos, sorri enquanto posa atrás de um balcão azul com o logotipo iluminado da B3 Social. Ele veste uma camisa branca e tem um suéter claro sobre os ombros. O fundo é azul, com detalhes metálicos, criando um ambiente moderno e corporativo.
Eric Ribeiro, bolsista Black STEM. Crédito: Thalita Novais.

Joelma Ribeiro, mãe de Eric, de 18 anos, e moradora de Caieiras, na Grande São Paulo, relata que a vida de seu filho não tem sido muito diferente da vida de Camila. E seu coração vive tão apertado quanto o da mãe da colega.

“Tenho um misto de sentimentos: saudade, orgulho e felicidade. Às vezes, ver o Eric alcançando seus objetivos tão jovem é uma realização, mas também é desafiador conciliar os sentimentos, justamente por causa da distância e da sensação de ‘deixar ir’. Mas é lindo ver como ele está crescendo cada vez mais e desbravando o mundo”, diz.

Eric está na Universidade de Notre Dame, de olho em seu maior sonho: entrar na NASA (Agência Espacial Norte-Americana). Ele quer chegar lá e se tornar astronauta.

“Ele está se adaptando e lidando com as novas experiências de forma responsável, e isso é uma grande conquista! Suas preocupações, como não ficar doente e cuidar de si mesmo, são sinais de que está amadurecendo e aprendendo a ser independente, o que é um passo muito importante nessa fase da vida. Ele parece estar em um ótimo caminho”, diz Joelma.

Andressa e Joelma enaltecem a iniciativa do Fundo Baobá em criar um programa que possibilita a estudantes negros brasileiros ingressarem em universidades no exterior.

“A aprovação da Camila no edital foi de grande relevância. A bolsa tem sido essencial para viabilizar sua permanência em Portugal e a conclusão do curso.”

Joelma completa: “Foi um alívio ver o Eric conquistando essa oportunidade, ainda mais em um momento de tantas mudanças. Saber que ele conseguiu se organizar financeiramente e que está se virando sozinho em tantas questões, desde as mais práticas até as acadêmicas, é uma grande conquista para ele e também um grande alívio para mim.”

Conheça mais sobre o edital Black STEM aqui.

Primeiros estudantes selecionados pelo programa Black STEM para bolsas de estudo no exterior são apresentados em evento na B3 Social

Primeiros estudantes selecionados pelo programa Black STEM para bolsas de estudo no exterior são apresentados em evento na B3 Social

Em grande celebração, no dia 6 de agosto, o Baobá – Fundo para Equidade Racial e a B3 Social apresentaram os primeiros estudantes selecionados pelo edital Black STEM, voltado para jovens negros e negras brasileiros que alcançaram o objetivo de cursar uma graduação no exterior.  

O Black STEM é uma iniciativa que apoia a presença e permanência de pessoas negras nas áreas de Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) em universidades internacionais. No Brasil, pessoas negras (pretos e pardos) constituem 56% da população, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas representaram apenas 36% dos formados em cursos superiores em 2020 e 32% dos formados em STEM. Essas áreas têm uma ligação histórica com a população negra, responsável por importantes desenvolvimentos científicos e tecnológicos. E o programa faz com que essa ligação histórica se perpetue, pois promove formação acadêmica para esses estudantes e contribui para a produção de conhecimento negro dentro da academia global.  

A apresentação de cinco estudantes selecionados pelo programa Black STEM foi feita no auditório da B3 (região central de São Paulo), apoiadora do programa criado pelo Fundo Baobá – Fundo para Equidade Racial, que teve como parceiro a BRASA (Brazilian Student Association). O processo seletivo, composto por quatro etapas, contou com especialistas das áreas de STEM, Psicologia e Educação com diferentes conhecimentos e experiências sobre graduação no exterior. Cada um dos selecionados receberá o equivalente a R$35 mil anuais para cobrir despesas de moradia, alimentação, transporte, entre outros, com a possibilidade de essas bolsas serem renovadas anualmente até a conclusão do curso. 

