O que o racismo não nos deixa ver: a importância das religiões afro na construção da identidade brasileira

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010, mostram que 588 mil brasileiros são adeptos do candomblé e da umbanda. Embora representem uma pequena parcela da população – menos de 0,3% – o preconceito que enfrentam por expressarem sua crença é dos maiores. Segundo levantamento do Disque 100, do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, houve aumento de 56% nas denúncias de intolerância religiosa no primeiro semestre de 2019, quando comparado ao mesmo período do ano anterior.

As religiões mais perseguidas foram justamente as de matriz africana, com terreiros sendo incendiados e imagens sagradas destruídas. Para o historiador e mestrando de Estado, Governo e Políticas Públicas na FLACSO (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais) e membro da Assembleia Geral do Fundo Baobá para Equidade Racial, Lindivaldo Junior, a razão e motivação disso tudo tem um nome: racismo. “Está presente em todas as dimensões da nossa vida e estrutura as relações sociais. As religiões de matriz africana são discriminadas no contexto da inferiorização das pessoas negras e de tudo que se refere à sua estética, história, cultura e referência.”

Lindivaldo Junior ( historiador e mestrando de Estado, Governo e Políticas Públicas na FLACSO e membro da Assembleia Geral do Fundo Baobá )

O mesmo pensamento tem Patricia Alves de Matos Xavier, no mundo religioso conhecida como Iya Suru, do terreiro Ilê Axé Iya Mi Agbá em Bauru (SP). A violência contra as tradições de matrizes africanas produzidas e reproduzidas hoje têm como motivação o mesmo pensamento presente entre os séculos 19 e 20 na sociedade. “Tem como base o racismo produzido pelo arranjo criativo intelectual apoiado no ensino superior, por institutos de pesquisa e difusão, e teve como foco o extermínio do conjunto de saberes ancestrais mobilizados, para promover a limpeza étnica eugenista”.

Patricia Alves de Matos Xavier – Iya Suru

Com 53 anos, 50 deles no candomblé, como ela mesma gosta de afirmar, a Ialorixá Jaciara Ribeiro dos Santos, do terreiro Ilê Axé Abassá de Ogum, em Salvador (BA), classifica tal ação como ódio religioso. “A intolerância religiosa tem crescido, considerando a falta de informação. Na verdade, vejo isso mais como um ódio mesmo”. Jaciara já foi vítima desse ódio religioso em 2016, quando seu terreiro foi alvo de vandalismo e depredação, incluindo o busto de sua mãe biológica, a Ialorixá Gildásia dos Santos, a Mãe Gilda de Ogum, que fica localizado no Largo do Abaeté, em Itapuã. 

Ialorixá Jaciara Ribeiro dos Santos

Mãe Gilda de Ogum, por sua vez, foi o principal símbolo de resistência e luta contra a intolerância religiosa. Em 1999, teve seu templo invadido, depredado e o seu marido agredido por fundamentalistas religiosos. Não superando o trauma dos ataques, faleceu em janeiro do ano seguinte, de infarto fulminante, após ver o seu nome e foto veiculados em um jornal de uma igreja evangélica, chamando-a de “macumbeira charlatã”. No ano de 2007, foi sancionada a Lei nº 11.635, que institui o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, celebrado no dia 21 de janeiro, dia da morte de Mãe Gilda de Ogum. 

A luta da Ialorixá Jaciara é contra a intolerância religiosa e ela acredita que a forma mais eficiente de fazer isso é por meio da educação e do diálogo. “Eu sempre faço atividades, roda de diálogos aqui na comunidade, no terreiro e faço também parceria com as escolas. Acho que só através da educação pra gente mudar esse ódio religioso e esse racismo”. Além disso, Jaciara, que é a apoiada pelo Programa  de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco, do Fundo Baobá em parceria com Instituto Ibirapitanga, Fundação Ford, Open Society Foundations e Fundação Kellogg, dá curso de corte e costura, em um projeto chamado “Costurando a Ancestralidade”, e organiza uma feira na orla da Lagoa do Abaeté que busca estimular o empreendedorismo feminino e pequenos empreendedores do bairro de Itapuã.

Ialorixá Jaciara

“Sou idealizadora da feira Iya Lagbara, que significa mulher empoderada, e tenho uma equipe com 50 empreendedores. Fazemos feiras aqui na comunidade e também dou curso de turbante e curso de culinária”, diz. Iya Suru, por sua vez, é atualmente presidente do Instituto Omolará Brasil. “Uma organização de mulheres negras que age para transformar a realidade pela educação, afroempreendedorismo e valorização das raízes africanas no Brasil, com ações para fortalecer outras mulheres negras em diversas regiões do país”, como o Instituto se descreve. O Omolará Brasil também foi um dos apoiados do Programa Marielle Franco, com o projeto “Trincheira Preta Feminista”, cujo principal objetivo é: “o fortalecimento institucional através de ações de formação política em diálogo com mulheres negras e suas comunidades”. 

Além disso, Iya Suru é integrante do grupo Mães Pela Diversidade, na cidade de Bauru, que sempre realiza ações voltadas às pessoas em situação de vulnerabilidade social. “Iniciamos uma campanha de atenção às mulheres trans e travestis que tiveram suas situações de vulnerabilidade agravada pela pandemia do coronavírus”, diz. 

Iya Suru no terreiro Ilê Axé Iya Mi Agbá em Bauru (SP)

Mesmo sendo alvo constante do racismo institucional e religioso, as religiões de matriz africana têm conquistado a cada dia o respeito e o direito de serem cultuadas. Em 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, que é constitucional o sacrifício de animais em cultos religiosos. Na época, denúncias equivocadas e repletas de racismo motivaram a ação movida. “Cada vitória é resultado de muita luta e articulação dos movimentos sociais. Sempre foi assim para a população negra. Foi assim nas conquistas da constituição federal que reconhece os quilombos e o patrimônio cultural afro-brasileiro como patrimônio a ser preservado, assim como define o racismo como crime. A participação social levou a um maior envolvimento de segmentos de matriz africana no monitoramento de políticas públicas e fortaleceu as comunidades como uma ‘categoria política’ de relevante papel no momento atual”, afirma Lindivaldo Junior.

A falta de informação ajuda a entender porque boa parte da população brasileira não reconhece ou compreende a importância das religiões afro para a construção da identidade do nosso próprio país. “As comunidades de matriz africana influenciam a forma como vivemos nós, os brasileiros, em especial a população negra. Apesar do constante desrespeito e negação, fruto do racismo, as religiões de matriz africana preservam a cultura alimentar tradicional e comunitária, a musicalidade, a produção artística, e o nosso português por exemplo, totalmente africanizado”, afirma Lindivaldo. 

Palavras como “Abadá”, que hoje é o nome dado a uma camiseta usada pelos integrantes de blocos e trios elétricos carnavalescos, tem a sua origem na cultura afro, significando túnica folgada e comprida. Assim como cafuné (fazer carinho na cabeça de alguém), dengo (gesto de carinho), agogô (instrumento musical), babá (pessoa que cuida de criança), farofa (mistura de farinha com água, azeite ou gordura), entre muitas outras. “As tradições de matrizes africanas são espaços de preservação dos processos de aprender e ensinar ancestralidade, valorização da vida e da natureza”, completa Iya Suru.

Em uma explicação didática, feita pela Ialorixá Jaciara, entendemos sua dimensão. “O candomblé é uma religião afro-brasileira derivada de cultos tradicionais africanos, no qual a gente cultua o ser supremo, Olorum, e o culto dirigido diretamente à força da natureza. Cultuar candomblé é contemplar a essência do próprio universo”. Além do respeito e amor pela natureza e de toda contribuição cultural e identitária para o nosso país, as religiões de matriz africana desempenham um papel social importantíssimo nos locais onde estão inseridas.

Fundação Kellogg: conheça os propósitos que norteiam uma das organizações filantrópicas mais antigas e atuantes do mundo

Fundada em 1930 pelo empresário de cereais Will Keith Kellogg para ser uma organização privada e independente, a W.K.Kellogg Foundation completou seu 90o aniversário em junho. Considerada uma das maiores entidades filantrópicas do mundo, é guiada pela crença de que todas as crianças devem ter a mesma oportunidade. Por conta disso, seu foco tem sido atuar nas comunidades criando condições para que elas alcancem o pleno potencial na escola, no trabalho, na vida.

Embora ao longo destas décadas tenha atuado em diferentes frentes, a infância e as comunidades sempre estiveram no centro de seu planejamento. Tanto que, para este ano, estabeleceu como objetivos: aprender com o passado para liderar no futuro; honrar o seu legado, adaptando-o ao presente; alavancar parcerias e redes de aliados; continuar centrando ações nas crianças, suas famílias e comunidades. 

Nesta entrevista, Sebastian Frias, oficial responsável pelas iniciativas de promoção de equidade racial na Fundação Kellogg, fala sobre essas metas, que fazem parte do DNA da organização. Acompanhe:

1. Quando a Fundação Kellogg enfrentou a questão da equidade racial nos Estados Unidos e no Brasil? 

SF –  A Fundação Kellogg tem uma atuação muito ampla no campo da equidade racial. Começou em 1968, no centro dos protestos do movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos, quando financiamos universidades negras e a diversificação de oportunidades de educação para a população afro-americana. Ao longo das décadas seguintes, esses investimentos se diversificaram para incluir também a representação da população invisibilizada em profissões-chave. Em 1986, a fundação iniciou seus investimentos na África do Sul, em um contexto ainda regido pelo apartheid e com um forte compromisso com o desenvolvimento de estratégias de educação e liderança. Na década de 1990, expandimos nossos investimentos nos Estados Unidos e, finalmente, nos anos 2000 estabelecemos as bases para o que hoje é uma das prioridades para a fundação: a equidade racial. 

2. E a atuação com o Fundo Baobá?

SF – A fundação trabalha em estreita colaboração com o Fundo Baobá para Equidade Racial desde sua criação, em 2011. A relação é baseada em um legado de trabalho e investimentos da WKKF no Brasil, que se estende por décadas e é consistente com nosso compromisso com o avanço da equidade racial. O principal mote da relação foi a criação e construção de um fundo patrimonial de recursos dedicados a promover a completa inclusão das populações afrodescendentes na sociedade brasileira. Mais recentemente, publicamos diretrizes e estabelecemos um Conselho de Solidariedade para a Equidade Racial que está comprometido com uma visão global para continuar essa agenda. 

Sebastian Frias, oficial responsável pelas iniciativas de promoção de equidade racial na Fundação Kellogg

3.  Por que a Fundação Kellogg considera relevante apoiar iniciativas, programas e projetos dessa natureza? 

SF – Hoje, mais do que nunca, podemos ver que os sistemas globais de opressão tiveram um efeito histórico na perpetuação da ideia de que algumas pessoas têm maior valor em relação às outras, especificamente por serem racializadas. A maior vulnerabilidade às mudanças econômicas, políticas e ambientais está concentrada nessas comunidades racializadas, principalmente indígenas e afrodescendentes. Sabemos que, hoje, a visão de nosso fundador de garantir que as crianças possam enfrentar o futuro com confiança, depende da transformação desses sistemas desiguais para que as comunidades possam ser colocadas no centro. Por meio do planejamento cooperativo, do estudo inteligente (pesquisa, dados e evidências) e da ação em grupo (entre diferentes setores, faixas etárias e qualquer fronteira que fique no caminho) poderemos garantir uma mudança na vida dessas crianças. Como resultado de tudo o que vem acontecendo em diferentes geografias, do Brasil aos Estados Unidos, particularmente em torno da brutalidade policial, é que nossa presidente emitiu a seguinte declaração:  “As comunidades onde trabalhamos intensamente e nossos beneficiários e parceiros, reconhecem a causa raiz neste momento. Pessoas racializadas, imigrantes, a população indígena, as pessoas nas prisões, os pobres – aqueles que sofrem e morrem em maior número – são os mais afetados pela desigualdade racial em todos os sistemas. Seu trabalho, nosso trabalho compartilhado em nome da Fundação W.K. Kellogg, é abordar o racismo estrutural por trás das iniquidades: expô-lo, desfazê-lo e ajudar as comunidades a se curarem de suas feridas”, La June Montgomery Tabron, CEO – Fundação W.K. Kellogg – veja a versão original aqui.

4.  Qual é o papel das entidades como a Fundação Kellogg na busca por um mundo mais justo e igualitário? 

SF –  Do meu ponto de vista, parece-me que hoje é um momento importante para as organizações, instituições e qualquer tipo de entidade coletiva refletirem como chegamos onde estamos, como sociedade global, e no ambiente muito complexo em que vivemos. É preciso avaliar as causas básicas, as profundas desigualdades e as pessoas que deixamos de fora ou em situações de extrema vulnerabilidade. Para isso, penso que é importante pensar nas práticas, políticas e estruturas que vêm antes, como barreiras para mudanças profundas. E nesse sentido é a nossa vez de refletir sobre nossas próprias ações: somos realmente antirracistas? O que fazemos como organizações? Que padrões usamos dentro e fora de nossas organizações para garantir que não estamos reproduzindo as mesmas hierarquias de poder? Quem deve liderar a mudança? Qual é o nosso papel nisso tudo? Parece-me que é a partir de uma profunda reflexão sobre nossa ação, objetivos, identidade e ações futuras que poderemos realmente buscar, coletivamente, justiça e equidade. Essa profunda compreensão da interdependência nos permite entender que todas as organizações têm um papel a desempenhar e um espaço de ação e liderança, mas acima de tudo têm uma dívida histórica com essas comunidades vulneráveis, suas vozes e liderança. 

5.  Além do apoio que oferece ao Fundo Baobá, no Brasil, que outros países  têm iniciativas apoiadas? 

SF –  A Fundação Kellogg atua em alguns locais geográficos prioritários. Nos Estados Unidos, são: Novo México, Mississippi, Nova Orleans e Michigan (onde nossa sede está localizada). Em nosso programa internacional estamos focados no sudeste do México (Chiapas e na Península de Yucatán) e no Centro e Sudeste do Haiti. Finalmente, temos alguns investimentos legados no Brasil (Fundo Baobá para Equidade Racial) e na África do Sul. Nosso trabalho tem como prioridade três eixos temáticos cruzados pelo nosso DNA: crianças prósperas (apoiamos um início saudável e experiências de aprendizagem de qualidade para todas as crianças); famílias trabalhadoras (investimos em esforços para ajudar as famílias a obter empregos estáveis e de alta qualidade) e comunidades equitativas (queremos que todas as comunidades sejam vibrantes, comprometidas e equitativas). 

Diretoras do Fundo Baobá são destaque em lives sobre racismo e captação de recursos

O Fundo Baobá participou de quatro lives no mês de junho, reforçando a sua trajetória e a importância do seu trabalho na promoção da equidade racial no país.

No dia 4, Fernanda Lopes, diretora de programa, participou do bate-papo “Precisamos Falar Sobre Antirracismo”, organizado pelo Instituto Comunitário Grande Florianópolis (ICOM Floripa), que também contou com a presença da doutoranda e mestra em Antropologia Social, Cauane Maia. Mediada por Mariana Assis, guardiã de relacionamento com a sociedade civil organizada do ICOM, a live foi transmitida no perfil da organização. Fundo Baobá e o ICOM fazem parte da Rede de Filantropia para a Justiça Social, que é um espaço que reúne fundos, fundações comunitárias e organizações doadoras (grantmakers) que apoiam diversas iniciativas nas áreas de justiça social, direitos humanos e cidadania.

Em sua fala, Fernanda Lopes pontuou que o trabalho do Fundo Baobá pode ser considerado antirracista, desde a sua constituição, dado que o Baobá existe como um legado da Fundação Kellogg, em resposta à demanda de lideranças negras, para apoiar exclusivamente iniciativas negras. “Quando o Fundo Baobá investe e faz doações, prioritariamente por meio de editais, pensamos primeiro como apoiar as demandas de transformação e mudança que a sociedade civil negra se propõe a fazer. Mas a gente olha também para as capacidades que precisam estar instaladas ou ampliadas nas organizações, caso contrário sempre estarão na dependência, sempre estarão em desvantagem frente às demais. Nós apoiamos organizações negras e essas são as que menos detêm recursos de doações”, disse. 

Levantamento feito em 2018 sob a coordenação do professor Amílcar Pereira, e apoio do Fundo Baobá, envolvendo cerca de 300 lideranças de organizações, grupos e coletivos negros, mostrou que mais da metade dos ouvidos atuava apenas com o recurso dos próprios membros, não havia outros recursos. “Portanto, é preciso investir no desenvolvimento e na ampliação de capacidade dessas organizações e isso é ser antirracista, é trabalhar pela justiça social”. A live completa pode ser assistida diretamente no IGTV do ICOM através desse link.

No dia 9, foi a vez de Selma Moreira, diretora-executiva da organização, participar da live “Doações e Causas: Entendendo o Momento Atual”, organizada pela Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR) e transmitida ao vivo no canal do YouTube da associação. O bate-papo, que foi mediado pela conselheira da ABCR, Andrea Peçanha, também contou com a participação da psicóloga e gerente-geral do Instituto Ronald McDonald, Helen Pedroso.

Selma Moreira utilizou o contexto atual da pandemia do coronavírus para falar dos desafios e aprendizados do Fundo Baobá neste período. “O coronavírus é algo absolutamente novo pra todo mundo e nos fez revisitar o nosso plano e o orçamento. E, sendo uma organização de sociedade civil, a gente conta com um corpo de governança que é bastante rígido, mas que é formado majoritariamente por ativistas e acadêmicos, isso facilita”, explicou. 

Segundo ela, o primeiro aprendizado foi o de envolver todo mundo necessário num cenário como o atual. “Feito isso, a primeira pergunta foi: ‘Qual é o impacto da Covid-19 para a população negra?’, para que nós, como equipe executiva, pudéssemos pensar em quais movimentos deveríamos fazer e onde seria talvez mais estratégico fazer alguma movimentação no nosso orçamento e no nosso plano”.
O vídeo completo pode ser assistido abaixo:

Selma Moreira ainda participou de outra live da ABCR, no dia 30, com o tema “Filantropia Comunitária em Tempos de Covid-19”, o bate-papo fez parte da programação do Festival da ABCR.

