Natural de Caieiras, em São Paulo, Eric Ribeiro atualmente cursa Engenharia Aeroespacial na University of Notre Dame, nos Estados Unidos. Aos 19 anos, ele foi um dos selecionados da primeira edição do programa de bolsa de estudos de graduação para estudantes negros do Fundo Baobá, o Black STEM — iniciativa que apoia a presença e a permanência de pessoas negras nas áreas de Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) em universidades internacionais.
Eric Ribeiro, no evento de boas-vindas do Edital Black STEM 2024.
“Desde pequeno, sempre fui apaixonado por máquinas. Foi assim que aprendi a ler, pois queria entender sobre ônibus e carros. Com o tempo, essa curiosidade se voltou para aviões e foguetes. Eu conseguia identificar qualquer avião que passasse no céu. Essa paixão persiste e se transformou no motor que me move até hoje: estudar engenharia aeroespacial”, afirma.
Mergulhado nos estudos, ele transforma a curiosidade da infância em projetos inovadores. Entre cálculos complexos, simulações e projetos de foguetes, destaca-se por sua dedicação e desejo de contribuir com o futuro da aviação e da exploração espacial.
O estudante conheceu o programa de bolsas por meio de uma amiga, que compartilhou a oportunidade. Como já havia sido aprovado na universidade, ele não hesitou em se inscrever. Hoje, a bolsa oferecida pelo Fundo Baobá, em parceria com a B3 Social, garante a estabilidade financeira necessária para que Eric possa se dedicar integralmente aos estudos e à vida acadêmica. Isso também permite que ele participe com mais liberdade de atividades extracurriculares, sem a necessidade de buscar outras fontes de renda durante o semestre.
Nova edição do programa amplia oportunidades
A diretora de Programa do Fundo Baobá, Fernanda Lopes, destaca a importância da iniciativa:
“A presença negra na ciência é relevante para a humanidade. Por isso afirmamos que o Black STEM não é ‘apenas’ um programa de bolsas complementares para apoiar a permanência de estudantes negros em cursos de graduação completa em instituições estrangeiras. Ele é a recuperação da memória das contribuições negras para a ciência e tecnologia mundial.” Ela reitera que, no futuro, grandes descobertas e avanços também poderão ser protagonizados por pessoas negras.
A segunda edição do Programa Black STEM foi lançada em 27 de março e oferecerá três bolsas complementares de R$ 35 mil a estudantes negros aprovados em cursos de graduação no exterior na área de STEM. As inscrições estão abertas até 30 de abril.
Eric deixa uma mensagem para outras pessoas estudantes que também querem estudar no exterior:
“Quando você sonha por você, você também sonha por todos que vieram antes e por aqueles que ainda virão. E quando você realiza, nós todos — eu, você e milhares de jovens negros periféricos — realizamos juntos”, afirma.
A mobilização para a Marcha das Mulheres Negras de 2025 é construída por mulheres que estiveram presentes desde sua primeira edição, realizada em novembro de 2015, em Brasília. Articuladoras, militantes e lideranças de diferentes gerações e territórios do Brasil marcham na luta por reparação diante das injustiças históricas, contra o racismo e pelo Bem Viver.
Entre elas está Piedade Marques, filósofa, articuladora da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco e atual coordenadora do projeto social Eu voto em negras.
“Foi uma militância e uma formação baseada em debate, leitura, informação. Tive a sorte e a oportunidade de fazer parte do Afoxé Alafin Oyó — grupo cultural e religioso de Pernambuco —, que foi meu espaço de ‘aquilombamento’. Era o nosso gueto, onde eu podia ser uma menina preta livre, sem precisar alisar o cabelo. Isso nos dava uma sensação de liberdade”, afirma.
Piedade Marques, filósofa, articuladora da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco e atual coordenadora do projeto social Eu voto em negras.
A faísca da Marcha das Mulheres Negras nasceu em 2013, durante a III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, com a formação do Comitê Impulsor Nacional da Marcha das Mulheres Negras Contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver.
O comitê foi composto por organizações como a Articulação Nacional de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Quilombolas (Conaq), a Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad) e o Movimento Negro Unificado (MNU).
A Marcha como processo político e social de longo prazo
A construção da Marcha demanda meses — e, muitas vezes, anos — de preparação: encontros regionais, reuniões, estudos, debates e mobilizações nas comunidades. Trata-se de uma expressão coletiva do protagonismo das mulheres negras na luta contra o racismo, o sexismo e outras formas de opressão. Mais do que um ato político, a Marcha afirma um novo projeto de sociedade pautado no Bem Viver.
Valdecir Nascimento, atualmente com 65 anos, também foi uma das protagonistas na concepção e organização da Marcha de 2015. Fundadora do Odara – Instituto da Mulher Negra, sua trajetória se entrelaça com a luta cotidiana das mulheres negras e com a busca coletiva por estratégias de resistência e sobrevivência.
Na década de 1980, Valdecir encontrou o movimento negro e, paralelamente, começou a questionar narrativas enquanto atuava como catequista (pessoa que leva a fé cristã a crianças, jovens e adultos) — entre elas, a releitura do poema O Deus Negro, de Neimar de Barros.
Desde cedo, passou a refletir e sonhar com um novo caminho para o Bem Viver das mulheres negras e de suas famílias. Filha de um ogã de terreiro (pessoa responsável por tocar e cantar), Valdecir carrega saberes ancestrais ligados à cura física e espiritual proporcionada pelas religiões de matriz africana.
“Em 2012, em Brasília, quando Nilma Bentes propôs um encontro de mulheres negras para discutir articulações que nos fortalecessem, senti que era uma proposta potente, que precisava ser acolhida por todas. Era a chance de nos afirmarmos como sujeitas políticas diante da sociedade brasileira — e assim foi feito, com a realização da Marcha em 2015”, relembra Valdecir.
Para ela, o maior legado daquela Marcha está na metodologia adotada e na capacidade de romper com a subalternidade histórica imposta às mulheres negras. É nelas, acredita, que reside a força transformadora capaz de mudar o país.
Tanto Piedade quanto Valdecir desejam que a Marcha de 2025 seja marcada pela esperança. Elas acreditam na força coletiva e afetiva das mulheres negras para construir um novo mundo — um mundo onde possam ser livres e moldar a realidade de acordo com seus próprios valores, e não segundo as imposições políticas e ideológicas dos opressores.
O edital Educação e Identidades Negras: Políticas de Equidade Racial foi encerrado com um saldo bastante positivo. Após dois anos de vigência, ele resultou em um impacto de transformação para as 12 organizações que receberam, cada uma, R$ 175 mil para implementar seus projetos.
As transformações foram possíveis tanto pelo apoio financeiro quanto pelo suporte técnico oferecido nas oficinas organizadas pelo Fundo Baobá. As organizações tiveram acesso a recursos para aquisição de equipamentos e capacitação em gestão, o que gerou aumento da visibilidade de cada uma delas, além do fortalecimento institucional.
Ações antirracistas e fortalecimento institucional
Uma característica comum entre as organizações participantes do processo seletivo foi o desenvolvimento de estratégias para enfrentar o racismo em instituições educacionais — formais e não formais — e promover maior representação de pessoas negras nos espaços de decisão na educação.
Das 12 organizações apoiadas, 9 nunca haviam recebido qualquer tipo de financiamento para seus projetos. Isso reflete a missão do Fundo Baobá, que realiza uma busca ativa por organizações que atuam em territórios desassistidos.
O papel do Fundo Baobá na descentralização de recursos
A diretora de Programa do Fundo Baobá, Fernanda Lopes, analisa esse cenário:
“Algumas das organizações apoiadas atuam na luta antirracista há uma ou duas décadas e, ainda assim, não haviam acessado recursos da filantropia. Alcançá-las com bons critérios de seleção é um indicador de sucesso. Aos poucos, estamos chegando a organizações de diferentes regiões do país, saindo das capitais dos estados. Descentralizar o acesso aos recursos financeiros e ampliar o acesso às assessorias técnicas que contribuam com o fortalecimento das lideranças, organizações, grupos e coletivos negros é parte da nossa missão”, afirma.
Fernanda Lopes, Diretora de Programa do Fundo Baobá. Crédito: Thalita Novais
Um dos critérios para seleção das organizações era a atuação na promoção efetiva do que determinam as Leis 10.639/2003 e 11.645/2008. Essas legislações tornam obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena nas escolas, modificando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Apesar da determinação legal, muitas instituições de ensino — tanto públicas quanto privadas — ainda a ignoram, uma realidade que precisa ser transformada.
“As organizações apoiadas no edital contribuíram para reduzir o desconhecimento, subsidiar e cobrar a implementação. Promoveram diálogos que, na maioria das vezes, são incomuns, envolvendo movimento social e unidades formais de educação básica ou universitária. Ver os resultados e saber que mais de 15 mil pessoas tiveram acesso a conteúdos anteriormente vetados em função do racismo é um bom indicador de que estamos no caminho certo de investimento”, completa Fernanda Lopes.
Afoxé Omô Nilê Ogunjá: cultura, autonomia e educação
O edital apoiou organizações, coletivos e grupos negros de nove estados brasileiros. Uma delas foi o Afoxé Omô Nilê Ogunjá, uma associação cultural de tradição afro-brasileira da cidade de Recife, em Pernambuco. Assim como as demais, o Afoxé enfrentou desafios relacionados à gestão de projetos e à prestação de contas. Mas as dificuldades apenas reforçaram o desenvolvimento das habilidades nessas áreas, contribuindo para a autonomia operacional da associação.