Celebração do dia 6 de agosto, em que o Baobá – Fundo para Equidade Racial e a B3 Social apresentaram os primeiros estudantes selecionados pelo edital Black STEM


Os selecionados pelo Black STEM foram:  

  • Camila Ribeiro Martins (Vitória, ES): Pilotagem na Escola Superior Náutica Infante Dom Henrique, Portugal. 
  • Diovanna Stelmam Negeski de Aguiar (São Paulo, SP): Ciência da Computação, na New York University (NYU), na China. 
  • Eric Souza Costa Ribeiro (Caieiras, SP): Engenharia Aeroespacial na University of Notre Dame, EUA. 
  • Melissa Simplicio Silva (Rio de Janeiro, RJ): Ciência da Computação na New York University (NYU), EUA.

“O Black STEM é um programa de incentivo financeiro e educacional para adolescentes e jovens negros que desejam estudar ciências exatas fora do Brasil. Esta iniciativa não é um projeto de curto prazo, mas um programa duradouro desenvolvido pelo Fundo Baobá e pela B3 Social. Os resultados do primeiro processo seletivo mostram que estamos no caminho certo. Por isso, continuaremos a investir e a trabalhar para ampliar as perspectivas e horizontes dos alunos de escolas públicas e privadas que promovem a diversidade étnica por meio de ações afirmativas”, celebra Giovanni Harvey, Diretor Executivo do Fundo Baobá. 

A jornalista Adriana Couto fez a condução da cerimônia, transmitindo muita emoção para todos os presentes. Familiares e amigos dos estudantes tiveram a oportunidade de presenciar uma cerimônia recheada de alegria e comemorações. 

As histórias pessoais dos estudantes encantaram os presentes. Camila Ribeiro Martins, por exemplo, decidiu cursar Pilotagem depois de servir por dois anos à Marinha brasileira. “Servi como técnica no Rio de Janeiro e trabalhei em uma ilha. Tive muito contato com embarcações. O sonho de pilotar nasceu ali. Existe uma escola aqui no Brasil. Mas é escola militar e tem limite de idade. Então, as oportunidades existem, mas por vários motivos elas nos são negadas”, disse.     

Diovanna Aguiar se destaca desde a infância. “Amo ler. Aos 11 anos cheguei à marca de 300 livros lidos. Um dia, porém, minha avó me alertou para o fato de eu estar perdendo a corrida da vida. Ela se referia ao fato de eu não estar em uma boa escola. Eu sou de Itaquera e passei a querer estar nas melhores escolas. Entrei na Federal de São Paulo, uma das melhores instituições de ensino que temos. Nem que seja à força, temos que ocupar esses espaços”, afirmou Diovanna.  

Eric Souza começou a demonstrar ser uma criança fora da curva logo cedo. A mola propulsora de sua ida para a Notre Dame University é sua mãe. “Minha mãe, com a cara de pau dela, passou a ir às escolas particulares de Caieiras pedindo uma vaga para mim, sem ter nenhum dinheiro para pagar. Ela conseguiu. Passei a pensar em ser astronauta. Em 2021, fui o primeiro negro a representar o Brasil na Olimpíada Internacional de Ciência”, festejou.  

Melissa Simplicio Silva já está em Nova York e participou do encontro pela internet. Ela afirmou que a experiência como estudante no exterior faz com que enxergue melhor o Brasil: “Quando colocamos o pé para fora, a gente aprende a dar muito mais valor ao nosso país”, revelou.  

Os familiares estavam extremamente emotivos e a fala de Andressa Martins, mãe da estudante Camila, traduziu o pensamento de todos: “Não se trata só do dinheiro para eles permanecerem nesses países. Agradeço muito a isso, mas agradeço muito mais ao suporte. Isso é muito importante e vocês, Fundo Baobá e B3 Social,  estão dando”, concluiu.   

Fabiana Prianti, Head da B3 Social, enalteceu o fato de os estudantes estarem efetuando um resgate. “Vocês estão realizando os sonhos de seus familiares. Precisamos desses talentos negros. Portanto, voltem para o Brasil e assumam seus lugares de liderança”, disse. A fala de Fabiana reforça o que foi dito por Alexandre Moysés Nascimento, diretor de Governança da B3: “Esse é um dia histórico para nós. Celebramos aqui nossas vitórias e honramos os nossos ancestrais. Temos capacidade e competência, o que nos falta são oportunidades. É isso que a B3 quer proporcionar”, falou Alexandre.  