No dia 26, Fernanda Lopes foi uma das convidadas da “Webinar Vidas Negras Importam”, realizada pelo Cursinho da Poli em parceria com Fundação Polisaber, que ainda contou com a participação do professor Billy Malachias e mediada pelo professor Giba Alvarez. 

Em sua fala de abertura, ao ser questionada se todas as vidas importam, não só apenas as negras, que tem sido uma pergunta feita à exaustão nas redes sociais, Fernanda respondeu: “Essa frase tem sido muito comum, em especial nos últimos dias, e é muito importante reiterar que, sim, todas as vidas importam, mas quando nós falamos que as vidas negras importam, nós falamos pra reiterar a presença e a operação do racismo entre nós”. Além disso, trouxe vários exemplos de iniciativas e manifestações negras contra o racismo, em defesa das vidas e da dignidade negra, as irmandades negras, as marchas ocorridas nos anos de 1973, 1986, 1995 e 2015. Destacou que esta história sempre deve ser contada porque em todos os momentos do passado, eram poucos os aliados e que as vidas negras só importavam para os próprios negros.

O vídeo completo pode ser assistido aqui:

Baobá na imprensa em junho

O assassinato do norte-americano George Floyd, em Minneapolis, e a grande onda de protestos contra o racismo, em diversas partes do mundo,  pautou a imprensa no mês de junho e trouxe para o centro da discussão a luta antirracista e as inúmeras formas de promover a equidade racial no país.

A diretora-executiva do Fundo Baobá, Selma Moreira, concedeu uma entrevista à coluna da jornalista Patrícia Lobaccaro, no portal UOL, afirmando que o momento atual será um ponto de virada na história e na luta contra o racismo. “O pedido de ajuda de George Floyd – eu não consigo respirar – é o pedido de ajuda de todos nós, que há séculos não conseguimos respirar por conta do racismo estrutural que subtrai nossos direitos, nossa qualidade de vida e até mesmo nossas vidas. Já passou da hora de toda sociedade olhar para essa questão com seriedade.”

Selma também deu entrevista para revista Capital Aberto, falando da importância da participação do negro em espaços de tomadas de decisão e o papel das empresas na luta contra o racismo. Além disso, a diretora-executiva participou do podcast do Observatório do Terceiro Setor e escreveu um artigo em inglês, em parceria com a diretora de programa, Fernanda Lopes, para publicação britânica Alliance.

O trabalho do Fundo Baobá foi destaque na matéria do portal GQ Brasil da Globo, que trazia um guia prático de entidades e organizações filantrópicas que trabalham diretamente com a população negra em condições de vulnerabilidade, promovendo a igualdade racial.

Confira os destaques:

01/06 – Emerge MagCriatividade para conscientizar e combater o coronavírus nas quebradas

02/06 – AlliancePhilanthropy, yes, but philanthropy for racial equity?

07/06 – Revista Capital AbertoComo os mercados podem contribuir com a luta contra o racismo

12/06 – GQComo apoiar o movimento Vidas Negras Importam

14/06 –  UOLQual o Reflexo da Filantropia na Equidade Racial?

16/06 – Observatório do Terceiro Setor – Racismo naturalizado na sociedade

16/06 – Rede de Filantropia para Justiça SocialConheça uma das muita histórias de transformação promovidas pelo Baobá

Parceria apoia ações contra a Covid-19 nas principais regiões do país

A parceria entre o Fundo Baobá para Equidade Racial e o Desabafo Social – laboratório de tecnologias sociais aplicadas à geração de renda, comunicação e educação –, iniciada no em 15 de abril, apoiou diversos projetos e ações no combate ao coronavírus em regiões vulneráveis do país.

A primeira fase do projeto foi realizada nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. A principal premissa da parceria era apoiar ações de combate à doença nessas áreas que, no país, são as que acumulam os maiores índices de pessoas infectadas e de mortes.

A seleção foi realizada por meio de um desafio na plataforma ItsNoon, um aplicativo de interação entre pessoas e suas ideias. Nesse caso, foram compartilhadas ações para apoiar quem estava em situação de risco nessas regiões. Dentro do próprio aplicativo, as pessoas respondiam ao desafio, podendo receber de R$ 60 até R$ 350 reais por uma boa sacada.

As ideias selecionadas deveriam estar de acordo com os cinco pilares propostos pelo projeto: Básico, com sugestões relacionadas a doações de cestas básicas, de itens de higiene pessoal, além da confecção e distribuição de máscaras de pano e Comunicação,  referente à produção de cartazes, ilustrações, vídeos, aplicativos e podcasts para conscientização das pessoas sobre os cuidados em relação à Covid-19. As demais eram:  criação e composição de músicas, poemas, videoclipes, além de dicas de inúmeras atividades para serem calizadas em casa, que englobam o pilar de Arte Para Aliviar a Sensação de Isolamento. O pilar Saúde incluiu dicas de atividades físicas, yoga, pilates, e com higiene em casa e, por fim, o pilar Empreendedores que apoiou ações e projetos que visavam auxiliar microempreendedores e gerar renda extra.  

Em 20 dias, foram recebidas 157 propostas, sendo 115 de 25 cidades do Estado de São Paulo e 42 de 8 cidades do Estado do Rio de Janeiro. No total, foram selecionados 64 projetos, sendo 31 no Rio de Janeiro e 33 em São Paulo.

Das pessoas apoiadas em São Paulo, 60,9% se declaram mulheres, enquanto 33,9 são homens. A faixa etária dos selecionados está entre 25 a 34 anos, e apenas 5,2% fazem parte de grupos ou coletivos. Das ideias apoiadas, 56,6% integram o pilar Básico, enquanto 17,7% são de Comunicação. A Arte vem na sequência com 16,8%. Já ideias de Saúde aparecem com 5,3% e, por fim, ideias Empreendedoras somam 3,6% dos projetos aprovados.

Já no Rio de Janeiro, 53,7% se declaram mulheres, enquanto 41,5% são homens. A faixa etária também está entre 25 a 34 anos, enquanto apenas 4,8% fazem parte de grupos ou coletivos. Em relação às ideias aprovadas, Básico aparece na frente com 36,6% das ideias apoiadas, seguido de Comunicação (31,7 %), Arte (17,1%) e Saúde e Empreendedores com 7,3% cada uma.

A segunda fase do projeto, lançada no dia 5 de maio, englobou outros estados do país, com foco nas regiões Norte e Nordeste. Foram recebidas, no total, 256 propostas de 87 cidades do Brasil. No total, foram apoiadas 86 iniciativas, as principais cidades contempladas foram: Salvador (BA), Recife (PE), Olinda (PE), Belo Horizonte (MG), Feira de Santana (BA), Belém (PA), Brasília (DF), Cachoeira (BA), São Luís (MA), Boa Vista (RR) e Laguna (SC). Além de regiões interiores do Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás e Ceará. 

Dos apoiados, 80% se declararam mulheres, enquanto 20% são homens. A faixa etária da maioria era entre 25 a 34 anos, seguido de 15 a 24 anos. Sobre as ideias aprovadas, Básico liderou com 53,4%, seguido de Arte (27,4%), Comunicação (9,6%), Empreendedores (5,5%) e Saúde (4,1%).

Os principais aprendizados dessa ação conjunta entre Fundo Baobá e Desabafo Social foi a importância de viabilizar financeiramente estes projetos, considerando que dinheiro na mão é uma ferramenta para saciar não apenas a necessidade básica, mas saúde mental que neste momento é muito mais importante. As pessoas selecionadas passaram a criar uma relação de gratidão e confiança com as organizações que apoiaram e, por sua vez, as organizações compreenderam que será necessário desburocratizar os apoios e transferências de renda, diante desse novo mundo.

Confira abaixo algumas das ideias aprovadas:

SÃO PAULO

ANDREZA DELGADO

Andreza Delgado – Faz parte da campanha Sobrevivendo ao Coronavírus que tem uma lista de 600 famílias para Doar por cesta básica e kit higiene

MICHELLE FERNANDES – CAPÃO REDONDO (SP)

Michelle Fernandes – Está confeccionando máscaras em tecido africano, ajudando a gerar renda para costureiras e fornecedores locais

FERNANDA ISAAC – OLÍMPIA (SP)

Fernanda Isaac – Tem feito divulgações em suas redes sociais com orientações em relação à covid-19, com uma comunicação acessível

DANI SOUZA – OSASCO (SP)

Criou um grupo no WhatsApp para ser ponte entre quem precisa e quem pode doar

https://www.youtube.com/watch?time_continue=20&v=E1QhF7L5UCk&feature=emb_logo

TATIANE CASSIANO

É professora de yoga e tem ajudado as pessoas a terem equilíbrio emocional na quarentena

RENATO MELO

Criou um podcast para disseminar informações importantes para a galera da periferia

RIO DE JANEIRO

BUBA AGUIAR – COLETIVO FALA AKARI

Buba Aguiar – O Coletivo Fala Akari, da Favela de Acari, zona norte do Rio de Janeiro, estão mobilizando campanha de enfrentamentos aos impactos da covid-19

LUDMILLA OLIVEIRA

Ludmilla Oliveira – Tem doado máscaras para profissionais de saúde que trabalham na UPA da zona oeste do Rio de Janeiro

JACIANA MELQUIEDES

Jaciana Melquiedes – Criou conteúdo informativo e educativo voltado para o publico infantil, utilizando Materiais lúdicos. Pequenos videos, propostas de brincadeiras para serem feitas dentro de casa, atividades de colorir e pequenas historias, e compartilhar especificamente em grupos de WhatsApp de moradores da Gamboa e Providência no Rio de Janeiro

SÉRGIO BARCELOS

Videoclipe musical “Xô Corona”, para conscientizar os jovens sobre a pandemia

SABRINA MARTINA

Usa a Poesia como ferramenta conta a covid-19

https://www.youtube.com/watch?v=UI2rpjw6iY4&feature=emb_logo

AIRA NASCIMENTO

Campanha “Apoie uma Empreendedora Periférica”

OUTROS ESTADOS

SCHEYLLA BARCELLAR – BELO HORIZONTE (MG)

Coletivo Mulheres da Quebrada está com uma campanha para fortalecer as mulheres, com entrega de cestas básicas, medicamentos e etc

EMILLY CASSANDRA – BELÉM (PA)

Contação de História dobre a vida da revolucionária Felipa Maria Aranha, mulher negra trazida à Belém do Pará e escravizada. Fez revolução no município de Cametá

THAIS MEDEIROS – FORTALEZA (CE)

Tem ido ao supermercado para pessoas do grupo de risco

https://www.youtube.com/watch?time_continue=2&v=lYvSXRIGD4o&feature=emb_logo

THIFANNY ODARA – LAURO DE FREITAS (BA)

O Terreiro Oya Matamba de Kakuruca está com um projeto #TransFormarVidas para auxiliar pessoas em situação de vulnerabilidade com a pandemia

Saiba quem foi Marcus Garvey

No dia 10 de junho de 1940, morria em Londres o ativista jamaicano, comunicador e empresário Marcus Garvey.

Conhecido como o grande idealizador do movimento “Volta Para a África”, em 1914, Marcus iniciou essa campanha de profunda inspiração para que os negros tivessem o conhecimento da sua origem e ancestralidade, que lhe foram retiradas com a expansão da escravidão no mundo, além de exigir que as potências coloniais européias desocupassem o continente africano.

Marcus Mosiah Garvey nasceu no dia 17 de agosto de 1887 em Saint Ann’s Bay na Jamaica, sendo o mais novo de 11 filhos, dos quais nove morreram ainda na infância.

Já adulto e morando na capital jamaicana de Kingston, teve a sua primeira experiência sindical, quando trabalhava na P.A. Benjamin Limited, e com o apoio do sindicato dos tipógrafos, encabeçou uma greve por melhores salários. Posteriormente, Marcus Garvey conseguiu, uma vaga na imprensa do governo, iniciando a sua carreira como comunicador e jornalista político.

Como ativista, Marcus iniciou expedições pela américa do sul e central em 1910, denunciando as condições precárias de trabalho que estavam sujeitas a população negra. Passando por Costa Rica, Guatemala, Panamá, Nicarágua, Equador, Peru e Chile, em alguns dos países visitados, Garvey publicava pequenos jornais contendo suas impressões sobre a realidade local. No Panamá ele publicou o La Prensa e na Costa Rica ele publicou o La Nacíonale, esse último incomodou as autoridade locais, que chegaram a bani-lo do país.

Em 1912, Marcus Garvey foi para Londres viver com a sua irmã. A experiência em território europeu foi muito importante para Garvey, tanto no sentido de entender o funcionamento de uma democracia quanto pelo fato de poder entrar em contato com vários africanos que, nascidos em outras colônias britânicas, iam estudar na Inglaterra.

Em 1914, Marcus retorna a jamaica e funda a Associação Universal para o Progresso Negro (AUPN), também conhecido popularmente como o movimento “Volta Para a África”. Os principais objetivos da AUPN era: Protestar contra o preconceito e a perda dos valores africanos. Estabelecer instituições de ensino para negros, onde se ensinasse a cultura africana. O desenvolvimento da África, livrando-a do domínio colonial e transformando-a numa potência. E auxiliar as pessoas vulneráveis em todo o mundo. 

Marcus Garvey, inclusive, foi eleito presidente provisório da África durante a convenção organizada pela AUPN em 18 de agosto de 1920.

Com a saúde debilitada, Marcus Garvey teve dois derrames em junho de 1940, morrendo no dia 10 daquele mês, sendo enterrado em Londres, sua moradia na época. Em 1964, os seus restos mortais foram enviados para a Jamaica, sendo proclamado o primeiro herói do país.

Que a trajetória heróica de Marcus Garvey nos inspire diariamente.

Filantropia e Equidade Racial no Brasil

*Artigo publicado originalmente na revista Alliance (Inglaterra)

A relação entre a população negra e a filantropia é antiga sendo a maior expressão as Irmandades Negras. Criadas durante o período colonial, estas estruturas organizativas possibilitavam aos negros ocupar e definir formas de atuação social, custear despesas para um padrão mínimo de dignidade, funerais, por exemplo. Eram espaços de resistência e solidariedade frente à hostilidade imposta pelo escravismo.


Atualmente dos 207,8 milhões que residem no Brasil, 46,5% se declararam pardos, 9,3% pretos e 43,1% brancos. Ademais o contingente populacional seja significativo, o acumulo histórico de renda e desigualdade de oportunidades resultou em um abismo econômico e sociorracial entre negros e indígenas e os demais. Indicadores sociais de escolaridade, condições de habitação, participação política, emprego e renda, todos, sem exceção expressam a desigualdade na distribuição do poder e evidenciam o papel estruturante do racismo na organização econômica, política e simbólica da sociedade.


As ações filantrópicas empreendidas por organizações não negras da sociedade civil brasileira, até pouco tempo atrás, buscavam minorar as condições adversas da vida dos que necessitavam comer, ter uma roupa, um abrigo, e também ter um conforto espiritual, restringiam-se ao assistencialismo e manutenção do status quo dos beneficiados. Não por acaso a relação entre população negra e filantropia mainstreaming ocupa um espaço caracterizado por múltiplos e diferenciados níveis de complexidade, uma vez que co-existe com o racismo estrutural.


No início da década de 90, organizações de mulheres negras brasileiras estabeleceram parcerias com fundações filantrópicas internacionais que atuavam no campo da igualdade de gênero financiando ações focadas no reconhecimento e garantia dos direitos humanos das mulheres.


Os anos 2000 instalam novos cenários para a filantropia nacional, neste período constituem-se os primeiros fundos filantrópicos para justiça social. E ao final da primeira década ganhar força um novo jeito de fazer filantropia caracterizado pelo repasse voluntário de recursos privados de forma planejada, monitorada e sistemática, para projetos sociais, ambientais e culturais de interesse público. Este conceito intitulado investimento social privado, incorpora uma estratégia voltada para resultados sustentáveis de impacto e transformação social e prima pelo envolvimento da comunidade no desenvolvimento da ação. Os doadores se veem e são vistos, como investidores, não em sentido econômico, mas social: a sociedade deve mudar e lucrar em termos de benefícios.


Em paralelo, no cenário internacional, deflagra-se um processo de avaliação do impacto da filantropia para amenizar e erradicar os efeitos das desigualdades sociais e conclui-se que, embora muitas mudanças tenham sido alcançadas, havia grupos que, de modo sistemático, seguiam destituídos de poder e oportunidades reais para desenvolver seu pleno potencial em função de sua origem étnica, racial ou cultural. Na liderança deste movimento esteve a Fundação Kellogg que, no Brasil, após diferentes processos de escuta ativa de lideranças do movimento negro brasileiro e pesquisadores, se comprometeu em apoiar a criação do primeiro fundo dedicado exclusivamente à promoção da equidade racial para a população negra no Brasil, cujo patrimônio próprio, quando constituído, fosse o maior fora dos Estados Unidos.

O Fundo Baobá nasce para captar recursos e investir no fortalecimento de pessoas e organizações negras, focadas na promoção da equidade racial, bem como, constituir seu endowment, alimentado pelo match fund. Atualmente a Fundação Kellogg aporta 3 vezes o valor captado no Brasil e duas vezes o valor capitado em outro país. De 2014 a 2019, o Fundo Baobá já investiu cerca de 10,2 milhões de reais em iniciativas e impactou cerca de 100 mil vidas em todo o território nacional.

Nos últimos anos o setor privado, têm investido na promoção da diversidade mas não necessariamente contribuído para a promoção da equidade. Neste sentido, construir a cultura de doação para a causa de equidade racial no Brasil é um desafio assumido pelo Fundo Baobá que irá incidir no ecossistema da filantropia buscando mobilizar e engajar diferentes atores dispostos a reduzir os efeitos das desigualdades e intervir nas causas buscando soluções e estratégias para alcançar equidade.

