Educação para Equidade Racial é tônica do edital Já É

Lançado no dia 10 de julho, o programa Já É: Educação para Equidade Racial, é uma iniciativa do Fundo Baobá para Equidade Racial em parceria com a Fundação Citibank para jovens entre 17 e 25 anos da cidade de São Paulo e região metropolitana.

A premissa deste edital é o fato de que o racismo no ambiente escolar é um dos mais severos gargalos à equidade racial do Brasil.  Por isso a educação é um dos quatro eixos nos quais a missão estratégica do Fundo Baobá está focada. 

Em dados apresentados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que no ensino superior, apenas 25,2% dos jovens entre 18 e 24 anos cursam ou concluem a faculdade. Entretanto, quando os dados são desagregados por raça/cor, fica ainda mais evidente a desigualdade racial em nosso país, considerando que o percentual de jovens brancos que frequentam ou concluem o ensino superior (36,1%) é praticamente o dobro do percentual de jovens pretos ou pardos (18,3%) na faixa de 18 a 24 anos.

Para além dos dados citados anteriormente, existem muitas informações que reiteram a ausência de negros nas universidades. O mesmo IBGE apresentou uma pesquisa em 2018 que mostra que um terço dos brasileiros entre 19 e 24 anos não haviam conseguido concluir o ensino médio, naquele ano. Deste número, 44,2% dos homens negros não concluíram esta etapa. Muitos dos motivos que mostram a evasão escolar corresponde ao fato do jovem negro ingressar mais cedo no mercado de trabalho. 

Na mesma pesquisa, dados mostram que o percentual de jovens negros de 15 a 17 anos, que apenas trabalham, sem estudar é de 5,7%, enquanto o percentual de jovens brancos é 4,9%. Ainda tem o caso de jovens que estudam e trabalham, não sobrando espaço para uma preparação adequada ao vestibular: “Quando a gente fala de prestar um vestibular, todo mundo vai prestar a mesma prova, só que algumas pessoas tiveram a chance de se preparar para esse vestibular a vida toda. Enquanto, para outras pessoas, existe a realidade de conciliar a escola com o trabalho”, diz a diretora-executiva do Fundo Baobá, Selma Moreira.

Portanto, o Já É vem para mudar essa realidade. O programa inclui uma bolsa de estudos em um cursinho preparatório para o vestibular, atividades voltadas para o enfrentamento dos efeitos psicossociais do racismo e para a ampliação das habilidades socioemocionais e vocacionais, incluindo programa de mentoria. Além dos itens citados, as despesas de transporte e alimentação também serão custeadas ao longo do programa, que deve ter duração de 12 meses a partir de março de 2021.

Para se inscrever, o jovem tem que estar na faixa etária de 17 e 25 anos, já ter concluído ou estar cursando, em 2021, o 3º ano do ensino médio em escolas públicas e morar na cidade de São Paulo ou nas cidades da região metropolitana (neste link consta quais são os municípios da região metropolitana).

Aberto a jovens de ambos os sexos, o Programa Já É prioriza jovens de sexo masculino, jovens transsexuais, jovens mães, jovens que tenham cumprido medidas socioeducativas, e jovens que residem em bairros, territórios ou comunidades periféricas.

“Nós queremos mais jovens negros nas universidades, portanto esse programa está aberto a todos os jovens negros, mas estamos convidando especialmente quem menos entra na faculdade hoje, que segundo dados estatísticos, são os meninos. Portanto, o Já É convida os meninos negros, e também as meninas que são mães, porque muitas vezes, em função da maternidade, não conseguem voltar pra escola, além de jovens trans. Então, a gente faz esse convite para jovens que fazem parte dos grupos que sofrem inúmeras discriminações e que venham construir conosco novas trilhas na educação”, afirma Selma.


As inscrições estão abertas até o dia 31 de agosto de 2020, para as pessoas interessadas, é só preencher o formulário que se encontra aqui.

Educação como passaporte para o resgate das origens

Givânia Maria da Silva, 54 anos, é doutoranda do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB), graduada em Letras, mestre em Políticas Públicas e Gestão da Educação, também pela UnB, e autora do livro “Educação e Luta política no quilombo de Conceição das Crioulas” (Ed. Appris). Nascida nesse quilombo, no interior de Pernambuco – comunidade que surgiu no início do século XIX a partir da organização de um grupo de mulheres, – ela foi a primeira a se formar como professora. Longe de ser motivo de orgulho, esse é um fator de inquietação porque mostra as dificuldades de acesso a tudo, principalmente ao ensino, direito básico e fundamental de qualquer pessoa. Acompanhe sua entrevista.

Boletim Você nasceu no quilombo. Como foi ultrapassar tantas barreiras e se tornar professora?

Givânia – Fui a primeira na comunidade a me formar professora. Formei-me cedo, tendo o compromisso de olhar para o lado e ver que as da minha idade e as mais velhas não chegaram onde cheguei. Foi um processo complexo porque até aquela época, os homens completavam o Fundamental e tinham como destino ir para São Paulo. As terras já tinham sido invadidas e a agricultura se desvalorizava. Então, o destino era ir para São Paulo se tornar a força braçal dessa metrópole que, embora tenha sido construída com a mão de todos, reconhece poucos. Mulheres se tornavam empregadas domésticas ou permaneciam na agricultura com os problemas que já citei. Sou um pouco o desnível dessa curva de trajetória daquele momento. Saio do lugar onde ninguém estudou porque não teve oportunidade para ser professora desse lugar e, por meio da educação, alcançar outras possibilidades. Não conto com alegria o fato de ter sido a primeira a me graduar no território. Significa que o direito à educação nos foi negado.

Boletim Quando você olha a sua trajetória, o que foi mais impactante nessa caminhada e quais os principais desafios?

Givânia – Tornando-me professora e tomando  consciência dessa comunidade (foi um processo de reconstrução, pois não aprendemos sobre isso na escola, mas nas articulações com o movimento negro e na pastoral da juventude), faço desses aprendizados um lugar de inquietação. Em 89, passei a querer saber quem éramos, de onde tínhamos vindo. Então, fomos construir a história das Crioulas. Em 95, com a mudança de gestão do município, elegemos uma professora e pleiteamos a construção de uma escola na comunidade. Foi difícil, mas conseguimos e eu me tornei a primeira diretora. Implantamos a proposta de pensar a educação a partir do território. Aos poucos, esse projeto foi se consolidando e, este ano, completou 25 anos. Foi essa proposta que inspirou a construção das diretrizes curriculares para a educação escolar quilombola. Hoje, é possível completar até o ensino médio ali e isso tudo é fruto da luta e mobilização dessa comunidade.

Givânia Maria da Silva, doutoranda do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB)

Boletim – Qual o saldo desses esforços?

Givânia – Temos  na comunidade um projeto politico-pedagógico que orienta quatro escolas do território. Existe uma lei municipal determinando que essas escolas realizem concurso público para admitir professores quilombolas. Sim, existe o professor quilombola e isso é assegurado por lei. Todos os professores têm curso superior e alguns possuem mestrado. Tudo foi construído a partir de uma pessoa que se formou e entrou na universidade privada. Nada é mérito meu, mas da construção coletiva. Há pessoas com 70, 74 anos que voltaram a estudar. Minha tia, Maria Antônia, se formou aos 60 anos em magistério (que depois virou Normal médio). Para nós, a educação precisa ser compreendida como direito e instrumento de luta política. Continuo acreditando que a educação é um dos fenômenos importantes para a mudança na vida das pessoas, desde que esteja relacionada à vida delas. 

Boletim – O que ainda falta para construirmos uma sociedade mais igualitária?

Givânia – Acho que deixarmos de pensar em uma possibilidade única de conhecimento e de modelo de vida, transformando essa visão em conhecimento que se complemente e não que divirja. É curioso como o Brasil se apropria tanto da cultura negra e não reconhece os donos da cultura.  Toma de assalto a cultura africana, mas não reconhece. Eu ficaria apenas com a música e culinária para não me estender a outros temas. Fala um português que não é de Portugal, mas a mistura do indígena, do negro e português. Mas só reconhece o português como sua legítima língua. Por isso, não falo mais que índios usam dialetos. Se a língua portuguesa é uma língua, as outras também são. Outra questão é que uma sociedade que se pauta e foi construída a partir de invasão de terra e estupro e acredita que o embranquecimento é um valor importante para desenvolvimento é difícil de se reconstruir. A escola continua silenciando esses povos e a gente não gosta do que não conhece. Continuo acreditando que a educação é o elo de transformação social e de mudança de perspectiva de vida. 

Boletim – De que forma? 

Givânia – Quando falo de educação, não me refiro ao sentido formal. As universidades e os centros de formulação do pensamento perdem pela falta de humildade em reconhecer que a academia não é o único lugar de formulação de conhecimento. Perdem de aprender e de recontar a história do Brasil de forma mais justa, pois a história que conhecemos hoje é a que foi contada pelos colonizadores. Em Conceição, construirmos nossa história a partir do quilombo. Esse território negro, quilombola, misturado com indígena e descendente de africanos me dá responsabilidade e traz os elementos que preciso buscar para debater essa história pela educação. 

Boletim – Qual a mensagem que você gostaria de deixar para reflexão das pessoas?

Givânia – Nós negros precisamos disputar espaços na universidade. Estou na universidade pelo único objetivo de disputar pensamento lá dentro. Mas é o lugar de estar presente. Começo o ano perguntando aos meus alunos o que sabem de autores negros e negras. Sabem pouco porque não tiveram essa oportunidade. Então, a mensagem que deixo aqui é para olharmos para nós mesmos e não nos contentarmos em ser apenas sensíveis ao racismo. A sociedade falhou. Todos falhamos, família, escola… A mensagem então é para olharmos para dentro de si e ver o tamanho do opressor. Somos todos frutos de uma sociedade racista.  Precisamos olhar para dentro e não calarmos mais. É hora de brancos e negros se unirem para não só combater, mas exterminar o racismo.

Força coletiva, ancestral e sororidade

Foi também a partir do ativismo negro que um projeto começou com o propósito de unir forças e discutir, entre outros temas, questões relacionadas à mulher negra. A iniciativa pulou rapidamente do campo das ideias para o de realizações para virar uma potência com foco em estimular a educação no campo da justiça. Assim começou a história do grupo Abayomi Juristas Negras, de Pernambuco, há exatamente um ano.

“Inicialmente, nos conhecemos em um evento na OAB Pernambuco no dia da mulher negra em julho de 2019. A professora universitária e procuradora federal Chiara Ramos expôs a vontade de ter amigas negras, pois sempre foi a única nos espaços em que circulava”, relembra Patrícia Oliveira, uma das oito integrantes e diretora. No coletivo, cada uma delas tem uma função específica, como captação de recursos, administração etc.

Chiara montou um grupo em uma rede social e propôs uma reunião em sua casa. Na época, explicou a vontade de criar um quilombo para unir potencialidades. “Ela também falou da dificuldade de ver mulheres negras em espaços na justiça”, relembra Patrícia. Ainda durante a reunião viram como seria importante dar nome e forma ao grupo para debater racismo e outras questões essenciais. O nome Abayomi, o mesmo da boneca, foi sugerido pela também advogada Lígia Verner. À medida que falavam sobre a iniciativa de Chiara Ramos, despertaram o interesse de outras mulheres. “Muitas se identificaram com as pautas discutidas e o grupo cresceu. Em pouco tempo, éramos mais de 30 abayomis”, relembra Débora Gonçalves.

Abayomi Juristas Negras – Pernambuco

Poucos dias depois da criação do coletivo – que tem como propósito o afroempreendedorismo social para combater o racismo estrutural por meio da capacitação e inclusão da população negra em espaços de poder e saber, com foco na ocupação de cargos nos órgãos que compõem o Sistema de Justiça Brasileiro –, surgiu a chance de participar do edital do Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco, iniciativa do Fundo Baobá em parceria com Instituto Ibirapitanga, Fundação Ford, Open Society Foundations e Fundação Kellogg.

Hoje, elas fazem questão de afirmar que o foco do grupo não é apenas a educação e a tarefa de preparar as mulheres para disputar e conquistar espaços no campo da Justiça, mas cuidar também dos aspectos físicos, emocionais, espirituais e psicológicos de cada uma durante esse percurso. “Nós as ajudamos a entender os desafios que vão enfrentar no campo da Justiça, por exemplo, pois ainda é um espaço muito embranquecido, falamos de feminismo negro e as ajudamos a entender que o nosso lugar, como mulheres negras, é onde quisermos estar”, afirma Sabrina Santos.

No momento, o Coletivo Abayomi atua em três frentes:  Metodologia Abayomi de aprovação em concursos públicos ou Mada (com mentoria, coaching, treinamento estratégico e estudo em grupo afrocentrado), a Metodologia Abayomi de Aprovação na Primeira fase da OAB e Coaching Individual para aprovação.

O método que elas chamam de Mada foi idealizado por Chiara Ramos – ela é conhecida por ter disputado e passado em vários concursos públicos difíceis quando concluía a universidade. Em função disso, criou uma  estratégia de estudo para ajudar outras a conquistarem o mesmo sonho.

Elas não cobram mensalidade por esses programas. Quem pode, contribui com valores entre 100 e 150 reais para viabilizar a participação de mulheres que não têm como custear as despesas de transporte, por exemplo, pois antes da pandemia as reuniões eram presenciais. Hoje, aproximadamente 60% das alunas são bolsistas.

Com a pandemia, a agenda de atividades se ampliou. Agora, via redes sociais  – o que ajudou a aumentar a base de seguidores de 900 para quase 7 mil. “Realizamos uma mentoria com encontros semanais e metas estabelecidas”, explica Débora. “Fazemos também simulados, promovemos debates com juízes e procuradores e publicamos artigos científicos”, confirma Sabrina.

Mas as atividades não param por aí. Além da mentoria de como estudar, as mulheres têm aulas de zumba, reiki, acompanhamento com psicóloga. “Falamos sobre afroempreendedorismo, damos dicas de direito para concursos, exibimos vídeos sobre cultura africana, feminismo negro, motivação”, fala Sabrina. Além de ajudar a mulher negra a fortalecer sua educação para realizar o sonho de ser aprovada em concursos da área jurídica, o objetivo do Coletivo Abayomi é empoderar essa mulher para conquistar seu espaço de direito na sociedade.

A grande dificuldade, agravada pela pandemia, é conseguir patrocinadores que abracem a causa.  “Como não temos fins lucrativos, procuramos quem deseja investir nesse projeto”, conta Débora. Por isso, elas já pensam em implementar em breve algumas mudanças, como oferecer em contrapartida ao dinheiro investido cursos específicos sobre cultura antirracista e direito administrativo, entre outras ideias que são assuntos de conhecimento do grupo de oito advogadas da Abayomi. Em breve, elas também terão aulas de coaching.

“Só o fato de ser um coletivo de mulheres negras já é desafiador porque o sistema de Justiça não está pautado pelas nossas causas nem preocupado com a nossa inclusão”, desabafa Patrícia. Então, são espaços que precisam ser demarcados todos os dias. “Hoje, nós nos desdobramos para estudar e passar em um concurso e, assim, ajudarmos outras a passarem também”, completa Débora.