Com essa autonomia consolidada, o Afoxé Omô Nilê Ogunjá estabeleceu parcerias para difundir, entre estudantes e educadores da Educação Básica ao Ensino Superior, conhecimentos importantes sobre a cultura afro-brasileira e a história do Brasil, por meio da dança, da música e dos saberes ancestrais.
“Firmamos parcerias com instituições de ensino acadêmico, como a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e com instituições de educação básica, que são o nosso público-alvo, o nosso grande público. Firmamos também parcerias com quatro escolas do bairro do Ibura, escolas públicas e uma escola de capital misto. Trabalhamos, através da Lei 10.639, aspectos da cultura e identidade afro-brasileira, passando pela questão da educação etnicorracial. Tivemos formações para professores, atividades com estudantes e levantamentos diagnósticos”, relata Manoel Neto, representante da organização pernambucana.
Manoel Neto, representante da organização pernambucana Afoxé Omô Nilê Ogunjá.
Manoel Neto destaca o salto de qualidade obtido com o apoio técnico do Fundo Baobá:
“Foi um ganho muito grande para a nossa instituição. Nós tivemos muitas mudanças corroboradas por esse processo de participação no edital. Passamos a ter um planejamento mais institucional. A elaboração desse planejamento, realizada durante a parceria com o Fundo Baobá, foi muito importante para definir os horizontes que agora estamos trilhando — e que são os que gostaríamos de trilhar. Foi importante para definir onde vamos chegar e aonde queremos chegar. Foi importante, inclusive, para conseguirmos uma parceria com uma nova instituição. Conseguimos um financiamento para 2025 de R$ 300 mil para dar continuidade às ações e garantir a permanência das atividades”, conclui.
Parceria com Imaginable Futures e Fundação Lemann
OFundo Baobá para Equidade Racialcontou com apoio financeiro das instituições Imaginable Futures e Fundação Lemann para a realização do edital Educação e Identidades Negras: Políticas de Equidade Racial, que teve um aporte de aproximadamente R$ 2,5 milhões e resultou no apoio a 12 organizações.
A Imaginable Futures participou, pela primeira vez, de uma iniciativa dedicada exclusivamente a organizações negras e reconhece a importância dessa participação:
“Historicamente, organizações negras têm acumulado experiências valorosas que as colocam em um lugar central para propor práticas e políticas públicas para promover a equidade no ensino e melhorar a qualidade da educação. No entanto, elas enfrentam desafios para acessar recursos e recebem apenas uma pequena parcela do capital filantrópico no Brasil. Em razão dessa assimetria, temos nos juntado a iniciativas que destinam recursos para essas organizações. A iniciativa com o Baobá foi uma experiência inaugural e transformadora para a Imaginable Futures — não apenas pela legitimidade que o Baobá já tem no campo, mas porque nos permitiu aprender e evoluir enquanto organização. Foi uma parceria de muita aprendizagem, que fortaleceu a nossa estratégia e nos ajudou a melhorar a forma como atuamos em prol da equidade racial na educação”, diz Samuel Emílio, Gerente de Programa da Imaginable Futures.
Samuel Emílio, Gerente de Programa da Imaginable Futures.
Xangai, na China, uma das cidades mais populosas do mundo. Com quase 27 milhões de pessoas, é um poderoso centro financeiro, econômico, tecnológico e educacional. Por ser considerada uma esquina do mundo, assim como Nova York, Paris e Tóquio, foi lá que a New York University (NYU) decidiu, em 2011, ter um polo de educação fora dos Estados Unidos. Em 2019 iniciou a construção do seu moderno campus e o concluiu em 2022, objetivando receber 4 mil alunos vindos de todas as partes do mundo.
Diovanna Negeski nos bastidores da cerimônia de assinatura da bolsa do edital Black Stem. Crédito: Thalita Novais
Um desses 4 mil alunos é Diovanna Negeski, uma brasileira negra que cresceu, como ela própria diz, no fundão da zona leste, no bairro de Itaquera, hoje conhecido em todo o Brasil por abrigar o estádio do Corinthians, também chamado de Itaquerão.
Bairro de classe média baixa, composto por famílias de trabalhadores, ele é o palco da infância de Diovanna, que foi sendo cuidada por sua avó, já que seus pais tinham que trabalhar para dar uma vida mais confortável à filha. A avó também se virava como podia, fazendo serviços domésticos nas casas da região.
Querendo que Diovanna tivesse um futuro diferente dos demais da casa, a avó um dia disse a ela que a condição social da menina a estava fazendo perder a luta para a vida. Motivo: as pessoas mais abastadas tinham acesso a um estudo melhor e a cada dia ganhavam mais distância dela em termos escolares.
Aquilo despertou na itaquerense o desejo de brigar por espaço nos melhores bancos escolares. Esse desejo levou Diovanna a avançar nos estudos e, posteriormente, se inscrever no edital Black Stem, do Fundo Baobá, realizado em parceria com a B3 Social e a BRASA. Em 2024, ela foi selecionada na primeira edição do edital e atualmente está morando e estudando em Xangai. Fomos conferir como está sendo o dia a dia de transformações em sua vida.
Como você soube do edital Black Stem? Que benefícios essa bolsa tem trazido para você?
A bolsa do Black STEM foi para mim o alívio, o escape que eu precisava e foi o motivo de hoje eu estar estudando na NYU Xangai, estar inspirando outras pessoas e o motivo de trazer a minha voz para esse lugar. Minha perspectiva, minha voz, minhas ideias, porque sem essa bolsa, sem o benefício do Baobá eu não conseguiria viver aqui. Xangai é uma cidade muito cara. A bolsa que eu recebi da universidade não cobria tudo, então eu tive que ir atrás do que pudesse me ajudar. Foi quando o Baobá apareceu (fui parar nas inscrições por intermédio de um amigo na África do Sul que viu). Eu conhecia o Baobá, mas por algum motivo eu não tinha visto as inscrições. Eu não tinha essa informação de que tinha inscrição para pessoas negras que queriam estudar no exterior. Ele, esse amigo querido, o Luís, de Recife, viu que eu tinha todo o perfil e disse que eu tinha que me aplicar para aquilo. Eu já conhecia o Fundo, toda a transparência e toda a cultura das coisas que eles estão fazendo para a comunidade negra. Eu me apliquei e passei e com muito orgulho estou trazendo a força da comunidade negra aqui para a Universidade de Nova York, na China.
Quando, como e por que você decidiu pela NYU China? Por que um país tão distante e com cultura tão diferente da brasileira?
É, para contar essa história eu acho que tenho que voltar um pouquinho no tempo. Sempre fui uma menina que nasceu na zona leste de São Paulo, região de Itaquera, onde fui criada. Estudei toda minha infância em escola pública do bairro. Mas já nessa época eu era muito inquieta, alguém que buscava muitos desafios e coisas novas. Comecei a me envolver com projetos sociais durante esse momento do ensino fundamental. Eu gostava muito de entender como a educação poderia ser uma chave de transformação na vida das pessoas. Com isso eu fui estudar no Instituto Federal de São Paulo. No Instituto Federal de São Paulo comecei a estudar tecnologia e me envolvi com diversas iniciativas interessantes. Mas essa inquietação, esse desejo pelo novo, esse desejo por desafios e por algo que me tirasse dessa zona de conforto foi o fator decisivo quando estava pensando para onde eu iria estudar. Porque o maior sonho da minha vida era viajar para Nova York e meu sonho era estudar na Universidade de Nova York. Consegui realizar esse sonho de conhecer Nova York antes de vir para a China. Porém, apesar de ser o meu maior sonho, eu ainda sentia que não era exatamente esse lugar que queria morar. Apesar de não ser uma pessoa de fala nativa. uma estadunidense, eu domino o inglês. Então, eu achava que Nova York não seria tão desafiador. Aí, quando eu vi a China, Xangai, eu falei: esse é o lugar perfeito para mim. É o lugar que vai me desafiar. O lugar que vai me tirar da zona de conforto todos os dias. Que vai me colocar para estar sempre atenta e sempre buscando novos desafios. Estando no Brasil, você imagina que a China tem uma cultura que é muito distante da nossa. Mas, estando aqui hoje, eu posso falar pela perspectiva de alguém que está morando aqui há mais de 6 meses. Eu falo que a gente (Brasil e China) tem muita similaridade. Queria sair da zona de conforto. Todo dia aqui é um desafio novo. Eu estou aprendendo chinês, que é uma das línguas mais difíceis do mundo, mas eu acho que é nesses momentos que a gente consegue ser moldado como ser humano e é por isso que escolhi aqui.
O estudo é puxado? Como é sua rotina de estudos? Qual a matéria que tem sido mais difícil?
É bastante puxado. Meu dia começa bem cedo, às 6 horas da manhã. Aí eu vou pra faculdade e tenho aula das 8h às 14h. Todas as semanas temos provas, provas e mais provas. E há outras atividades. Então, a agenda tem que ser muito organizada. Isso demanda ter que ser muito certinho. Como eu gosto, preciso e necessito estudar, mantenho tudo em ordem. Mas também gosto de cuidar do meu corpo, de fazer esportes. Então, vou para a academia. Mas tudo é agendado. A matéria mais difícil para mim foi chinês. É uma língua muito difícil, tem caracteres. Fiz o milagre de aprender de uma forma muito rápida, porque aqui a gente aprende de uma forma extremamente rápida. Em quatro meses eu aprendi o que uma pessoa aprende em um ano. Está muito rápido o processo.