Outro momento de grande emoção foi com as participações do Professor Hélio Santos, membro da Assembleia Geral do Fundo Baobá e Presidente do Conselho da OXFAM, e André Lázaro, membro do Conselho Deliberativo do Fundo Baobá. Santos exaltou a perseverança dos estudantes: “O maior delito da elite brasileira foi impedir a juventude de sonhar. Não há investimento maior do que investir na juventude. Por isso, ousem! Ousar nada tem a ver com irresponsabilidade. Ousem! Duas mulheres negras deram duas medalhas de ouro ao Brasil nas Olimpíadas de Paris. Então, ousem, porque não queremos apontar apenas os riscos que a população jovem negra sofre. Queremos mostrar as oportunidades que eles têm também”.  

O também professor André Lázaro encerrou o evento dizendo: “Estar aqui hoje é ver mais uma oportunidade. O Fundo Baobá está olhando para as pessoas e para o compromisso que tem com elas. Esse encontro revela compromissos transformadores. O Movimento Negro civilizou o Brasil. Ter a  B3 comprometida com a equidade é um grande passo que a nossa sociedade também tem para dar”, disse. Para os estudantes, Lázaro deixou o seguinte recado: “Não levem com vocês o peso da responsabilidade. Aceitem o direito de errar”, alertou.   

Black STEM seleciona estudantes negros brasileiros para graduação no exterior em ciências exatas 

Edital Black-Stem

O edital  vai oferecer suporte financeiro para apoiar a permanência dos estudantes durante a graduação

Contribuir para que sonhos sejam alcançados. A divulgação da lista de selecionados do edital Black STEM, do Baobá – Fundo para Equidade Racial, marca a formação da primeira turma de bolsistas apoiados pelo edital Black STEM, voltado a estudantes negros e negras brasileiros que hoje alcançam o objetivo de cursar uma graduação fora do Brasil. O edital  destinou cinco bolsas de estudo de R$ 35 mil para estudantes das áreas de Exatas (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática), com a possibilidade de as bolsas serem renovadas anualmente até o período de conclusão do curso.

O objetivo do Black STEM, que tem apoio da B3 – Social e parceria com a BRASA (Brazilian Students Association), é dar suporte aos cinco estudantes negros brasileiros para que permaneçam nas universidades que escolheram no exterior, em condições de suprir despesas de aluguel, transporte, alimentação e material acadêmico. Os selecionados, cuja lista foi divulgada em 15 de julho, são de São Paulo (2), Rio de Janeiro (1), Bahia (1) e Espírito Santo (1). 

O representante do estado de São Paulo é de cidade da região metropolitana: Eric Souza Costa Ribeiro é de Caieiras. Já Micaela Melissa Simplicio Silva é da cidade do Rio de Janeiro (RJ), Marcus Senghor Guena dos Santos Oliveira é de Salvador (BA) e Camila Ribeiro Martins é de Vitória (ES). 

Os cursos pelos quais optaram são os mais variados e a escolha pelas universidades, ao contrário do que costuma ocorrer, não recaiu apenas sobre Europa e América do Norte. Eric Ribeiro vai para os Estados Unidos cursar Engenharia Aeroespacial na University of Notre Dame, no estado de Indiana;  Micaela Melissa Silva também vai para os Estados Unidos fazer Ciência da Computação na New York University (NYU), em Nova York; Marcus Ghena Oliveira também optou pela América do Norte e estará no Canadá estudando Game Design na Brock University, em Ontário, e Camilla Martins vai para Portugal estudar Pilotagem na Escola Superior Náutica Infante Dom Henrique, na cidade de Oeiras. 

Embora a presença de estudantes negros e de baixa renda em áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) ainda seja limitada, o Programa Black STEM visa combater a baixa representação de estudantes negros brasileiros em universidades internacionais. Essas áreas, também conhecidas como ciências exatas, têm uma ligação histórica com a população negra, responsável por importantes desenvolvimentos científicos e tecnológicos. . O programa visa resgatar essa herança e promover a inclusão de mais pessoas negras na academia, trabalhando para ampliar as perspectivas e horizontes dos alunos de escolas públicas e privadas

Para saber detalhes sobre o edital Black STEM, clique aqui .