*Escrito pela diretora executiva da organização, Selma Moreira e pela Diretora de Programa, Fernanda Lopes

Mães que choram

Hipertensão, infarto e depressão são algumas das doenças que atingem as mulheres que perdem os filhos para a violência

Maio é considerado simbolicamente o “mês das mães”, em virtude da festividade celebrada na segunda semana. Entretanto, no Brasil, nem todas as mães têm motivos para comemorar. A morte do jovem João Pedro Mattos Pinto, no dia 18 de maio de 2020, enquanto brincava dentro de sua casa no bairro de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, é apenas mais um caso de um fenômeno que já começa a ser estudado: as maternidades interrompidas pela violência. 

Jornalista e mestre em Direitos Humanos e Cidadania pela Universidade de Brasília (UnB), Maíra Brito lançou em 2018 o livro “Não. Ele Não Está” (Appris Editora), que denuncia justamente o extermínio da juventude negra no Brasil. “Este livro nasce da angústia e da indignação. Em 2015, 31.264 jovens entre 15 e 29 anos foram vítimas de homicídios no Brasil. Se contabilizarmos o número de mortos entre 2005 e 2015, encontramos o assustador dado de 318 mil jovens assassinados. Os números ficam ainda mais preocupantes quando desagregados por sexo, idade e  raça. Em 2015, 47,8% dos mortos foram homens jovens e, em um intervalo de 10 anos, a taxa de homicídio de negros (pretos e pardos) cresceu 18,2%, enquanto a taxa entre não negros caiu 12,2%.” 

Maíra Brito, Jornalista e mestre em Direitos Humanos e Cidadania pela Universidade de Brasília

Todos esses números apresentados por Maíra são do Mapa da Violência. Porém, o livro traz a sensibilidade de apresentar esses dados e contar essas histórias sob a ótica de quem ficou. “Interessa saber quem são as mães que estão vendo as vidas de seus filhos abreviadas precocemente e de maneira tão violenta, e quais são as percepções delas sobre a influência da raça, do gênero e da classe nessas mortes”. O título do livro, “Não. Ele Não Está”, segundo a autora, “é uma nítida referência à ausência desses jovens em casa, em suas famílias, em suas redes de amigos, no mercado de trabalho e na produção de cultura e de conhecimento.”

Para produzir o livro, Maíra deixou Brasília, sua cidade, rumo ao Rio de Janeiro para encontrá-las. “O primeiro contato com as mães entrevistadas aconteceu por meio da internet. Eu expliquei a pesquisa, elas toparam falar”. A autora também afirma a importância de ouvir essas mulheres, dentro desse contexto. “Acho importante destacar que essas mães aceitaram falar comigo porque acreditaram que meu trabalho seria uma espécie de alto-falante para a luta delas por memória e justiça. Em nenhum momento, eu ‘dou voz’ a essas mulheres. Minha dissertação e meu livro propagam o que elas estão dizendo, mas que nem sempre chega a todos ambientes, como o mundo acadêmico.”

Outra obra que relata o sofrimento das mães que perderam os seus filhos jovens é o documentário “Nossos Mortos Têm Voz”, com a direção de Fernando Souza e Gabriel Barbosa. Lançado em 2018, o filme traz o cotidiano e a luta de mães da Baixada Fluminense (RJ), que sentem saudades dos filhos que foram precocemente arrancados de seus braços. É o caso de Luciene Silva, que teve o seu filho Rafael Silva assassinado na chacina na Baixada Fluminense, ocorrida em 2005, vitimando 29 pessoas. 

Cena do Filme “Os Nossos Mortos Têm Voz” (2018)

“Quando eu enterrei o Rafael, eu fiz a promessa pra ele que eu nunca iria deixar que ninguém esquecesse o que tinha acontecido naquele dia”. A fala de Luciene demonstra nitidamente a sede de justiça e o sentimento de indignação que move essas mulheres. É também o caso de Nívia do Carmo Raposo, outra entrevistada do filme, que teve o filho morto com um tiro nas costas em Nova Iguaçu. “As pessoas acham que eu sou forte, é horrível o que eu vou dizer, mas tem dias que o ódio é mais forte que a minha dor.”

Mortes pelo país Em São Paulo, a letalidade de jovens negros assusta. Segundos dados do portal Dados do Portal da Transparência da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP), referente ao ano de 2018, a cada 10 pessoas mortas pela Polícia Militar do Estado de São Paulo, seis eram negras (pretas ou pardas). No ano de 2017, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgou um estudo referente a idade dos mortos pela PM em São Paulo e concluiu que pessoas com faixa etária entre 19 e 24 anos representavam a maioria das mortes com 40,3%, seguido de jovens entre 14 a 18 anos com 24,9%. 

As mortes surpreendem também em outras áreas do país, como nas regiões Norte e Nordeste. O estudo feito pelo Atlas da Violência, em 2019, mostra que entre 2016 e 2017 a taxa de homicídio de negros tinha aumentado 333% no estado do Rio Grande do Norte e 277% no Acre. Entretanto, o recorde de desigualdade fica para o estado de Alagoas, local que outrora foi fundado o Quilombo de Palmares, no período da escravidão. Lá a taxa de homicídio de negros é mais de 18 vezes maior que a de não negros. O tema violência contra juventude negra, integra o eixo Viver com Dignidade, uma das prioridades de investimento para o Fundo Baobá.

Mais do que números, essas mortes têm reflexo direto nas mães desses jovens, segundo explica Clélia Prestes, doutora em Psicologia Social, integrante do Instituto AMMA Psique e Negritude, de São Paulo. “Quando não são diretamente atingidas pelas estratégias de extermínio que alcançam homens negros e jovens negros, além de mulheres negligenciadas pelo Estado – elas têm sequelas”, afirma. “Mesmo quando sobrevive, a mãe de um jovem negro assassinado pode chegar a óbito por pressão alta, infarto e depressão”, diz. É a possibilidade de uma morte em vida, que ocorre “quando a possibilidade de viver e viver dignamente é atingida.” 

Clélia Prestes, Psicóloga doutora em Psicologia Social, integrante do Instituto AMMA Psique e Negritude, de São Paulo


Pele alva e pele alvo: porque jovens negros continuam sendo vítimas preferenciais da violência

Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicados em 2019, mostram que houve um aumento de 19% de mortes por agentes policiais, em relação ao ano anterior da pesquisa, sendo que desse montante 99% são homens. O viés racial é evidente: 75% são negros e, entre eles, 78% são jovens e filhos. Esta reportagem é uma reflexão sobre a alta letalidade de jovens negros por causas violentas justamente, um dos temas priorizados pelo Fundo Baobá no eixo Viver com Dignidade. 

“Com a experiência escravista, naturalizamos o controle físico sobre os negros e negras em nossa sociedade, de modo que é trivial que um jovem negro seja enquadrado na esquina de sua casa ou mesmo que seja morto barbaramente sem que haja qualquer tipo de consequência política ou social”, destaca Felipe Freitas, doutor em Direito e Sociedade, Conflito e Movimentos Sociais, pela Universidade de Brasília (UnB), e membro do Conselho Deliberativo do Fundo Baobá.

Dois dias depois do caso João Pedro, foi a vez de João Vitor Rocha, de 18 anos de idade, ser baleado durante um tiroteio na Cidade de Deus (RJ), enquanto ocorria uma ação solidária de distribuição de cestas básicas. As mortes parecidas, em um curto intervalo de tempo explicitam a teoria de Felipe Freitas, que também analisa o papel da mídia diante disso. 

Felipe Freitas, Doutor em Direito e Sociedade, Conflito e Movimentos Sociais, pela Universidade de Brasília e membro do Conselho Deliberativo do Fundo Baobá

A violência não poupou nem Bianca Regina de Oliveira, 22 anos, que dormia quando foi atingida por um tiro na cabeça, no dia 25 de maio. Ela reside na localidade do Brejo, área mais carente da mesma Cidade de Deus, e permanece internada. “A naturalidade com que se noticiam os casos de chacinas nos territórios negros ou a recorrência com que são relatados episódios diários de violência e discriminação racial explicitam essa indiferença cruel.”  

Para compreender essa visão que a sociedade tem do jovem negro como inimigo a ser exterminado, a jornalista Maíra Brito recorre ao historiador Luiz Antonio Simas, que explica a razão da polícia assassinar pessoas civis. “Ele disse que a função original da polícia era defender a propriedade de terras e seus donos – algo que acontece ainda no século 21. Ou seja, o problema das polícias não é ter dado errado e sim certo, até hoje.” 

Maíra Brito, Jornalista e mestre em Direitos Humanos e Cidadania pela Universidade de Brasília

O racismo e a polícia

A tese de doutorado de Felipe Freitas, intitulada “Polícia e Racismo: uma discussão sobre mandato policial”, aprofunda a questão do racismo estrutural em nossa sociedade e a forma como ele opera dentro da instituição policial. “Estudei como o tema do racismo vem sendo tratado no âmbito dos estudos policiais no Brasil tentando propor um modelo teórico que busque compreender o peso do racismo e das desigualdades raciais nas práticas e modos de funcionamento e representação social das polícias”. Ou seja, o estudo procura saber se há diferenças no tratamento e na abordagem de pessoas negras pela polícia. “Procurei entender como as hierarquias raciais brasileiras estão relacionadas com o modo de organização, legitimação e funcionamento das polícias no país e como esse fluxo produz mais vulnerabilidade para o conjunto da população negra.” 

A pesquisa realizada por Felipe abordou três décadas de estudos de criminologia para compreender a principal causa do racismo policial. “Na pesquisa, analisei os estudos das ciências sociais e da criminologia de direito, realizados entre 1987 e 2017, tentando entender quais as principais formas de compreender o conceito de mandato policial e quais as suas interfaces com o tema do racismo. Pude constatar que a raça funciona no âmbito das interações e dinâmicas policiais como um lastro que organiza o sentido efetivo das leis, orienta a interpretação das práticas e dos códigos de conduta, informa sobre como, quando e por quê realizar ou não realizar procedimentos e operações. Ou seja, um dos pontos de chegada do trabalho é a constatação de que a raça dá conteúdo subjetivo, sentido social e justificação política ao exercício da ação policial que se desenvolve a partir de valores sociais organizados pelo racismo.”  

Até quando a juventude negra vai morrer?

Para Maíra Brito, a principal solução para reduzir o número de jovens negros mortos no país é reconhecendo que há uma política de extermínio. “Há uma política da morte, que determina quem tem importância e quem não tem, além de definir quais territórios e populações são vistas como ameaça.” 

Felipe Freitas também defende a mesma linha. “É preciso reconhecer o enfrentamento à violência contra a juventude negra como um desafio ético, político e jurídico de todas e todos nós. E revisar modos de representar as pessoas negras no espaço público, desnaturalizando a violência racial e, assim, colocar o tema da violência policial num outro patamar do debate público no país.” 

Além da violência e extermínio, Felipe levanta outra questão de suma importância: o encarceramento em massa da população negra. Dados do Departamento Penitenciário Nacional mostram que o Brasil é hoje um dos países que mais  prende em todo o mundo. A população carcerária brasileira é de mais de 700 mil pessoas, sendo que nesse contingente mais de 40% são presos provisórios, ou seja, não foram condenados pelo  Poder Judiciário, e 300 mil ultrapassam a capacidade de vagas das prisões. “Prende-se muito e prende-se mal em nosso país. Na prática, o sistema de justiça criminal mais contribui para aumentar a vulnerabilidade da juventude negra à violência letal do que ajuda a enfrentá-la. Portanto, alterar as práticas do sistema de justiça criminal é decisivo para produzir outros resultados no campo da segurança pública e na defesa da vida da população”, completa Freitas.

Qual seria a solução ideal para erradicar a violência contra os jovens negros no nosso país? Maíra Brito acredita que só haverá redução de mortes se houver um trabalho de promoção da equidade racial. “É urgente que sejam aplicadas políticas públicas eficientes, capazes de proporcionar ambientes para o desenvolvimento de atividades educacionais e culturais para essas pessoas”. Felipe Freitas concorda. “É óbvio que o jovem negro exposto a violência letal não deixará de ser discriminado ou morto à  medida que alcançar políticas de inclusão. Porém, o aspecto da inclusão e do combate à desigualdade contribui para viabilizar outras narrativas no seio da comunidade o que, sem dúvida repercute positivamente em termos de produção de empoderamento e de prevenção à violência.”

Saúde das mulheres, um retrato sem retoques

Nesta entrevista para o boletim do Fundo Baobá, a psicóloga Clélia Prestes desvenda aspectos importantes da condição física e mental das mulheres negras

Em 28 de maio comemora-se o Dia Internacional de Luta pela Saúde das Mulheres. A data é mais uma oportunidade para discutir a condição das brasileiras e, mais especificamente, da mulher negra. Embora o Sistema Único de Saúde (SUS) estabeleça uma série de direitos que fazem parte da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, criada em 2004, na prática não são todas que têm acesso a exames de mamografia, papanicolau, ao parto humanizado ou ao planejamento familiar.

Levantamento realizado em 2018 pelo Instituto Datafolha a pedido da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) mostrou que 58% das mulheres atendidas por profissionais da ginecologias recorreram ao serviço público, enquanto 20% acionaram os planos de saúde e 20% optaram pelo atendimento particular. Das entrevistadas, 8% não costumam ir ao ginecologista e 5% nunca foram. O tema saúde das mulheres negras e saúde da população negra, em geral, são de especial interesse do Fundo Baobá e integram o eixo prioritário de investimento Viver com Dignidade. 

A pesquisa revelou ainda que o hábito de procurar esse especialista é mais comum entre as moradoras das regiões metropolitanas do Sudeste e cresce conforme a escolaridade e a condição social. Entre as que nunca recorreram a um ginecologista estão as que residem no interior, as mais jovens e as mulheres de renda mais baixa. A dificuldade de acesso ou acesso restrito são os motivos relatados como principais razões. Realizada entre 5 e 12 de novembro de 2018, a pesquisa ouviu 1089 brasileiras a partir de 16 anos, pertencentes a todas as classes econômicas, distribuídas por 129 municípios e representa 80.980 milhões de mulheres. Por trás desses números existem nomes e vidas, que são impactadas pelo enorme peso imposto pelo machismo e pelo racismo existentes neste país. 

Há ainda impedimentos psicológicos e ideológicos relacionados sobretudo à mulher negra, como fala Clélia Prestes, doutora em Psicologia Social, integrante do Instituto AMMA Psique e Negritude, de São Paulo. Sua tese de doutorado, intitulada “Estratégias de promoção da saúde de mulheres negras: interseccionalidade e bem viver“, foi defendida em 2018, no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP).

Ela explica que, numa sociedade estruturada pelo patriarcado e pela supremacia branca, discursos, relações e imagens sobre a mulher negra são permeadas por ideologias. “Cada ser humano na sociedade tem sua história pessoal, sua trajetória de vida, seus pertencimentos e também uma construção social totalmente influenciada por esses discursos e por questões de interseccionalidade.”

Essa intersecção de eixos de opressão influenciam a vida dessas pessoas. E esses eixos têm a ver com o pertencimento racial, identidade, orientação sexual, nacionalidade ou origem, gênero, localização geográfica, habilidade ou deficiência, geração, classe, entre outros. “Portanto, mulheres negras se constituem a partir de recortes em uma sociedade em que também representam uma grande parcela da população pauperizada. Quanto mais os eixos se conectam, não se tem apenas a soma de prejuízos, mas a multiplicação de mazelas e o efeito nocivo de cada um”. 

Clélia Prestes, Psicóloga e doutora em Psicologia Social, integrante do Instituto AMMA Psique e Negritude

O desafio é, além de lidar com essa intersecção, pensar  em saúde e em estratégias que atinjam a dimensão pessoal dessa mulher e suas relações. “Muitas vezes, apesar de termos acesso, não temos garantido o cuidado e a atenção às nossas especificidades. É necessário cuidado específico e ações afirmativas para reverter o prejuízo que cerca a mulher negra a partir dessas formas de opressão”.

Em relação à saúde mental, segundo a psicóloga, há impactos negativos e positivos interferindo na saúde. Negativamente, atuam os discursos  associados às diferentes ideologias discriminatórias. E positivamente, como ela constatou na pesquisa de mestrado (intitulada Feridas até o coração, erguem-se negras guerreiras. Resiliência em mulheres negras: transmissão psíquica e pertencimentos, 2013), estão os processos de resiliência influenciados pela transmissão psíquica transgeracional.

“Minha pesquisa de mestrado mostrou que mulheres negras são positivamente afetadas por superações de experiências de grande adversidade que aconteceram em gerações anteriores ou posteriores. Essas experiências influenciam tanto a segurança quanto os recursos para que elas possam, em várias situações, enfrentar grandes desafios.” 

Outro elemento é o simbolismo associado à mulher negra que, por um lado traz um peso, como o de guerreira – muito associado a elas pelos estereótipos –, por outro traz a vantagem de sugerir que essa mulher tem muita força. Essa crença, aliada à desumanização da mulher negra, faz com que recebam menos cuidado.

“Aspectos que influenciam os processos de resiliência são os significados compartilhados em manifestações africanas e afro-brasileiras que resgatam história, conquistas e a possibilidade de enfrentar e superar, historicamente e até hoje, os diversos desafios que nos foram impostos e os os contextos de vulnerabilidade individual, social e programática a que estamos submetidas”, diz. “Esses significados permitem que nós nos identifiquemos com as grandes heroínas e figuras que nos inspiram, mesmo com grandes prejuízos, a enfrentar e buscar saídas para nós mesmas e para os nossos.”

Em sua tese de doutorado, procurou identificar estratégias de promoção da saúde de mulheres negras. Do universo pesquisado, tomando por base mais de 800 artigos sobre o tema em bancos de dados diversos, apenas 14 tratavam efetivamente da promoção de saúde dessa população. Decidiu comparar esses resultados com ações promovidas por mulheres negras nos movimentos sociais e de promoção da equidade. 

“Entrevistei pessoas que praticavam estratégias reconhecidas. O retrato é composto por figuras sociais bastante atingidas por adversidades que, ao mesmo tempo, se empenham em cuidar de si, dos seus, das suas. Enquanto cuidam, também pensam sobre contexto social, economia, política e sobre a natureza”, revela. A psicóloga afirma que isso evidencia a potência de produção de conhecimento da mulher negra – seja na academia ou no movimento social – o que reverbera em melhorias para toda a sociedade. 