Diovanna na China com a turma de alunos da New York University (NYU)
Você chegou em Xangai e logo já foi fazendo um “Perdida na China”, série de vídeos sobre seu dia a dia aí. A ideia nasceu aqui no Brasil ou quando pisou em Xangai?
A questão do Perdida é muito interessante, porque está tendo um alcance muito bacana. Então, muitas pessoas estão conhecendo. Nos últimos vídeos que eu postei, tive mais de 380 mil visualizações. Então, muita gente está conhecendo um pouco mais sobre a China. O intuito do Perdida na China é fazer um quadro semanal de vídeos onde eu mostro a minha realidade. Quero informar as pessoas, porque vejo quanto a desinformação pode ser um fator perigoso. Como ela pode colocar as pessoas em lugares de ignorância. Então, pensei em como eu vou conectar as pessoas que estão lá no Brasil para que elas vejam que a China não é de outro mundo. A China é um país como qualquer outro, com suas peculiaridades. É um país com diferenças e similaridades. Então o Perdida é um espaço de afirmação para espalhar informação de qualidade, informação de alguém que está vivendo aqui, informação verdadeira sobre o que é a China.
Por que o apelido de “Blogueira de Centavos”?
É interessante porque eu coloco em todos os vídeos a legenda: Perdida na China, episódio “X”, que vai mostrar a saga dessa blogueira de centavos tentando conquistar seu diploma na NYU Xangai. Blogueira de Centavos é uma brincadeira, porque com certeza eu não sou uma blogueira. Não considero também que eu seja criadora de conteúdo. Mas é uma brincadeira que tem na internet, pois quando você posta você está explorando esse mundo das mídias sociais, onde tudo é muito rápido. Então, Blogueira de Centavos sou eu tentando me adaptar a esse modelo mais instagramável, em que as pessoas gostam de coisas mais instantâneas, rápidas, mais miojo.
Quando começou a crescer na cabeça daquela menina da Zona Leste o desejo de ir para outros países? Houve algum motivo ou alguém inspirador?
Essa pergunta é bem profunda. Eu gosto muito de falar de um lugar, que é o meu coração. Gosto de falar das coisas que vêm do coração. Eu adoro falar de mim menina. Aquela criança que nasceu e cresceu na Zona Leste de São Paulo, no fundão de Itaquera. Sempre fui uma criança inquieta, sonhadora, obstinada e dedicada. Fui criada pela minha avó, porque os meus pais trabalhavam. Eu os via com mais frequência nos finais de semana. Meu avô é um imigrante russo, que veio para o Brasil para trabalhar nas fazendas. Já a minha bisavó por parte de mãe era uma pessoa que vivia em situação de escravidão. Já a minha avó fazia esses trabalhos informais para as pessoas como empregada doméstica. Meus pais tinham que trabalhar muito para que eu tivesse uma vida razoável. Lembro certa vez que minha avó estava arrumando meu cabelo e ela disse uma das frases que muitos jovens negros ouvem: “Você sabe que está perdendo a corrida da vida, não sabe?” Eu era uma menina de uns 8 anos de idade e falei: “Como assim?” Ela disse: “ É porque as pessoas que estão recebendo uma educação de melhor qualidade, os ricos, estão à frente de você. Estão a passos largos, muito mais na frente!” Quando ela disse isso, eu passei a ver minha vida com uma corrida mesmo, em que as pessoas que estavam melhor instruídas, que tinham melhor educação, recebiam acesso a lugares que possivelmente poderiam potencializá-las mais. Elas poderiam acessar coisas diferentes. Então, eu comecei a correr muito mais, a fazer muito mais. Ela, minha avó, além da minha mãe, foi esse motivo tão inspirador para me fazer estar aqui. Minha família sempre me apoiou muito em tudo, apesar das dificuldades financeiras. Eu tenho uma família que acreditou mesmo quando os sonhos eram muito grandes. Quando eu dizia: eu quero ir para Nova York, nunca ninguém da minha família tinha tido um passaporte. Eu fui a primeira da minha família a ter um passaporte. A primeira da minha família a aprender inglês e viajar para fora. Minha família nem achava que inglês era necessário. Então, mesmo sem entender exatamente para que serviria aquilo, ela me apoiou.
Descreva sua chegada na NYU China e, se possível, o impacto que isso te causou.
A minha chegada na NYU Xangai foi surpreendente, mas muito tranquila. Antes de eu vir para a China, estava morando na África do Sul, por conta de um programa de voluntariado que eu estava fazendo lá. Então eu passei um mês apenas pelo Brasil e vim para a China. Quando vim para cá, eu já estava acostumada com essa questão de não ter uma casa fixa, já estava acostumada a dividir um apartamento, dividir o quarto e essas coisas. Então, foi uma chegada muito tranquila. Tem sido muito desafiador aprender chinês, apesar de eu gostar muito de aprender línguas. Mas a cidade é incrível, maravilhosa. A faculdade é muito interessante também. Ajuda a gente a ir mais longe, chegar e conquistar o que a gente quer. Mas efetivamente eu acho que o maior impacto é eu estar aqui não só por mim, mas pelas pessoas que estão comigo. As crianças da minha comunidade de jovens negros, jovens como eu que nasceram na zona leste, na periferia e que me dão força. Os meus sonhos não são só meus, mas deles também.
Diovanna com a turma de alunos na China
As aulas são em inglês, certo? Onde, como ou com quem você aprendeu a língua?
Sim, as aulas são em inglês. Mas eu tenho que aprender também o chinês, pois tenho aulas separadas que são só em chinês. Mas as referentes ao meu curso são todas em inglês. É muito interessante como eu aprendi inglês, mas eu preciso dar também um contexto. Eu vim de uma família que nunca entendeu qual era o propósito de falar inglês, não entendia qual é o propósito de aprender uma língua. Eu tive que implorar, que pedir para minha mãe muitas vezes para que ela me colocasse num curso de inglês. Mas ela não conseguia entender qual era o propósito daquilo. Eu sei que em outras famílias, em outros contextos sociais no Brasil, você não precisa implorar para que um pai, uma mãe pague um curso de inglês. Mas é que minha mãe e meu pai não entendiam por que isso era necessário. Para que isso era bom? Com muito custo eu consegui convencer minha mãe a pagar. Eu fiz um curso de inglês particular, que ela pagou durante anos e também não gostava de pagar.
Você cursa Ciência da Computação. O curso é de quantos anos? A divisão é por semestres, como aqui no Brasil?
Sim, eu curso Ciência da Computação, que é um curso de 4 anos e a divisão é por semestres, como no Brasil. A cada semestre eu pego algumas matérias. Nesse primeiro ano geralmente a gente faz matérias que a faculdade chama de core (matérias que são fundamentais para a formação acadêmica do estudante), pois precisamos ter o nível x de matemática e o nível y de escrita. Então, eu tenho que pegar algumas matérias específicas para cumprir primeiro esses requerimentos e aí depois eu consigo pegar as matérias de outro curso. Mas as matérias de ciência da computação são mais voltadas para software, programação e dados.
Você sempre aparece nos vídeos com amigos brasileiros e uma garota negra norte-americana. Quem são eles e como nasceu essa integração entre vocês aí na China? Qual a importância deles na sua vida hoje?
Existe claramente aqui uma diferenciação de culturas, mas além da diferenciação existe a diversidade cultural, que dá a oportunidade de ver pessoas do mundo inteiro falando línguas das mais diversas, mais especiais e diferentes. A gente sabe que a questão racial no Brasil é estruturada de uma forma e estruturada por outra nos Estados Unidos. Mas as questões raciais sempre estiveram atreladas, histórica e antropologicamente, às questões de ordem financeira, ao capital. Estudar em uma das universidades mais caras dos Estados Unidos e a mais cara da China faz a gente não ter muitas referências negras aqui. As pessoas negras que tem aqui são pessoas negras que talvez não se sintam pertencentes, porque são negros, mas cresceram como pessoas brancas ricas nos Estados Unidos. Aí eu encontro essa minha amiga, a Fortune, uma garota negra, e a primeira vez que eu a vi eu sabia que queria ser muito amiga dela. A gente cresceu em culturas diferentes, em países completamente diferentes, mas as nossas realidades são muito parecidas. Ela também tem um nível de conquistas muito grande, também tem bolsas e, como eu, está lutando aqui para se afirmar nesse espaço. Ela é muito importante nesse processo de aquilombamento, onde nos juntamos para falar de nossas dúvidas, dores, dificuldades, mas também falar das nossas alegrias de estar aqui. De termos chegado. Então, tenho essa amiga, a Fortune, outros brasileiros, muitos internacionais, mas há uma brasileira, a Clara, que foi crucial para mim. Ela tornou a minha chegada aqui na China tranquila. A gente se considera uma família, mas uma família longe da minha família, por exemplo.
Que mensagem você deixa para outros estudantes brasileiros que têm também o sonho de estudar no exterior?
Eu penso sempre na palavra acreditar. E acreditar é um movimento de acreditar em si. De ser o seu primeiro apoiador. De ser o seu primeiro fã. Eu tive apoio de familiares, de amigos, mas a pessoa que mais acreditou em mim fui eu. Apostei muito em mim, acreditei no meu potencial, acreditei que iria mudar o jogo de um modo que inspirasse outras pessoas, que trouxesse transformação social, que trouxesse diferenças. Então é muito importante que os estudantes acreditem que podem, que é possível!