Ao contrário de pará-las, as dificuldades parecem ser o motor que as impulsiona. Sabrina afirma que, no processo de conhecimento de sua ancestralidade, foi importante aderir à cultura de quilombo das abayomis.  “Quando encontrei essas mulheres, elas me trouxeram toda a potência e o poder que vem do conhecimento da nossa ancestralidade”, afirma.

Por isso, elas insistem que o objetivo é continuar estimulando mulheres que queiram, com sua presença e conquistas, romper com as barreiras impostas pelo racismo. “Ninguém tem o direito de impor crenças que limitem você nem de dizer o que você pode ou não fazer e os espaços que deve ocupar”, desabafa Patrícia. É justamente isso que elas fazem: ajudam as mulheres a descobrir o potencial que cada uma tem.

“Rompi fronteiras e preconceitos”

Conheça a história de Dandara Rudan, a advogada que está focada em obter a licença da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para fazer diferença no enfrentamento à transfobia e ao racismo estrutural

Estudo realizado em 2016 pela Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais (ABGLT) revela que 73% de estudantes que não se denominam heteressexuais já sofreram agressões verbais nas escolas, especialmente com comentários negativos sobre a sexualidade. E isso é um dos principais fatores para abandonar os estudos.

O que a pesquisa mostrou em números, Dandara Rudsan, 30 anos, natural de Santarém, no Pará, sentiu na pele. Preta, transexual, antirracista e antiproibicionista, como se define, desde cedo esbarrou em preconceitos. O impulso para superá-los veio da educação. “Sem dúvida, o acesso à educação foi e é fundamental para a conquista de espaços e habilidades estratégicas para a luta. Mas é necessário destacar que, sem a determinação, a priori, não é possível exercer esse acesso”, explica.

Sua trajetória, como a de tantas mulheres transexuais, é marcada por processos de exclusão, agressão, violação de direitos e tentativas de aniquilação no enfrentamento ao machismo. “Nascemos em uma estrutura social que, definitivamente, não reconhece a existência de nossos corpos transexuais e esse ‘não existir’ se reflete nas leis, políticas públicas e, consequentemente, na educação”,  diz.

O que não a derrubou, fortaleceu.  “Além das dificuldades que a estrutura patriarcal e racista impõe à vida das mulheres transexuais negras, a luta contra a invisibilidade (em diversos espaços) tem sido uma das principais dificuldades para se chegar até aqui.”

Dandara Rudsan, do projeto “Atitude TRANSversal: Mulher Negra Transexual da Amazônia tecendo Redes e Ampliando Horizontes

Vencidos os preconceitos iniciais, foi a vez de encarar espaços educacionais onde, longe de se praticar e estimular o livre ser e pensar, a realidade era de mais exclusão e afastamento. “Quando sobrevivemos minimamente à marginalização de nossas vidas e conseguimos entrar em espaços educacionais tradicionais, como escola e universidades, nos deparamos com um sistema que não nos cabe, não respeita e não  reconhece como legítimas nossas realidades, vivências e experiências. E aí entra a determinação.”

Dandara fala que, se fosse comparar sua luta a um carro, o acesso à educação seria o motor e a determinação o combustível para avançar. “A partir do momento que nós, travestis e transexuais, colocamos nosso primeiro pé na educação formal, tudo é enfrentamento e aí só a determinação pode nos manter lutando ou suportando as violações, o racismo, a transfobia.”

Nesse processo, foi necessário criar estratégias para ultrapassar obstáculos. “Se algo não nos cabe, a gente pega e inventa uma maneira de caber”, diz. “Minha determinação, criatividade e inovação foram cruciais para as conquistas e para trazer mais pessoas para a luta, mas reconheço que sem o apoio de uma comunidade inteira de mulheres negras cis isso não seria possível.”

Selecionada no Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco, iniciativa do Fundo Baobá em parceria com Instituto Ibirapitanga, Fundação Ford, Open Society Foundations e Fundação Kellogg, com o projeto “Atitude TRANSversal: Mulher Negra Transexual da Amazônia tecendo Redes e Ampliando Horizontes”, ela afirma que as dificuldades enfrentadas no Pará por ela não se distanciam das histórias de outras mulheres trans e pretas que lutam para conquistar seus direitos.

Viver naquela região impõe dificuldades específicas, como a obrigação de lutar pela terra, pelo território e pelo meio ambiente. “O problema é que o imaginário ‘cis heteronormativo’ e a invisibilidade desses corpos, dentro dos movimentos sociais, não permite que, em um primeiro momento, se perceba a luta das mulheres transexuais e travestis que estão nesse contexto”, afirma.

A advogada reconhece que muitas companheiras transexuais e travestis, assim como a comunidade LGBTQI+, estão encabeçando lutas importantíssimas no país, atuando nas agendas de enfrentamento ao HIV, à aids e à homotransfobia, em defesa do empreendedorismo de mulheres trans. “Existem mulheres, mulheres travestis e mulheres transexuais atuando fortemente na agricultura familiar, na pesca artesanal, no extrativismo e na coleta de sementes e, mesmo assim, quase não ouvimos falar delas”, desabafa.

Desafios não faltaram nesse caminho. O maior deles foi se estruturar e apoiar a família, quando começou a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, que começou em 2011 e perdurou até 2019. Sua família, assim como a comunidade, foi removida e transferida para assentamentos urbanos coletivos. Todas essas dificuldades a fortaleceram e abriram caminho para outras que vieram depois.  

Mulheres transexuais e travestis, assim como cis, aliaram-se à luta anti LGBTfobia na região da Transamazônica, criando o Coletivo Amazônico LesBiTrans, o primeiro grupo de luta exclusivamente LGBTQI+ da Cidade de Altamira e, por meio de seu projeto no Programa Marielle Franco, estabeleceram a Rede de Cooperação  Negra e LGBTQI+ Pretas & Coloridas, além do Laboratório de Ciberativismo Zarabatana Info.

Além de simbólica, a aprovação na OAB representa o fechamento de um ciclo de estudos, lutas, dificuldades. Para Dandara, que atua em postos de coordenação no Centro de Formação do(a) Negro(a) da Transamazônica e Xingu (CFNTX) e no Coletivo Amazônico LesBiTrans, isso permitirá atuar em diversos espaços do Poder Judiciário, ampliando a capacidade de enfrentamento de questões raciais e de gênero. “Para mim e para todas as mulheres pretas e trans, será a mensagem de que podemos ser e chegar aonde quisermos”, conclui.

Foco na igualdade de oportunidades

Conheça os propósitos que norteiam a Citi Foundation no Brasil e no mundo

Trabalhar para promover o progresso econômico e melhorar a vida das pessoas em comunidades de baixa renda em todo o mundo. Com essa visão, a Citi Foundation, associação de investimento social do Citibank, apoia diversas causas filantrópicas e desenvolve parcerias com organizações comunitárias que buscam acelerar mudanças na sociedade, por meio de soluções inovadoras e eficientes.

Presente em diversos países, sua atuação é marcada também por grandes números. Entre 2017 e 2019, foram investidos US$ 194 milhões no combate ao desemprego juvenil. Para os próximos 10 anos serão alocados US$ 164 bilhões para apoiar frentes de Environmental, Social and Governance (ESG). No Brasil, a Citi Foundation atua desde 1999 e já investiu R$ 7 milhões em projetos no período de 2019 a 2020. Nesta edição, a história que faz diferença na vida de milhares de pessoas é contada por Katia Oliveira, head de Public Affairs do Citi Brasil

Boletim Desde quando você está à frente da área de Marketing e Relações Públicas da Citi Foundation no Brasil? No nosso país, qual o principal foco de atuação?

Katia Oliveira – Ingressei no Citi em novembro de 2018. O foco dos projetos da Citi Foundation são: inclusão financeira, oportunidades econômicas para jovens e transformação urbana. No momento, as instituições apoiadas são: o Fundo Baobá para Equidade Racial, o Instituto Reciclar, a Laboratória, a Organização dos Estados Americanos (OAS, na sigla em inglês) e a NESsT. Além disso, em meio à pandemia global, um projeto envolveu também o Citi e mais de US$ 65 milhões até o momento em apoio aos esforços de ajuda comunitária relacionados à Covid-19. O Citi continua a tomar medidas proativas para preservar o bem-estar dos funcionários em todo o mundo, incluindo prêmios de remuneração especial para 75 mil colegas, para ajudar a aliviar os encargos financeiros dessa situação. No Brasil, a associação doou R$ 1 milhão para o Hospital Santa Marcelina, localizado na zona leste da cidade de São Paulo. Esse valor ajudará na criação de uma Central de Orientação sobre a Covid-19, por meio da qual pacientes poderão receber informações e orientações médicas, mesmo de locais distantes, por meio da telemedicina. O projeto contará com 96 médicos(as), 30 técnicos(as) de enfermagem, 6 enfermeiros(as) e 30 computadores.  

Boletim Como são enfrentadas as questões de cunho racial nos Estados Unidos e no Brasil? Por que investir em projetos de fundações, ONGs, institutos e fundos que lutam pela equidade?

Katia Oliveira – Um dos pilares do Citi no mundo é contribuir para uma sociedade mais igualitária e justa. O banco anunciou a doação de US$ 10 milhões para ajudar organizações que trabalham para aumentar oportunidades e combater a desigualdade. Esse valor será dividido da seguinte forma: US$ 8 milhões serão doados para quatro instituições de direitos civis e justiça racial, abordando uma série de questões como direitos de voto, disparidades de renda e riqueza e discriminação habitacional. São elas:  NAACP Legal Defense FundLawyers’ Committee for Civil RightsNational Urban LeagueNational Fair Housing Alliance. Outros US$ 2 milhões serão destinados a uma campanha interna para incentivar os funcionários a ajudar organizações de suas escolhas, que lutem por igualdade racial e direitos humanos. A cada US$ 1 doado por funcionários (as), o Citi doará US$4 para UNCFManagement Leadership for Tomorrow.

Boletim Qual é o papel de fundações, como a do Citi, na busca por um mundo mais justo e igualitário?

Katia Oliveira – Somos uma organização que defende a diversidade e a inclusão e estamos dispostos a defender esses valores quando são ameaçados. Acreditamos que devemos apoiar as comunidades em que atuamos para diminuir as desigualdades sociais. Por isso, apoiamos projetos que contribuem para a formação de jovens e seu ingresso no mercado de trabalho, para as finanças inclusivas e para a melhoria urbana.

Katia Oliveira, head de Public Affairs do Citi Brasil

Boletim Além da parceria com o Fundo Baobá, em que tipo de iniciativa (ou áreas) a Citi Foundation investe?

Katia Oliveira – Apoiamos as quatro instituições já citadas. O Instituto Reciclar atua na formação e inserção de jovens de 15 a 19 anos da rede pública no mercado de trabalho, a Laboratoria tem um programa para recrutar, treinar e inserir mulheres jovens de baixa renda como desenvolvedoras web no Brasil, contribuindo para sua inclusão social, a OAS prepara prepara jovens urbanos de baixa renda do Brasil para carreiras em segurança cibernética, e a NESsT tem projetos que apoiam o empreendedorismo, a inclusão financeira e a criação de empregos no Brasil.

Boletim Para finalizar, que recado você gostaria de deixar?

Katia Oliveira Vivemos um dos períodos mais desafiadores da história recente com a pandemia da Covid-19. Sabemos que essa crise tem um impacto expressivo nas comunidades mais vulneráveis no mundo todo. Nos próximos anos, os bancos terão um papel importante para ajudar as pessoas e a sociedade a se recuperarem dessa pandemia. O Citi continuará focado em apoiar seus clientes e as comunidades nas quais está presente.

Fundo Baobá participa de lives sobre luta antirracista e equidade racial no mercado de trabalho

A luta antirracista, o mercado de trabalho, a pandemia do novo coronavírus  e o impacto na população negra foram alguns dos temas das lives e webinars que contaram com a participação do Fundo Baobá para Equidade Racial, na figura das suas diretoras Selma Moreira e Fernanda Lopes, durante o mês de julho.

A primeira live do mês aconteceu no dia 1º de julho. Com o tema “Como as práticas integrativas e complementares podem ajudar no cuidado da saúde mental em tempos de isolamento social”, o evento virtual foi organizado e mediado por Evânia Maria, socióloga, ativista, educadora em saúde e apoiada pelo Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco, iniciativa do Fundo Baobá em parceria com Instituto Ibirapitanga, Fundação Ford, Open Society Foundations e Fundação Kellogg, e contou com as participações da diretora de programa do Fundo Baobá, Fernanda Lopes, bem como da médica da família e comunidade, Iracema Benevides. Em sua participação, Fernanda Lopes, falou sobre os objetivos e prioridades de investimentos do Fundo Baobá, sobre ações desenvolvidas para apoiar pessoas e comunidades no combate ao coronavírus. Comentou também sobre o Programa de Aceleração e Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco, e dos aspectos relacionados a saúde das mulheres negras no contexto da pandemia e sobre como o Fundo Baobá tem dado suporte para aquelas que estão sendo apoiadas atualmente.

No dia 3, foi a vez de Selma Moreira participar do bate-papo “Raça e Mercado – O Impacto do Racismo no Mercado”, uma iniciativa co-liderada por Afrobusiness, Diáspora Black, FGV EAESP e Preta Hub. Além da diretora-executiva do Fundo Baobá, participaram também Daniel Teixeira (CEERT – Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdade), Marcelo Paixão (Professor – The University of Texas at Austin) e Marcio Macedo (Professor FGV EAESP). 

 

Fernanda Lopes foi uma das convidadas do programa Sala de Convidados do Canal Saúde, da Fiocruz, no dia 10, junto com a psicóloga e representante do Instituto Amma Psique Negritude Clélia Prestes e com o Sociólogo da Fundação Hermínio Ometto, Danilo Morais.  Com apresentação de Yasmine Saboya e com o tema “Racismo e Manifestações na Pandemia”, teve como ponto de partida o caso George Floyd nos Estados Unidos, que desencadeou uma série de protestos antirracistas no mundo, mesmo diante de uma pandemia mundial. Em sua fala, Fernanda frisou. “Nós precisamos falar em como construir uma sociedade justa, na qual todas as vidas importam e que a dignidade seja um valor real a ser experimentado por todas as pessoas. Quando o movimento chama a atenção para a necessidade de discutirmos justiça e de enfrentarmos o racismo, nós também reiteramos a certeza de que o racismo fere, desequilibra, adoece e mata. É isso que a gente precisa discutir todos os dias para construir caminhos de transformação e de mudança sustentável.” 

https://youtu.be/NwS4_iOVqeg

Na mesma semana (12) Fernanda Lopes também participou da live “Ação Catadoras”, uma iniciativa para ajudar as catadoras de materiais recicláveis a desenvolverem os seus projetos. O bate-papo foi conduzido pelo ator e produtor cultural Max Mu e contou com a participação da Presidenta da Cooperativa Granja Julieta, Mara Sobral. Na ocasião, Fernanda falou da importância dos editais lançados pelo Fundo Baobá neste mês – Edital Para Primeira Infância no Contexto da Covid-19 e o Programa Já É. “É essencial esse espaço de trabalhar as bases e de garantir que nós tenhamos voz e vezes, não apenas uma vez, mas vezes, para que a gente possa ser o que a gente quiser, e não o que acreditam que nós devamos ser”, ressaltou.  

https://youtu.be/mjMo58_XJlo

Já no dia 21, contamos com Selma Moreira em dose dupla. Às 15 horas, ela participou ao vivo do programa de Nice Lima na “Frei Caneca FM”, de Recife, também falando sobre os editais lançados em julho e do trabalho da organização na promoção da equidade racial. “O Fundo Baobá nasce na perspectiva de ofertar oportunidades de inclusão e desenvolvimento para a população negra”.

https://www.instagram.com/tv/CC6gy0OHFgE/?igshid=yeon5dzqtb66

E às 17 horas, foi a vez do bate-papo “O papel da comunicação na luta antirracista”, organizado pela Rede Narrativas, e que também contou com a participação de Cristina Fernandes (Podcast Ideias Negras e Instituto Vladimir Herzog), Fernanda Nobre (Fundação Tide Setubal), Mohara Valle (Instituto Ibirapitanga), e mediação de Andréia Coutinho (Instituto Clima e Sociedade). 