Escancarando diferenças – Nesse quadro da pandemia no Brasil, Clélia confirma que a posição da mulher negra continua a mesma, infelizmente, ou seja: em desigualdade de acesso a direitos. O que, segundo ela, é resultado de um quadro histórico de  genocídio. “Este país foi programado não para garantir direitos iguais, mas para assegurar privilégios de alguns às custas do prejuízo e extermínio de muitos”, afirma. “Nessa configuração, o que está em curso é o racismo estrutural que, em forma de genocídio, atinge nossos corpos com o assassinato de grande número de jovens negros – mortos que superam o de países em guerra. Isso se configura também como epistemicídio e ataque à nossa capacidade de ter projetos e sonhar com o futuro.” 

No caso de mulheres negras, Clélia explica que não só elas são atingidas por piores condições de saúde, como também pela crença de que, tendo menos humanidade e mais força, precisam de menos cuidado ou podem ser deixadas à própria sorte ou azar. A psicóloga defende que, enquanto o país não atribuir igual valor para diferentes características físicas, pertencimento racial, contribuições, fontes de conhecimento e práticas de cuidado, esse será um país fadado a uma distorção em sua identidade. 

“Um dos conceitos centrais da minha tese foi o bem viver. E foi central não por acaso, mas porque está inserido nos movimentos de mulheres negras e porque serve para pensar esse momento e em uma sociedade com relações melhores”. Ela finaliza, explicando que os direitos precisam caminhar na direção de enxergar a saúde individual indissociada da coletiva, de uma natureza saudável e de relações sadias. “O desafio é que os direitos precisam ser de todos, todas, todxs, de forma que os seres vivos possam não apenas sobreviver, mas viver.”

Da gestação ao parto, racismo estrutural faz vítimas entre mulheres negras

Pretas e pardas são mais impactadas que brancas tanto no atendimento em caso de emergência como na hora de dar à luz

Dados da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) mostram que, diariamente, 830 mulheres morrem no mundo em decorrência de complicações no parto ou durante a gestação. Desse total, 99% das vítimas estão nos países em desenvolvimento e vivem em áreas rurais ou em comunidades pobres. Jovens adolescentes também enfrentam maior risco de complicações e morte na gravidez. O número assusta é verdade, mas é importante saber que, entre 1990 e 2015, a mortalidade materna já caiu aproximadamente 44%. 

A meta, parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), é reduzir ainda mais a taxa global para menos de 70 a cada 100 mil nascidos vivos. Entre as principais complicações apresentadas pelas mulheres durante a gestação, que representam quase 75% de todos os óbitos, estão: hipertensão (pré-eclâmpsia e eclâmpsia), hemorragias graves (principalmente após o parto), infecções (normalmente depois do parto), complicações no parto e abortos inseguros. Todas causas evitáveis, preveníveis. Outros fatores são doenças como malária ou infecção pelo HIV durante a gravidez.

Embora a mortalidade materna tenha apresentado redução nas últimas décadas, ainda há muito a ser feito no Brasil além de ter apenas uma data como o 28 de maio no calendário  – quando se comemora o Dia Nacional da Redução da Mortalidade Materna. Como esse tema faz parte do eixo Viver com Dignidade, um dos focos do Fundo Baobá, o boletim foi conversar com Emanuelle Goes, enfermeira, doutora em Saúde Pública e pesquisadora do Centro de Integração de Dados da Fundação Oswaldo Cruz (CIdacs/Fiocruz), na Bahia. O objetivo dessa conversa é entender esses números e saber sobre a violência sofrida pelas gestantes negras que, entre outras representações sociais repletas de estereótipos, são vistas como “boas parideiras”. 

Essa forma de enxergar as mulheres negras pode custar suas vidas em decorrência da demora no atendimento, entre outras razões. No Brasil, em 2019, foram 1523 óbitos maternos declarados entre mulheres de 10 a 49 anos, dos quais 1025 (67,3%) resultaram de complicações obstétricas diretas (decorrentes de complicações na gravidez, parto ou pós-parto por causa de tratamento incorreto ou intervenção malsucedida).

Entre as vítimas destas complicações estavam 298 brancas, 681 negras (118 pretas e 563 pardas), 1 amarela, 18 indígenas. Vinte e sete vítimas não tiveram sua raça/cor informada pelo responsável por atestar o óbito. As regiões do país com os maiores números foram: Sudeste e Nordeste, segundo informações extraídas do Painel de Monitoramento da Mortalidade Materna, da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde. Vale lembrar que esses são os casos oficiais notificados e não consideram problemas decorrentes de aborto, por exemplo.

Levantamento do Sistema de Informação de Nascidos Vivos do Datasus/Ministério da Saúde (2016) revela que as mulheres negras foram também as que tiveram mais partos tardios (3,2%) em comparação às brancas (1,7%). De acordo com o American College of Obstetricians and Gynecologists and The Society for Maternal-Fetal (2013), a gestação a termo é considerada a partir de 39 semanas. Dessa forma, é considerada tardia de 41 semanas a 41 semanas e 6 dias e a pós-termo, com 42 semanas ou mais.

Protocolo do Ministério da Saúde recomenda que, caso o parto não ocorra até a 41º semana, a gestante seja encaminhada para avaliação do bem-estar fetal, que inclui análise do índice do líquido amniótico e seu monitoramento cardíaco. Quando necessário, o parto é induzido.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 140 milhões de partos aconteçam todos os anos no mundo. Pretas e pardas, de acordo com um estudo da Fundação Perseu Abramo, de São Paulo, são mais afetadas pela violência nessa hora seja pela falta de atendimento, não aplicação da anestesia para aliviar a dor e até comentários agressivos. Acompanhe a entrevista de Emanuelle Goes que fala especificamente sobre esse tema:

1. Pela sua experiência, a mulher negra sofre mais no parto? Qual a razão para isso?

Emanuelle Goes – As mulheres negras tanto no parto como no pós-parto estão sujeitas à violência obstétrica. Mas não apenas isso. Estão expostas também à dupla discriminação e à interação das duas violências tanto a obstétrica como a discriminação racial  que se sobrepõem. Dessa forma, a violência obstétrica tem levado muitas vezes essas mulheres à morte, como no caso de Alyne Pimentel e de Rafaela Silva.

Alyne Pimentel morreu em 2002, quando estava no sexto mês de gravidez e buscou atendimento hospitalar após sentir-se mal. Nas duas vezes em que foi ao hospital seu atendimento foi negligenciado. Isso levou à morte do feto e a uma intervenção cirúrgica complicada. Dois dias depois do primeiro atendimento, uma hemorragia digestiva levou-a à morte. Já a adolescente Rafaela Silva, também do Rio de Janeiro, faleceu em 2014 aos 14 anos, após complicações decorrentes de hipertensão na gravidez e do péssimo atendimento recebido)

2. Como mudar a cruel desigualdade que se repete até mesmo no parto?

Emanuelle Goes – É preciso reconhecer o racismo institucional para que o parto seja humanizado para todas as mulheres e para que a atenção humanizada seja igualitária e com equidade. Mas só se discute o parto humanizado e o enfrentamento da violência obstétrica se o racismo atravessar essas experiências de revisão das práticas. Sem isso, não tem como superar a desumanização nem a violência obstétrica para mulheres negras. O racismo vai ser determinante nesse tratamento e vai potencializar essas questões. Sem o racismo no centro do debate e no centro do enfrentamento, não é possível mudar essa realidade.

Emanuelle Goes, Enfermeira, doutora em Saúde Pública e pesquisadora do Centro de Integração de Dados da Fundação Oswaldo Cruz na Bahia

3. O que é exatamente o conceito de justiça reprodutiva?

Emanuelle Goes – A justiça reprodutiva tem por finalidade a ampliação do olhar sobre o direito e traz consigo o conjunto de outros direitos e da justiça social, pensando no pleno exercício da saúde reprodutiva da mulher negra. É vista também como uma teoria interseccional e emerge da experiência das mulheres negras que vivenciam o conjunto de opressões e hierarquias reprodutivas.

4. A justiça reprodutiva está diretamente conectada à equidade?

Emanuelle Goes – A justiça reprodutiva se baseia no entendimento de que o impacto das opressões de raça, classe, gênero e orientação, interagem e fazem com que as mulheres sofram de forma mais potencializada as diversas violências no campo dos direitos reprodutivos e da saúde reprodutiva. Então, a justiça reprodutiva tem esse ambiente mais amplo que a gente vai experimentar nas diversas identidades das mulheres e nas diversas opressões a que estão submetidas.

“Conversa afiada” reúne mais de 100 participantes para debater a participação política de mulheres negras

No dia 26 de maio, o Fundo Baobá, junto com a Oxfam Brasil, organizou o evento virtual “Conversa Afiada – Mulheres Negras e Participação Política”, que reuniu mais de 100 lideranças femininas para debater e promover a integração e potencialização de ideias sobre representatividade e desigualdades que impactam a participação política de mulheres negras.

O bate-papo contou com duas convidadas: Lúcia Xavier, assistente social e coordenadora da ONG Criola, e Robeyoncé Lima, codeputada estadual de Pernambuco, pela Mandata Juntas/PSOL, com mais quatro codeputadas. Participaram também Selma Moreira, diretora-executiva do Fundo Baobá, Fernanda Lopes, diretora de programa da organização, Katia Maia, diretora-executiva da Oxfam Brasil, e Tauá Pires, coordenadora de gênero e raça dessa organização.

Na abertura do evento, Katia Maia reforçou a importância do encontro virtual para  aumentar o engajamento político daquelas que não são representadas: “é uma luta fundamental para o nosso país neste momento e a principal forma de enfrentar e combater a desigualdade é entrar nos espaços dominados por homens brancos”, afirmou.

Selma Moreira fez questão de exaltar a importância da representatividade naquela ocasião: “Me emociona ver tantos rostos de mulheres negras nesta tela”. Como diretora-executiva do Fundo Baobá, ela salientou a importância de programas que desenvolvam as habilidades de liderança de mulheres negras: “Quando a gente fala de participação política, a gente olha para os grupos que estão em cargos parlamentares. Porém, há também outros espaços de poder, como as comunidades, e os seus processos locais;  as empresas. Por isso, quando o Fundo Baobá desenvolve e lança um programa de aceleração de lideranças femininas negras, é com expectativa de contribuir para que mais mulheres representem a força da mulher negra em vários espaços e construir um novo cenário. Que possamos participar de um espaço que nos inclua”.  

Em sua fala, Lúcia Xavier (ONG Criola) também ressaltou a importância de espaços que fomentem a participação política da mulher negra na nossa sociedade. “A participação feminina negra é a afirmação do sujeito político mulher negra, que vem a público dizer o que quer, o que lhe interessa, o que lhe é de direito, mas que também vem  a público disputar poder”. Segundo ela, participação é manejar instrumentos políticos que, necessariamente, parecem naturais. “Basta dizer sim ou não e isso já é uma manifestação política, mas são instrumentos que nos ajudam a construir a nossa expressão pública, explicitando nossos interesses e nossos processos de disputa de poder e, sobretudo, nos ajudam a definir quem somos nos momentos de decisão, individual e coletiva”. Lúcia afirmou ainda que a participação da mulher negra é fundamental para a cidadania “porque, sem essa dinâmica de participação, a cidadania  não tem sentido, ela não se faz concretamente, age como título sem conteúdo.”

Frente às dificuldades encontradas neste país em garantir a participação política negra, Lúcia Xavier recorreu à história e relembrou que as mulheres negras não tinham participação política no processo de preparação para a Conferência de Durban, na África do Sul. “As mulheres negras estavam de fora do processo da conferência de Durban e, em 1999,  elas resolveram criar uma articulação que pudesse dar conta da participação de diferentes mulheres naquele contexto. A partir daí, dominaram de 1999 a 2001 todos os campos de discussão, aprendendo e ensinando a fazer política em um campo já determinado e fechado, com práticas e instrumentos que elas não dominavam”, explicou. “Então, necessariamente, não significa que a participação seja só agir sob o instituído, mas sim instituir novos processos e novas dinâmicas, nos quais a sua voz e a sua vez são projetadas.”

A codeputada Robeyoncé Lima, de Recife (PE), aproveitou o gancho deixado por Lúcia Xavier, sobre a nova dinâmica de fazer política, para exaltar a forma como ela, mulher-trans e negra, conseguiu se tornar representante na Assembleia Legislativa de Pernambuco, em uma nova configuração que se constituiu na “Mandata Coletiva – Juntas”, na qual ela e mais quatro codeputadas (Jô Cavalcante, Carol Vergolino, Kátia Cunha e Joelma Carla) foram eleitas para conduzir o mesmo mandato. “É uma tentativa de trazer um novo cenário para a política e um novo contexto, sendo uma nova configuração e, até mesmo, um ‘hackeamento’, dessa política que não representa a gente. Na Assembleia Legislativa, somos a primeira experiência de uma Mandata Coletiva de participação popular antirracista e anticapitalista. Vivemos um momento em que a participação de mulheres na política, sobretudo de mulheres negras, é pouco expressiva.”

Robeyoncé também rememorou a origem da falta de participação política feminina, sobretudo a negra, na história do país e do mundo. “As mulheres só tiveram direito ao voto no ano de 1932, mesmo assim com a autorização do marido. Portanto, a história da mulher negra na política é algo muito recente. A gente vem tentando, constantemente construir, e esse espaço é negado pra gente o tempo todo”, afirmou. Depois de 80 anos da conquista do voto feminino, as mulheres são apenas 15% das cadeiras do Congresso Nacional, conforme falou a codeputada. “Em se tratando de mulheres negras, esse número cai para 3%, sendo que representamos 28% da população do país. Essa disparidade põe em cheque a falácia de que o Congresso Nacional é o sistema representativo que a gente tem no país. No final das contas, ele terminou cedendo a interesses econômicos e cedendo à ideia cultural da sociedade brasileira de que política é só para homem. O que precisamos fazer é desconfigurar esse sentido. Se quisermos reescrever a história, precisamos ter gente nossa lá dentro”. 

Com exceção das organizadoras do evento, de Lúcia, da codeputada Robeyocé e da jornalista Camila da Silva, do portal Mundo Negro, todas as demais mulheres que falaram fazem parte do Programa de Aceleração e Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco, iniciativa do Fundo Baobá em parceria com Instituto Ibirapitanga, Fundação Ford, Open Society Foundations e Fundação Kellogg. Vanessa Barbosa, articuladora do Movimento Negro Evangélico no Recife (PE) e da Rede de Mulheres Negras Evangélicas do Brasil, foi a primeira a pedir a palavra, e destacou a importância da educação política para as pessoas em situação de vulnerabilidade, ressaltando, principalmente, as mulheres negras “No começo do ano, tivemos uma pesquisa do Datafolha mostrando que a maioria do núcleo evangélico no país é composto por mulheres negras, de baixa escolaridade e de baixa renda. Nós, do Movimento Negro Evangélico, temos nos preocupado em como fazer um processo de conscientização e educação política junto como esse povo, porque a gente sabe que o fundamentalismo religioso é expresso na bancada evangélica, nas esferas estadual e federal. E essa frente parlamentar evangélica tem prestado um verdadeiro desserviço à nossa democracia e à vida da população negra, principalmente nesse contexto de pandemia”, afirmou.

Referente ao impacto da pandemia do coronavírus na população negra, a líder Clara Marinho, que é gestora pública federal, atua na área econômica e tem acesso às previsões macroeconômicas, explicou que serão tempos desafiadores e que é necessário resiliência. “Há uma previsão, pós pandemia, de aceleração tecnológica, de uberização dos empregos, ampliação de desemprego e do subemprego. Tivemos, recentemente, o projeto da renda emergencial, que teve muitos buracos. Chegou pra gente que não precisava e não chegou pra quem realmente necessitava. O valor de 600 reais foi fixado pelo Congresso Nacional, mas quem recebeu os benefícios políticos disso foi o Executivo. Portanto, é necessário agir.”

Dentro ainda do contexto de educação política, apresentado por Vanessa Barbosa, a jornalista Camila da Silva, do portal Mundo Negro, externou sua preocupação com a juventude feminina negra. “Eu me questiono como nós, mulheres negras, conseguimos transformar todas as nossas discussões, e embasamento, em ações, pautando também a juventude negra e as meninas negras. Como a gente entende a educação nesse cenário, ainda mais considerando que o Brasil é o quarto país em número de casamentos na infância e adolescência, e grande parte deles envolvem meninas negras?”, indagou.

Ingrid Farias, advogada feminista antiproibicionista de Pernambuco, ressaltou que a discussão de fomentar candidaturas de mulheres negras deve ser pautada dentro dos próprios partidos políticos. “A dificuldade em se ter uma mulher dentro da política começa dentro dos próprios partidos políticos, ditos progressistas, que minimizam a nossa luta dizendo que assuntos de identidade não podem estar acima de assuntos relacionados à crise política. Sempre que tentamos colocar o debate racial no centro da questão, somos tidas como loucas, que querem mudar o foco diante de um momento de crise, sendo justamente nesses momentos que devemos levantar essas questões”.  Ela também destacou que a esquerda não conhece a classe trabalhadora, quem a compõe nem quem faz as cidades e suas riquezas. Dogivania Sousa, líder quilombola do Maranhão, reforçou o cenário de exclusões vivenciados nos partidos e apresentou a ideia de “formar um partido apenas com mulheres.”

“Esse sistema, da forma como está estruturado, não vai nos escutar, pois está estruturado para manter privilégios”, disse Chiara Ramos, do Coletivo Abayomi de Juristas Negras, de Pernambuco, em uma fala que ela mesma classificou como incendiária. “Ou nos articulamos para sermos uma força revolucionária ou não vamos conseguir fazer com que nos escutem e que se sensibilizem. Afinal, trata-se de um sistema construído e constituído juridicamente, politicamente e institucionalmente para nos negar a existência.”