Você tem até o dia 30 de abril para se inscrever na segunda edição do edital Black Stem. Para ter mais informações, acesse este link: https://bit.ly/BS-2edicao.
E quem se interessou por seguir os episódios do Perdida na China, que a Diovanna posta toda semana, siga ela no Instagram.
No próximo dia 25 de novembro, milhares de mulheres negras vão se reunir para marcharem por Reparação Histórica e Bem Viver, em Brasília – DF. Marcham por uma exigência de políticas e medidas concretas que enfrentem as desigualdades raciais e sociais, que assegurem oportunidades reais para a população negra, que garantam o direito de sonhar e realizar, de envelhecer com dignidade, de acessar uma educação de qualidade, de se alimentar bem, e de ter acesso à saúde integral.
E pelo Bem Viver que representa uma proposta de organização política e social que rompe com o modelo individualista, explorador e desenvolvimentista centrado no capital, ou seja que proponha uma organização coletiva para a ascensão das mulheres negras na sociedade em todas as regiões do Brasil.
Mulheres negras reunidas para o planejamento do Março de Lutas em Recife (PE)
Com o objetivo principal de denunciar as diversas formas de opressão que atingem de maneira potencializada as mulheres negras, o movimento coletivo do Março de Lutas foi criado em 2019 pelo Odara – Instituto da Mulher Negra e é construído pela Articulação de Organizações Negras Brasileiras (AMNB) e a Rede de Mulheres negras do Nordeste.
A 7ª edição reforça uma agenda coletiva dos movimentos de mulheres negras, promovendo reflexões sobre o combate ao racismo e ao patriarcado, além de propor um novo olhar sobre o 8 de março, data que marca o Dia Internacional da Mulher.
8 de Março em Goiás
Durante o mês de março foram realizadas 167 atividades, de 83 organizações, grupos e coletivos, em 19 estados, nas 5 regiões do Brasil. Foram rodas de conversa, oficinas, festivais, seminários e outras ações que são o fio condutor desta mobilização. Todas essas atividades têm por meta alcançar o número histórico de 1 milhão de mulheres negras nas ruas da capital federal. Costurando experiências, saberes e resistências por todo o país, este ano, o chamado ganha ainda mais potência, direcionando os passos rumo à marcha.
Mulheres dos centros e dos quilombos; das universidades e das escolas primárias; atletas; artistas; profissionais da educação e da comunicação; engenheiras; cientistas; motoristas de aplicativos; agricultoras; donas de casa; empreendedoras; trabalhadoras do campo e da cidade; cristãs e candomblecistas; religiosas ou não; entre outras.
Reunião de mulheres negras no Quilombo do Cedro, em Mineiros (GO)
Para Maria Conceição Costa, a Ceça, uma das integrantes da Coordenação Nacional do Comitê impulsor da Marcha das Mulheres Negras, a marcha cumpriu o seu papel em 2015 como um impulsionador para a organização dessas mulheres. Após a marcha houve um fortalecimento significativo das mulheres do Nordeste, ainda que tenham relatos de ocorrências de opressão durante a marcha.
Mulheres negras presentes no carnaval de São Luís (MA)
“É importante fortalecer não só as capitais para 2025, mas um número maior de cidades e os interiores Brasil afora, pois a realidade das mulheres negras ainda é muito crítica. São elas as que mais morrem pela ausência de saúde, são as que mais choram pelos seus filhos assassinados pela violência do estado, são as mais perseguidas por conta da sua fé, das suas guias, e as que mais sofrem violência obstétrica”, afirma Ceça.
Novembro de 2025 pode entrar para a história como o mês do protagonismo das mulheres negras no Brasil. São esperadas um milhão delas, lotando as ruas de Brasília na segunda edição daMarcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver.
A primeira edição aconteceu em novembro de 2015, também na capital do país. Uma década mais tarde, o evento busca representatividade internacional, com a presença de países da América Latina, África e Caribe.
A Marcha das Mulheres Negras será uma grande reivindicação por direitos inegociáveis, que já deveriam ter sido garantidos há séculos às mulheres negras. São questões fundamentais da dignidade humana, como a garantia de direitos econômicos e sociais, o combate à violência, a promoção da igualdade racial, a valorização dos saberes da cultura afro-brasileira e o acesso pleno à saúde e à educação, entre outros.
Maria das Dores Almeida, a Durica, faz parte doInstituto de Mulheres Negras do Amapá (Imena) e integra a Articulação de Organizações de Mulheres Negras (AMNB). Ela participou da primeira Marcha em 2015 e define a importância do que a segunda edição pretende alcançar:
“Participar da Marcha significa fazer parte de um dos momentos mais importantes da história do Brasil, principalmente porque nós estamos lutando por um novo projeto político de nação”, diz.
“Quando a gente fala de reparação e bem viver, a gente tá querendo um novo modelo de sociedade que nos reconheça e nos coloque no lugar devido – e não em um lugar de marginalização, de subalternização, de negação da nossa resistência e do nosso direito”, afirma.
Um movimento plural por respeito e justiça
A Marcha das Mulheres Negras é um movimento fundamental de luta, com uma capacidade ímpar de articulação. Os 26 estados brasileiros, além do Distrito Federal, estão representados em sua organização.
Outro aspecto essencial é a diversidade de interseccionalidades que unem essas mulheres. Elas são da cidade, do campo, quilombolas, ribeirinhas, acadêmicas, trabalhadoras de todas as faixas etárias – todas com o mesmo objetivo: respeito e justiça.
Segundo o Censo de 2022 do IBGE, o estado do Pará possui a quarta maior população quilombola do Brasil, com cerca de 135 mil pessoas. Uma de suas lideranças é Valéria Carneiro, integrante da Coordenação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombos – Malungu.
Valéria tem desempenhado um papel fundamental na articulação da Marcha das Mulheres Negras e afirma:
“A Marcha significa afirmar a luta contra o racismo, o feminicídio e toda forma de preconceito e negação de direitos que esse país nos deve. Além disso, a nossa história será contada por nós. Sabemos que temos um 2025 desafiador, principalmente por ser o ano da COP30 no Brasil. Financiamento climático é um dos temas debatidos por mulheres negras, assim como estratégias de adaptação aos impactos das mudanças climáticas. Falar sobre justiça ambiental é garantir o direito à terra e ao território”.
A Abayomi – Coletiva de Mulheres Negras da Paraíba tem uma conexão direta com o Fundo Baobá em dois momentos. O primeiro é sua participação no Programa Marielle Franco, instituído pelo Baobá em 2019, quando foi selecionada pelo trabalho que desenvolve na defesa dos direitos das mulheres e no combate à violência de gênero.
A segunda ligação está na própria Marcha das Mulheres Negras, já que o Fundo Baobá é o maior doador financeiro do evento, destinando R$ 1,25 milhão para sua realização.
Embora a Marcha seja protagonizada por mulheres, os homens também podem contribuir com a mobilização.
“Os homens podem contribuir financeiramente com a Marcha, divulgá-la, incentivar mulheres negras da sua família, da sua vizinhança e colegas de trabalho a também participarem da manifestação”, destaca Maria das Dores Almeida, a Durica, do Imena.
Saiba como participar da Marcha das Mulheres Negras neste link.
O Fundo Baobá para Equidade Racial foi reconhecido pela Prefeitura de São Paulo com os Selos de Direitos Humanos e de Igualdade Racial, reafirmando sua atuação na promoção da equidade racial, na inclusão social e no fomento à educação para a população negra. O anúncio foi feito em dezembro de 2024, destacando a relevância do trabalho da organização.
A cerimônia de premiação ocorreu em São Paulo,nos dias 9 e 10 de dezembro, reunindo mais de 400 organizações inscritas. No total, 235 entidades foram premiadas pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, reconhecendo suas iniciativas em prol da diversidade, inclusão e justiça social.
Selo de Direitos Humanos e Diversidade
O Edital Educação em Tecnologia, promovido pelo Fundo Baobá, foi contemplado com o Selo de Direitos Humanos e Diversidade em sua 7ª edição, um reconhecimento concedido a organizações que realizam ações concretas para a inclusão e a promoção dos direitos humanos.
Lançado para fortalecer a inserção da população negra no mercado de tecnologia, o edital Educação em Tecnologia apoia organizações e empresas lideradas por pessoas negras que possam contribuir, por meio de processos formativos, tanto para a entrada de novos profissionais negros no setor quanto para a permanência daqueles que já atuam, desenvolvendo suas competências.
Ao todo, quatro organizações foram selecionadas para receber apoio financeiro, com bolsas que variam entre R$ 250 mil e R$ 500 mil, permitindo que essas iniciativas expandam seu impacto e capacitem mais profissionais negros para o setor tecnológico.
Selo Igualdade Racial
Além do reconhecimento pelo edital, o próprio Fundo Baobá recebeu o Selo Igualdade Racial, uma certificação concedida a organizações que demonstram compromisso com a diversidade racial e a inclusão no ambiente de trabalho.
Criado pela Lei Municipal 16.340/2015 e regulamentado pelo Decreto 57.987/2017, esse selo é destinado a organizações que possuem, no mínimo, 20% de profissionais negros em diferentes níveis hierárquicos, incluindo cargos de direção, gerência e coordenação.