Sobre o tema principal, Selma disse: “As organizações sociais do movimento negro, em geral, a grande maioria, não tem orçamento para operar na sua essência e para desenvolver a sua atividade final. Portanto, a gente precisa encontrar os meios para garantir que mais recursos alcancem as instituições, para o seu fortalecimento e, por consequência, para o desenvolvimento de uma estratégia de comunicação adequada à finalidade da pauta de luta antirracista e da promoção da equidade racial”

Veja aqui

Selma Moreira participou de mais uma live, desta vez no dia 23, organizada pela Escola Social do Varejo, sobre “Raça Gênero e Mundo do Trabalho”. Na ocasião, ela divulgou o Edital Já É e falou das dificuldades de jovens negros para o acesso ao ensino superior: “No caso da população negra, as dificuldades são ainda maiores. Quando a gente fala de prestar um vestibular, todo mundo vai prestar a mesma prova, só que algumas pessoas tiveram a chance de se preparar para esse vestibular a vida toda. Enquanto, para outras pessoas, existe a realidade de conciliar a escola com o trabalho”.

Veja aqui  

E no dia 24, na véspera do Dia da Mulher Negra, o Fundo Baobá esteve em duas lives. Fernanda Lopes participou às 19h da 2ª edição do “Buyìn Dudu: Recontando Nossas Histórias”, organizado pela coletiva Abayomi Mulheres Negras – Paraíba. Na ocasião, foi concedida uma premiação para as mulheres negras que atuam na perspectiva da afirmação da identidade negra e do enfrentamento ao racismo na Paraíba, em diferentes espaços de atuação. Já Selma Moreira participou às 20h do Congresso “Mulheres Negras: Entre Dororidade e Potencialidade”, organizado pela Abayomi Juristas Negras e OAB – Pernambuco, no painel “Mulheres Negras em Espaços de Poder”.

2ª edição do “Buyìn Dudu: Recontando Nossas Histórias” – Abayomi Mulheres Negras – Paraíba

PROGRAMA JÁ É: EDUCAÇÃO PARA EQUIDADE RACIAL

Educação é um dos quatro eixos nos quais a missão estratégica do Fundo Baobá para Equidade Racial está focada. E não podia ser diferente: o racismo no ambiente escolar é um dos mais severos gargalos à equidade racial do Brasil. 

Se liga nos números: no ensino fundamental tem quase o mesmo percentual de entre crianças brancas e negras de 6 a 10 anos (96,5% e 95,8%, respectivamente). Na faculdade, a matemática é outra: na média, só 25,2% dos jovens entre 18 e 24 anos cursam ou concluem o ensino superior, segundo o IBGE. Só que o percentual de jovens de cor ou raça branca que frequentam ou concluem o ensino superior (36,1%) é praticamente o dobro do percentual de jovens pretos ou pardos (18,3%) na faixa de 18 a 24 anos.

Por trás desses números tem muita história: tem escola pública fraca, tem dificuldade para chegar – e para pagar – o cursinho preparatório.  Tem racismo na escola. Tem tudo para fazer o jovem desistir. 

É para transformar essa realidade entre jovens da cidade de São Paulo e região metropolitana que o Fundo Baobá está lançando, em parceria com a Fundação Citibank, o programa Já É: Educação para Equidade Racial. O programa inclui não só uma bolsa de estudos em cursinho preparatório para o vestibular, como também atividades voltadas para o enfrentamento dos efeitos psicossociais do racismo e para a ampliação das habilidades socioemocionais e vocacionais, incluindo programa de mentoria. Além da mensalidade do cursinho, as despesas de transporte e alimentação também serão custeadas ao longo do programa, que deve ter duração de 12 meses a partir de março de 2021.

Para se inscrever, você precisa ter entre 17 e 25 anos, já ter concluído ou estar cursando, em 2021, o 3º ano do ensino médio em escolas públicas e morar na cidade de São Paulo ou nas cidades da região metropolitana. Aberto a jovens de ambos os sexos, o Programa Já É prioriza jovens de sexo masculino, jovens transsexuais, jovens mães, jovens que tenham cumprido medidas socioeducativas, e jovens que residem em bairros, territórios ou comunidades periféricas.

Faça a inscrição aqui e preencha o formulário. Aqui você encontra orientações sobre seu preenchimento. Mas se liga: as inscrições vão só até 31 de agosto de 2020.

A primeira etapa da seleção será eliminatória, com base na análise desses materiais de inscrição, e acontecerá no período de 4 a 23 de setembro de 2020. A segunda etapa de seleção será classificatória e acontecerá de 5 de outubro a 10 de novembro. Ela incluirá entrevista individual, realizada em ambiente virtual, conduzida por profissionais especializados. Uma terceira etapa, também classificatória, acontecerá entre 23 a 30 de novembro de 2020. Ela será realizada por um comitê de seleção composto por membros dos órgãos de governança e especialistas na área de educação.  A lista final dos 100 escolhidos selecionadas será divulgada no site do Fundo Baobá e redes sociais até o dia 10 de dezembro deste ano. Tudo para começar 2021 com o pé no ensino superior.

Com apoio do Baobá, agora Já É!

Perguntas & Respostas – Ja É

1 – Como faço para me inscrever?

Basta preencher um o formulário que se encontra aqui.

2 – Quais são os pré-requisitos para participar desse edital?

Poderão se inscrever jovens de 17 a 25 anos, de ambos os sexos, diferentes identidades de gênero e orientação sexual, residentes em São Paulo e região metropolitana, que já tenham concluído ou estejam cursando o 3º ano do ensino médio, em 2021, em escolas públicas e morar na cidade de São Paulo ou nas cidades da região metropolitana. O Programa prioriza jovens de sexo masculino, jovens transsexuais, jovens mães, jovens que tenham cumprido medidas socioeducativas, jovens que residem em bairros, territórios ou comunidades periféricas. 

3 – Eu moro em São Paulo mas estudo em outro município da Grande São Paulo. Posso participar?

Sim, o edital é para pessoas que residem em São Paulo e região metropolitana de São Paulo.
A região metropolitana de São Paulo é formada pelos seguintes municípios: Arujá, Barueri, Biritiba-Mirim, Caieiras, Carapicuíba, Cajamar, Cotia, Diadema, Embu, Embu-Guaçu, Francisco Morato, Franco da Rocha, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Itapecerica da Serra, Itapevi, Jandira, Juquitiba, Mairiporã, Mauá, Mogi das Cruzes, Osasco, Poá, Pirapora do Bom Jesus, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Pirapora do Bom Jesus, Santana de Parnaíba, Salesópolis, Santa Isabel, Suzano, Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, São Lourenço da Serra, Taboão da Serra e Vargem Grande Paulista.

4 – Eu faço 17 anos em 2021. Posso participar?

Sim, desde que esteja cursando o terceiro ano do ensino médio. A seleção ocorre este ano, mas o programa começa em 2021. 

5 – Eu faço 26 anos em 2021. Posso participar?

Não porque o programa começa em 2021 e o limite é para jovens com até 25 anos. 

6 – Vou concluir o terceiro ano do ensino médio em 2021. Posso participar?

Sim – o edital é para jovens que tenham concluído ou estejam cursando, em 2021, o 3º ano do ensino médio em escolas públicas e que residam na cidade de São Paulo ou região metropolitana. 

7 – Eu deveria estar no terceiro ano do ensino médio em 2020 mas por causa da pandemia não estou conseguindo estudar e talvez repita o segundo ano este ano. Posso participar?

Não. O edital é para quem esteja cursando o terceiro ano do ensino médio ou para quem já concluiu. 

8 – Além de financiar o cursinho pré vestibular, o que mais o edital irá oferecer? 

Uma vez selecionadas, as e os jovens receberão bolsa de estudos em um cursinho preparatório para o vestibular, terão as despesas de transporte e alimentação custeadas, participarão de atividades voltadas para o enfrentamento dos efeitos psicossociais do racismo e outras que contribuam para a ampliação de suas habilidades socioemocionais e vocacionais, incluindo programa de mentoria.

9 – Eu irei receber dinheiro do Fundo Baobá para custear essas despesas?

Não. O apoio do Fundo Baobá às pessoas selecionadas não envolve doação de recursos financeiros. O apoio será disponibilizado por meio da prestação de serviços (pagamento das despesas mensais do cursinho pré-vestibular, assessoria psicossocial, assessoria para atividades socioculturais, vale transporte e alimentação). 

10 – Serei cobrado de resultados? Sou obrigado a passar no vestibular ao fim do programa? 

O objetivo do programa é proporcionar condições que favoreçam a entrada na universidade, mas caso as pessoas apoiadas não sejam aprovadas em vestibulares que ocorrem em 2021, elas terão direito a mais 06 (seis) meses de curso preparatório, demais serviços e benefícios incluídos no programa. Porém ao longo do programa as pessoas serão avaliadas e caso a presença em atividades obrigatórias seja inferior a 75% e os relatórios não sejam apresentados, o apoio poderá ser suspenso. 

11 – Que tipo de relatório eu terei que apresentar?

As(os) jovens selecionados(as) receberão modelos e orientações sobre como apresentar relatórios mostrando seu desempenho ao longo do projeto.

12 – Se eu precisar me ausentar durante alguns meses do projeto, por motivo de força maior, poderei retornar depois ou no ano seguinte?

O caso será avaliado. 

13  – Como será a seleção?

Serão três etapas:

  • A primeira etapa (de 4 a 23 de setembro) será eliminatória, feita com base na análise do formulário de requerimento. Serão levados em conta o perfil etário, local de residência e trajetória educacional das pessoas interessadas.   
  • A segunda etapa (de 5 de outubro a 10 de novembro) será classificatória e incluirá entrevista individual, realizada em ambiente virtual,  conduzida por profissionais especializados.  
  • A terceira etapa (de 23 a 30 de novembro) também será classificatória e será realizada por um comitê de seleção composto por membros dos órgãos de governança e especialistas na área de educação para o ingresso no ensino superior.

14 – Quando será a data da divulgação da seleção final?

 A lista de pessoas selecionadas será divulgada no site do Fundo Baobá e redes sociais, até o dia 10 de dezembro de 2020.

15  – Como fico sabendo se fui selecionado?

Em todas as etapas de seleção o Fundo Baobá entrará em contato por e-mail ÚNICA E EXCLUSIVAMENTE com as pessoas selecionadas. Por isso, é muito importante checar também a caixa de spam do e-mail.

16 – Após terminar o preenchimento do formulário, eu não recebo um e-mail de confirmação. Como vou saber que meu projeto foi enviado? 

Quando todas as perguntas do formulário são respondidas, deve-se apertar o botão concluído. Neste momento aparece na tela uma mensagem de agradecimento pelo interesse. Ela então deve apertar concluído novamente para que o formulário entre no sistema.


17 – Quando começam iniciam as atividades?

As pessoas selecionadas assinarão contrato com o Fundo Baobá em fevereiro. As atividades terão início em março de 2021

18  – Haverá lista de espera?

Sim, caso haja desistência as pessoas selecionadas, aquelas que estiverem na lista de espera serão convocadas. Nesse caso, a convocação irá acontecer no início de março de 2021.

19  – Eu posso perder a bolsa? 

Caso a presença em atividades obrigatórias seja inferior a 75% e os relatórios não sejam apresentados, o apoio poderá ser suspenso. 

20 – Como receberei o auxílio para transporte e alimentação?

Em forma de vale transporte e vale alimentação 

21 – Eu precisarei prestar contas do dinheiro gasto com transporte e alimentação?

Não será necessário.

22 – Eu posso escolher o cursinho pré-vestibular ou vocês escolhem?

A escolha do cursinho será feita pelo próprio Fundo Baobá, através de um convênio pré estabelecido com a entidade.

23 – Em qual cidade irá acontecer as aulas?

As aulas irão acontecer somente no município de São Paulo

24 – Não tenho e-mail, preciso criar um? 

Sim. É primordial criar um endereço de e-mail porque, a partir a inscrição, este será o canal de comunicação do Fundo Baobá para Equidade Racial com todos os candidatos. Então, é necessário criar e verificar novas mensagens com frequência.

25 – Mas se eu ainda tiver dúvidas, como faço?

Envie e-mail para duvidaseditais@baoba.org.br.

EDITAL PROGRAMA “JÁ É”: EDUCAÇÃO E EQUIDADE RACIAL

CAPÍTULO I – O FUNDO BAOBÁ PARA EQUIDADE RACIAL

Art. 1 O Fundo Baobá para Equidade Racial é o primeiro e único fundo dedicado, exclusivamente, para a promoção da equidade racial para a população negra no Brasil.  Criado em 2011, tem por objetivo mobilizar pessoas e recursos, no Brasil e no exterior, para o apoio a projetos e ações pró-equidade racial. Os recursos captados pelo Fundo Baobá são doados por meio de editais e apoios direcionados,  a  grupos, coletivos, organizações e lideranças negras, comprometidas com o enfrentamento ao racismo, a promoção da equidade racial e da justiça social.

Art. 2 O Fundo apoia iniciativas que ofereçam oportunidades para que a população negra desenvolva seu pleno potencial em diferentes setores e áreas, prioritariamente na Região Nordeste do país porque ali encontra-se a maior proporção de população negra com destaque para as mulheres e a juventude e, não por acaso, os piores índices de desenvolvimento humano.

CAPÍTULO II – O PROGRAMA JÁ É: EDUCAÇÃO E EQUIDADE RACIAL

Art. 3 O Programa “Já é”: Educação e Equidade Racial é uma iniciativa do Fundo Baobá para Equidade Racial em parceria com a Fundação Citibank. O Programa é dirigido a jovens de 17 a 25 anos que já tenham concluído ou estejam cursando o 3º ano do ensino médio em escolas públicas e que residam no município de São Paulo e região metropolitana.

Art. 4 Uma vez selecionadas, as e os jovens receberão bolsa de estudos em um cursinho preparatório para o vestibular, terão as despesas de transporte e alimentação custeadas, participarão de atividades voltadas para o enfrentamento dos efeitos psicossociais do racismo e outras que contribuam para a ampliação de suas habilidades socioemocionais e vocacionais, incluindo programa de mentoria. 