Chrys Pereira, do Grupo de Mulheres Lésbicas e Bissexuais Maria Quiteria, da Paraíba, recitou um poema dedicado a todas as participantes do evento. O texto traz luz e esperança, configurando o objetivo do encontro virtual, aliado com a missão do Fundo Baobá, que é a promoção da equidade racial dentro do eixo viver com dignidade:

“Atenção, atenção
Finalmente estamos unidas fazendo revolução
É Preta que questiona
É Preta que tensiona
É organização ancestral que está se manifestando em nós

Recebe, Preta
Recebe
Deixa essa energia trabalhar 
Seja no parlamento, no campo, na cidade
Ou nas águas que você está
Mas tem que ser com a sabedoria das Pretas mais velhas,  
Que te forjaram nessa resistência.

Tá na hora de tu reconhecer
Que o teu conhecimento tem poder 
É poder e ninguém tira de você
Ocupa, Preta. Ocupa”

Ágora da Abrasco discute avanço da pandemia de Covid-19 em regiões vulneráveis

No dia 8 de maio, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) realizou mais uma edição da Ágora, um espaço livre de diálogo, com a participação de pessoas de diversos setores públicos e movimentos sociais. O tema debatido foi a pandemia, que na época do evento já havia feito 9 mil vítimas fatais no país. Hoje, o número se aproxima dos 30 mil mortos no Brasil. Na ocasião, o país também chorava a morte do músico e compositor Aldir Blanc, em 4 de maio, também vítima da Covid-19. O evento contou com homenagens que reverenciavam o seu legado para a cultura brasileira.

Com a mediação do professor Luís Eduardo Batista, coordenador do GT Racismo e Saúde da Abrasco, o encontro virtual, que foi transmitido em tempo real pelo YouTube, contou com a presença da deputada federal Jandira Feghali (PCdoB/RJ), do senador Rogério Carvalho (PT/SE), de Richarlls Martins, coordenador da Rede Brasileira de População e Desenvolvimento do Rio de Janeiro, e de Fernanda Lopes, diretora de Programa do Fundo Baobá. Estiveram presentes os membros da Abrasco: Gulnar Azevedo, presidente dessa entidade, Eli Iola Gurgel, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, e Cristiani Vieira Machado, vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Luís Eduardo Batista, Coordenador do GT Racismo e Saúde da Abrasco

Fernanda Lopes, do Fundo Baobá para Equidade Racial, falou da atuação da organização no combate ao coronavírus por meio do edital Doações Emergenciais, que recebeu demandas de apoio para ações de combate à Covid-19. “Nós ficamos com edital aberto por duas semanas e recebemos, nesse período, 1.037 inscrições, sendo 650 de indivíduos e 387 de organizações”, disse. 

Para Fernanda, o recorde de números reflete o problema da desigualdade no país. “Isso foi um dos indicadores mais precisos dessa relação da filantropia e justiça social, com um problema  que é estrutural. Dentro do contexto da pandemia, não estamos lidando com uma situação que é nova porque as desigualdades sempre existiram. Esse caminho que o coronavírus toma, rumo a maior letalidade de pessoas que estão em situação de pobreza e em condições de vulnerabilidade socioeconômica, é um percurso comum das doenças no Brasil, dado que a saúde e a doença não são fatalidades nem obras do destino.” 

Fernanda Lopes, Diretora de Programa do Fundo Baobá

A proliferação do coronavírus em lugares mais vulneráveis é o que pauta a atuação do Fundo Baobá no trabalho de promoção da equidade, oferecendo a oportunidade de viver com dignidade, um dos eixos trabalhados pela organização. “Quando a gente olha para a cidade de São Paulo, que concentra um enorme número de casos de Covid-19, vemos que, para cada óbito em Moema, bairro com menos pessoas negras, são quatro óbitos na Brasilândia, um bairro periférico e um dos mais negros em São Paulo”, revelou. “Então, é também sobre isso que estamos falando e sobre as intersecções entre raça, pobreza, gênero. A nossa ação vem como uma resposta imediata para essa demanda urgente.”

Demanda urgente que também fez Fernanda relembrar um ponto simbólico na história do Brasil. “Esse edital de apoio é uma marca simbólica do nosso compromisso de resgate ao ideal da filantropia negra, porque quando as irmandades começaram a atuar no Brasil foi exatamente em uma situação de calamidade, porque a escravidão negra também foi uma situação de calamidade, e as irmandades se reuniam e angariavam recursos para apoiar sepultamentos e funerais com dignidade”, relembrou. “Agora, os nossos investimentos são para que haja menos mortes no país.”

Jandira Feghali, que além de deputada federal é médica,  falou da sua atuação parlamentar no enfrentamento da doença e dos desafios dessa ação.  “No Congresso nacional, enfrentamos hoje três crises: sanitária, econômica e política, sendo que essa dá saltos cada vez maiores. Mesmo assim, a gente tenta pautar projetos no campo da saúde, mas também no campo econômico, tentando superar essa amistosidade que há entre a saúde e a defesa da vida, com o emprego e a defesa da renda, até porque a economia tem que estar a serviço das pessoas”. Entre os projetos votados citados pela parlamentar estão o decreto de calamidade e o auxílio emergencial no valor 600 reais, além da aprovação do orçamento citado por ela como Orçamento de Guerra. 

Jandira Feghali, Deputada Federal – PCdoB/RJ

“Há projetos também como a MP 936, pela proteção do emprego, que a gente está tentando avançar. Nós estamos tentando responder. Mas, do ponto de vista do Congresso Nacional, o nosso problema está no Executivo, que confronta o Supremo e Congresso, rompendo permanentemente a constituição brasileira e estimulando a ruptura democrática de forma permanente. Mas o esforço é grande”, finalizou a deputada.

O mesmo desafio também enfrenta o também médico e  senador Rogério Carvalho. Entre as ações realizadas estão o cancelamento da MP 905, que permitia o rompimento de contrato de trabalhadores por seis meses, durante a pandemia. “Conseguimos derrubar, pois seria um absurdo aprovar uma reforma trabalhista em meio a todo esse contexto. A gente também conseguiu melhorar o recurso de R$ 50 bilhões para os estados do país, que têm a maior responsabilidade assistencial, mas sem tirar dinheiro dos municípios, garantindo que  houvesse suspensão de pagamentos de débitos previdenciários. Então, agregamos em torno de R$ 10 bilhões a mais no auxílio emergencial a estados e municípios.”

Rogério Carvalho, Senador – PT/SE

Na esfera social, Richarlls Martins, professor da UFRJ e doutorando em saúde coletiva, conta como foi coordenar o processo de  elaboração do Plano de Ação Coletiva ao Covid-19 nas Favelas do Rio de Janeiro. “Tudo começou quando um grupo de pesquisadores da UFRJ, da UERJ, da PUC-RJ e da Fiocruz se reuniu com articuladores dos territórios moradores das favelas do Rio de Janeiro, como a Cidade de Deus, Rocinha, Dona Marta, Maré e Alemão, para pensar a construção de um plano de ação ideal para o enfrentamento da pandemia nesses locais”. Esse trabalho foi realizado durante dez dias, durante os quais foi elaborado um plano de ação que dialoga com três grandes eixos cooperativos com medidas preventivas, sendo que um deles se relaciona diretamente com pólos de atendimento nas favelas e ações de apoio social.

“Para a nossa surpresa, conseguimos reunir, em tempo recorde, as principais autoridades públicas do Rio de Janeiro, para a entrega desse Plano, juntamente com a participação da Abrasco, do sindicato dos médicos, das enfermeiras e os agentes comunitários de saúde. Entregamos para o subsecretário de saúde e também para o de infraestrutura municipal e estadual do Rio de Janeiro”, disse Richarlls. 

Richarlls Martins, Coordenador da Rede Brasileira de População e Desenvolvimento

Apenas um dia depois desse encontro, Richarlls Martins foi convidado pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro para entregar o mesmo Plano para os deputados e deputadas. “O principal encaminhamento dessa reunião foi a aprovação do recurso emergencial do enfrentamento à Covid-19 para ação integral do Plano. Saímos de lá com o compromisso de orçar esse Plano para rápida implementação”, afirmou.

Assim como destacado por  Fernanda Lopes, do Fundo Baobá, para Richarlls Martins a pandemia tem um curso marcado fortemente pela desigualdade social. “Analisando os dados da infecção, em especial na zona oeste do Rio de Janeiro, estão os bairros com os maiores níveis de contágio e de letalidade, em comparação a outros bairros. Se ações emergenciais não forem feitas neste momento, as favelas do Rio de Janeiro serão os lugares com os mais altos índices de mortes por coronavírus”, finalizou.

Para a Deputada Jandira Feghalli, o trabalho realizado pelo Fundo Baobá e pela Rede Brasileira de População e Desenvolvimento é importantíssimo para a sociedade. “As desigualdades se expressam com muita força neste momento, por isso são necessárias essas ações emergenciais.”

Edital do Fundo Baobá selecionou 350 projetos em todo o Brasil para apoiar ações de combate à contaminação pelo coronavírus

Baobá na imprensa em maio

Em maio a diretora Selma Moreira concedeu entrevista à Ponte Jornalismo. Nessa oportunidade, ela destacou os critérios de seleção dos projetos de prevenção à contaminação pelo coronavírus objeto do edital de doações emergenciais do Fundo  e a necessidade de mais ações que beneficiem as populações vulneráveis. O edital do Fundo Baobá com o Desabafo Social estendido para todo o Brasil também repercutiu na mídia do Nordeste. Confira os destaques:

Ponte Jornalismo – 01 de maio de 2020 – Fundo Baobá financia projetos de combate à Covid-19 para negros, pobres e indígenas

Cidade Satélite  – 08 de maio de 2020 – Fundo Baobá e Desabafo Social apoiam ações comunitárias contra o coronavírus

Blog do Patrício Nunes – 07 de maio de 2020 – Fundo Baobá e Desabafo Social apoiam ações comunitárias contra o coronavírus

As listas de projetos também foram divulgadas pela imprensa:

Geledés – 01 de maio de 2002 – Fundo Baobá divulga segunda lista de projetos selecionados pelo edital de apoio emergencial contra o Coronavírus

Geledés – 16 de maio de 2020 – Fundo Baobá divulga terceira lista de projetos selecionados pelo edital de apoio emergencial contra o Coronavírus

Leia aqui

Alguns projetos apoiados pelo edital também divulgaram pela imprensa as ações realizadas:

IFB – 06 de maio de 2020 – Campus Riacho amplia campanha solidária

Mercadizar – 12 de maio de 2020 – Famílias da periferia de Belém recebem cesta básica do projeto Telas em Movimento

OBIND – 18 de maio de 2020 – CIR: Em isolamento, comunidade Canauanim recebe alimentos e orientações para se proteger da Covid-19

A presença do Fundo Baobá na página ParaQuemDoar também gerou menção em matérias sobre solidariedade às populações carentes

Anped – 11 de maio de 2020 – Apoio da SBPC e de sociedades científicas a comunidades pobres e favelas

Abeco – 12 de maio de 2020 – Apoio da SBPC, ABECO e de outras sociedades científicas a comunidades pobres e favelas

SBM – 14 de maio de 2020 – SBPC, instituições e sociedades científicas pedem solidariedade às populações vulneráveis

FUNDO BAOBÁ DIVULGA TERCEIRA LISTA DE PROJETOS SELECIONADOS PELO EDITAL DE APOIO EMERGENCIAL CONTRA O CORONAVÍRUS

O Fundo Baobá para Equidade Racial divulga hoje (15 de maio) a terceira e última lista de iniciativas selecionadas pelo edital de doações emergenciais para o combate ao coronavírus em comunidades vulneráveis. São projetos de 85 indivíduos e 45 organizações que receberão R$ 2,5 mil em até cinco dias úteis.

Ao todo, o Fundo Baobá recebeu, entre os dias 5 e 17 de abril de 2020, um total de 1037 solicitações de apoio, sendo 387 de organizações e 650 de indivíduos. Lançado em 5 de abril, o edital (relembre aqui) visa apoiar um amplo espectro de populações em situação de risco.

Desse total, foram selecionados 215 projetos de indivíduos e 135 de organizações. A primeira lista, divulgada em 17 de abril de 2020, contemplou projetos de 60 pessoas e 40 organizações; a segunda, que apoiou 70 indivíduos e 50 organizações, foi publicada em 30 de abril.

Com esta terceira lista, o edital de doações emergenciais é encerrado. O Fundo Baobá continuará apoiando ações que promovam a equidade racial – premissa fundamental para a resiliência da sociedade brasileira como um todo, como a pandemia do coronavírus está mostrando – por meio de outros editais que em breve serão comunicados.

Conheça a seguir os selecionados da terceira lista:

Nome da pessoa proponenteCidade/MunicípioEstadoOnde as ações serão realizadas – Cidade, Bairro, Comunidade/Território e UF
Adilson Victor OliveiraRedençãoCERedenção e Acarape
Alex dos SantosNiteroiRJComunidade
Amanda Kelly Gonçalves BrasileiroRecifePEBairro: Várzea. Comunidade: Sítio dos Pimenta 
Ana Paula Silva de OliveiraSão PauloSPJardim Rodolfo Pirani
Anagelia Ferreira PereiraFortalezaCEMondubim, e Planalto Ayrton Sena, Zona ZEI
Andreza Santos RodriguesSão PauloSPComunidade Vila Nova Jaguaré
Ângela Maria Dorneles PascoalCanoasRSMathias Velho e Harmonia
Antônia Fábia da Costa AlvesSenador GuiomardAC Bairro Chico Paulo 
Arilson VenturaCachoeiro de ItapemirimESComunidade Quilombola de Monte Alegre
Carla de Fátima Silva PereiraSanta HelenaMAQuilombo Vivo
Christiane MendesCaruaruPEBairro São José, Loteamento Cidade Agreste
Cíntia Cristina da Costa GeraldoRio de JaneiroRJRio Comprido, Comunidade do Escondidinho
Claudia Alice Rosa XavierSão PauloSPIlê Asé Oju OYa –  Jardim Minerva
Cláudia Maria Ferreira FreitasRio de JaneiroRJBairro Senador Augusto Vasconcelos
Climene Laura de CamargoSalvadorBAComunidade Quilombola Praia Grande, Ilha de Maré
Cynthia Dias da SilvaRio de JaneiroRJFazenda Botafogo, Acari, Pedreira e adjacências
Danielle Laleska Ferreira dos Santos FreitasRecifePEAgua Fria, Comunidade do Alto Santa Terezinha 
Débora Rodrigues Azevedo SilvaSanta LuziaMGQuilombo de Pinhões
Diego Nobrega Da SilvaRio de JaneiroRJJacarepaguá, Cidade de Deus
Edgard Aparecido de MouraSalvadorBASalvador
Edinalva Pereira SantosSanta Helena de MinasMGComunidades 
Edoniete Ribeiro GonçalvesNovo AripuanãAMNa comunidade Cristo Rei, Rio Arauá na RDS do Juma 
Emerson Claudio Nascimento dos SantosRio de JaneiroRJMorro Santa Marta
Emerson dos Santos de MirandaSalvaterraPAComunidades Quilombolas 
Erivaldo Soares de OliveiraFeira de SantanaBA Aviário
Eva Rete Mimbi BeniteParatyRJAldeia Indígena Paraty Mirim
Everton Santana SantosSalvadorBAAlto do Coqueirinho
Franciane Lima LeiteFortalezaCE Bairro da Serrinha
Francisco Ribeiro SilvaNatalRNFavelas da Cidade do Natal 
Gerson de Jesus SantosSão PauloSPPensões localizada no Centro 
Henrique da Costa SilvaRecifePEVirtualmente
Herika MarquesDuque de CaxiasRJImbariê, Jardim Rotsen
Isis Thayzi Silva de SouzaJaboatão dos GuararapesPEOcupação Carolina de Jesus
Ivaldo Bezerra Dias FilhoJoão PessoaPBComunidades de João Pessoa e Bayeux
Jadison dos Santos PalmaSalvadorBASubúrbio Ferroviário 
Jasmine Gabriele Borba PontesApiaíSP16ª Região Administrativa de Itapeva
Jeferson Alves FranciscoRio de JaneiroRJMorro da Mangueira
João Luís Joventino do NascimentoAracatiCEQuilombo do Cumbe
João Paulo de Araújo VieiraSao Bernardo do CampoSPCentro
Jonathas da Silva Conceição (John Conceição)AlvoradaRSVilas Tijuca, Umbú, Sitio dos Açudes, Santa Clara e Santa Bárbara
Jorge Luiz Fernando dos SantosRio de JaneiroRJCentro, Lapa, Catete, Glória, Largo do Machado
José Wagner do Nascimento CoelhoCaucaia -Jurema/AraturCESão Domingos, Toco, Metrópole Sul, Bouqueirão das Araras, Metropolitando, Parque São Gerardo, Tabapuazinho, Parque Potira, Arianópolis e Patricia Gomes
José Wanderson dos Santos AmorimItapecuru MirimMAQuilombo Tingidor
Joseilton de Oliveira PurificaçãoBom Jesus da LapaBAComunidade Quilombola de Barrinha, Território Velho Chico
Josemberg Silva PinheiroSão LuísMABairros de São Luís
Lisandra dos Santos LopesBrumadoBAConjuntos Habitacionais: Brisas I, II, III, IV e Bairro São Jorge
Luciana Santana de SouzaItaipavaESItapemirim (Joacima e Morro do Cemitério) Cachoeiro de Itapemirim (Itaoca Pedra)
Luís Otavio Alves BarretoSanto AmaroBABairro da Candolandia
Luísa Mahin Araújo Lima do NascimentoCachoeiraBAComunidades Rurais, Ribeirinhas, Quilombolas e intervenções sistemáticas na Feira Livre
Luzia CristinaBoa NovaGO Zona Urbana de Professor Jamil
Marcelo NascimentoSão PauloSP Guaianases, Jardim Soares 
Maria Alice ZachariasSão CarlosSPRegião periférica da cidade e zona rural
Maria de Lourdes Teixeira da SilvaJoão PesoaPBTerritório Quilombola de Ipiranga, Conde
Maria Edhayanne Erlle Ribeiro da SilvaNatalRN5  Comunidades perifericas 
Maria Lucia Quirino de CastroCampinasSPComunidades Aruanã, Chico Mendes e Santos Dummond
Maria Lucineide da SilvaCratoCEDistrito Baixio da Palmeiras, Romualdo
Maria Meirimar Santos da SilvaCoruripeALComunidade de Coruripe 
Maria Nazaré Barbosa da SilvaPoço BrancoRNComunidade Quilombola de Acauã
Maria Paula Ferreira RodriguesBelémPACidade Velha, Beco do Carmo e Beco das Malvinas, Comunidade do Porto do Sal 
Maria Sueli Corrêa dos PrazeresCametáPABom Sucesso e da Baixa Verde, Comunidade Quilombola de Porto Alegre
Marieny Matos NascimentoManausAMSão Francisco Nossa Sede, Praça 14 de Janeiro no Quilombo Urbano de São Benedito, Francisca Mendes Comunidade Indígena Urbana de Manaus
Michela Rita da SilvaBarretosSPBairros Santa Cecília, Caiçara e São Francisco
Naiane de Souza MarquesSão José da TaperaALComunidades
Onalvo de Jesus SantosBanzaeBAAldeia Pau Ferro
Pablo Rodrigo da Silva LimaSão PauloSPLajeado, Jardim Etelvina
Pâmella Gabriel Dos SantosRio de JaneiroRJPavuna
Reginaldo Souza RodriguesSão GonçaloRJVista Alegre, Jardim Bom Retiro, Guaxindiba e Morro da Viúva
Rita de Cássia Nascimento CorreiaPalmaresPEPalmares, Nilton Carneiro, Nova Palmares e Novo Horizonte
Rosália Oliveira da CostaPorto VelhoRO Bairro Jardim Santana
Rose Mary Pereira da Silva LimaRibeirao do LargoBAItambé
Rosimeire Alves de SouzaJanuaria, Riacho da cruzMG Comunidade Quilombola de Alegre
Ruan Philippe Marques Melo SantosSão Francisco do CondeBAGurugé, Estrada de Campinas
Sellena Oliveira RamosSalvadorBA Bairro Saúde
Sheyla Santana BacelarBelo HorizonteMGAglomerado da Serra, Serra
Sidnei dos SantosNiteróiRJComunidades no entorno do Largo da Batalha (Sapê, Ititioca, Maceió)
Silvane Aparecida MatiasItararéSPComunidade Quilombola Família Silvério
Solange Aparecida do NascimentoPalmasTOComunidade Quilombola Lagoa da Pedra, Município de Arraias
Thalyta Cristina Da Cunha De OliveiraRio de JaneiroRJComunidade do Guarda, Del Castilho
Valdilene Ferreira PaivaTomé-AçuPAComunidade Quilombola e Ribeirinha Marupaúba
Valdirene Aragão RochaBrumadoBADr. Juracy, Bairro da Rodoviária e o Mercado.
Valdirene Couto RaimundoMagéRJMagé, Quilombo do Feital e Bairro da Piedade
Vanda Lucia Roseno BatistaCratoCEBairro de Poço Dantas, Distrito de Monte Alverne
Vilson NovaisJaboatão dos GuararapesPEVila Rica, Moenda de Bronze 
Viviane de Sales SilvaRio de JaneiroRJBaía da Traição, Aldeia Potiguara, Estado da Paraíba
Zilda Maria de PaulaBarueriSPJardim Mutinga