No Fundo Baobá, a equipe executiva é composta majoritariamente por pessoas negras, reforçando seu compromisso com aequidade racial, o desenvolvimento de lideranças negras e a transformação social.
O impacto do reconhecimento
Os selos conquistados pelo Fundo Baobá não apenas reconhecem suas iniciativas de impacto social, mas também fortalecem o compromisso da organização com a construção de um futuro mais igualitário para a população negra no Brasil.
Com essas premiações, o Fundo Baobá reafirma seu papel na promoção da equidade racial e justiça social, contribuindo para um mercado de trabalho mais representativo.
A Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver espera reunir um milhão de mulheres negras em Brasília (DF), no dia 25 de novembro de 2025. Esse ato político-social receberá um investimento histórico de R$ 1,25 milhão do Baobá – Fundo para Equidade Racial, garantindo apoio à mobilização, logística, articulação e engajamento de mulheres negras em todo o Brasil, com foco especial nas comunidades quilombolas.
O anúncio foi feito no início de dezembro, durante o Encontro Regional de Mulheres Negras do Nordeste, realizado em Recife (PE). Na ocasião, Caroline Almeida, Gerente de Articulação Social do Baobá, reafirmou o compromisso da organização com a luta das mulheres negras e a mobilização nacional, e destacou:
“Estamos articulando e contribuindo com as diversas frentes envolvidas nesse processo, apoiando tanto a mobilização local quanto a coordenação nacional, com um foco especial nas mulheres quilombolas, que têm um papel central nesta caminhada. Este é um esforço coletivo, com a confiança de que as mulheres negras terão voz ativa em cada etapa do processo até a grande Marcha.”
Apoio financeiro e divisão do investimento
O aporte de R$ 1,25 milhão será distribuído da seguinte forma:
✅ R$ 350 mil – Comitê Nacional para garantir a presença de mulheres na marcha ✅R$ 25 mil por estado – Destinados à mobilização em todas as 27 unidades federativas ✅R$ 225 mil – Exclusivamente para a articulação de mulheres quilombolas.
Segundo Fernanda Lopes, Diretora de Programas do Fundo Baobá, esse apoio está alinhado às prioridades da organização, que incluem fortalecer a memória e história da população negra, gerar renda e combater o racismo e o sexismo.
Por que a Marcha das Mulheres Negras é fundamental?
Embora representem 28% da população brasileira, mulheres negras enfrentam os piores índices sociais. De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública:
👉🏾 63,9% das vítimas de feminicídio no Brasil são mulheres negras 👉🏾 61,6% das vítimas de estupro têm até 13 anos e 52,2% são negras
Apesar dos desafios estruturais, são elas que estão na linha de frente da luta por justiça social e direitos humanos, enfrentando diretamente a violência do sistema carcerário, a criminalização das populações negras e periféricas e as violações de direitos promovidas pelo Estado.
Sua atuação é essencial em movimentos por moradia digna, saúde, educação e segurança alimentar, além da defesa dos direitos territoriais de comunidades quilombolas, indígenas e tradicionais. Também desempenham um papel fundamental no fortalecimento da memória e da identidade da população negra, garantindo que as histórias e lutas de seus ancestrais sejam reconhecidas e valorizadas.
História da Marcha das Mulheres Negras
A Marcha das Mulheres Negras teve sua primeira edição em 2015, reunindo 100 mil mulheres em Brasília. O evento foi resultado de quatro anos de mobilização, iniciados em 2011, com ações em diversos estados e a formação de comitês estaduais e municipais. Esse processo fortaleceu a identidade política das mulheres negras, ampliou sua participação na esfera pública e impulsionou o crescimento de organizações femininas negras.
Um dos grandes marcos dessa mobilização foi a Carta das Mulheres Negras, documento entregue à Presidência da República e à sociedade brasileira. Nele, foram apresentados dados sobre desigualdade racial e de gênero, além de propostas para um novo pacto civilizatório baseado no conceito de Bem Viver. O documento abrange demandas por direitos urbanos, segurança pública, justiça ambiental, seguridade social, educação, cultura e outras pautas essenciais.
Desde então, as mulheres negras seguem “em marcha”, reforçando suas lutas por justiça e reparação histórica. Para a próxima edição, a expectativa é mobilizar 1 milhão de mulheres na capital federal, consolidando seu protagonismo na luta contra o racismo, o feminicídio, o genocídio da população negra e a negação dos direitos dos povos e comunidades tradicionais.
A Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver conta com 11 organizações em seu Comitê Nacional e se baseia em dois pilares fundamentais:
✊🏿 Bem Viver – Um modelo de sociedade que valoriza justiça social, equidade e cuidado coletivo, priorizando o bem comum em vez do individualismo. Defende a diversidade cultural, a autonomia das comunidades e uma gestão descentralizada.
✊🏿 Reparação Histórica – Uma luta por reconhecimento e justiça, exigindo reparação pelos danos da escravidão e do colonialismo. O foco está na restituição de direitos sobre o corpo, a cultura, a terra e a autonomia dos povos negros e indígenas.
A Marcha reafirma o compromisso das mulheres negras com a construção de um Brasil mais justo, igualitário e antirracista, fortalecendo redes locais, nacionais e internacionais de articulação feminista e política.
Fundo Baobá e o compromisso com a equidade racial
Sueli Carneiro, presidente do Conselho Deliberativo do Fundo Baobá, destaca a relevância desse apoio:
“O Fundo Baobá foi criado com a ambição de ser um vetor fundamental para o fortalecimento da agenda racial no Brasil. Este apoio à Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver reflete nosso compromisso em tornar essa causa uma realidade concreta, reafirmando a necessidade da presença efetiva das mulheres negras nas decisões políticas e sociais. Investir nesse movimento é, para nós, uma ação estratégica rumo à justiça social.”
Além do suporte financeiro, o Fundo Baobá mobiliza outros atores da sociedade civil, ampliando a força da Marcha e garantindo sua realização em 2025.
O apoio à Marcha das Mulheres Negras 2025 representa um avanço significativo na luta por equidade racial, direitos humanos e justiça social. Com esse investimento, a organização reafirma seu compromisso com o fortalecimento da democracia e a defesa dos direitos das mulheres negras no Brasil.
📢 Acompanhe as atualizações da Marcha das Mulheres Negras 2025 e faça parte dessa mobilização!
A economia global enfrenta desafios complexos, como inflação e crises que afetam tanto economias maduras quanto aquelas em expansão. No Brasil, os entraves para o crescimento sustentável estão profundamente ligados às desigualdades sociais, impactando diretamente a população negra, que representa cerca de56,5% dos brasileiros. A história do país, marcada pelo regime escravocrata, ainda reverbera em desigualdades estruturais persistentes.
A importância do investimento em iniciativas locais
A população negra no Brasil não é homogênea. As condições socioeconômicas e territoriais variam amplamente, exigindo soluções adaptadas a cada realidade. Nesse cenário, é essencial investir em quem está na linha de frente, lidando diretamente com os desafios locais. O Fundo Baobá, criado com essa missão, possui uma capilaridade que o coloca como um agente estratégico no fortalecimento de pessoas e organizações negras, promovendo transformações sociais efetivas.
Apoiar iniciativas locais e o desenvolvimento de pessoas negras é fundamental para a mudança, mas não pode ser uma ação isolada. O investimento social privado e a filantropia negra desempenham um papel fundamental na promoção da equidade racial e na reparação histórica. Empresas que adotam estratégias de impacto social ampliam significativamente suas contribuições para um Brasil mais justo e sustentável.
Equidade, democracia e desenvolvimento sustentável
Para avançar como nação, o Brasil precisa enfrentar desafios interligados: consolidar a democracia, promover a equidade racial e combater as mudanças climáticas. No campo da equidade, é urgente combater práticas discriminatórias e garantir a implementação de políticas eficazes que promovam a inclusão da população negra em diversos setores.
Embora as contribuições históricas da população negra estejam ganhando visibilidade, ainda existem barreiras significativas para seu progresso. A falta de acesso a oportunidadesno mercado de trabalho, as desigualdades educacionais e de saúde, e a ausência de políticas públicas voltadas à preservação da cultura afro-brasileira são desafios persistentes.
A Atuação do Fundo Baobá
Desde sua criação em 2011, o Baobá – Fundo para Equidade Racial tem sido um protagonista na promoção da equidade racial no Brasil. Por meio de editais e programas, investe em desenvolvimento econômico, educação, dignidade, comunicação e memória, fortalecendo pessoas e organizações negras em todo o país.
Programas de Impacto do Baobá
O Fundo Baobá impulsiona iniciativas transformadoras por meio de programas como:
Já É – capacita jovens negros para ingresso no ensino superior;
Carreiras em Movimento – desenvolve competências técnicas e socioemocionais para profissionais negros em início de carreira;
BlackSTEM – apoia a permanência de estudantes negros em universidades internacionais nas áreas de ciência, tecnologia, engenharias e matemática.
Esses programas são essenciais para romper barreiras e ampliar a presença negra em setores estratégicos, promovendo inclusão e igualdade de oportunidades.