Art. 5 Serão apoiados até 100 (cem) jovens. O apoio terá início em março de 2021 e se estenderá por 12 (doze) meses.

Parágrafo único: O apoio será formalizado por meio de um contrato assinado onde constam, entre outros,  compromissos e obrigações de cada uma das partes, durante os 12 (doze) meses de vigência.

Art. 6 O Programa prioriza jovens de sexo masculino, jovens transsexuais, jovens mães, jovens que tenham cumprido medidas socioeducativas, jovens que residem em bairros, territórios ou comunidades periféricas.

CAPÍTULO III – O EDITAL 

Art. 7 O presente documento tem por objetivo estabelecer regras e procedimentos para inscrição no Edital do Programa Já É.  

Art. 8 O  apoio do Fundo Baobá às pessoas selecionadas não envolve doação de recursos financeiros. O apoio será disponibilizado por meio da prestação de serviços (pagamento das despesas mensais do cursinho pré-vestibular, assessoria psicossocial, assessoria para atividades socioculturais, vale transporte e alimentação).

CAPÍTULO IV – PROCEDIMENTOS

Seção I – Requerimento de Apoio  

Art. 9 Poderão se inscrever jovens de 17 a 25 anos, de ambos os sexos, diferentes identidades de gênero e orientação sexual, residentes em São Paulo e região metropolitana,  que já tenham concluído ou estejam cursando o 3º ano do ensino médio em escolas públicas.

Art. 10 As inscrições poderão ser realizadas de 10 de julho a 31 de agosto de 2020, às 23h59, pelo site do Fundo Baobá. 

Art. 11 Todas as pessoas interessadas devem preencher formulário de requerimento disponibilizado pelo Fundo Baobá.

Seção II – Etapas do processo seletivo

Art. 12 A primeira etapa da seleção será eliminatória e acontecerá no período de 04 a 23 de setembro de 2020.  

Nesta fase a seleção incluirá análise do formulário de requerimento e levará em conta variáveis sociodemográficas e econômicas, local de residência e trajetória educacional das pessoas interessadas. 

  1. A convocação para a segunda etapa de seleção será feita por meio e-mail. 
  2. O Fundo Baobá entrará em contato ÚNICA E EXCLUSIVAMENTE com as pessoas selecionadas para a próxima etapa.

Art. 13 A segunda etapa de seleção será classificatória e acontecerá no período de  05  de outubro  a  10 de novembro. 

  1. Nesta fase a seleção incluirá entrevista individual, realizada em ambiente virtual,  conduzida por profissionais especializados.  
  2.  A convocação para a terceira etapa de seleção será feita por e-mail. 
  3.  O Fundo Baobá entrará em contato ÚNICA E EXCLUSIVAMENTE com as pessoas selecionadas para a próxima etapa.

Art. 14 A terceira etapa de seleção também será classificatória e acontecerá entre 23 a 30 de novembro de 2020. 

  1. Esta fase será realizada por um comitê de seleção composto por membros dos órgãos de governança e especialistas na área de educação para o ingresso no ensino superior. 
  2. A lista de pessoas selecionadas será divulgada no site do Fundo Baobá e redes sociais, até o dia 10 de dezembro de 2020
  3. O Fundo Baobá também entrará em contato por e-mail, ÚNICA E EXCLUSIVAMENTE,  com as pessoas selecionadas 
  4. O processo de contratualização acontece em fevereiro de 2021. 
  5. Haverá lista de espera. Caso haja desistência as pessoas que estiverem na lista de espera serão convocadas. A convocação irá acontecer no início de março de 2021.

Art. 15 As e os jovens selecionadas(os) pelo Programa JÁ É serão periodicamente avaliadas por profissionais especializados em relação ao seu desempenho e performance no processo preparatório para o vestibular e, além disso deverão frequentar as atividades obrigatórias e apresentar relatórios periódicos de progresso, seguindo as orientações e formulários disponibilizados pelo Fundo Baobá. 

Parágrafo Único: Caso a presença em atividades obrigatórias sejam inferiores a 75% e os relatórios não sejam apresentados, a/o jovem poderá deixar de receber apoio.

CAPÍTULO VDISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 16 Lacunas ou controvérsias relacionadas a este documento serão solucionadas pela Diretoria do Baobá. 

EDITAL PRIMEIRA INFÂNCIA NO CONTEXTO DA COVID-19

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO

Art. 1 O presente documento tem por objetivo estabelecer regras e procedimentos para a realização de doações no âmbito da resposta emergencial do Fundo Baoba para Equidade Racial com foco na primeira infância.   

Parágrafo único. A doação será no valor de R$ 2.500,00 a R$ 5.000,00 por donatário.

Art. 2 Para fins desta iniciativa o Fundo Baobá, em parceria com Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Porticus América Latina e Imaginable Futures, irão considerar exclusivamente propostas que envolvam:

I. ações de apoio às famílias em contexto de vulnerabilidade socioeconômica no que toca ao cuidado integral de crianças de até 6 (seis) anos. 

II. ações voltadas para o suporte biopsicossocial de mulheres ou adolescentes grávidas ou puérperas, em contexto de vulnerabilidade socioeconômica. 

III. ações voltadas para homens responsáveis ou corresponsáveis pelo cuidado integral de crianças de até 6 (seis) anos

IV. ações voltadas para adultos responsáveis por cuidar, estimular, interagir, impor limites, fortalecer a autonomia e preparar a criança para os desafios e oportunidades da vida presente e adulta.

V. ações voltadas para prevenção à violência intrafamiliar e doméstica contra mulheres, idosos, crianças e adolescentes de famílias que tenham em seu núcleo crianças de até 6(seis) anos e gestantes. 

VI. ações de assistência à mulheres, idosos e crianças vítimas de violência intrafamiliar e doméstica de famílias que tenham em seu núcleo crianças de até 6 (seis) anos e gestantes.

Art. 3 Considera-se doação para primeira infância no contexto da COVID19 aquela destinada à formulação e implementação de ações voltadas aos adultos responsáveis por cuidar, estimular, interagir, impor limites, fortalecer a autonomia e preparar a criança de 0 a 6 anos para os desafios e oportunidades da vida presente e adulta. 

Parágrafo único: Serão priorizadas propostas voltadas para o apoio à famílias que vivem em contextos de desigualdades sociais, violência urbana, violência intrafamiliar, desemprego, fome e outras adversidades agravadas no contexto da pandemia de COVID19.

CAPÍTULO II – PROCEDIMENTOS

Seção I – Pedidos de doação  

Art. 4 Poderão pleitear doação pessoas físicas que atuam nas áreas de saúde, educação e assistência social com experiencia previa comprovada em formular e implementar ações dirigidas à:

I. crianças de 0 a 6 anos,

II. mulheres e adolescentes gravidas ou puérperas;

III. familiares e seus cuidadores de crianças de 0 a 6 anos, incluindo homens; e/ou

IV. prevenção de violência intrafamiliar e atenção às vítimas.

Parágrafo único: Serão priorizadas propostas apresentadas por profissionais que atuam nas áreas de saúde, educação e assistência social e se autodeclarem negros(as), indígenas, migrantes ou refugiados(as).

Art. 5 Todas as pessoas interessadas devem preencher formulário eletrônico de requerimento disponibilizado pelo Fundo Baobá contendo detalhes da proposta e os seguintes documentos: i) minibiografia com foto; ii) comprovante de escolaridade ou registro profissional; iii) comprovante de experiencia que pode ser  currículo detalhado;  carta de recomendação assinada, com descrição de seus habilidades, nome completo, e-mail e telefone da pessoa que assina; contrato de trabalho; declaração da instituição empregadora com descrição de seus habilidades e atribuições, nome completo, e-mail e telefone da pessoa que assina. 

Seção II – Análise dos pedidos

Art. 6 A Diretoria do Fundo Baobá deverá pautar sua decisão pelos seguintes critérios:

I. coerência da proposta frente aos objetivos do edital.

II. adequação e factibilidade da proposta frente às condições de vida e saúde dos sujeitos para os quais as ações são dirigidas

III. adequação e factibilidade da proposta frente às singularidades dos sujeitos para os quais as ações são dirigidas (por exemplo ações dirigidas a povos indígenas, quilombolas, migrantes ou refugiados, serão avaliadas em relação à sensibilidade cultural)

IV. adequação e factibilidade da proposta frente ao contexto de isolamento social imposto pela pandemia da COVID19.

Parágrafo único: Um(a) mesmo(a) donatário(a) não será contemplado por mais de uma doação emergencial no período de 12 meses.

Art. 7 Os pedidos de doação serão decididos pela Diretoria do Fundo Baobá.

1º Os pedidos de doação devem ser apresentados exclusivamente por meio de Formulário de Requerimento, no período de 06 a 26 de julho.
2º Será publicada apenas 01 (uma) lista de propostas selecionadas até 45 dias após o prazo de encerramento das inscrições.
3º Os resultados serão divulgados no site do Fundo Baobá e redes sociais.
4º O Fundo Baobá irá entrar em contato, por e-mail, EXCLUSIVAMENTE com as pessoas  cujas solicitações forem aprovadas.
5º Uma vez que as solicitações sejam  aprovadas, os recursos serão creditados em até 10 (dez) dias úteis.
6º A doação estará sujeita ao aceite dos termos e regras previstos no Formulário de Requerimento.

Art. 8 As pessoas contempladas pela doação emergencial terão até 90 (noventa dias) dias após o recebimento dos valores para prestar contas, seguindo as orientações e formulários eletrônicos disponibilizados pelo Fundo Baobá. 

Parágrafo Único: Caso a prestação de contas não seja feita, a pessoa não poderá receber apoio do Fundo Baobá por 5 anos. 

CAPÍTULO III – Disposições finais

Art. 9 Lacunas ou controvérsias relacionadas a este documento serão solucionadas pela Diretoria do Baobá.

Perguntas e Respostas – Edital primeira infância

1 – Como faço para me inscrever?

Basta preencher o formulário que se encontra aqui.

2 – Eu não tenho as redes sociais descritas no formulário (Facebook, Instagram e LinkedIn), posso me inscrever mesmo assim?

Redes sociais e demais informações que não estiverem assinaladas com asterisco (*) não são obrigatórias. Você pode enviar o formulário sem elas.

3 – O que é essa doação para primeira infância?

Considera-se doação para primeira infância no contexto da COVID19 aquela destinada à formulação e implementação de ações voltadas aos adultos responsáveis por cuidar, estimular, interagir, impor limites, fortalecer a autonomia e preparar a criança de 0 a 6 anos para os desafios e oportunidades da vida presente e adulta.  

4 – Podem participar projetos que não sejam totalmente focados em crianças, mas em famílias com necessidades?

São seis as ações de apoio para as quais o auxílio é destinado e todas elas envolvem crianças:
1. Ações de apoio às famílias em contexto de vulnerabilidade socioeconômica no que toca ao cuidado integral de crianças de até 6 (seis) anos
2. Ações voltadas para homens responsáveis ou corresponsáveis pelo cuidado integral de crianças de até 6 (seis) anos.
3. Ações voltadas para o suporte biopsicossocial de mulheres ou adolescentes grávidas ou no pós parto, em contexto de vulnerabilidade socioeconômica.
4. Ações voltadas para adultos responsáveis por cuidar, estimular, interagir, impor limites, fortalecer a autonomia e preparar a criança para os desafios e oportunidades da vida presente e adulta.
5. Ações voltadas para prevenção à violência intrafamiliar e doméstica contra mulheres, idosos, crianças e adolescentes de famílias que tenham em seu núcleo crianças de até 6 (seis) anos e gestantes.
6. Ações de assistência à mulheres, idosos e crianças vítimas de violência intrafamiliar e doméstica de famílias que tenham em seu núcleo crianças de até 6 (seis) anos e gestantes.

5 – Não tenho nenhuma formação na área da saúde, mas posso me inscrever no edital mesmo assim?

O edital é exclusivo para pessoas que tenham formação e experiência profissional comprovada na área da saúde, educação ou assistência social. 

6 – Não sou negro(a), posso me inscrever no edital mesmo assim?

O edital vai priorizar pessoas que se autodeclarem negros (as), indígenas, migrantes ou refugiados (as). 

7 – Eu não tenho registro em carteira que comprova a minha experiência profissional. O que faço? 

Consideramos comprovantes de experiência profissional: Currículo detalhado; Carta de recomendação assinada, com descrição de seus habilidades, com o nome completo, e-mail e telefone da pessoa que assina; Contrato de trabalho; Declaração da instituição empregadora com descrição de seus habilidades e atribuições,  também com nome completo, e-mail e telefone da pessoa que assina.

8 – Tenho medo de me comprometer com resultados esperados porque tudo é muito incerto.  Serei cobrado por eles?

O ideal é que você proponha ações cujos resultados são mais viáveis de serem alcançados. 

9 – O que acontece se não conseguirmos cumprir o prazo de 90 dias para envio do relatório, uma vez que estaremos envolvidos com a execução das ações?

O relatório será algo simples. As orientações sobre o seu preenchimento serão disponibilizadas pelo Fundo Baobá. Caso a prestação de contas não seja feita, no prazo de 90 dias, a pessoa não poderá receber apoio do Fundo Baobá por 5 anos.   

10 – Não consigo fazer o upload dos meus documentos. Como devo fazer?

O documento pode estar em formato PDF, JPG ou JPEG. Caso tenha mais de um documento a anexar, junte todos em um único arquivo e envie, não podendo ultrapassar mais que 16 MB.

11 – Não consigo juntar todos os documentos em um único PDF, como o formulário. Como faço?

Você pode fotografar os documentos e transformar as fotos em PDF, juntando tudo em um único documento. Com alguns aplicativos como o CamScanner, disponível para Android e iOS, é possível fazer isso. Neste link, você encontra um tutorial no YouTube e uma matéria sobre o app.

12 – Eu fui contemplado em outro edital do Fundo Baobá para apoio emergencial no contexto da pandemia de COVID19, posso me candidatar novamente?

Um(a) mesmo(a) donatário(a) NÃO será contemplado por mais de uma doação emergencial no período de 12 meses. 

13 – Após terminar o preenchimento eu não recebo um e-mail de confirmação. Como vou saber que meu projeto foi enviado? 

Quando todas as perguntas do formulário são respondidas, deve-se apertar o botão concluído. Neste momento aparece na tela uma mensagem de agradecimento pelo interesse. Ela então deve apertar concluído novamente para que o formulário entre no sistema.

14 – Após enviar o formulário de requerimento eu não fico com uma cópia da proposta. Como resolver este problema? 

Todas as pessoas selecionadas irão receber uma cópia em pdf do projeto enviado.

15 – Vocês dizem que procurarão os selecionados. E os que não forem selecionados? Como fico sabendo que meu pedido não foi aceito?

Neste momento de emergência, não conseguiremos entrar em contato com todos. Vamos procurar apenas aqueles que forem selecionados. Publicaremos a lista de quem foi selecionado em nosso site, com divulgação em nossas redes sociais.  Basta nos seguir: 

Instagram: @FundoBaoba
Facebook:​ ​https://m.facebook.com/fundobaoba
Twitter:​ @fundobaoba

16 – Posso inscrever mais de um projeto?

