Sociedade Protetora dos Desvalidos (SPD) caminha para 193 anos de história como símbolo da resistência negra no Brasil

Baobá - Fundo para Equidade Racial

24 de junho de 2025

Organização de quase dois séculos surgiu na Bahia para comprar a liberdade dos escravizados e hoje conta com o apoio do Fundo Baobá.

O dia 16 de setembro de 2025 marcará o aniversário de uma longeva e importante organização negra brasileira, a SPD (Sociedade Protetora dos Desvalidos). Criada em 1832 e prestes a completar 193 anos, nasceu sobre os alicerces do enfrentamento ao racismo, promoção da liberdade religiosa e justiça social. Um dos marcos da luta contra a escravidão no Brasil, a SPD sobreviveu graças ao espírito de cooperativismo que moveu o povo negro na busca pela liberdade.

Na prática, pessoas negras libertas criaram uma forma coletiva de garantir a liberdade de outras ainda escravizadas. A solução para isso foi a cotização: cada pessoa contribuía com o que podia para comprar alforrias.

Desde sua fundação, a SPD atua sem ter dependido de verba pública para sua manutenção. Neilto Barreto, presidente da Assembleia Geral da SPD, destacou esse legado:

“Em todo esse período, nunca dependemos de apoio governamental, seja municipal, estadual ou federal, desde 1832”, declarou Barreto, que estará à frente da organização até 2027.”

Esse quadro mudou em 2023, depois de uma ação do Baobá – Fundo para Equidade Racial. A Sociedade Protetora dos Desvalidos recebeu a doação de R$ 500 mil como forma de contribuição estratégica para o seu desenvolvimento institucional.

A doação do Fundo Baobá veio para fortalecer uma organização negra de quase dois séculos de história, reconhecendo sua trajetória no enfrentamento às desigualdades. O apoio teve como objetivo ampliar sua capacidade de atuação e sustentabilidade, valorizando iniciativas como a manutenção do espaço terapêutico para mulheres, a Casa de Angola — que acolhe estudantes africanos — e outras ações sociais desenvolvidas ao longo do tempo.

Após receber essa doação de R$ 500 mil, a SPD passou por importantes transformações que fortaleceram sua atuação e ampliaram seu impacto social.

“As mudanças observadas pela própria organização demonstram de maneira muito nítida o comprometimento com o resgate e manutenção da memória institucional. Isso é facilmente identificado quando observamos as movimentações feitas pela gestão, não só em executar as ações planejadas para atingir seus objetivos, mas também de ajustar e adequar suas rotas, olhando sempre para caminhos que levem ao fortalecimento institucional”, afirma Camila Carvalho, Assistente de Projetos no Fundo Baobá.

O momento atual da Sociedade Protetora dos Desvalidos é marcado pelo fortalecimento de sua equipe, com foco na ampliação de saberes e capacidades.

“A instituição investiu na capacitação de sua equipe e na implementação de novas estratégias de inclusão racial, promovendo uma abordagem mais abrangente e efetiva na luta contra a desigualdade. Essa parceria também possibilitou a realização de campanhas de conscientização e ações educativas, contribuindo para uma sociedade mais justa e igualitária”, diz Camila.

Planejamento estratégico e renovação geracional

O apoio do Fundo Baobá tem sido fundamental para impulsionar a SPD rumo a uma atuação mais sólida e transformadora, reafirmando seu compromisso com a defesa dos direitos e a promoção da equidade racial. 

Olhando pelo lado prático, a adoção do planejamento estratégico e a reorganização dos processos administrativos, que impactaram positivamente as receitas, melhoraram os fluxos de trabalho e o clima organizacional. Agora, a meta é ampliar a diversidade geracional na organização.

“Nosso maior desafio é a renovação. A juventude precisa se conscientizar da importância de se juntar a nós”, afirmou Ligia Margarida Gomes, da direção da SPD.

Por fim, a preservação da memória foi algo também proporcionado pela ajuda oferecida à Sociedade Protetora dos Desvalidos pelo Fundo Baobá. Em sua sede, no Pelourinho, em Salvador, o mobiliário é remanescente do século XIX. Esse mobiliário foi restaurado como uma forma de conservar a história que carrega.

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