Entre as iniciativas futuras, o Fundo Baobá planeja a reedição do Programa Marielle Franco, voltado ao fortalecimento de lideranças femininas negras em diferentes esferas, como política, movimentos sociais e educação. Essa nova edição promete ser um marco na luta por equidade racial e de gênero, formando uma rede de mulheres capacitadas para liderar transformações sociais profundas
Compromisso com a equidade racial
O Baobá – Fundo para Equidade Racial conecta histórias e ações concretas para enfrentar os desafios do presente e construir um futuro melhor. Com estratégias bem estruturadas, atua para fomentar a participação de pessoas negras nas decisões que impactam o país. Apoiar essa causa é investir em equidade e justiça social.
2024 foi repleto de conquistas e reafirmação do compromisso do Fundo Baobá em promover a equidade racial e apoiar iniciativas transformadoras, a exemplo dos editais BlackSTEM e Carreiras em Movimento.
Este ano, o Fundo Baobá deu passos importantes no fortalecimento de instituições históricas, na ampliação de oportunidades para a juventude negra e no diálogo com movimentos globais de equidade racial. Foi um ano de conquistas significativas, refletindo nosso compromisso com a transformação social. Confira os destaques:
Doação para a Marcha das Mulheres Negras
A Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, ato político-social que pretende reunir um milhão de mulheres negras em Brasília (DF), em 25 de novembro de 2025, vai contar com o maior apoio financeiro da história do Baobá – Fundo para Equidade Racial. A organização doou R$1.250.000 (um milhão e duzentos e cinquenta mil reais) para a mobilização, logística, articulação e engajamento de mulheres negras em todas as regiões do país, com atenção especial às mulheres quilombolas.
O anúncio foi feito no dia 8 de dezembro durante o Encontro Regional de Mulheres Negras do Nordeste rumo à Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, que aconteceu em Recife (PE).
Representando o Fundo Baobá, Caroline Almeida, Gerente de Articulação Social, enfatizou o compromisso da organização com a mobilização nacional: “Este apoio é resultado do nosso compromisso com a luta das mulheres negras e com a construção de um futuro mais justo e digno para todas. Este é um esforço coletivo, com a confiança de que as mulheres negras terão voz ativa em cada etapa do processo até a grande Marcha em 2025.”
BlackSTEM: Formação Acadêmica Global e Liderança Negra
Em agosto, conhecemos os cinco primeiros estudantes selecionados pelo programa BlackSTEM, em parceria com a B3 Social. O edital oferece bolsas anuais de R$ 35 mil para a permanência de jovens negros e negras em áreas de Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) em universidades internacionais.
Alunos do Programa Black STEM 2024. Crédito: Thalita Guimarães
Camila Ribeiro Martins, que segue carreira em Pilotagem em Portugal, Diovana Stelman Negeski de Aguiar cursa Ciência da Computação na New York University (Campus China); Melissa Simplicio Silva também faz Ciência da Computação, mas na New York University em Nova York; Rilary Oliveira Torres é estudante de Medicina na Universidad Nacional de Rosario, na Argentina; e Eric Souza Costa Ribeiro, primeiro negro brasileiro a representar o país na Olimpíada Internacional de Ciência, entrou na Notre Dame University para cursar Engenharia Aeroespacial, exemplificam o potencial transformador do programa.
De acordo com Giovanni Harvey, diretor executivo do Fundo Baobá, “o BlackSTEM é mais que um programa educacional, é uma ponte para a ocupação de espaços de liderança pela juventude negra.”
Conferência da Diáspora Africana nas Américas
Salvador, na Bahia, foi palco da Conferência da Diáspora Africana, um marco para o movimento pan-africano. O evento reuniu lideranças globais para discutir temas como reparação histórica e o papel da África no cenário mundial.
Giovanni Harvey representou o Fundo Baobá na elaboração da Carta de Recomendação à União Africana, defendendo que as reparações sejam o próximo passo no combate às desigualdades estruturais. A conferência na Bahia serviu como ponte para o 9º Congresso Pan-Africano, que ocorreu em Lomé, no Togo.
Impactos do Programa “Carreiras em Movimento”
O programa Carreiras em Movimento trouxe resultados transformadores para os 317 apoiados entre os 688 que se inscreveram para concorrer ao edital — uma oportunidade de desenvolvimento de competências e habilidades entre pessoas negras em início de suas carreiras ou que estivessem buscando mobilidade dentro do setor privado.
✅ 61% das pessoas sem emprego conseguiram trabalho ✅ 54% dos trabalhadores informais migraram para empregos formais ✅ 48% dos participantes relataram aumento de renda, atribuindo os resultados ao programa
Além disso, houve avanços em autoconhecimento, gestão de tempo, planejamento e liderança, fortalecendo trajetórias profissionais e pessoais.
Celebrando a Resistência: 192 anos da Sociedade Protetora dos Desvalidos
Sociedade Protetora dos Desvalidos (SPD). Crédito: Hugo Martins
A Sociedade Protetora dos Desvalidos (SPD), a mais antiga associação negra em atividade do Brasil, comemorou 192 anos de luta e resiliência em setembro, em Salvador (BA). Fundada por homens negros libertos, a entidade continua sendo um pilar na busca por justiça social e igualdade.
Com o apoio histórico de R$ 500 mil do Fundo Baobá, viabilizado em 2023, a SPD reafirmou seu papel como símbolo de resistência. Giovanni Harvey destacou a importância de apoiar instituições centenárias, garantindo que suas ações e valores permaneçam vivos para as próximas gerações.
Reconhecimento: Selo de Direitos Humanos e Diversidade e Selo Igualdade Racial
O edital Educação em Tecnologia, inscrito pelo Fundo Baobá, foi reconhecido com o Selo de Direitos Humanos e Diversidade, outorgado pela Prefeitura de São Paulo em sua 7ª edição. Este reconhecimento destaca o compromisso do Fundo Baobá em estimular a produção de conhecimento, fortalecer o ambiente educacional e preparar a juventude negra para o futuro por meio da tecnologia.
A outra outorga foi dada ao próprio Fundo Baobá, que ganhou o Selo Igualdade Racial. Instituído em 2015 pela Lei Municipal 16.340 e Decreto 57.987, de 2017. Este selo é concedido a organizações que têm, pelo menos, 20% de profissionais negros distribuídos em diferentes níveis hierárquicos e funções, incluindo prestadores terceirizados. No Baobá, a equipe executiva é composta majoritariamente por pessoas negras em cargos de direção, gerência, coordenação e assistência.”.
Participação no G20 Social
O Fundo Baobá foi convidado a integrar debates importantes no G20 Social, com destaque para a mesa “Rotas Negras e o Projeto Cais do Valongo”. O G20 Social foi um evento que correu em paralelo ao fórum de cooperação econômica que reuniu no Rio de Janeiro nações desenvolvidas e outras emergentes, além da União Europeia e da União Africana. Giovanni Harvey enfatizou como memória, justiça racial e economia caminham juntas, reforçando o protagonismo negro nas pautas globais.
Giovanni Harvey com Adriana Barbosa, do Preta HUB, na mesa “O papel das políticas públicas para o empoderamento econômico dos afrodescendentes na América Latina” do G20 Social
Visita da Kellogg Foundation
O Fundo Baobá tem uma forte e histórica ligação com a Kellogg Foundation, organização que contribuiu para a formação do Baobá construindo os primeiros diálogos com o movimento negro brasileiro e designando os primeiros aportes financeiros para que o Fundo fosse constituído. Isso teve início em 2006. Em 2024, o Baobá recebeu a visita de integrantes da Kellogg que estiveram no Brasil em 2018. Seis anos depois, eles receberam informações sobre as realizações do fundo nos seus 13 anos oficiais de existência.
Visita da Kellogg Foundation
As informações foram centradas no trabalho de Articulação Social, Investimento Programático e Mobilização de Recursos. Além disso, foi enaltecido o aprendizado que o Baobá recebeu da Kellogg sobre gestão financeira e pensamento de longo prazo. Essas características levaram o Baobá a alcançar a autonomia financeira que hoje possibilita a criação de editais como o BlackSTEM e o Quilombolas em Defesa; ações como a Saúde Mental Quilombola e o investimento de contribuição para a realização da Marcha das Mulheres Negras, que acontecerá em novembro de 2025.
Garantir a sustentabilidade de ações que promovem a equidade racial é um desafio que exige planejamento financeiro sólido e estratégias de longo prazo.
Nesse cenário, o Fundo Baobá, com mais de 13 anos de atuação, tem se destacado pelo uso do modelo de fundo patrimonial para apoiar iniciativas que contribuem para a educação, o desenvolvimento econômico, o bem viver e a memória da população negra em todo o Brasil.
Ao investir em iniciativas de enfrentamento ao racismo, o Fundo Baobá busca fortalecer ações que geram resultados concretos para a promoção da equidade racial.
O que é um Fundo Patrimonial?
Os fundos patrimoniais, conhecidos como endowments, funcionam como uma reserva financeira que assegura a sustentabilidade de projetos e organizações ao longo do tempo.
O princípio é simples: o valor inicial do fundo, chamado de capital principal, é mantido, e apenas os rendimentos desses investimentos são utilizados para financiar editais e iniciativas. Dessa forma, o fundo se torna uma fonte constante e previsível de recursos, sem consumir o valor original.
Este modelo cria uma fonte de recursos constante, permitindo que organizações mantenham suas ações ao longo do tempo, mesmo em cenários de instabilidade econômica. No caso do Fundo Baobá, por conta deste instrumento financeiro, é possível viabilizar ações que promovam a equidade racial de forma planejada e sustentável.
Como é a atuação do Fundo Baobá?