Para cada pessoa que se inscrever, será avaliada apenas uma proposta. 

17 – Nao tenho conta corrente, só conta poupança: posso usar essa?

Sim.

18 – A proposta inicial pode sofrer alteração durante a execução, desde que seja mantido o valor original ou terei problemas com a prestação de contas? 

Pode ser ajustada, mas o ideal é não se afastar da ideia original. 

19 –  Pode ter mais de um proponente da mesma comunidade/região?

Sim.

20 – Mas se eu ainda tiver dúvidas, como faço?

Envie e-mail para duvidaseditais@baoba.org.br.


Novo edital do Fundo Baobá durante a pandemia tem como foco primeira infância

É inegável que a Covid-19 alterou profundamente não apenas o dia a dia profissional das pessoas, mas mexeu também com a estrutura familiar à medida que suspendeu as aulas, reduziu receita, em muitos casos, e isolou todos em casa. Se essas mudanças causam transtorno na vida de quem tem acesso a bens e serviços de qualidade, o que dizer dos que vivem uma realidade inversa, sobretudo as crianças?

Foi pensando nelas que o Fundo Baobá – em parceria com a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, a Porticus América Latina e a Imaginable Futures – lançou um edital com foco na primeira infância neste momento de tantas incertezas.

O objetivo é selecionar iniciativas de apoio a famílias que, em seu núcleo, tenham mulheres e adolescentes grávidas, mulheres que deram à luz e homens responsáveis e corresponsáveis pelo cuidado de crianças na faixa etária de 0 a 6 anos, no contexto da pandemia Covid-19.

Segundo Selma Moreira, diretora-executiva do Fundo Baobá, a pandemia vai aprofundar diferenças econômicas e sociais. “As famílias mais vulneráveis serão as mais atingidas e as crianças desses núcleos também vão sofrer mais em ambientes pauperizados quando a pandemia passar”, disse.

Para as organizações parceiras, o edital é uma ótima oportunidade para apoiar quem mais precisa. “No Brasil, esta é a primeira parceria com enfoque específico na pauta de equidade racial com um olhar para a primeira infância. Nos Estados Unidos, a Imaginable Futures já segue uma estratégia voltada para a primeira infância há dois anos”, fala a gerente responsável pela Imaginable Futures no Brasil, Nathalie Zogbi.

Mirela Sandrini, diretora regional da Porticus América Latina, diz que o apoio é emergencial, mas seu propósito é perene. “Esperamos continuar aprendendo e colaborando neste campo”, afirmou.

A Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, por sua vez, já lançou editais e chamadas de propostas na área de desenvolvimento infantil na primeira infância, com foco nas populações mais vulneráveis em diversas regiões do Brasil. Portanto, para eles a parceria é mais uma oportunidade para fazer a diferença.

“Neste momento de pandemia, esperamos atender as necessidades imediatas da população das comunidades periféricas brasileiras, trazendo o recorte dos cuidados com a primeira infância. Esperamos que os diferentes apoios individuais possam, de fato, proporcionar um impacto coletivo em quem mais precisa”, afirma a analista de conhecimento aplicado, Maíra Souza.

Podem pleitear a doação pessoas físicas que atuem nas áreas de saúde, educação e assistência social, com experiência prévia comprovada em formular e implementar ações dirigidas a essas crianças, em apoio às famílias que vivem em contextos de desigualdades sociais, violência urbana e/ou intrafamiliar, desemprego, fome e outras adversidades agravadas pela pandemia.A doação única, no valor de R$ 2.500,0 (dois mil e quinhentos reais) a R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por donatário, será creditada na conta indicada no formulário de inscrição até dez dias úteis após a divulgação dos resultados. Mais informações podem ser obtidas neste link.

Fundo Baobá e Éditodos fazem parceria para impulsionar empreendedores negros

O que vai acontecer com a economia e as finanças pessoais após a pandemia é uma das principais preocupações mundiais. No caso do Brasil, estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) mostra que a recessão provocada pela Covid-19 vai marcar esta década como a pior em termos de crescimento da economia nacional. As projeções mais atualizadas para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) nacional deste ano mostram que o crescimento médio deve ficar próximo a zero. O Fundo Monetário Internacional (FMI) é ainda mais pessimista e prevê um índice negativo. 


Quando esses dados são analisados , os números são ainda mais impactantes – já que pretos e pardos são os que têm os vínculos empregatícios mais precários e informais. Dados do IBGE de 2018 revelam que, mesmo representando 55,8% , os negros são maioria entre os desempregados (64%) e entre os subutilizados (66,1%). Em 2019, a renda mensal equivalia a 55,8% da recebida pelos brancos.


Diante desse cenário e das perspectivas econômicas, o Fundo Baobá para Equidade Racial e a coalizão Éditodos se uniram para desenvolver o Programa de Emergências Econômicas para apoio financeiro a nano e microempreendedores das comunidades, favelas e periferias. O objetivo é arrecadar R$ 1 milhão apoiar 500 empreendedores com até R$ 2 mil – recurso que pode ser destinado a criar um fluxo mínimo de caixa para manter o negócio. Vale lembrar que empreendedorismo é um dos temas que integra o eixo Desenvolvimento Econômico, uma das prioridades de investimento do Fundo Baobá.

João Souza, fundador da ONG Fa.vela, um dos integrantes da Coalizão, diz que a iniciativa é extremamente importante porque, além de ser uma operação com um Fundo Filantrópico com recorte racial, será uma oportunidade de aprendizado. “O Baobá tem uma experiência sólida na gestão desse tipo de fundo e uma trajetória importante no apoio a projetos para negros e, especialmente, para mulheres. Portanto, é uma maneira de fortalecer nosso ecossistema.”

João Souza, fundador da ONG Fa.vela (Foto: Rodolfo Rizzo)


Ele explica que o foco do programa criado é a construção de caminhos emergenciais para a fase pós pandemia. “Sabemos que a maioria desses empreendedores não têm acesso, via poder público ou iniciativa privada, a formas de investimento. E, quando têm, estão sujeitos às dificuldades de conseguir crédito e às altas taxas de juros”, completa. 

Para agravar a situação, João fala que há ainda uma parcela que não consegue linhas de crédito e pode então recorrer a empréstimos ilegais. “Por isso, o programa se apresenta como um investimento assistido e uma oportunidade para passar por tudo isso com menos impacto.”

A expectativa é de que o programa beneficie pessoas negras que empreendem e que já tenham participado de outros projetos com, ao menos uma das organizações  que compõem a Coalizão Éditodos.

Mercado potente – Pesquisa realizada pelo Sebrae em 2018, a “Global Entrepreneurship Monitor (GEM)” revela que 40,2% das micro e pequenas empresas no Brasil são comandadas por negros. Quando o assunto é o faturamento, na faixa acima de R$ 36 mil estão 7,7% de empreendedores negros e 13,6% de brancos.

Giovanni Harvey, fundador da Incubadora Afro Brasileira e presidente do Conselho Deliberativo do Fundo Baobá, confirma que as pessoas negras que empreendem são, em qualquer circunstância, líderes com capacidade de influenciar a cadeia de valor dos seus negócios e exercem influência sobre o ambiente social no qual estão inseridos.

“As pessoas negras que empreendem têm contribuído há séculos para mudar a realidade do nosso país, nas mais variadas dimensões da vida política, econômica, religiosa, social, esportiva e cultural. A contribuição não está associada ao tamanho dos seus negócios pois, diga-se de passagem, não existem ‘pequenos (as) empreendedores negros (as)’, existem empreendedores negros (as) que lideram negócios de pequeno porte.”

Segundo ele, é possível afirmar que “os empreendimentos liderados por pessoas negras geram resultados (objetivos e subjetivos) e impactos (mensuráveis e não mensuráveis) que já contribuem para mudar a realidade do entorno onde atuam”.

Conheça a Coalizão Éditodos

O Éditodos é uma aliança, criada em 2017, entre seis organizações: Instituto Feira Preta, Associação Vale do Dendê, FA.VELA, Afrobusiness Brasil, Instituto Afro Latinas e Associação Agência Solano Trindade, todas ligadas ao empreendedorismo negro no Brasil. O propósito maior da organização é enfrentar o racismo estrutural e as disparidades de gênero para promover o empreendedorismo de oportunidade, com projetos ligados à inovação social e economia criativa de jovens e mulheres negras, moradores e atuantes nas periferias do país.

Juntas, elas comandam projetos que impactam aproximadamente 2 milhões de pessoas e têm como principal público-alvo as mulheres e jovens afro-empreendedorxs.


O país que queremos: foco nas comunidades que ninguém enxerga

O Brasil desconhece o Brasil. A frase, semelhante a que dá início à música “Querelas do Brasil”, de Aldir Blanc e Maurício Tapajós, imortalizada na voz de Elis Regina, define muito bem a falta de informações (decorrente, por sua vez, da falta do olhar) sobre o que efetivamente acontece no território nacional – sobretudo, nas regiões periféricas e quilombolas.

Permanecem distantes física, caso dos quilombos, e socialmente, como as comunidades periféricas, de quem vive nas grandes cidades. Assim, vão lidando com suas dificuldades diárias: as primeiras enfrentando o avanço do agronegócio, da exploração de recursos naturais e da terra, que pertence por direito e hereditariedade a seus moradores; as da periferias com a falta de acesso ao básico (serviços, saúde, infraestrutura) para a garantir a saúde de seus moradores. Agora, indistintamente, enfrentam também o desafio do isolamento imposto e agravado pela pandemia do coronavírus. 


Dados do censo do IBGE, de 2010, mostram que, naquele ano havia  3.224.529 domicílios, em 6.329 em favelas ou aglomerados subnormais, de acordo com a classificação do instituto. Um olhar mais atento sobre essas informações revelam significativa desigualdade, de acordo com a cor. Em 2018, era maior a proporção de negros residindo em casas sem coleta de lixo (12,5%) do que brancos (6%), sem abastecimento de água encanada (17,9% contra 11,5%) e sem rede de esgoto (42,8% contra 26,5%). Essas condições aumentam a vulnerabilidade, elevam a exposição a agentes causadores de doenças. Em nove anos, o número de aglomerados no país praticamente dobrou e o de moradores nessas condições aumentou em quase 20%.

Sarah Marques do Nascimento, educadora popular e co-fundadora do Coletivo Caranguejo Tabaiares, em Recife (PE) – e  uma das selecionadas do Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco, iniciativa do Fundo Baobá em parceria com Instituto Ibirapitanga, Fundação Ford, Open Society Foundations e Fundação Kellogg, com o projeto “Fortalecimento e resgate histórico das lutas comunitárias” – destaca que a pandemia tirou véus e mostrou a realidade das comunidades a quem não queria enxergar, pois evidenciou que saneamento básico e educação têm relação direta com saúde. 

Sarah Marques do Nascimento, educadora popular e co-fundadora do Coletivo Caranguejo Tabaiares, em Recife (PE)

“Nunca tivemos acesso fácil a nada, principalmente a serviços que hoje ainda são considerados privilégios, mas são direitos.” Ela acredita que só é possível mudar essa realidade recorrendo à força dos ancestrais, principalmente das mulheres que aterraram aquele chão. “Precisamos mostrar como foi duro, mas foi lindo construir a história dessa comunidade com tantas mulheres fortes, ligadas à terra, ao território e às nossas águas, como comunidade pesqueira que somos.”

Quem também acredita na força dos antepassados para entender o momento da comunidade e transformar realidades é Andrea Sena, diretora-presidente da Associação Artístico-Cultural Odeart, de Salvador. O projeto “Mulheres, Adolescentes e jovens negros do Cabula exigindo direitos à cidade”, selecionado, em 2018 no edital “A cidade que queremos”, do Fundo Baobá, dentro do eixo Comunicação e Memória, teve como ponto de partida a história do Quilombo Cabula e a luta pelos direitos humanos (civis, políticos, sociais, econômicos e culturais) de seus moradores.

Da esq pra dir: Andrea Sena, diretora-presidente da Associação Artístico-Cultural Odeart, de Salvador (BA) e Janice Nicolin

Foi o conhecimento sobre o passado quilombola que manteve a comunidade unida e engajada em diversas atividades, especialmente as que são dirigidas às crianças e aos jovens negros. O resgate da memória incluiu, entre outras atividades, o espetáculo “Cabula Aiyê”, com música, dança, cenografia, texto. “Tivemos também atividades da oficina de comunicação que, além das postagens nas redes sociais, criou peças sobre Salvador e o Cabula com sua luta quilombola”, conta Andrea. Não foram abordados apenas os aspectos históricos dessa luta, mas também as violação dos direitos de igualdade social que a população negra vive em Salvador e em várias áreas urbanizadas do Brasil. “Violência urbana, de gênero e raça contra a mulher e a mulher negra, genocídio da juventude negra, o papel das mídias negras nas dinâmicas de denúncia contra o racismo e a divulgação das dinâmicas de afirmação da igualdade racial foram outros temas trabalhados”, explica a diretora da Odeart.

Territórios do esquecimento

Segundo ela, quando se pensa em territorialidade, o Cabula é um lugar de luta contra os direitos violados: falta saneamento, educação, escolas adequadas à questão da igualdade racial, e serviços de saúde capazes de atender a demanda das 22 comunidades. Nem todas as casas têm água potável. Rede de esgoto não há. Percebe-se, no lugar, valas e regos que passam pela porta das moradias. Além da ameaça da Covid-19, os bairros têm focos do mosquito Aedes aegypti e registram casos de Chikungunya. A oferta de hospitais e postos de saúde é insuficiente para atender as comunidades, que contam, como o Cabula, com mais de 30 mil moradores cada.

“Então, quando se fala de meio ambiente e direitos violados torna-se difícil traçar um cenário de igualdade social no Cabula”, afirma Andrea. “Agora, na pandemia, muitos perderam emprego ou tiveram remuneração cortada, uma grande maioria tem como renda familiar o trabalho informal”. 

“Vivemos aqui uma discussão contra milícia e disputa de territórios. Sabemos que essa luta pode valer nossa vida, mas não há outra outra opção que não seja a luta pelo básico: saúde, educação, bem-estar”, explica Sarah Marques do Nascimento, do  Coletivo Caranguejo Tabaiares.  Para ela, é essencial ter apoio para contar cada uma dessas histórias, com a certeza de que, assim, não serão apagadas do mapa. “Ter apoio de um um programa que leva o nome da Marielle é muito forte”, ressalta.

Protagonistas locais mudam a História

Andrea Sena, diretora-presidente da Associação Artístico-Cultural Odeart, lembra que a partir do apoio do Fundo Baobá foi possível manter um grupo de trabalho coeso e atuante. “Permitiu criar uma estrutura física, com notebook, quadro de giz, flip-chart, algumas mesas com cadeira, além de materiais pedagógicos de consumo”, diz. Até aquele momento, o trabalho era feito com doações esporádicas de simpatizantes do projeto, participantes, educadores e artistas. “Hoje a Odeart tem uma infraestrutura tímida, com uma pequena biblioteca, cozinha e três salas de aula para 18 pessoas, além de um espaço para atividades das mulheres com cinco máquinas de costura emprestadas”, enumera.