Nome da organização proponenteCidade/MunicípioEstadoOnde as ações serão realizadas – Cidade, Bairro, Comunidade/Território e UF
ApremaceAquirazCEComunidade Riberinha do Iguape, Comunidade Quilombola, Resex do Batoque, Praia do Presidio, Comunidade da Vila Cabral
Associação Bebô Xikrin do BacajáSenador José PorfírioPAAldeias da TI Trincheira Bacajá
Associação Beneficente O Pequeno NazarenoFortalezaCECentro
Associação Cultural Companhia de AruandaRio de JaneiroRJMadureira, Comunidade da Serrinha
Associação Cultural e Carnavalesca Quero Ver o MomoSalvadorBASalvador
Associação de Desenvolvimento Comunitário dos Negros do Riacho-ADCNRCurrais NovosRNComunidade Negros do Riacho de Currais Novos
Associação de Desenvolvimento da Comunidade Remanescentes de Quilombro CarrascoArapiracaALQuilombo
Associação dos Moradores da Vila Cristina e Vila da PazSão PauloSPParque Bristol, Comunidades Vila Cristina e Vila da Paz
Associação Metareilá do Povo Indígena Paiter SuruíCacoalROTerra Indígena Sete de Setembro 
Associação Multicultural AzulmataNatalRNComunidade Quilombola de Capoeiras dos Negros
Associação Mutirão do PobreSão PauloSPRua dos Filhos da Terra
Associação Providenciando a Favor da VidaRio de JaneiroRJBairro Santo Cristo, Comunidades: Providencia, Morro do Pinto e King Kong
Associação Quilombola de RaposaCaldeirão GrandeBAComunidade Quilombola de Raposa
Associação Quilombola do Povoado PatiobaJaparatubaSEQuilombo Patioba Japaratuba 
Associação Quilombola Santa Filomena dos Pequenos Trabalhadores Rurais do Povoado Joaquim MariaMiranda do NorteMATerritório Quilombola
Associação Recreativa Cultural e ArtísticaJoão PessoaPBBairros da Ilha do Bispo (Comunidades do Tanque, Aratu, Mangue-seco e Beira da Linha), Porto do Capim e Varadouro (Comunidade Santa Emília e Cangote do Urubu) e na Cidade de Bayeux, nos Bairros do Baralho e São Bento 
Associação Semente da Vida da Cidade de DeusRio de JaneiroRJCidade de Deus 
Associação Social Educacional e Cultural Novos RumosSão PauloSPFavela da Ponte, Jaçanã
Casa da Comunidade do Berardo CCB-SOCIALRecifePEBairro do Prado, Comunidades do Berardo e Rua da Lama 
Centro de Estudos e Ações Solidárias da MaréRio de JaneiroRJComplexo da Maré
Comunidade Kolping  de Pedro IIPedro IIPIZonas urbana e rural de Pedro II 
G7/CPP Assistência ComunitáriaDuque de CaxiasRJParque Paulista
Grêmio Recreativo e Cultural Libertos na NoiteSão LuísMABairro Liberdade
Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBTIRio de JaneiroRJCidade do Rio de Janeiro
Instituto Bbrasileiro Cultural e SocioeducativoLaranjal do JariAPMalvinas
Instituto CrescerVicente PiresDFPontos de maior concentração da população de rua
Instituto de Ensino Profissionalizante SustentávelAquirazCEAbaiara
Instituto Efeito UrbanoRio de JaneiroRJSanto Cristo, Morro da Providência
Instituto Hórus, Instituto HojuRio de JaneiroRJMangueira, Jacarezinho, Manguinhos e Maré
Instituto ManguezalBelémPABairro Val-de-Cans
Instituto Projeto LapidarSanto AndréSPVila Sacadura Cabral
Instituto Sementes da SustentabilidadeFortalezaCEIpaumirim, Baixio e Umari
Instituto Sociocultural Nova Semeando AmorRio de JaneiroRJ Vargens e Jacarepaguá 
Instituto Vida RealRio de JaneiroRJComplexo da Maré
Integral World International MinistryFoz do IguaçuPRMorumbi III, Heleno de Freitas
Lute Sem FronteirasPortelPAIcuí, Jurunas, Pedreira e Terra Firme
Nucleo de Atendimento a Comunidade Articulada e Organizada – Grupo NaçãoVitóriaESJaburu, Gurigica, Bairro da Penha, Poligonal 1 e Território do Bem
Núcleo Sócio Cultural Semente do AmanhãRio de JaneiroRJBangu, Vila Aliança 
Projeto Alegria da CriançaCaucaiaCEDistrito de Jurema
Projeto Alternativo de Apoio a Meninos e Meninas de Rua – ERÊMaceióALComunidade Vila Brejal, Bairro Levada
Quilombo FM – 91,9Campo Grande do PiauíPISerra do Campo Grande
Sociedade da Mulher GuerreiraGuapimirimRJ Parada Ideal
Sociedade da RedençãoFortalezaCEBairro Pirambu 
Sociedade Filantrópica Semear de MedianeiraMedianeiraPRCentro, São Cristovão, Belo Horizonte, Condá, Itaipu, Cidade Alta, Frimesa, Nazaré, Ipê, Jardim Irene, Indepedência e Panorâmico
Visão SocialSobradinho IIDFSobradinho II 

Devemos celebrar o dia 13 de maio?

132 anos depois de uma lei que deveria criar as condições para que a população negra pudesse ter um tipo de inserção mais digna na sociedade, inúmeros indicadores evidenciam o racismo estrutural que conferem ao Brasil o titulo de um dos países mais desigual do mundo.

Mesmo representando 55,8% do total de brasileiros, os negros são maioria entre os desempregados do país (64%), entre aqueles que têm a mão de obra subutilizada (66,1%), os que vivem abaixo da linha da pobreza (41,7% contra 19% de brancos) e entre os que têm menos acesso a saneamento básico em seu domicílio (44,5%).

Na educação: embora praticamente não exista diferença percentual significativa entre crianças brancas e negras de 6 a 10 anos cursando o ensino fundamental (96,5% e 95,8%, respectivamente), jovens brancos de 18 a 24 anos que frequentam ou concluem o ensino superior são quase o dobro do percentual de jovens pretos e pardos na mesma faixa etária (36,1% versus 18,3%), segundo dados IBGE referentes a 2018.

Na saúde: 67% dos cidadãos brasileiros que dependem exclusivamente do SUS são negros (pretos e pardos) e, entre aqueles que declaram ter se sentido tratado de modo discriminatório ou degradante nos serviços de saúde, a maioria também é negra.

No mercado de trabalho: em 2019 a renda média mensal dos pretos equivalia a 55,8% da dos brancos.

Na segurança: as taxas de homicídio são maiores entre os pretos e pardos na faixa entre 15 e 29 anos. Entre brancos, a proporção de vítimas é de 34% enquanto para negros é de 98,5%.

É por isso que o Fundo Baobá existe: para contribuir no enfrentamento ao racismo e com a promoção da equidade racial que já deveria ter sido estabelecida.

Juntos podemos mudar esta realidade: https://bit.ly/2T4cXeF

FUNDO BAOBÁ DIVULGA SEGUNDA LISTA DE PROJETOS SELECIONADOS PELO EDITAL DE APOIO EMERGENCIAL CONTRA O CORONAVÍRUS

O Fundo Baobá para Equidade Racial divulga hoje (30 de abril) a segunda lista de iniciativas de combate à infecção pelo coronavírus em comunidades vulneráveis que foram selecionados pelo edital de doações emergenciais.  São projetos de 70 indivíduos e 50 organizações que receberão repasses de R$ 2,5 mil em até cinco dias úteis.

Em apenas doze dias, o edital do Fundo Baobá recebeu 1037 solicitações de apoio a projetos de combate ao coronavírus em comunidades vulneráveis. Desse total, 387 são de organizações e 650 de indivíduos. Ao todo, foram selecionados 220 projetos – sendo 130 pessoas e 90 organizações. Lançado em 5 de abril, o edital (relembre aqui) visa apoiar um amplo espectro de populações em situação de risco.

O total de projetos recebidos até agora superou nossas expectativas. Para dar conta de avaliar e acompanhar os projetos selecionados, suspenderemos temporariamente este edital. Sua reabertura será comunicada por meio de nossas redes sociais.

Conheça a seguir os selecionados da segunda lista:


Nome da pessoa proponenteCidade/MunicípioEstadoOnde as ações serão realizadas – Cidade, Bairro, Comunidade/Território e UF
1 – Adaildo CaetanoTururuCEComunidade Rural de Remanescentes de Quilombolas Conceição dos Caetanos
2 – Ana Claudia dos Santos LimaSantarémPASantarém e Quilombo de Saracura
3 – Anna Paula de Albuquerque SalesItaguaíRJComunidade do Engenho e do Carvão 
4 – Antonia Aparecida RosaUberlândiaMGResidencial Pequis  
5 – Antônia Marta de SouzaSenador PompeuCEComunidades Rurais de Patu e Lima dos Marcelinos  
6 – Antonio Cláudio Martins GuterresGuimarãesMAQuilombo Cumum 
7 – Bartolina Ramalho CatananteCampo GrandeMSDiferentes bairros 
8 – Carlos Alberto Ferreira GuimarãesItaboraíRJAlcantara, Mutondo e Praça Zé Garoto (São Gonçalo)
9 – Cláudio Pascoal Macario de OliveiraNatalRNPajuçara
10 – Cris MedeirosPorto AlegreRSBairro Bom Jesus (Vila Pinto e Vila Nossa Senhora de Fátima), Bairro Morro Santana (Vila Laranjeiras, Vila Pedreira e Vila da Nova Chocolatão), Bairro Jardim Carvalho (Vila Ipê 2, Vila da Colina e Vila Joana D’Arc)
11 – Diego Fabio Santos de jesusDuque de CaxiasRJFavela da Magueirinha 
12 – Diene Carvalho SilvaRio de JaneiroRJComplexo do Chapadão
13 – Eliane Silva LimaSalvadorBABairro 2 de Julho, Comunidade da Preguiça.
14 – Elisângela Maranhão dos SantosOlindaPEPeixinho, Alto Sol Nascente, Salgadinho, Alto da Conquista, Rio Doce e Passarinho.
15 – Fabiana da SilvaDuque de CaxiasRJFavela Parque das Missões 
16 – Fatima Aparecida BarbosaVotuporangaSPRegião Periférica
17 – Francilene do Carmo CardosoSão LuísMABairros do Novo Angelim e Vila Embratel
18 – Francisca Luciene da SilvaNatalRNBairro Nossa Senhora da Apresentação, Loteamento Jardim Progresso
19 – Francisca Regilma de Santana SantosImperatrizMANa associação Mãos que cuidam (doação das mascaras e estes farão as entregas às familias de acordo com a demanda que já possuem); Na sede da Ascamari (onde a diretoria fará as entregas as catadoras e catadores); Na casa do MST (será o preparo da alimentação) e a distribuição no calçadão da cidade onde concentra maior numero de pessoas em situação de rua;
20 – Franklin Douglas FerreiraSão LuísMAVila Embratel, área Itaqui-Bacanga
21 – Genilda Maria da PenhaNiteróiRJFavelas da Coreia, Brasília, Vila Ipiranga, Santo Cristo, Coronel Leôncio e Otto
22 – Gerlan Pereira de MeloPeixoto de AzevedoMTBairro Mãe de Deus
23 – Gisele Alves dos SantosSobradinhoDFSobradinho I e II DF
24 – Gláucio Pereira de LimaJõao PessoaPBNas comunidades de João Pessoa
25 – Guilherme da Costa MacielDuque de CaxiasRJDuque de Caxias
26 – Maria Rosilene Silva SantanaFortalezaCEBarra do Ceara, Pirambu. Comunidade Campos Novos, Goiabeiras, Jardim Iracema e Planalto Pici
27 – Iane Gonzaga dos SantosSalvadorBAComunidade da Portelinha
28 – Jamile da Silva NovaesCachoeiraBABairro Cucuí de Caboclo
29 – Janete Lainha CoelhoIlhéusBAComunidade dos Indígenas Tupinambás, Olivença 
30 – Jardson Gregorio SilvaJaboatão dos GuararapesPEFavela Bola de Ouro
31 – Jenifer de Paula FerreiraSanto AndréSPRecreio da Borda do Campo e Grande Vila Luzita em Santo André
32 – Jessicalen conceição de oliveiraCampina GrandePBFavela do Pedregal
33 – Jirlania dos Santos AlmeidaÁgua FriaBAComunidade Remanescente Quilombola Curral de Fora, Territorio Portal do Sertão 
34 – José Paulo RibeiroNova LimaMGFavela do Moro do Papagoio, Zona Sul de Belo Horizonte e adjacênciaas
35 – Juliana Bueno de MoraesPorto AlegreRSComunidade da Serraria 
36 – Karina LopesVenâncio AiresRSMunicípio de Venâncio Aires
37 – Kelly Oliveira de JesusSalvadorBAPeriperi
38 – Kwame Yonatan Poli dos SantosSão PauloSPZona Sul, São Paulo -SP
39 – Laura Ferreira da SilvaNossa Senhora do LivramentoMTMutuca e outras comunidades quilombolas dos Municípios de Nossa Senhora do Livramento, Poconé, Barra do Bugre, Chapada dos Guimarães, Cáceres, Porto Estrela, Várzea Grande, Santo Antônio, Vila Bela da Santíssima Trindade.
40 – Lia Maria Marcello da MottaDuque de CaxiasRJJardim Gramacho
41 – Livia Lopes CorreaCampo GrandeMSFavelas Cidade de Deus, José Teruel Filho, Só Por Deus, Homex, Samambaia e Morro do Mandela 
42 – Maria Aparecida de MatosArraiasTOAlgumas Comunidade Quilombolas do Tocantins
43 – Maria Carmencita Pinto AlmeidaManausAM Comunidade dos Buritis
44 – Maria Clareth Gonçalves ReisCampos dos GoytacazesRJComunidade Donana 
45 – Maria das Graças Barbosa MouraMacaíbaRNComunidade de Quilombola de Capoeiras
46 – Maria Eduarda Correia de SantanaDuque de CaxiasRJNas favelas de Duque de Caxias
47 – Maria Rosilda Pereira de Azevedo MoreiraRio de JaneiroRJComunidade de Praia da Rosa, Ilha do Governador
48 – Maricéia Meirelles GuedesPorto SeguroBAComunidade Indígena Pataxó Aldeia Velha 
49 – Monique Barbosa da SilvaLaranjal do JariAPAgreste
50 – Nádia Batista da SilvaIlhéusBA Aldeia Tukum – Território Indígena Tupinambá de Olivença
51 – Natan Carlos Raposo DuarteSalvadorBABairro Baixa do Fiscal
52 – Natercia Wellen Ramos NaveganteManausAMManaus, Centro Histórico, Nossa Senhora dos Remédios/ Amazonas
53 – Patricia Borges da SilvaSão PauloSPRegião Central de São Paulo
54 – Patricia lopes de limaSão João de MeritiRJPontos de atuação das profissionais do sexo e locais onde se abrigam pessoas em situação de rua
55 – Prof. Roberto Carlos de OliveiraGovernador ValadaresMGTerra Indígena Maxakali: municípios de Bertópolis e Santa Helena de Minas
56 – Rafael Cícero de OliveiraItapecerica da SerraSPJd Jacira (Paróquia Santíssima Trindade)
 Jd. Ângela
Jd Sonia Regina –
Jd Vera Cruz /CEU Vila do Sol
Vila Gilda/Cidade Ipava
Jardim Ângela – São Paulo
57 – Rafaela Sousa do Nascimento AffonsoMagéRJBairro Maria Conga
58 – Raiana Venâncio de SouzaSobralCEBairros Terrenos Novos, Vila União e Residencial Nova Caiçara 
59 – Raimundo Muniz CarvalhoSanta RitaMAComunidades quilombolas Nossa Senhora da Conceição, Recurso e Fogoso
60 – Roberto de Jesus dos SantosSalvadorBABairros: Pituaçu/Boca do Rio nas comunidades do Baite Facho, Alto do São João, Jardim Imperial, Recanto dos Coqueiros e Barreiro 
61 – Romário Bezerra DionísioBoa VistaRRComunidades  indígenas da Região Murupu :Morcego, Serra da moça, Truaru da cabeceira , Truaru da serra e anzol  e  da Região Tabaio: Barata , Boqueirão , Sucuba, Raimundão um e dois , Mangueira,  Pium.
62 – Rosana do Socorro Pimentel de FreitasRio de JaneiroRJComunidade do Itacolomi- Vila Juaniza
63 – Samilly Valadares SoaresAnanindeuaPAComunidade Remanescente de Quilombo Oxalá de Jacunday localizada no Território Quilombola de Jambuaçu, Zona Rural, Moju
64 – Senhorinha Joana Alves da SilvaRecifePEPeixinhos (Olinda) e Brasília Teimosa (Recife).
65 – Sheila Castro QueirozBelo HorizonteMGBairro Paulo VI, e Ribeiro de Abreu
66 – Tânia Marisa da Silva VitolaPorto AlegreRSSanta Tereza
67 – Valeria Gercina das Neves CarvalhoCratoCESetor Boa Vista (Zona Rural) e  Comunidade de Refugiados Venezuelanos (Zona Urbana)
68 – Wendell Marcelino de limaSão FranciscoMGComunidade Quilombolas Buriti do Meio, Porto Velho.
69 – William Alexandre Toledo PintoRio de JaneiroRJTerritório do Cocobongo, Praça Vila Rangel – Irajá
70 – Yashodhan Abya YalaCachoeiraBAÁrea central