O Fundo Baobá, junto de parcerias de impacto e também com recursos próprios, investe em iniciativas de diversas cidades do Brasil, abrangendo áreas como educação, preservação cultural e desenvolvimento econômico, sempre com o objetivo de fortalecer a população negra e promover a equidade racial.
Exemplos de iniciativas apoiadas incluem:
Movimento Nação Marabaixeira (Amapá)
Assista o vídeo e confira um pouco mais da iniciativa Marabaxeira
Iniciativa que atua na preservação e valorização da cultura do Marabaixo, uma expressão cultural tradicional do Amapá. Além disso, promove oficinas em escolas, conectando a história local com o cotidiano de jovens estudantes e capacitando lideranças comunitárias
Associação Retratores da Memória de Porteiras (Ceará)
Carliane Ventura conta histórias e positiva a autoestima preta. Crédito: Nívia Uchõa
Através de seu projeto Educar para Aquilombar, a Associação fortalece a participação de jovens quilombolas em políticas culturais, preservando a memória e desenvolvendo ações que impactam diretamente a comunidade.
O fundo patrimonial do Fundo Baobá é construído a partir de contribuições que servem como base sólida para apoiar iniciativas voltadas à equidade racial no Brasil.
Esse modelo de instrumento financeiro permite que os rendimentos gerados pelo fundo sejam utilizados para financiar projetos como o Movimento Nação Marabaixeira e a Associação Retratores da Memória de Porteiras. Ao contribuir, você ajuda a garantir que essas e outras iniciativas continuem transformando realidades e criando oportunidades para a população negra em todo o país.
O Dia de Doar, celebrado em 3 de dezembro, é mais do que uma data no calendário: é um movimento global que promove a generosidade e fortalece a cultura da doação. No Brasil, o Dia de Doar mobiliza indivíduos, organizações e comunidades, celebrando o prazer de doar e incentivando práticas contínuas de solidariedade. O movimento é descentralizado, permitindo que qualquer pessoa ou grupo participe, personalize a campanha e crie iniciativas que estimulem doações e engajamento social.
Neste dia, destacamos o impacto de instituições como o Fundo Baobá, o maior fundo dedicado exclusivamente à promoção da equidade racial no Brasil. Desde sua criação, em 2011, o Fundo Baobá atua para mobilizar recursos e apoiar projetos que combatem desigualdades estruturais enfrentadas pela população negra, que representa 56,1% dos brasileiros, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Alunos que receberam apoio do Fundo Baobá através do Edital Black Stem 2024, um programa de bolsas de graduação exclusivo para estudantes negros(as) que tenham sido aceitos em universidades estrangeiras e em 2024 para cursos de graduação das carreiras STEM – Ciências, Tecnologia, Engenharia, Matemática. O Programa é uma iniciativa do Baobá – Fundo para Equidade Racial, com apoio da B3 Social e parceria do BRASA.
Os desafios enfrentados pela população negra são grandes. Entre os jovens brasileiros que abandonaram a escola sem concluir o ensino básico, 71,7% são negros, com a necessidade de trabalhar como principal motivo. Na saúde, apenas 32% dos municípios implementam ações específicas para atender essa população, mesmo com políticas nacionais já estabelecidas. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A violência também é alarmante: 78% das vítimas de armas de fogo são negras, e mulheres negras representam 62% das vítimas de feminicídio. Esses dados, também colhidos da Pnad Contínua, ressaltam a urgência de iniciativas que combatam o racismo e promovam a equidade racial.
Mulheres que participaram do Projeto Saúde Mental Quilombola que representa um passo crucial na promoção da saúde e bem-estar das comunidades quilombolas na Região do Baixo Tocantins. A parceria entre o Fundo Baobá e a Johnson & Johnson, em conjunto com a CONAQ, Malungu/Estado do Pará e ARQIB, demonstrou um compromisso com a comunidade quilombola, visando proporcionar recursos e apoio para que essas comunidades possam enfrentar os desafios com resiliência e dignidade.
O Fundo Baobá atua para reverter essas desigualdades, apoiando comunidades historicamente negligenciadas. Mais de 60% das contribuições vão para organizações que nunca haviam recebido doações antes, e uma parcela significativa apoia territórios como quilombos e o Nordeste brasileiro. Além disso, o Fundo opera de maneira sustentável: as doações ao fundo patrimonial (endowment) geram rendimentos reinvestidos em projetos sociais, criando um ciclo de impacto contínuo.
A Sociedade Protetora dos Desvalidos (SPD), primeira organização civil negra da América Latina, recebeu em 2022, uma doação direta, sem edital do Fundo Baobá. Um passo significativo para fortalecer o impacto de quem sempre esteve à frente na defesa dos direitos da população negra.
Doar é um ato poderoso que transcende o valor monetário. É sobre construir pontes, transformar vidas e reduzir desigualdades. No Dia de Doar, a sua contribuição pode apoiar iniciativas que combatem o racismo, fortalecem comunidades e promovem justiça social. Faça parte desse movimento! Doe, mobilize e inspire. Afinal, juntos podemos construir um país generoso, inclusivo e empático.
Se você tem interesse em doar para o Fundo Baobá e fazer parte dessa construção de curto a longo prazo, acesse esta página.
O Baobá – Fundo para Equidade Racial cruzou o oceano no final do mês de outubro e foi até Amsterdã, a capital da Holanda. Lá, um importante evento, o International Fundraising Congress 2024 (IFC) reuniu mais de 1.200 profissionais de captação de recursos, além de lideranças de impacto social de mais de 70 países.
O Baobá foi ouvir sobre como as organizações sociais ao redor do mundo trabalham captando recursos para as transformações sociais necessárias. Também foi falar sobre como vem operando no Brasil com o trabalho em prol da equidade racial em um país fundado sobre as estruturas e as desigualdades originadas pela escravidão, que moldaram suas bases sociais, econômicas e políticas.
A Gerente de Comunicação e Mobilização de Recursos do Baobá, Janaina Barbosa, esteve em Amsterdã e nessa entrevista fala sobre o objetivo do Fundo no IFC, o que foi aprendido com a troca de conhecimento e o positivismo global frente à experiência brasileira.
Qual o objetivo do Fundo Baobá ao participar do International Fundraising Congress (IFC) 2024 na Holanda?
O principal objetivo do Fundo Baobá ao participar do IFC 2024 foi aproveitar a oportunidade de estar em um evento que reúne líderes globais da filantropia, especialmente aqueles engajados na mobilização de recursos para enfrentar desafios em comum como o racismo, a desigualdade social e as crises climáticas e ambientais.
Como um fundo patrimonial focado na equidade racial, participamos de discussões estratégicas sobre inovação em mobilização de recursos e também pudemos compartilhar experiências e aprendizados com profissionais de todo mundo. Além disso, estar no evento faz parte de nossa busca por conhecimento e compreensão de como esse território (Europa) compreende a discussão sobre equidade racial. Embora o Fundo Baobá já tenha parceiros internacionais – predominantemente dos Estados Unidos –, entendemos que o contexto europeu traz novas perspectivas.
Ao centro da imagem temos a Janaína Barbosa, Gerente de Comunicação e Mobilização de Recursos do Fundo Baobá, participando da mesaInnovation Spotlight: Rising Changemakers (Destaques da Inovação: Novos Agentes de Transformação)
Na sua visão, o que foi mais proveitoso para o Baobá?
A oportunidade de compartilhar nossa trajetória, histórias, conhecimentos e métodos de inovação com outras organizações. Acreditamos que a troca de experiências e o diálogo são ferramentas poderosas para a disseminação de conhecimento e para a busca contínua de melhores práticas na filantropia. Além disso, nos permitiu fortalecer conexões com organizações que compartilham propósitos similares aos do Fundo Baobá. Esses encontros abriram portas para diálogos produtivos e possíveis colaborações futuras.
O Fundo Baobá, com sua grande experiência no campo da filantropia negra no Brasil, teve oportunidade de expor essa experiência na Holanda?
Sim, participamos da mesaInnovation Spotlight: Rising Changemakers (Destaques da Inovação: Novos Agentes de Transformação), cujo objetivo era destacar organizações que promovem mudanças significativas em seus territórios. A sessão abordou temas como ativismo ambiental, equidade racial, justiça global e desenvolvimento comunitário, conectando experiências de cada país.
Durante a apresentação, destacamos o que norteia o trabalho do Fundo Baobá e como respondemos aos desafios do racismo sistêmico no Brasil por meio de estratégias filantrópicas inovadoras e sustentáveis. Também mostramos o impacto das nossas ações, como o apoio direto a comunidades quilombolas e organizações como a Sociedade Protetora dos Desvalidos, que carrega quase dois séculos de história na luta contra a desigualdade racial.
Além disso, enfatizamos a importância da liderança negra em todas as esferas do Fundo Baobá, desde a governança até a execução das nossas estratégias de mobilização de recursos. Essa apresentação foi uma oportunidade valiosa para mostrar nossa trajetória para um público global.
É possível exemplificar quais foram as reações à exposição e à troca de ideias promovida pelo Fundo Baobá?
Durante nossa participação na mesa sobre inovação, recebemos reações muito positivas. Houve sinergias evidentes com o trabalho de outras organizações, que identificaram práticas semelhantes às que adotamos no Brasil, além de momentos de troca sobre metodologias distintas. Representantes de diversas entidades demonstraram interesse em compreender melhor o contexto brasileiro e as estratégias do Fundo Baobá para promover a equidade racial.