Por meio da Rede Cabula Vive, que também foi apoiada pelo Fundo Baobá para Equidade Racial em uma parceria com o Fundo Socioambiental da Caixa Econômica Federal, no período de 2018-2019, a organização dialoga e atua com outras organizações sociais civis do lugar. O resultado dessa interação levou ao desenvolvimento de um aplicativo que tenta mapear a saúde da população. Ao mesmo tempo, são promovidos encontros educativos com mulheres e jovens. “Pensar esses temas é criar estratégias para que a maioria possa ter acesso ao conhecimento por meio de dinâmicas de educação para população negra com ênfase na afirmação da identidade como caminho para a liberdade e a equidade social”, resume.

Sarah Marques do Nascimento, do  Coletivo Caranguejo Tabaiares, destaca a importância das ações realizadas na comunidade, especialmente com mulheres e crianças. Para isso, contam com o apoio do grupo AdoleScER e a Articulação Recife de Luta para mostrar que os moradores precisam ter seus direitos garantidos. Atualmente, são 5 mil pessoas e apenas uma equipe de saúde da família para acompanhá-las. É nitidamente uma relação desproporcional.

Sarah Marques do Nascimento em ação com o Coletivo Caranguejo Tabaiares – Recife (PE)

“Durante a pandemia, fazemos o trabalho de entrega de alimentos para melhorar a vida das pessoas e colocamos pias na comunidade porque nem todos têm acesso à água em casa”, desabafa. Como a fome não é apenas de comida, bicicletas rodam a região recitando poemas e músicas para ajudar no enfrentamento dos problemas. “Também entregamos kits de higiene pessoal e de limpeza da casa e promovemos o autocuidado da mulher. Participamos de um comitê de monitoramento para amenizar o impacto do coronavírus, já que o governo não assume o seu papel”.A líder comunitária afirma que o recorte racial não é visto nem considerado para pagamento da dívida histórica da sociedade com essas populações, majoritariamente formadas por negros. “Ficamos à margem, sempre. Com a pandemia, tudo o que acontece na comunidade fica mais explícito. Precisamos mostrar e tratar isso para termos acesso aos nossos direitos”. Sarah fala que a falta de reconhecimento data de 500 anos. “Falta reconhecimento do nosso povo com toda a sua riqueza, oralidade, usos das plantas medicinais, ligação com a  terra e a água”, revela.

Essas vozes anseiam ultrapassar os limites de seu território, conforme diz, e chegar às academias, ocupando debates em salas de aula e voltando para as comunidades sob a forma de ações práticas. “É importante que a gente consiga, com a nossa linguagem, falar e deixar de ser invisível”, declara.

Duas mulheres contam suas histórias de luta pelas populações quilombolas

Lucimar Sousa Silva Pinto, 63 anos, nascida em Pirapemas, no Maranhão, é um exemplo de resistência por amor ao próximo e à natureza. Mãe de oito filhos, criou mais cinco – seu caçulinha tem hoje 38 anos! Selecionada no Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco – iniciativa do Fundo Baobá em parceria com Instituto Ibirapitanga, Fundação Ford, Open Society Foundations e Fundação Kellogg – com o projeto “Plantando sementes, cultivando redes de cuidado e colhendo justiça social”, ela também é uma das coordenadoras do grupo Guerreiras da Resistência. E diz que, não fosse o projeto, estaria “sozinha e louca”, cuidado do Sítio Raízes – um espaço de 500 m2 que divide com mais oito pessoas, com roça e “umas 500 árvores”, diz. “Lutamos pela natureza, pela verdade, pelos ribeirinhos e demais povos para que tenham direito de plantar e colher nas suas terras, de criar os seus animais e de pescar”. 

O Sítio Raízes fica próxima de uma comunidade quilombola que foi crescendo e, hoje, chegou à cidade, confundindo limites. “Tudo é só um trecho: cidade e povoado”, afirma. O agronegócio continua avançando lentamente, ameaçando o babaçu – fonte de receita de muita gente por lá, que tem perdido espaço para a soja e a pecuária. “Nossos ribeirinhos foram jogados para a cidade por causa desse agronegócio. As comunidades que querem viver lá são impedidas”, desabafa.

Talvez por isso, sua voz se entristeça quando fala do descuido com o meio ambiente na região, cada vez mais pressionada pelo agronegócio e esquecida pelas autoridades. No povoado, também não há saneamento básico. “Nosso rio está pedindo socorro. Está cheio de lixo e esgoto…e isso tudo é muito triste, porque não tem muita  gente com quem compartilhar essa preocupação.” 

Lucimar Sousa Silva Pinto

O grande empecilho à resistência, segundo ela, é a falta de companheirismo, exceto das mulheres que, como ela, são mãe e pai – também chamadas de “pingadas” [por serem cada uma de uma comunidade e de uma região diferente]. São elas que se reúnem no Sítio Raízes para lutar por melhorias. 

Como ela, outras 21 mulheres integram o coletivo Guerreiras da Resistência – seis delas estão totalmente voltadas também para o cuidados com o meio ambiente e a saúde da mulher. Além do grupo, ela ainda encontrava tempo (antes da pandemia) para visitar as comunidades do entorno promovendo rodas de conversa com mulheres e crianças, cumprindo as diretrizes do projeto selecionado.

Graças à mentoria do Programa Marielle Franco, entendeu que a melhor forma para chegar aos lugares e falar com as pessoas, para se fazer entender, era promovendo pequenas oficinas de bonecas e costura. Também organiza aulas de artesanato, basicamente com babaçu – uma palmeira cujos frutos são usados nas mais variadas produções: da alimentação à indústria de medicamentos. 

Diante de todas as dificuldades que vivencia diariamente, Lucimar abre um sorriso e sua voz se anima quando pede pela preservação do meio ambiente. “Temos que zelar pela natureza como cuidamos da nossa saúde. Quando zelamos pela mãe natureza, que é terra, água e vida, nós podemos dizer: ‘eu sou terra, eu sou água, eu sou vida. Precisamos de vida e a vida a gente encontra na mãe natureza'”. 

Lucimar tem uma relação especial com o meio ambiente. Seu amor à terra a fez investir em cursos técnicos, especialmente os que são ligados à natureza e às suas riquezas, como fitoterapia, ervas medicinais e medicina popular. No ensino tradicional, cursou até o primeiro ano do ensino médio. “Há 20 anos, casei com a natureza e firmei um compromisso de não machucá-la mais”, conta.

Aliás, há 21 anos, aconteceu a “cerimônia de casamento” em meio a um curso de permacultura com 150 alunos. “Na época, estava meio perturbada, tinha acabado de sair de um casamento”, relembra. Todos os anos, repete o ritual: faz uma grande fogueira com lenha e galhos secos, usa aliança. “Hoje, sou casada com a natureza e divorciada de um homem bruto.” 

Identidade e territorialidade 

Tania Heloisa de Moraes, 28 anos, é negra, mãe do Bernardo e agricultora familiar. Ela reside no Quilombo Ostras, no município de Eldorado, cidade histórica a pouco mais de 200 quilômetros de São Paulo.  Lá, integra a equipe de Articulação e Assessoria às Comunidades Negras do Vale do Ribeira SP/PR (EAACONE), entidade que articula comunidade quilombolas, além de ser militante do Movimento dos Ameaçados por Barragem (MOAB).

Tania também foi contemplada pelo Programa Marielle Franco com o projeto “Mulher quilombola na defesa dos direitos e pela vida”. O seu propósito é retomar o trabalho coletivo das mulheres quilombolas e aprimorar a habilidade de liderança dentro da EAACONE. Foi a partir desse projeto que adquiriu mais força e autonomia para se posicionar e até falar em público, por exemplo. “Achava que só ouvir e concordar bastava”, diz. 

Hoje, tenta ser mais decidida  e sempre  mostrar o que acha, mesmo que não esteja totalmente certa ou segura. “Posso afirmar que cresci como mulher, podendo valorizar minha identidade negra e fazer com que outras se orgulhem da sua ascendência e tradição. A formação do Fundo Baobá vem ampliando meus horizontes e mostrando que sou negra, com capacidade de seguir em frente, valorizando meus conhecimentos e me ajudando a lutar por melhorias para nosso povo”, relata.

Tania Heloisa de Moraes

Atualmente, sua batalha é garantir o direito ao território que, em grande parte, está nas mãos de quem produz banana, gado, eucalipto. “O Estado não indeniza essas terras que, por direito, são nossas. Também estamos enfrentando grande ameaça dentro dos quilombos que têm suas áreas sobrepostas pelos parques (unidades de conservação) que não recebem o olhar adequado.”

Duas questões que têm tirado o sono da comunidade local é a construção de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), que, saindo do papel poderão atingir áreas da comunidade, e a mineração – por atrair empresas do setor de olho nas riquezas escondidas nas entranhas da terra.

Como base nesse cenário e com condições agravadas pela Covid-19, a EAACONE  elaborou um informe para as comunidades assessoradas, indicando a criação de acordos seletivos para organizar entrada e saída das pessoas das comunidades. “Estamos provocando o governo para aplicar testes,  buscando meios de prevenir o surgimento de casos da doença entre os quilombolas”, confirma. 

Por isso, segundo ela, é tão importante garantir a essas comunidades o máximo acesso à informação, aos auxílios, à saúde e à terra para plantar. No Vale do Ribeira (SP), por exemplo, onde está localizada a histórica cidade de Eldorado, há 88 comunidades quilombolas, 16 aldeias indígenas, 5 comunidades caboclas e mais de 30 caiçaras.

Mesmo enfrentando racismo e imensa dificuldade de produzir para garantir a renda da família, sempre existe resistência. A Cooperativa de Agricultores Familiares Quilombolas do Vale do Ribeira (Cooperquivale) tem fortalecido suas tradições, sua cultura e produzido vários alimentos orgânicos, impulsionando o negócio agroecológico que parte faz parte da  tradição do sistema de manejo dos quilombos. Com isso, gera recursos para as famílias. “Em pleno século XXI, estamos lutando ainda pelo direito de ir e vir e de morar nas terras que são nossas por direito”, desabafa. 

Outro risco que bate à porta é o discurso de que a construção de barragens e a exploração de minérios pode levar trabalho e renda para essas comunidades. A líder explica que, conversas não documentadas legalmente, trazem a reboque abuso sexual, drogas, degradação das terras e doenças para as populações. “Queremos a liberdade de plantar e colher, gritando bem alto que somos quilombolas com muito orgulho. E na resistência sempre”, finaliza.

O que o racismo não nos deixa ver: a importância das religiões afro na construção da identidade brasileira

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010, mostram que 588 mil brasileiros são adeptos do candomblé e da umbanda. Embora representem uma pequena parcela da população – menos de 0,3% – o preconceito que enfrentam por expressarem sua crença é dos maiores. Segundo levantamento do Disque 100, do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, houve aumento de 56% nas denúncias de intolerância religiosa no primeiro semestre de 2019, quando comparado ao mesmo período do ano anterior.

As religiões mais perseguidas foram justamente as de matriz africana, com terreiros sendo incendiados e imagens sagradas destruídas. Para o historiador e mestrando de Estado, Governo e Políticas Públicas na FLACSO (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais) e membro da Assembleia Geral do Fundo Baobá para Equidade Racial, Lindivaldo Junior, a razão e motivação disso tudo tem um nome: racismo. “Está presente em todas as dimensões da nossa vida e estrutura as relações sociais. As religiões de matriz africana são discriminadas no contexto da inferiorização das pessoas negras e de tudo que se refere à sua estética, história, cultura e referência.”

Lindivaldo Junior ( historiador e mestrando de Estado, Governo e Políticas Públicas na FLACSO e membro da Assembleia Geral do Fundo Baobá )

O mesmo pensamento tem Patricia Alves de Matos Xavier, no mundo religioso conhecida como Iya Suru, do terreiro Ilê Axé Iya Mi Agbá em Bauru (SP). A violência contra as tradições de matrizes africanas produzidas e reproduzidas hoje têm como motivação o mesmo pensamento presente entre os séculos 19 e 20 na sociedade. “Tem como base o racismo produzido pelo arranjo criativo intelectual apoiado no ensino superior, por institutos de pesquisa e difusão, e teve como foco o extermínio do conjunto de saberes ancestrais mobilizados, para promover a limpeza étnica eugenista”.

Patricia Alves de Matos Xavier – Iya Suru

Com 53 anos, 50 deles no candomblé, como ela mesma gosta de afirmar, a Ialorixá Jaciara Ribeiro dos Santos, do terreiro Ilê Axé Abassá de Ogum, em Salvador (BA), classifica tal ação como ódio religioso. “A intolerância religiosa tem crescido, considerando a falta de informação. Na verdade, vejo isso mais como um ódio mesmo”. Jaciara já foi vítima desse ódio religioso em 2016, quando seu terreiro foi alvo de vandalismo e depredação, incluindo o busto de sua mãe biológica, a Ialorixá Gildásia dos Santos, a Mãe Gilda de Ogum, que fica localizado no Largo do Abaeté, em Itapuã. 

Ialorixá Jaciara Ribeiro dos Santos

Mãe Gilda de Ogum, por sua vez, foi o principal símbolo de resistência e luta contra a intolerância religiosa. Em 1999, teve seu templo invadido, depredado e o seu marido agredido por fundamentalistas religiosos. Não superando o trauma dos ataques, faleceu em janeiro do ano seguinte, de infarto fulminante, após ver o seu nome e foto veiculados em um jornal de uma igreja evangélica, chamando-a de “macumbeira charlatã”. No ano de 2007, foi sancionada a Lei nº 11.635, que institui o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, celebrado no dia 21 de janeiro, dia da morte de Mãe Gilda de Ogum. 

A luta da Ialorixá Jaciara é contra a intolerância religiosa e ela acredita que a forma mais eficiente de fazer isso é por meio da educação e do diálogo. “Eu sempre faço atividades, roda de diálogos aqui na comunidade, no terreiro e faço também parceria com as escolas. Acho que só através da educação pra gente mudar esse ódio religioso e esse racismo”. Além disso, Jaciara, que é a apoiada pelo Programa  de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco, do Fundo Baobá em parceria com Instituto Ibirapitanga, Fundação Ford, Open Society Foundations e Fundação Kellogg, dá curso de corte e costura, em um projeto chamado “Costurando a Ancestralidade”, e organiza uma feira na orla da Lagoa do Abaeté que busca estimular o empreendedorismo feminino e pequenos empreendedores do bairro de Itapuã.

Ialorixá Jaciara

“Sou idealizadora da feira Iya Lagbara, que significa mulher empoderada, e tenho uma equipe com 50 empreendedores. Fazemos feiras aqui na comunidade e também dou curso de turbante e curso de culinária”, diz. Iya Suru, por sua vez, é atualmente presidente do Instituto Omolará Brasil. “Uma organização de mulheres negras que age para transformar a realidade pela educação, afroempreendedorismo e valorização das raízes africanas no Brasil, com ações para fortalecer outras mulheres negras em diversas regiões do país”, como o Instituto se descreve. O Omolará Brasil também foi um dos apoiados do Programa Marielle Franco, com o projeto “Trincheira Preta Feminista”, cujo principal objetivo é: “o fortalecimento institucional através de ações de formação política em diálogo com mulheres negras e suas comunidades”. 