Nome da Organização ProponenteCidade/MunicípioEstadoOnde as ações serão realizadas – Cidade, Bairro, Comunidade/Território e UF
1 – Ass. de Agricultores Familiares Remanescente de Quilombo da Lagoa de Melquíedes e AmâncioVitória da ConquistaBAQuilombo da Lagoa de Melquiades e Amancio, Distrito de Veredinha
2 – Assoc dos Amigos dos Portadores do Doencas Graves e Crianças em Vulnerabilidade Social–Casa da VidaRio de JaneiroRJBenfica, Manguinhos, Mandela
3 – Associação Agentes da Cidadania – Mulheres da LuzSão PauloSPBom Retiro
4 – Associação Artístico-Cultural OdeartSalvadorBAEstrada das Barreiras, Engomadeira, Beiru, Arenoso
5 – Associação Beneficente, Cultural e Religiosa do Terreiro de LembáCamaçariBAParque Real Serra Verde , Terreiro de Lembá, Região Metropolitana, Bahia , Brasil.
6 – Associação das Mulheres PintadensesPintadasBABacia do Jacuipe
7 – Associação de Afro Envolvimento Casa PretaBelémPASão João do Outeiro, Ilha de Caratateua
8 – Associação de Apoio Social de CamaçariCamaçariBAComunidade do Bairro Jaragua (Lama Preta)
9 – Associação dos Moradores do Parque dos Coqueiros I e IIFeira de SantanaBAAsa Branca, Residencial Parque dos Coqueiros I e II, Bahia
10 – Associação dos Produtores Rurais de Picada-Aspi Ouriçangas BA Territorio Quilombolas
11 – Associação dos Remanescentes de Quilombo Vila GuaxinimCruz das AlmasBAComunidade Quilombola Vila Guaxinim
12 – Associação Educadores Populares do CearáTabuleiro do NorteCEComunidades Rurais (que serão acessadas de forma remota).
13 – Associação em Prol da Cidadania e dos Direitos Sexuais – Estrela GuiaFlorianópolisSCVila do Arvoredo; Ingleses; Comunidade do Siri; Vila União; Centro
14 – Associação Engenheiros sem Fronteiras Brasil (ESF-BRASIL)ViçosaMG
15 – Associação Espirita Lar Maria de LourdesCampo VerdeMTBairro Jupiara e arredores, cidade de Campo Verde – MT
16 – Associação Luz da FraternidadeBelémPACabanagem
17 – Associação Quilombola de Conceição das CrioulasSalgueiroPEQuilombo de Conceição das Crioulas
18 – Associação Rural Comunitária Quilombola de Gavião e AdjacênciasAntônio CardosoBAComunidade Quilombola de Gavião
19 – Associação SEDUP Serviço de Educação PopularGuarabiraPBBairros: Mutirão, Rosário, Nordeste e Nossa Senhora Aparecida.
20 – Associação União Quilombola Araça CariacaBom Jesus da LapaBAQuilombo Cariaca
21 – Casa Azul Felipe Augusto Samambaia SulDFSamambaia Expansão
22 – Centro Cultural Lá da FavelinhaBelo HorizonteMGAglomerado da Serra. Bairro Novo São Lucas.
23 – Centro de Convivência é de LeiSão PauloSPBairro: Campos Elíseos, Território – Cracolandia
24 – Centro de Defesa dos Direitos Humanos Antonio ConselheiroSenador PompeuCESenador Pompeu
25 – Centro Projeto Axé de Defesa e Proteção à Criança e ao AdolescenteSalvadorBACentro Histório e da Cidade Baixa; Bonfim, Ribeira, Boa Viagem, Calçada, Caminho de Areia, Lobato, Mangueira, Mares, Massaranduba, Roma, Santa Luzia, Uruguai, Vila Ruy Barbosa/Jardim Cruzeiro, Cabula, Beiru/Tancredo Neves, Sussuarana, Saramandaia, São Gonçalo, Pernambués, Mata Escura, Narandiba, Doron, Arenoso, Calabetão.
26 – Colônia de Pescadores Z-25 JaboatãoJaboatão dos GuararapesPEPiedade
27 – Comunidade Kolping Serra do EvaristoBaturitéCEComunidade Quilombola Serra do Evaristo
28 – Confrem BrasilSão Pedro da AldeiaRJReservas Extrativistas, APAS e territórios no estados do Amapá, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Pernambuco, Sergipe, Paraíba, Alagoas, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
29 – Cooperativa Múltipla Fontes de EngomadeiraSalvadorBAEngomadeira
30 – Elas Existem Mulheres EncarceradasRio de JaneiroRJDegase (Ilha do Governador) e diversos pontos da cidade onde residem as famílias
31 – Essor BrasilJoão PessoaPBBairro do Pedregal
32 – GOLD – Grupo Orgulho Liberdade e DignidadeVitóriaESSerra e a Cariacica
33 – Grupo Airmativo de Mulheres Iindependentes do RN – GAMINatalRNRedinha
34 – Grupo Conexão G de Cidadania LGBT de FavelasRio de JaneiroRJComplexo de Favelas da Maré
35 – Grupo de Apoio às Comunidades CarentesFortalezaCEConjunto João Paulo II/Barroso, Conjunto Jardim União/Passaré, Antônio Bezerra.
36 – Imagem da VidaSão PauloSPTerritorio virtual (whatsapp) dirigio à população Guarani e Kaiowa do Mato Grosso do Sul
37 – Instituto BezalelRio de JaneiroRJComunidades do Vilar Carioca e Casinhas 1 e 2
38 – Instituto CTE CapoeiragemSalvadorBAEm Salvador: Pituaçu, Boca do Rio, Nazaré e em algumas outras comunidades que moram os mestres antigos. Em Camaçar: PHOC III
39 – Instituto de Desenvolvimento Afro Norte Noroeste Fluminense – IDANNFCampos dos GoytacazesRJComunidade Quilombola de Aleluia, Batatal e Cambucá – Na associação de ABC- Município Campos dos Goytacazes , Estrada Principal s/n, Fazenda Novo Horizonte . Território
40 – Instituto Nova Amazonia- INÃBragançaPAAlto Paraíso.
41 – Instituto RaízesVitóriaESMorros da Piedade, Fonte Grande, Capixaba e Moscoso
42 – Instituto ViverdeItabunaBAJardim Grapiúna e Jaçanã
43 – Instituto Espírita Allan Kardec e Lar Ceci Costa – IEAKLCCOlindaPESalgadinho
44 – Irmandade Nossa Senhora do Rosário da Comunidade Quilombola dos Arturos de ContagemContagemMGComunidade Quilombola dos Arturos
45 – Movimento de Inclusão Social Novo HorizonteRio de JaneiroRJFavelas do Morro do Borel e Formiga.
46 – Organização do Povo Indígena Parintintin do AmazonasHumaitaAMAldeias Traíra e Pupunha – TI Nove de Janeiro e Aldeia Canavial – TI Ipixuna
47 – Projeto Resgate Coração SolidárioRio de Janeiro/ Rio de JaneiroRJJacarepaguá, Campo Grande, Centro da Cidade, Baixada Fluminense, Sul Fluminense, Niterói, Cidade de Deus, Covanca, Rio das Pedras, Comunidade Santa Margarida
48 – Rede de Apoio Humanitário das e nas PeriferiasSão PauloSPJova Rural, Filhos da Terra, Jardim Hebrom, Vila Nova Galvão e Jardim Felicidade
49 – Sociedade Recreativa e Cultural Afoxé Filhas de GandhySalvadorBACentro Histórico
50 – Tecendo CidadaniaPalmaresPECidade de Palmares

CONHEÇA A PRIMEIRA LISTA DE PROJETOS SELECIONADOS PELO EDITAL DE APOIO EMERGENCIAL CONTRA O CORONAVÍRUS

O Fundo Baobá para Equidade Racial recebeu mais de 600 solicitações de apoio a projetos de combate ao coronavírus em comunidades vulneráveis entre os dias 5 e 12 de abril de 2020. 

Neste período foram 228 requerimentos apresentados por organizações e 376 apresentados por indivíduos. 

Destes, foram selecionadas 60 propostas individuais e 40 de organizações , totalizando 100 iniciativas que receberão repasses de até R$ 2,5 mil. Os valores serão creditados em até cinco dias úteis contando a partir de hoje (17 de abril de 2020).   

Entre 13 e 16 de abril recebemos outras 234 propostas de indivíduos e 131 de organizações, que serão avaliadas ao longo da próxima semana.  Os novos selecionados devem ser anunciados no dia 30 de abril de 2020.

O total de projetos recebidos até agora superou nossas expectativas. Para dar conta de avaliar e acompanhar os projetos selecionados, suspenderemos temporariamente este edital. Sua reabertura será comunicada por meio de nossas redes sociais.