Havia outras organizações brasileiras presentes no evento ou o Fundo Baobá foi a única?
Havia poucas organizações brasileiras no evento. Imaginamos que a participação foi limitada devido ao custo elevado de um evento sediado na Europa, o que restringe a presença de instituições de países mais distantes. A maior parte dos participantes era da Europa, com algumas representações de países africanos. Ainda assim, a experiência foi enriquecedora.
Qual foi a percepção das organizações internacionais sobre o trabalho do Fundo?
Participar de um espaço com organizações consolidadas e metodologias bem estruturadas foi extremamente valioso. Apesar do contexto da nossa atuação demandar abordagens específicas, identificamos desafios em comum e tivemos aprendizados significativos. Com certeza, essa imersão contribuirá com a nossa estratégia de mobilização de recursos.
Neste mês de outubro, o Fundo Baobá para Equidade Racial completou 13 anos, consolidando-se como uma referência na promoção da equidade racial no Brasil, fazendo diferença na vida da população negra.
Como uma semente que rompe a terra e brota com uma força gigantesca, o fundo conseguiu durante estes anos captar recursos da filantropia e destiná-los a organizações, grupos, coletivos e pessoas negras, por meio de editais.
Outra conquista foi promover com os financiadores a importância de fortalecer a filantropia negra.
O nome Fundo Baobá foi idealizado por Magno Cruz, membro do comitê programático e liderança do Centro de Cultura Negra de São Luís do Maranhão, falecido em 2010. Visionário e artista, Magno compôs uma música e um poema que faziam uma analogia entre o fundo patrimonial e a árvore Baobá, símbolo de força e resiliência. Para ele, a organização deveria ser tão robusta, duradoura e impactante quanto o Baobá, com potencial para ocupar novos espaços e apoiar o movimento negro em uma escala sem precedentes, inspirando-se na longevidade e resistência da árvore que carrega o nome da instituição.
Resistência, aliás, que nunca faltou ao Fundo Baobá. Através dos recursos captados, o Baobá tem apoiado pessoas e organizações a romper barreiras em direção à justiça social e à equidade para a população negra deste país.
Nestes 13 anos, a organização conseguiu se adaptar às mudanças da sociedade e antever necessidades para melhorar a atuação junto aos beneficiários dos editais. Um bom exemplo foi a rápida ação na pandemia de COVID-19.
Logo depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter decretado a pandemia, em março de 2020, o Fundo Baobá lançou o edital Doações Emergenciais, em parceria com a Ford Foundation.
Com dotação de R$ 870 mil, o edital foi direcionado às comunidades vulneráveis, mulheres, população negra, idosos, povos originários e comunidades tradicionais – ou seja, os mais impactados pela COVID-19. Ao todo, foram atendidas 215 pessoas e 135 organizações por esse edital.
Nesse caso, a dotação para o edital foi de R$1,6 milhão e alcançou 700 inscrições. Foram apoiadas 47 iniciativas, cada uma com 3 empreendimentos. Além do suporte financeiro, esses empreendedores tiveram acesso a uma mentoria para atualizar processos e conhecimentos de gestão a fim de tornarem seus negócios mais resilientes e competitivos.
Um ano depois, já em 2021, ainda sob os efeitos da pandemia, o Fundo Baobá lançou, junto com o Google.org, braço financeiro do Google, o edital Vidas Negras: Dignidade e Justiça. O objetivo foi dar impulso ao ativismo contra o racismo e as injustiças sociais e criminais.
O Google fez o aporte de R$1,2 milhão para a escolha de 12 organizações (cada uma recebeu R$100 mil ao longo de um ano) que tivessem projetos para combater a violência e as injustiças criminais no sistema jurídico brasileiro.
Perspectivas para o futuro
Até agora, o Fundo Baobá lançou 22 editais e apoiou 1.208 iniciativas que tiveram impacto direto em quase 3 mil pessoas. Neste ano de 2024, foi lançado um edital diferenciado, o Black STEM, que selecionou 5 alunos para receberem bolsas complementares para estudar no exterior, abrindo assim as portas de centros de ensino de outros países para estudantes negros brasileiros.
O objetivo para os próximos anos é expandir cada vez mais o diálogo com a sociedade, promovendo iniciativas que estimulem a igualdade de direitos e oportunidades, tornando a atuação do Fundo Baobá cada vez mais diferenciada e estratégica para a população negra do Brasil.
Para isso, o Fundo Baobá precisa alcançar mais organizações e pessoas, financiar mais pautas e mais discussões sobre o enfrentamento ao racismo. É com esse espírito que o Baobá, fundo patrimonial brasileiro, mobiliza recursos para apoiar ações de promoção da equidade racial no Brasil desde 2011, quando foi criado.
Da árvore ao fundo patrimonial
Baobá é uma árvore africana, considerada sagrada para os adeptos do candomblé. Um fruto dessa árvore, plantada na casa do abolicionista Joaquim Nabuco, em Recife, chegou às mãos de Giovanni Harvey, Diretor Executivo do fundo, em uma de suas visitas à capital de Pernambuco e também à casa de Nabuco.
De volta a São Paulo, ele levou o fruto para a sede do Baobá e, junto a equipe, plantou suas sementes. Esse ato foi um momento muito especial nessa comemoração dos 13 anos, pois essa árvore simboliza o trabalho de resistência e resiliência do Fundo Baobá.
O Baobá – Fundo para Equidade Racial, avança em um processo contínuo de transformação, guiado pelas diretrizes do plano estratégico 2017-2027, que orienta nossa atuação ao longo deste período.
Essas decisões têm como objetivo aprimorar a atuação da organização em resposta às transformações estruturais e conjunturais da sociedade brasileira. Nesse sentido, o Fundo Baobá criou uma nova área e reformulou outras duas — Articulação Social, Mobilização de Recursos e Operações — fortalecendo nossa capacidade de alcançar os objetivos estabelecidos para a próxima década.
A criação dessas áreas gerou mudanças no organograma de funções: Caroline Almeida passa a atuar como Gerente de Articulação Social; Janaina Barbosa como Gerente de Comunicação e Mobilização de Recursos; e Hebe Silva assume a Gerência de Operações.
As novas funções foram recebidas com entusiasmo pelas três, que observam o processo de transformação do Fundo Baobá, alé da oportunidade de desenvolvimento pessoal e profissional.
Em entrevista na Bahia, onde esteve para a comemoração dos 192 anos da Sociedade Protetora dos Desvalidos — organização negra secular que buscava na filantropia entre negros libertos proporcionar a compra da liberdade para os ainda escravizados –, o diretor executivo do Fundo Baobá, Giovanni Harvey, falou sobre a Articulação Social: “Queremos criar um programa que apoie instituições negras centenárias, assim como apoiamos a Sociedade Protetora dos Desvalidos. A área de Articulação Social será responsável por isso”, disse.
Caroline Almeida que passou de Assistente Executiva a Gerente de Articulação Social.
Caroline Almeida, graduada em Administração pela Universidade Federal da Bahia, fala da área que vai gerenciar: “A Articulação Social sintetiza, sob o ponto de vista político, os princípios, os valores e os compromissos oriundos do processo de construção que resultou no Fundo Baobá. Esta dimensão projeta os resultados alcançados pelos investimentos programáticos realizados a partir dos recursos mobilizados, e evidencia os requisitos da instituição para captar, gerir e investir capital e patrimônio filantrópico”, definiu.
Janaina Barbosa, que além de cuidar da Coordenação de Comunicação, também está responsável pela Gerência de Mobilização de Recursos
O processo de crescimento institucional do Fundo Baobá ao longo desses 13 anos de existência foi determinante para que novas estratégias fossem pensadas, no sentido de tornar ainda mais ágil o dinamismo da organização. “Entendemos que é um momento estratégico de pôr em prática o que já sabemos. Construímos um conhecimento sólido sobre mobilização, coerente com a missão do Baobá. Por isso consideramos importante consolidar esse conhecimento internamente”, afirmou Janaina Barbosa, graduada em Comunicação Social e pós graduada em Gestão de Marketing, que vai gerir as áreas de Comunicação e Mobilização de Recursos.
Hebe Silva, coordenadora de Administração e Finanças, assumiu a Gerência de Operações
A terceira nova área, a de Operações, será gerenciada por Hebe Silva, graduada em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Mato Grosso. A área será responsável pela gestão financeira, administrativa e logística do Fundo Baobá. Sua origem tem fruto, também, no crescimento da organização. “A Coordenação de Administração e Finanças dividia parte de suas tarefas com a Diretoria Executiva, quando o Baobá ainda era menor e não necessitava dessa setorização. A instituição cresceu, o grau das responsabilidades aumentou e houve a demanda de se consolidar tudo em uma única área”, afirmou Hebe.
Nesse novo tempo em que entra o Fundo Baobá, o objetivo é aprender, colocar em prática esse aprendizado e diversificar. Janaina define o momento: “A gente está num processo de aprendizado. De compreender o que faz sentido para o Baobá. Captamos recursos para apoiar iniciativas de diferentes territórios, cada um deles tem um contexto, desafios e questões diferentes, olha para a discussão da equidade racial de uma perspectiva específica. Então, é importante diversificar também as nossas estratégias. A ideia de trazer a área de Mobilização para a Comunicação é para manter um alinhamento, uma unidade da nossa narrativa, das nossas mensagens. Nossa intenção é desbravar e contar boas histórias”, disse.