Além disso, Iya Suru é integrante do grupo Mães Pela Diversidade, na cidade de Bauru, que sempre realiza ações voltadas às pessoas em situação de vulnerabilidade social. “Iniciamos uma campanha de atenção às mulheres trans e travestis que tiveram suas situações de vulnerabilidade agravada pela pandemia do coronavírus”, diz. 

Iya Suru no terreiro Ilê Axé Iya Mi Agbá em Bauru (SP)

Mesmo sendo alvo constante do racismo institucional e religioso, as religiões de matriz africana têm conquistado a cada dia o respeito e o direito de serem cultuadas. Em 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, que é constitucional o sacrifício de animais em cultos religiosos. Na época, denúncias equivocadas e repletas de racismo motivaram a ação movida. “Cada vitória é resultado de muita luta e articulação dos movimentos sociais. Sempre foi assim para a população negra. Foi assim nas conquistas da constituição federal que reconhece os quilombos e o patrimônio cultural afro-brasileiro como patrimônio a ser preservado, assim como define o racismo como crime. A participação social levou a um maior envolvimento de segmentos de matriz africana no monitoramento de políticas públicas e fortaleceu as comunidades como uma ‘categoria política’ de relevante papel no momento atual”, afirma Lindivaldo Junior.

A falta de informação ajuda a entender porque boa parte da população brasileira não reconhece ou compreende a importância das religiões afro para a construção da identidade do nosso próprio país. “As comunidades de matriz africana influenciam a forma como vivemos nós, os brasileiros, em especial a população negra. Apesar do constante desrespeito e negação, fruto do racismo, as religiões de matriz africana preservam a cultura alimentar tradicional e comunitária, a musicalidade, a produção artística, e o nosso português por exemplo, totalmente africanizado”, afirma Lindivaldo. 

Palavras como “Abadá”, que hoje é o nome dado a uma camiseta usada pelos integrantes de blocos e trios elétricos carnavalescos, tem a sua origem na cultura afro, significando túnica folgada e comprida. Assim como cafuné (fazer carinho na cabeça de alguém), dengo (gesto de carinho), agogô (instrumento musical), babá (pessoa que cuida de criança), farofa (mistura de farinha com água, azeite ou gordura), entre muitas outras. “As tradições de matrizes africanas são espaços de preservação dos processos de aprender e ensinar ancestralidade, valorização da vida e da natureza”, completa Iya Suru.

Em uma explicação didática, feita pela Ialorixá Jaciara, entendemos sua dimensão. “O candomblé é uma religião afro-brasileira derivada de cultos tradicionais africanos, no qual a gente cultua o ser supremo, Olorum, e o culto dirigido diretamente à força da natureza. Cultuar candomblé é contemplar a essência do próprio universo”. Além do respeito e amor pela natureza e de toda contribuição cultural e identitária para o nosso país, as religiões de matriz africana desempenham um papel social importantíssimo nos locais onde estão inseridas.

Parceria apoia ações contra a Covid-19 nas principais regiões do país

A parceria entre o Fundo Baobá para Equidade Racial e o Desabafo Social – laboratório de tecnologias sociais aplicadas à geração de renda, comunicação e educação –, iniciada no em 15 de abril, apoiou diversos projetos e ações no combate ao coronavírus em regiões vulneráveis do país.

A primeira fase do projeto foi realizada nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. A principal premissa da parceria era apoiar ações de combate à doença nessas áreas que, no país, são as que acumulam os maiores índices de pessoas infectadas e de mortes.

A seleção foi realizada por meio de um desafio na plataforma ItsNoon, um aplicativo de interação entre pessoas e suas ideias. Nesse caso, foram compartilhadas ações para apoiar quem estava em situação de risco nessas regiões. Dentro do próprio aplicativo, as pessoas respondiam ao desafio, podendo receber de R$ 60 até R$ 350 reais por uma boa sacada.

As ideias selecionadas deveriam estar de acordo com os cinco pilares propostos pelo projeto: Básico, com sugestões relacionadas a doações de cestas básicas, de itens de higiene pessoal, além da confecção e distribuição de máscaras de pano e Comunicação,  referente à produção de cartazes, ilustrações, vídeos, aplicativos e podcasts para conscientização das pessoas sobre os cuidados em relação à Covid-19. As demais eram:  criação e composição de músicas, poemas, videoclipes, além de dicas de inúmeras atividades para serem calizadas em casa, que englobam o pilar de Arte Para Aliviar a Sensação de Isolamento. O pilar Saúde incluiu dicas de atividades físicas, yoga, pilates, e com higiene em casa e, por fim, o pilar Empreendedores que apoiou ações e projetos que visavam auxiliar microempreendedores e gerar renda extra.  

Em 20 dias, foram recebidas 157 propostas, sendo 115 de 25 cidades do Estado de São Paulo e 42 de 8 cidades do Estado do Rio de Janeiro. No total, foram selecionados 64 projetos, sendo 31 no Rio de Janeiro e 33 em São Paulo.

Das pessoas apoiadas em São Paulo, 60,9% se declaram mulheres, enquanto 33,9 são homens. A faixa etária dos selecionados está entre 25 a 34 anos, e apenas 5,2% fazem parte de grupos ou coletivos. Das ideias apoiadas, 56,6% integram o pilar Básico, enquanto 17,7% são de Comunicação. A Arte vem na sequência com 16,8%. Já ideias de Saúde aparecem com 5,3% e, por fim, ideias Empreendedoras somam 3,6% dos projetos aprovados.

Já no Rio de Janeiro, 53,7% se declaram mulheres, enquanto 41,5% são homens. A faixa etária também está entre 25 a 34 anos, enquanto apenas 4,8% fazem parte de grupos ou coletivos. Em relação às ideias aprovadas, Básico aparece na frente com 36,6% das ideias apoiadas, seguido de Comunicação (31,7 %), Arte (17,1%) e Saúde e Empreendedores com 7,3% cada uma.

A segunda fase do projeto, lançada no dia 5 de maio, englobou outros estados do país, com foco nas regiões Norte e Nordeste. Foram recebidas, no total, 256 propostas de 87 cidades do Brasil. No total, foram apoiadas 86 iniciativas, as principais cidades contempladas foram: Salvador (BA), Recife (PE), Olinda (PE), Belo Horizonte (MG), Feira de Santana (BA), Belém (PA), Brasília (DF), Cachoeira (BA), São Luís (MA), Boa Vista (RR) e Laguna (SC). Além de regiões interiores do Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás e Ceará. 

Dos apoiados, 80% se declararam mulheres, enquanto 20% são homens. A faixa etária da maioria era entre 25 a 34 anos, seguido de 15 a 24 anos. Sobre as ideias aprovadas, Básico liderou com 53,4%, seguido de Arte (27,4%), Comunicação (9,6%), Empreendedores (5,5%) e Saúde (4,1%).

Os principais aprendizados dessa ação conjunta entre Fundo Baobá e Desabafo Social foi a importância de viabilizar financeiramente estes projetos, considerando que dinheiro na mão é uma ferramenta para saciar não apenas a necessidade básica, mas saúde mental que neste momento é muito mais importante. As pessoas selecionadas passaram a criar uma relação de gratidão e confiança com as organizações que apoiaram e, por sua vez, as organizações compreenderam que será necessário desburocratizar os apoios e transferências de renda, diante desse novo mundo.

Confira abaixo algumas das ideias aprovadas:

SÃO PAULO

ANDREZA DELGADO

Andreza Delgado – Faz parte da campanha Sobrevivendo ao Coronavírus que tem uma lista de 600 famílias para Doar por cesta básica e kit higiene

MICHELLE FERNANDES – CAPÃO REDONDO (SP)

Michelle Fernandes – Está confeccionando máscaras em tecido africano, ajudando a gerar renda para costureiras e fornecedores locais

FERNANDA ISAAC – OLÍMPIA (SP)

Fernanda Isaac – Tem feito divulgações em suas redes sociais com orientações em relação à covid-19, com uma comunicação acessível

DANI SOUZA – OSASCO (SP)

Criou um grupo no WhatsApp para ser ponte entre quem precisa e quem pode doar

https://www.youtube.com/watch?time_continue=20&v=E1QhF7L5UCk&feature=emb_logo

TATIANE CASSIANO

É professora de yoga e tem ajudado as pessoas a terem equilíbrio emocional na quarentena

RENATO MELO

Criou um podcast para disseminar informações importantes para a galera da periferia

RIO DE JANEIRO

BUBA AGUIAR – COLETIVO FALA AKARI

Buba Aguiar – O Coletivo Fala Akari, da Favela de Acari, zona norte do Rio de Janeiro, estão mobilizando campanha de enfrentamentos aos impactos da covid-19

LUDMILLA OLIVEIRA

Ludmilla Oliveira – Tem doado máscaras para profissionais de saúde que trabalham na UPA da zona oeste do Rio de Janeiro

JACIANA MELQUIEDES

Jaciana Melquiedes – Criou conteúdo informativo e educativo voltado para o publico infantil, utilizando Materiais lúdicos. Pequenos videos, propostas de brincadeiras para serem feitas dentro de casa, atividades de colorir e pequenas historias, e compartilhar especificamente em grupos de WhatsApp de moradores da Gamboa e Providência no Rio de Janeiro

SÉRGIO BARCELOS

Videoclipe musical “Xô Corona”, para conscientizar os jovens sobre a pandemia

SABRINA MARTINA

Usa a Poesia como ferramenta conta a covid-19

https://www.youtube.com/watch?v=UI2rpjw6iY4&feature=emb_logo

AIRA NASCIMENTO

Campanha “Apoie uma Empreendedora Periférica”

OUTROS ESTADOS

SCHEYLLA BARCELLAR – BELO HORIZONTE (MG)

Coletivo Mulheres da Quebrada está com uma campanha para fortalecer as mulheres, com entrega de cestas básicas, medicamentos e etc

EMILLY CASSANDRA – BELÉM (PA)

Contação de História dobre a vida da revolucionária Felipa Maria Aranha, mulher negra trazida à Belém do Pará e escravizada. Fez revolução no município de Cametá

THAIS MEDEIROS – FORTALEZA (CE)

Tem ido ao supermercado para pessoas do grupo de risco

https://www.youtube.com/watch?time_continue=2&v=lYvSXRIGD4o&feature=emb_logo

THIFANNY ODARA – LAURO DE FREITAS (BA)

O Terreiro Oya Matamba de Kakuruca está com um projeto #TransFormarVidas para auxiliar pessoas em situação de vulnerabilidade com a pandemia

Baobá na imprensa em maio

Em maio a diretora Selma Moreira concedeu entrevista à Ponte Jornalismo. Nessa oportunidade, ela destacou os critérios de seleção dos projetos de prevenção à contaminação pelo coronavírus objeto do edital de doações emergenciais do Fundo  e a necessidade de mais ações que beneficiem as populações vulneráveis. O edital do Fundo Baobá com o Desabafo Social estendido para todo o Brasil também repercutiu na mídia do Nordeste. Confira os destaques:

Ponte Jornalismo – 01 de maio de 2020 – Fundo Baobá financia projetos de combate à Covid-19 para negros, pobres e indígenas

Cidade Satélite  – 08 de maio de 2020 – Fundo Baobá e Desabafo Social apoiam ações comunitárias contra o coronavírus

Blog do Patrício Nunes – 07 de maio de 2020 – Fundo Baobá e Desabafo Social apoiam ações comunitárias contra o coronavírus

As listas de projetos também foram divulgadas pela imprensa:

Geledés – 01 de maio de 2002 – Fundo Baobá divulga segunda lista de projetos selecionados pelo edital de apoio emergencial contra o Coronavírus

Geledés – 16 de maio de 2020 – Fundo Baobá divulga terceira lista de projetos selecionados pelo edital de apoio emergencial contra o Coronavírus

Leia aqui

Alguns projetos apoiados pelo edital também divulgaram pela imprensa as ações realizadas:

IFB – 06 de maio de 2020 – Campus Riacho amplia campanha solidária

Mercadizar – 12 de maio de 2020 – Famílias da periferia de Belém recebem cesta básica do projeto Telas em Movimento

OBIND – 18 de maio de 2020 – CIR: Em isolamento, comunidade Canauanim recebe alimentos e orientações para se proteger da Covid-19

A presença do Fundo Baobá na página ParaQuemDoar também gerou menção em matérias sobre solidariedade às populações carentes

Anped – 11 de maio de 2020 – Apoio da SBPC e de sociedades científicas a comunidades pobres e favelas

Abeco – 12 de maio de 2020 – Apoio da SBPC, ABECO e de outras sociedades científicas a comunidades pobres e favelas

SBM – 14 de maio de 2020 – SBPC, instituições e sociedades científicas pedem solidariedade às populações vulneráveis

FUNDO BAOBÁ DIVULGA TERCEIRA LISTA DE PROJETOS SELECIONADOS PELO EDITAL DE APOIO EMERGENCIAL CONTRA O CORONAVÍRUS

O Fundo Baobá para Equidade Racial divulga hoje (15 de maio) a terceira e última lista de iniciativas selecionadas pelo edital de doações emergenciais para o combate ao coronavírus em comunidades vulneráveis. São projetos de 85 indivíduos e 45 organizações que receberão R$ 2,5 mil em até cinco dias úteis.

Ao todo, o Fundo Baobá recebeu, entre os dias 5 e 17 de abril de 2020, um total de 1037 solicitações de apoio, sendo 387 de organizações e 650 de indivíduos. Lançado em 5 de abril, o edital (relembre aqui) visa apoiar um amplo espectro de populações em situação de risco.

Desse total, foram selecionados 215 projetos de indivíduos e 135 de organizações. A primeira lista, divulgada em 17 de abril de 2020, contemplou projetos de 60 pessoas e 40 organizações; a segunda, que apoiou 70 indivíduos e 50 organizações, foi publicada em 30 de abril.

Com esta terceira lista, o edital de doações emergenciais é encerrado. O Fundo Baobá continuará apoiando ações que promovam a equidade racial – premissa fundamental para a resiliência da sociedade brasileira como um todo, como a pandemia do coronavírus está mostrando – por meio de outros editais que em breve serão comunicados.