Confira as Iniciativas Selecionadas

Nome da Organização Proponente Cidade/Município Estado Onde as ações serão realizadas (cidade, bairro, comunidade / território)
1 – Aqcomaq- Associação Quilombola Comunitária De Lagoa Grande Feira De Santana Bahia Comunidade Quilombola De Lagoa Grande
2 – Arena Cultural Idalina Souza   Duque De Caxias Rio de Janeiro Bairro Figueira e Adjacências, Duque De Caxias
3 – As Caboclas Rio De Janeiro Rio de Janeiro Ocupação Bosque Dos Caboclos, Campo Grande, Zona Oeste, Rio De Janeiro
4 – Associação Afro Brasileira Quilombo Erê – Atabaque Jacobina Bahia Jacobina, Bairro Quilombola Bananeira
5 – Associação Amigos De Nossa Senhora Da Conceição Paulista Pernambuco Paulista, Loteamento Conceição, Comunidade Dos 3 Postes e Baixada Do Mangue
6 – Associação Beneficente São Martinho Rio De Janeiro Rio de Janeiro Rio de Janeiro – Centro
7 – Associação Centro Social Estrela Dalva Ananindeua Pará Loteamento Cristo Redentor, Alameda São Paulo, N° 12 – Maguari
8 – Associação Cultural Maracrioula São Luís Maranhão São Luís, Bairro Liberdade
9 – Associação Da Cultura Hip Hop De Esteio Esteio Rio Grande Do Sul Cidade Esteio, Bairros São José, Primavera, Hípica, Vila Pedreira, São Sebastião
10 – Associação Das Comunidades Remanescentes De Quilombos Do Município De Oriximiná Oriximiná Pará Município De Oriximiná – Pará 1- Comunidades:  Cachoeira Porteira,  Abuí, Paraná Do Abuí, Santo Antônio Do Abuizinho, Tapagem, Sagrado Coração De Jesus, Mãe-Cué, Curuçá, Juquirizinho, Jamari, Juquiri Grande, Palhal, Nova Esperança, Último Quilombo, Moura, Boa Vista Trombetas, Mussurá, Bacabal, Aracuan De Cima, Aracuan Do Meio, Aracuan De Baixo, Serrinha, Terra Preta Ii, Jarauacá, Poço Fundo, Acapú, Varre Vento, Santa Rita, Boa Vista Cuminã, Água Fria, Ariramba, Jauari, Araçá, Espírito Santo, São Joaquim, Pancada
11 – Associação De Apoio As Meninas E Meninos Da Região Sé (Aacriança) São Paulo São Paulo Região central da cidade
12 – Associação De Moradores Do Alto Do Cabrito E Adjacência – Amaca Salvador Bahia Alto Do Cabrito, Subúrbio Ferroviário de Salvador
13 – Associação De Produtores Remanescentes Quilombolas De Volta Miúda – Caravelas/Ba Caravelas Bahia Município De Caravelas, Comunidade Quilombola de Volta Miúda
14 – Associação Dos Moradores E Produtores Ruais Da Comunidade Quilombola Santa Rita De Barreira São Miguel Do Guamá Pará Território Quilombola Santa Rita De Barreira, Zona Rural, Município De São Miguel Do Guamá
15 – Associação Dos Remanescentes De Quilombo De São Braz Santo Amaro Bahia Santo Amaro, São Braz, Comunidade Remanescente De Quilombo De São Braz/Território Quilombola
16 – Associação Dos Remanescentes Do Quilombo Dos Caetanos Em Capuan Caucaia CE Caucaia Ceará Caucaia, Capuan, Comunidade Quilombola Dos Caetanos, Território Jose De Alencar Metropolitano
17 – Associação Filantrópica Arte Salva Vidas Rio De Janeiro Rio de Janeiro Complexo Do Caju – Rio de Janeiro
18 – Associação Indígena Pariri Itaituba Pará Reserva Indígena Praia Do Índio e Reserva Indígena Praia Do Mangue, Itaituba
19 – Associação Médicos Do Mundo Sao Paulo São Paulo Região da Praça da Sé – São Paulo
20 – Associação Phábrika De Arthes Rio De Janeiro Rio Janeiro Fazenda Botafogo – Sub Bairro de Coelho Neto – Rio de Janeiro
21 – Associação Soenama Do Povo Indígena Paíter Suruí   Cacoal Rondônia  Aldeia Iratana
22 – AST-Agência Social De Talentos Rio De Janeiro Rio De Janeiro Em Bonsucesso, ao lado dos Complexos Do Alemão, Da Maré, De Manguinhos
23 – Centro De Ensino Superior De Agudos Agudos São Paulo Centro Oeste Paulista -Município de Agudos e Região (Lençóis Paulista, Bauru, Pederneiras, Piratininga, Macatuba, São Manoel)
24 – Centro De Orientação E Desenvolvimento De Luta Pela Vida João Pessoa Paraíba João Pessoa – área central, no entorno dos Mercados Públicos, Marquises Comerciais, Praças, Viadutos e Construções Abandonadas.
25 – Comissão Pastoral Da Terra Rio Branco Acre Seringal da Bacia Hidrográfica do Riozinho do Rola
26 – Comunema – Coletivo De Mulheres Negras “Maria-Maria” Altamira Pará Reassentamentos Urbanos Coletivos, Território Periférico Urbano E Rural
27 – Conselho Indígena De Roraima – CIR Boa Vista Roraima Comunidade Indígena Canauanim, Terra Indígena Canauanim, Município De Cantá
28 – Educap- Espaço Democrático De União,Convivência,Aprendizagem E Prevenção Rio De Janeiro Rio De Janeiro Compelxo do Alemão, Matinha/Canitar
29 – Fundação Dom José Brandão De Castro Poço Redondo Sergipe Poço Redondo, Sergipe
30 – Grupo Anjos Da Tia Stellinha Rio de Janeiro Rio de Janeiro Comunidade Dos Macacos, Vila Isabel, Rio De Janeiro
31 – Grupo Brasileiro De Promoção Da Cidadania Picos Piauí Picos – Piauí
32 – Grupo Mulher Maravilha Recife Pernambuco Bairro de Nova Descoberta
33 – Ile Axe Omorode Loni Oluaye Santo Amaro Da Purificação Bahia Santo Amaro Da Purificação – Bairros Do Pilar, Ilha Do Dendê, Derba, Sinimbú E Acupe. Assim Como Para Pessoas De Comunidades De Terreiro
34 – Instituto Anjos Da Noite Camocim Ceará Camocim Ceará
35 – Instituto Futsal Sem Drogas Várzea Grande Mato Grosso Cohab Cristo Rei – Parque Do Lago – Jaime Campos – Bairro Da Manga
36 – Instituto Inovação Sustentável São Paulo São Paulo São Paulo / Brasilândia / Zona Norte
37 – Ocip Ylê Axé De Iansã Araras São Paulo Assentamento Rural Araras 3
38 – Profec – Centro Ecumênico De Formação E Educação Comunitária Duque De Caxias Rio de Janeiro Bairros  Jardim Primavera, Campos Elíseos e Saracuruna
39 – Projeto Recriando Raízes Rio De Janeiro Rio de Janeiro Costa Barro –  Comunidades do Quitanda, Pedreira, Largatixa, Final Feliz, Chapadão e Terra Nostra
40 – Fundação Dom José Brandão de Castro  Poço Redondo, Sergipe  Poço Redondo Sergipe Poço Redondo, Sergipe
Nome da Pessoa Proponente Cidade/Município Estado Onde as ações serão realizadas (cidade, bairro, comunidade / território)
1 – Adinil Batista De Souza Cachoeira Bahia Comunidades Quilombolas do Município de Cachoeira
2 – Altamira Simões  – Santos De Sousa Salvador Bahia Salvador (Liberdade,  Pero Vaz,  Alto Do Cabrito,  Boiadeiro- Plataforma), Camaçari ( Barra De Pojuca)
3 – Ana Biatriz Santos De Souza Camaragibe Pernambuco Camaragibe- Timbi (Lixão, Enbolatanga e Maconhão), Bairro Novo (Rosa Selvagem, Aldeia De Baixo, Rachão)
4 – Ana Bispo Martins Dianópolis Tocantins Comunidade Quilombola de Lajeado, Zona Rural de Dianópolis
5 – Ana Cleide Ferreira Do Nascimento Teresina Piauí Comunidade Vila Nossa Sra. da Guia, Comunidade São Raimundo e Moradores de Rua do Grande Itararé
6 – Ana Paula Souza Da Silva Salvador Bahia Salvador
7 – Andreia Quintão Vasconcelos Duque De Caxias Rio De Janeiro Duque De Caxias – 1º Distrito
8 – Antonio Elisio Celestino Da Silva Fortaleza Ceará Grande Pirambu (Cristo Redentor e Barra Do Ceará)
9 – Christian Basilio Oliveira Duque De Caxias Rio De Janeiro Terceiro Distrito de Duque de Caxias – Imbariê
10 – Cleide Jane Figueiró De Araujo Duque De Caxias Rio de Janeiro  Vila Amélia / Duque de Caxias
11 – David Jefferson Tavares De Oliveira Jaboatão Dos Guararapes Pernambuco Jaboatão Dos Guararapes, Conjunto Muribeca, Muribeca e Adjacências
12 – Dayana Gusmao Da Silva Rio De Janeiro Rio de Janeiro Nova Holanda e Morro Do Timbau – Maré 
13 – Demison Ferreira Cardoso Ouriçangas Bahia Ouriçangas/Bahia
14 – Diácono Claudio Viana Gonçalves Itapipoca Ceará Bairros São Francisco, Cacimbas e Alto Alegre
15 – Edilene Americo Silva Brasília Distrito Federal Brasília, Samambaia e Estrutural
16 – Fabiana Da Silva Ferrinha Rio De Janeiro Rio de Janeiro Bonsucesso
17 – Fábio Da Mata De Sousa Belo Horizonte Minas Gerais  Belo Horizonte (Região Central da Capital, Região Hospitalar, Bairro Santa Efigênia, Regiões Periféricas do Bairro Venda Nova)
18 – Fabíola Maria De Oliveira Da Silva Rio De Janeiro Rio de Janeiro  Taquara; Bateau Mouche Praça Seca Jpa Cantagalo (Ipanema); Morro dos Macacos (Vila Isabel); Brisa no Recreio dos Bandeirantes; Localidades na Baixada Fluminense nas Cidades de Mesquita, Nova Iguaçu, Queimados e Belford Roxo.
19 – Fabrício Cabral Do Nascimento Feira De Santana Bahia Feira De Santana – Feira 10
20 – Fernanda Rodrigues Dos Santos Santa Maria Da Boa Vista Pernambuco  Comunidade Quilombola de Cupira, Município de Santa Maria da Boa Vista
21 – Flávio Gomes De Pontes João Pessoa Paraíba Comunidade São Rafael
22 – Flavio Santos Machado Salvador Bahia Itapuã, Alto Do Coqueirinho
23 – Francisco Ricardo Calixto De Souza Fortaleza Ceará Fortaleza, bairro – São Joao Do Tauape, Comunidades Lagamar e Maravilha
24 – Glenda Yamali Farias Alves São Paulo São Paulo Guarulhos, Vila Itapegica (Comunidades Portelinha E São Rafael)
25 – Jailes Pimentel Dos Reis Manaus Amazonas Zonas Leste, Norte e Periferia De Manaus
26 – Jéferson Da Silva Pereira Orocó Pernambuco Território Quilombola Águas Do Velho Chico, Zona Rural
27 – Jéssica Silva José Rio Das Ostras Rio de Janeiro Rio das Ostras, Cantagalo – Comunidade Andorinhas e Presidente Lula
28 – Joice Jane Teixeira São Paulo São Paulo Comunidade do Heliópolis
29 – Joyce Cristina Cursino De Abreu Belém Pará Bairro do Jurunas
30 – Juliana Alves Alexandre Niterói Rio de Janeiro Niterói, Vital Brazil (Morro Do Vital Brazil), Santa Rosa (Morro Do Souza Soares), Santa Rosa (Favela Do Viradouro) Atalaia (Morro Do Atalaia)
31 – Letícia Freitas Firmino Da Hora São Gonçalo Rio de Janeiro São Gonçalo,  Sacramento,  Parada São Jorge
32 – Lindinalva De Paula Pinto Salvador Bahia Santa Lúzia – Subúrbio, Mussurunga, Paripe Subúrbio, Cassaje, Boca Da Mata – Cidade Salvador
33 – Lorenço Ribeiro Filho Belém Pará Comunidade Quilombola De Itacoã, Municipio do Acará
34 – Luciéte Duarte Araujo Antônio Cardoso Bahia Comunidade Rural Remanescente de Quilombos Subaé
35 – Marcelle Decothé Da Silva Rio De Janeiro Rio de Janeiro Parada De Lucas/ Rio De Janeiro
36 – Marcelo Barros Meneses Fortaleza Ceará Centro da cidade de Fortaleza
37 – Marcos Antonio Francisco Mariano Rio De Janeiro Rio de Janeiro  Costa Barros – Comunidade do Fim do Mundo
38 – Maria Patricia Santana Oliveira Adustina Bahia Comunidade do Assentamento Caimã Ponta da Serra
39 – Mayara Micaela Alves Gomes Niterói Rio de Janeiro Comunidades e Ruas De Niterói
40 – Nelson Nunes Dos Santos Vitória Da Conquista Bahia Comunidades Quilombolas do Território de Vitória da Conquista
41 – Neusa De Jesus Rio Grande Da Serra São Paulo Bairros Periféricos
42 – Nilcimar Maria Silvestre Dos Santos Duque De Caxias Rio de Janeiro Duque De Caxias e demais Municípios da Baixada Fluminense
43 – Nzinga Cavalcante De Lima Dias Tracunhaém Pernambuco Comunidade: Complexo Prado – Assentamento Chico Mendes I E Ii, Belo Oriente – Cidade: Tracunhaém – Território: Zona Da Mata Norte De Pernambuco
44 – Ozeias De Almeida Santos Antonio Cardoso Bahia Comunidade Quilombola De Paus Altos
45 – Rafael Marques Geraldo São Paulo São Paulo Rio Pequeno, Comunidade São Remo / Butantã
46 – Rita De Cássia  Pantoja Cravo Belém Pará  Bairro Da Brasília – Outeiro, Ilha De Caratateua
47 – Rodrigo Menezes Coelho Salvador Bahia Nordeste de Amaralina/ Santa Cruz / Vale Das Pedrinhas
48 – Rodrigo Monteiro Dos Santos Nova Iguaçu Rio de Janeiro Bairro Corumbá
49 – Rosana Vieira De J. Oliveira Cruz Das Almas Bahia Loteamentos Miradouro E Bela Vista
50 – Rosenilda Pereira Da Silva Ivinhema Mato Grosso Do Sul Ivinhema
51 – Sabrina Prado Alves Osasco São Paulo Osasco (Jardim Conceição) e Mairiporã (Terra Preta)
52 – Saney Luzia De Souza Rio De Janeiro Rio de Janeiro Ocupação Bosque Dos Caboclos – Estrada Dos Caboclos, Campo Grande
53 – Silvana Do Amaral Veríssimo Piracicaba São Paulo  Bairros Pauliceia e  Vila Sônia
54 – Sintia Almeida Silva Ribeiro São Paulo São Paulo Jardim Apura, Pedreira, Dorotéia e Eldorado
55 – Tasciano Santos Silva Solari Salvador Bahia Salvador, Massaranduba, Comunidade Dos Alagados (Conder)
56 – Teodora De Souza Dourados Mato Grosso do Sul Aldeia Jaguapiru, Dourados
57 – Thais Zimbwe Rio De Janeiro Rio de Janeiro Pilares – Vila Da Penha – Belford Roxo – Seropédica
58 – Ubiraci Carlucio Dos Santos Salvador Bahia Bairro Federação – Comunidade Do Auto Da Bola
59 – Vívian Kristinny Campos Silveira Dias Gonçalves   Rio De Janeiro         Rio de Janeiro         Morro Do Borel, Comunidade Da Indiana        
60 – Zoraide Francisca Gomes (Cris dos Prazeres) Rio de Janeiro   Rio de Janeiro Morro dos Prazeres


Um raio-x da saúde da população negra no Brasil em meio à pandemia

Coronavírus expõe os perversos efeitos da desigualdade que penaliza quilombolas, ribeirinhos, pescadores e pessoas em situação de rua  

Dados divulgados pelo Ministério da Saúde em abril mostram que 1 a cada 3 mortos por Covid-19 no Brasil é negro, embora pretos e pardos somem 1 a cada 4 brasileiros internados com a síndrome respiratória aguda grave. Embora assustadores, esses dados não representam a realidade e podem ser até mais impactantes, segundo Luís Eduardo Batista, coordenador do GT Racismo e Saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e pesquisador do Instituto de Saúde da Secretaria de Saúde de São Paulo. 

Luís Eduardo Batista
(Coordenador do GT Racismo e Saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e pesquisador do Instituto de Saúde da Secretaria de Saúde de São Paulo)

Ele explica que, embora existam dois instrumentos utilizados pela vigilância epidemiológica  para notificar doenças e agravos no Sistema Único de Saúde (SUS) – o e-SUS e o e-SUS VE (DATASUS) –  somente há poucos dias a variável raça/cor foi incluída. “O preenchimento desses campos é fundamental para se ter uma visão mais realista e fundamentada”, afirma o pesquisador.

Rita Helena Borret, médica da família e comunidade, membro do coletivo Negrex de estudantes de medicina e médicos negros e que também é coordenadora do GT Saúde da População Negra, na Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, concorda. “Há dificuldade de acesso para a população negra à saúde. E, quando olhamos a quantidade de óbitos, vemos que há mais gente morrendo do que em estado grave. Isso evidencia subnotificação”, destaca.  Ela ressalta ainda que um dos motivos para discutir os dados desagregados por raça/cor é reconhecer que no nosso país não existe equidade no acesso à saúde, porque o cuidado nessa área é ofertado de maneira desigual ainda que o SUS oriente a ofertar mais a quem mais precisa, ou seja, ofertar assistência e cuidado de acordo com as necessidades. 

Médica Rita Helena Borret

Segundo Rita, o racismo institucional no Brasil é histórico e, ao longo dos anos, não permitiu que fossem criadas políticas públicas para garantir acesso ao trabalho, à moradia digna, à terra. “O que vemos hoje é esse acesso desigual reforçando quem, neste país, está autorizado a morrer porque tem menos valor”, destaca a médica. Ela acredita que as disparidades e desigualdades vão fazer com que a letalidade seja muito diferente quando a sociedade olhar para a população negra e para a não negra.

O pior ainda está por vir  

Luís Eduardo acredita que, em breve a sociedade brasileira poderá assistir, sim, a uma nova onda de contágio. Muitos pesquisadores argumentam que houve duas ondas anteriores: a primeira atingiu a classe média, que teve contato com o vírus no exterior.  A segunda teve como foco as comunidades. A terceira, então, será cruel com as populações em situação de rua, marisqueiras, pescadores, quilombolas, as pessoas privadas de liberdade e as que vivem em assentamentos.

“Não estão olhando para as pessoas em situação de extrema pobreza, que dependem do lixo para sobreviver, os cuidadores de idosos e as que vivem em regiões sem acesso à água, esgoto e políticas públicas”, completa Luís. De acordo com ele, essa pandemia vai escancarar as diferenças da nossa sociedade principalmente porque “o Sistema Único de Saúde leva um tempo para chegar até essas pessoas”.

Rita Helena concorda e argumenta que a pandemia evidencia o acesso desigual à saúde, pois uma parte da população consegue acessar direitos básicos e outra parte não. Portanto, sem acesso também a saneamento,  medidas e insumos de prevenção, pode-se esperar um genocídio. Segundo ela, a pandemia chegou às comunidades mas não alcançou o pico nem chegou perto do que efetivamente será visto em breve. “Temos um cenário bastante complicado, com áreas em que há grande concentração de pessoas por metro quadrado e falta de saneamento básico”, alerta. 

Aliás, estudo recente realizado pela Fundação Oswaldo Cruz detectou presença do novo coronavírus em esgotos sanitários. Ou seja: existe um alto potencial de transmissão e pouco ou nenhum acesso a medidas de contenção da doença. “Outra questão que a gente não conhece é como o vírus vai se comportar ao cruzar com a tuberculose, que é extremamente comum na favelas e periferias do Rio de Janeiro”, lembra.

Parando o ciclo 

O pesquisador Luís Eduardo Batista explica que é possível interromper esse quadro antes que realmente seja assustador e que se repita por aqui o que foi visto em outros países e, sobretudo nos Estados Unidos. Em Chicago, por exemplo, 68% das mortes pelo vírus foram de afro-americanos. Vale lembrar que, nessa cidade, a expectativa de vida dos negros é 8,8 menor que a de brancos por diferenças históricas estruturais. Percentuais próximos a esse se repetiram no Alabama (44%) e Louisiana (70).

Uma das medidas para interromper o ciclo, de acordo com ele, é olhar para as necessidades da população. “Os hospitais de campanha estão localizados em que regiões?”, indaga. “Um suporte importante poderia ser dado pelos agentes de saúde”: como conhecem as comunidades em que atuam, esses profissionais têm condições de mapear quem está mais exposto e faz parte dos grupos de risco, como idosos, hipertensos, diabéticos, portadores de doenças falciformes e com doenças pulmonares obstrutivas. “Os agentes comunitários têm condições de identificar e ter cuidado com essas pessoas, evitando que se transformem em doentes e, depois, em estatísticas”.

A médica Rita Borret vai além. Diz que é necessário radicalizar a quarentena, garantindo não apenas que as pessoas fiquem em casa, mas que, permanecendo em isolamento, tenham condições financeiras de se sustentar. “Obrigar as pessoas a escolher entre ficar em casa para se preservar ou sair para trabalhar e conseguir dinheiro para comer, é muito cruel”. É essencial exigir que os governantes cumpram o papel que cabe ao Estado em prover condições para o exercício dos direitos básicos. “Somente dessa forma vamos garantir que essa pandemia não vai se transformar em um genocídio, especialmente da população preta e periférica”, confirma ela. Para isso, Rita defende que sejam exigidas do Estado mais ações estratégicas que garantam a equidade da saúde, mais leitos de internação e de CTI, além de respiradores – a fim de que não se reproduzam aqui os números alarmantes da Itália, China e Espanha.

“Vou parafrasear a médica Jurema Werneck. Ela sempre diz que a vida vai ser melhor para a população brasileira quando for melhor para a população negra”, sintetiza. Na verdade, uma sociedade nunca será realmente igualitária se uma parcela tiver todos os direitos garantidos e a outra parte simplesmente morrer sem acesso a nada.

Iniciativas capricham na divulgação sobre a doença para combater avanço nas periferias

Para tentar frear a letalidade do vírus nas comunidades, várias campanhas de divulgação foram criadas para disseminar informações verdadeiras e orientar os moradores. Uma delas foi lançada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz Rio) no início de abril: “Se liga no Corona!”.  A iniciativa contou com parceria da Redes da Maré e outras organizações de Manguinhos e tem o objetivo de prevenir a disseminação da Covid-19 nas favelas, falando de forma objetiva e bem direta com essas comunidades.  

A Fiocruz havia identificado que a maioria dos materiais de divulgação contra o doença era voltada para a classe média, sugerindo isolamento no quarto, uso de álcool em gel e evitar aglomerações – situações que fogem da realidade da maioria dos moradores das periferias. Por isso, foram criados spots para carros de som, rádionovelas, peças e vídeos para mídias sociais, além de cartazes para expor em locais como pontos de ônibus, táxi e áreas de grande circulação de pessoas – todos em linguagem didática e acessível.  Esses materiais estão disponíveis no portal da Fiocruz e no Maré online para serem baixados.

A campanha também tem o selo “Fiocruz tá junto”, criado para ser usado nos materiais enviados por organizações parceiras e validados pela fundação. O portal conta ainda com outros materiais sobre a doença e uma área com perguntas e respostas. A seção “fale conosco” responde  dúvidas da população sobre a doença. Para divulgar os materiais, a Fiocruz também promoveu uma coletiva para falar com especialistas em comunicação popular.

Para quem quer ajudar

O Fundo Baobá abriu edital para apoiar ações de prevenção em comunidades mais vulneráveis. Para saber mais, clique aqui. Para apoiar esta iniciativa, clique aqui.