Conheça a seguir os selecionados da terceira lista:

Nome da pessoa proponenteCidade/MunicípioEstadoOnde as ações serão realizadas – Cidade, Bairro, Comunidade/Território e UF
Adilson Victor OliveiraRedençãoCERedenção e Acarape
Alex dos SantosNiteroiRJComunidade
Amanda Kelly Gonçalves BrasileiroRecifePEBairro: Várzea. Comunidade: Sítio dos Pimenta 
Ana Paula Silva de OliveiraSão PauloSPJardim Rodolfo Pirani
Anagelia Ferreira PereiraFortalezaCEMondubim, e Planalto Ayrton Sena, Zona ZEI
Andreza Santos RodriguesSão PauloSPComunidade Vila Nova Jaguaré
Ângela Maria Dorneles PascoalCanoasRSMathias Velho e Harmonia
Antônia Fábia da Costa AlvesSenador GuiomardAC Bairro Chico Paulo 
Arilson VenturaCachoeiro de ItapemirimESComunidade Quilombola de Monte Alegre
Carla de Fátima Silva PereiraSanta HelenaMAQuilombo Vivo
Christiane MendesCaruaruPEBairro São José, Loteamento Cidade Agreste
Cíntia Cristina da Costa GeraldoRio de JaneiroRJRio Comprido, Comunidade do Escondidinho
Claudia Alice Rosa XavierSão PauloSPIlê Asé Oju OYa –  Jardim Minerva
Cláudia Maria Ferreira FreitasRio de JaneiroRJBairro Senador Augusto Vasconcelos
Climene Laura de CamargoSalvadorBAComunidade Quilombola Praia Grande, Ilha de Maré
Cynthia Dias da SilvaRio de JaneiroRJFazenda Botafogo, Acari, Pedreira e adjacências
Danielle Laleska Ferreira dos Santos FreitasRecifePEAgua Fria, Comunidade do Alto Santa Terezinha 
Débora Rodrigues Azevedo SilvaSanta LuziaMGQuilombo de Pinhões
Diego Nobrega Da SilvaRio de JaneiroRJJacarepaguá, Cidade de Deus
Edgard Aparecido de MouraSalvadorBASalvador
Edinalva Pereira SantosSanta Helena de MinasMGComunidades 
Edoniete Ribeiro GonçalvesNovo AripuanãAMNa comunidade Cristo Rei, Rio Arauá na RDS do Juma 
Emerson Claudio Nascimento dos SantosRio de JaneiroRJMorro Santa Marta
Emerson dos Santos de MirandaSalvaterraPAComunidades Quilombolas 
Erivaldo Soares de OliveiraFeira de SantanaBA Aviário
Eva Rete Mimbi BeniteParatyRJAldeia Indígena Paraty Mirim
Everton Santana SantosSalvadorBAAlto do Coqueirinho
Franciane Lima LeiteFortalezaCE Bairro da Serrinha
Francisco Ribeiro SilvaNatalRNFavelas da Cidade do Natal 
Gerson de Jesus SantosSão PauloSPPensões localizada no Centro 
Henrique da Costa SilvaRecifePEVirtualmente
Herika MarquesDuque de CaxiasRJImbariê, Jardim Rotsen
Isis Thayzi Silva de SouzaJaboatão dos GuararapesPEOcupação Carolina de Jesus
Ivaldo Bezerra Dias FilhoJoão PessoaPBComunidades de João Pessoa e Bayeux
Jadison dos Santos PalmaSalvadorBASubúrbio Ferroviário 
Jasmine Gabriele Borba PontesApiaíSP16ª Região Administrativa de Itapeva
Jeferson Alves FranciscoRio de JaneiroRJMorro da Mangueira
João Luís Joventino do NascimentoAracatiCEQuilombo do Cumbe
João Paulo de Araújo VieiraSao Bernardo do CampoSPCentro
Jonathas da Silva Conceição (John Conceição)AlvoradaRSVilas Tijuca, Umbú, Sitio dos Açudes, Santa Clara e Santa Bárbara
Jorge Luiz Fernando dos SantosRio de JaneiroRJCentro, Lapa, Catete, Glória, Largo do Machado
José Wagner do Nascimento CoelhoCaucaia -Jurema/AraturCESão Domingos, Toco, Metrópole Sul, Bouqueirão das Araras, Metropolitando, Parque São Gerardo, Tabapuazinho, Parque Potira, Arianópolis e Patricia Gomes
José Wanderson dos Santos AmorimItapecuru MirimMAQuilombo Tingidor
Joseilton de Oliveira PurificaçãoBom Jesus da LapaBAComunidade Quilombola de Barrinha, Território Velho Chico
Josemberg Silva PinheiroSão LuísMABairros de São Luís
Lisandra dos Santos LopesBrumadoBAConjuntos Habitacionais: Brisas I, II, III, IV e Bairro São Jorge
Luciana Santana de SouzaItaipavaESItapemirim (Joacima e Morro do Cemitério) Cachoeiro de Itapemirim (Itaoca Pedra)
Luís Otavio Alves BarretoSanto AmaroBABairro da Candolandia
Luísa Mahin Araújo Lima do NascimentoCachoeiraBAComunidades Rurais, Ribeirinhas, Quilombolas e intervenções sistemáticas na Feira Livre
Luzia CristinaBoa NovaGO Zona Urbana de Professor Jamil
Marcelo NascimentoSão PauloSP Guaianases, Jardim Soares 
Maria Alice ZachariasSão CarlosSPRegião periférica da cidade e zona rural
Maria de Lourdes Teixeira da SilvaJoão PesoaPBTerritório Quilombola de Ipiranga, Conde
Maria Edhayanne Erlle Ribeiro da SilvaNatalRN5  Comunidades perifericas 
Maria Lucia Quirino de CastroCampinasSPComunidades Aruanã, Chico Mendes e Santos Dummond
Maria Lucineide da SilvaCratoCEDistrito Baixio da Palmeiras, Romualdo
Maria Meirimar Santos da SilvaCoruripeALComunidade de Coruripe 
Maria Nazaré Barbosa da SilvaPoço BrancoRNComunidade Quilombola de Acauã
Maria Paula Ferreira RodriguesBelémPACidade Velha, Beco do Carmo e Beco das Malvinas, Comunidade do Porto do Sal 
Maria Sueli Corrêa dos PrazeresCametáPABom Sucesso e da Baixa Verde, Comunidade Quilombola de Porto Alegre
Marieny Matos NascimentoManausAMSão Francisco Nossa Sede, Praça 14 de Janeiro no Quilombo Urbano de São Benedito, Francisca Mendes Comunidade Indígena Urbana de Manaus
Michela Rita da SilvaBarretosSPBairros Santa Cecília, Caiçara e São Francisco
Naiane de Souza MarquesSão José da TaperaALComunidades
Onalvo de Jesus SantosBanzaeBAAldeia Pau Ferro
Pablo Rodrigo da Silva LimaSão PauloSPLajeado, Jardim Etelvina
Pâmella Gabriel Dos SantosRio de JaneiroRJPavuna
Reginaldo Souza RodriguesSão GonçaloRJVista Alegre, Jardim Bom Retiro, Guaxindiba e Morro da Viúva
Rita de Cássia Nascimento CorreiaPalmaresPEPalmares, Nilton Carneiro, Nova Palmares e Novo Horizonte
Rosália Oliveira da CostaPorto VelhoRO Bairro Jardim Santana
Rose Mary Pereira da Silva LimaRibeirao do LargoBAItambé
Rosimeire Alves de SouzaJanuaria, Riacho da cruzMG Comunidade Quilombola de Alegre
Ruan Philippe Marques Melo SantosSão Francisco do CondeBAGurugé, Estrada de Campinas
Sellena Oliveira RamosSalvadorBA Bairro Saúde
Sheyla Santana BacelarBelo HorizonteMGAglomerado da Serra, Serra
Sidnei dos SantosNiteróiRJComunidades no entorno do Largo da Batalha (Sapê, Ititioca, Maceió)
Silvane Aparecida MatiasItararéSPComunidade Quilombola Família Silvério
Solange Aparecida do NascimentoPalmasTOComunidade Quilombola Lagoa da Pedra, Município de Arraias
Thalyta Cristina Da Cunha De OliveiraRio de JaneiroRJComunidade do Guarda, Del Castilho
Valdilene Ferreira PaivaTomé-AçuPAComunidade Quilombola e Ribeirinha Marupaúba
Valdirene Aragão RochaBrumadoBADr. Juracy, Bairro da Rodoviária e o Mercado.
Valdirene Couto RaimundoMagéRJMagé, Quilombo do Feital e Bairro da Piedade
Vanda Lucia Roseno BatistaCratoCEBairro de Poço Dantas, Distrito de Monte Alverne
Vilson NovaisJaboatão dos GuararapesPEVila Rica, Moenda de Bronze 
Viviane de Sales SilvaRio de JaneiroRJBaía da Traição, Aldeia Potiguara, Estado da Paraíba
Zilda Maria de PaulaBarueriSPJardim Mutinga

Nome da organização proponenteCidade/MunicípioEstadoOnde as ações serão realizadas – Cidade, Bairro, Comunidade/Território e UF
ApremaceAquirazCEComunidade Riberinha do Iguape, Comunidade Quilombola, Resex do Batoque, Praia do Presidio, Comunidade da Vila Cabral
Associação Bebô Xikrin do BacajáSenador José PorfírioPAAldeias da TI Trincheira Bacajá
Associação Beneficente O Pequeno NazarenoFortalezaCECentro
Associação Cultural Companhia de AruandaRio de JaneiroRJMadureira, Comunidade da Serrinha
Associação Cultural e Carnavalesca Quero Ver o MomoSalvadorBASalvador
Associação de Desenvolvimento Comunitário dos Negros do Riacho-ADCNRCurrais NovosRNComunidade Negros do Riacho de Currais Novos
Associação de Desenvolvimento da Comunidade Remanescentes de Quilombro CarrascoArapiracaALQuilombo
Associação dos Moradores da Vila Cristina e Vila da PazSão PauloSPParque Bristol, Comunidades Vila Cristina e Vila da Paz
Associação Metareilá do Povo Indígena Paiter SuruíCacoalROTerra Indígena Sete de Setembro 
Associação Multicultural AzulmataNatalRNComunidade Quilombola de Capoeiras dos Negros
Associação Mutirão do PobreSão PauloSPRua dos Filhos da Terra
Associação Providenciando a Favor da VidaRio de JaneiroRJBairro Santo Cristo, Comunidades: Providencia, Morro do Pinto e King Kong
Associação Quilombola de RaposaCaldeirão GrandeBAComunidade Quilombola de Raposa
Associação Quilombola do Povoado PatiobaJaparatubaSEQuilombo Patioba Japaratuba 
Associação Quilombola Santa Filomena dos Pequenos Trabalhadores Rurais do Povoado Joaquim MariaMiranda do NorteMATerritório Quilombola
Associação Recreativa Cultural e ArtísticaJoão PessoaPBBairros da Ilha do Bispo (Comunidades do Tanque, Aratu, Mangue-seco e Beira da Linha), Porto do Capim e Varadouro (Comunidade Santa Emília e Cangote do Urubu) e na Cidade de Bayeux, nos Bairros do Baralho e São Bento 
Associação Semente da Vida da Cidade de DeusRio de JaneiroRJCidade de Deus 
Associação Social Educacional e Cultural Novos RumosSão PauloSPFavela da Ponte, Jaçanã
Casa da Comunidade do Berardo CCB-SOCIALRecifePEBairro do Prado, Comunidades do Berardo e Rua da Lama 
Centro de Estudos e Ações Solidárias da MaréRio de JaneiroRJComplexo da Maré
Comunidade Kolping  de Pedro IIPedro IIPIZonas urbana e rural de Pedro II 
G7/CPP Assistência ComunitáriaDuque de CaxiasRJParque Paulista
Grêmio Recreativo e Cultural Libertos na NoiteSão LuísMABairro Liberdade
Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBTIRio de JaneiroRJCidade do Rio de Janeiro
Instituto Bbrasileiro Cultural e SocioeducativoLaranjal do JariAPMalvinas
Instituto CrescerVicente PiresDFPontos de maior concentração da população de rua
Instituto de Ensino Profissionalizante SustentávelAquirazCEAbaiara
Instituto Efeito UrbanoRio de JaneiroRJSanto Cristo, Morro da Providência
Instituto Hórus, Instituto HojuRio de JaneiroRJMangueira, Jacarezinho, Manguinhos e Maré
Instituto ManguezalBelémPABairro Val-de-Cans
Instituto Projeto LapidarSanto AndréSPVila Sacadura Cabral
Instituto Sementes da SustentabilidadeFortalezaCEIpaumirim, Baixio e Umari
Instituto Sociocultural Nova Semeando AmorRio de JaneiroRJ Vargens e Jacarepaguá 
Instituto Vida RealRio de JaneiroRJComplexo da Maré
Integral World International MinistryFoz do IguaçuPRMorumbi III, Heleno de Freitas
Lute Sem FronteirasPortelPAIcuí, Jurunas, Pedreira e Terra Firme
Nucleo de Atendimento a Comunidade Articulada e Organizada – Grupo NaçãoVitóriaESJaburu, Gurigica, Bairro da Penha, Poligonal 1 e Território do Bem
Núcleo Sócio Cultural Semente do AmanhãRio de JaneiroRJBangu, Vila Aliança 
Projeto Alegria da CriançaCaucaiaCEDistrito de Jurema
Projeto Alternativo de Apoio a Meninos e Meninas de Rua – ERÊMaceióALComunidade Vila Brejal, Bairro Levada
Quilombo FM – 91,9Campo Grande do PiauíPISerra do Campo Grande
Sociedade da Mulher GuerreiraGuapimirimRJ Parada Ideal
Sociedade da RedençãoFortalezaCEBairro Pirambu 
Sociedade Filantrópica Semear de MedianeiraMedianeiraPRCentro, São Cristovão, Belo Horizonte, Condá, Itaipu, Cidade Alta, Frimesa, Nazaré, Ipê, Jardim Irene, Indepedência e Panorâmico
Visão SocialSobradinho IIDFSobradinho II 

Devemos celebrar o dia 13 de maio?

132 anos depois de uma lei que deveria criar as condições para que a população negra pudesse ter um tipo de inserção mais digna na sociedade, inúmeros indicadores evidenciam o racismo estrutural que conferem ao Brasil o titulo de um dos países mais desigual do mundo.

Mesmo representando 55,8% do total de brasileiros, os negros são maioria entre os desempregados do país (64%), entre aqueles que têm a mão de obra subutilizada (66,1%), os que vivem abaixo da linha da pobreza (41,7% contra 19% de brancos) e entre os que têm menos acesso a saneamento básico em seu domicílio (44,5%).

Na educação: embora praticamente não exista diferença percentual significativa entre crianças brancas e negras de 6 a 10 anos cursando o ensino fundamental (96,5% e 95,8%, respectivamente), jovens brancos de 18 a 24 anos que frequentam ou concluem o ensino superior são quase o dobro do percentual de jovens pretos e pardos na mesma faixa etária (36,1% versus 18,3%), segundo dados IBGE referentes a 2018.

Na saúde: 67% dos cidadãos brasileiros que dependem exclusivamente do SUS são negros (pretos e pardos) e, entre aqueles que declaram ter se sentido tratado de modo discriminatório ou degradante nos serviços de saúde, a maioria também é negra.

No mercado de trabalho: em 2019 a renda média mensal dos pretos equivalia a 55,8% da dos brancos.

Na segurança: as taxas de homicídio são maiores entre os pretos e pardos na faixa entre 15 e 29 anos. Entre brancos, a proporção de vítimas é de 34% enquanto para negros é de 98,5%.

É por isso que o Fundo Baobá existe: para contribuir no enfrentamento ao racismo e com a promoção da equidade racial que já deveria ter sido estabelecida.

Juntos podemos mudar esta realidade: https://bit.ly/2T4cXeF