Eric Ribeiro: da curiosidade infantil aos sonhos aeroespaciais

Natural de Caieiras, em São Paulo, Eric Ribeiro atualmente cursa Engenharia Aeroespacial na University of Notre Dame, nos Estados Unidos. Aos 19 anos, ele foi um dos selecionados da primeira edição do programa de bolsa de estudos de graduação para estudantes negros do Fundo Baobá, o Black STEM — iniciativa que apoia a presença e a permanência de pessoas negras nas áreas de Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) em universidades internacionais.

Na fotografia, Eric Ribeiro que atualmente cursa Engenharia Aeroespacial na University of Notre Dame, nos Estados Unidos. Aos 19 anos, ele foi um dos selecionados da primeira edição do programa de bolsa de estudos de graduação para estudantes negros do Fundo Baobá, o Black STEM, é
um homem negro jovem aparece sorrindo enquanto fala ao microfone. Ele usa óculos de armação redonda, camisa branca e calça em tom verde oliva. Sobre os ombros, está com um suéter bege, criando um visual elegante e descontraído. Ele está sentado em uma cadeira branca, participando de um painel ou mesa de conversa em ambiente institucional, com fundo azul e telão ao fundo. Sua expressão transmite entusiasmo e segurança, em um momento de partilha e escuta ativa.
Eric Ribeiro, no evento de boas-vindas do Edital Black STEM 2024.

“Desde pequeno, sempre fui apaixonado por máquinas. Foi assim que aprendi a ler, pois queria entender sobre ônibus e carros. Com o tempo, essa curiosidade se voltou para aviões e foguetes. Eu conseguia identificar qualquer avião que passasse no céu. Essa paixão persiste e se transformou no motor que me move até hoje: estudar engenharia aeroespacial”, afirma.

Mergulhado nos estudos, ele transforma a curiosidade da infância em projetos inovadores. Entre cálculos complexos, simulações e projetos de foguetes, destaca-se por sua dedicação e desejo de contribuir com o futuro da aviação e da exploração espacial.

O estudante conheceu o programa de bolsas por meio de uma amiga, que compartilhou a oportunidade. Como já havia sido aprovado na universidade, ele não hesitou em se inscrever. Hoje, a bolsa oferecida pelo Fundo Baobá, em parceria com a B3 Social, garante a estabilidade financeira necessária para que Eric possa se dedicar integralmente aos estudos e à vida acadêmica. Isso também permite que ele participe com mais liberdade de atividades extracurriculares, sem a necessidade de buscar outras fontes de renda durante o semestre.

Nova edição do programa amplia oportunidades

A diretora de Programa do Fundo Baobá, Fernanda Lopes, destaca a importância da iniciativa:

“A presença negra na ciência é relevante para a humanidade. Por isso afirmamos que o Black STEM não é ‘apenas’ um programa de bolsas complementares para apoiar a permanência de estudantes negros em cursos de graduação completa em instituições estrangeiras. Ele é a recuperação da memória das contribuições negras para a ciência e tecnologia mundial.” Ela reitera que, no futuro, grandes descobertas e avanços também poderão ser protagonizados por pessoas negras.

A segunda edição do Programa Black STEM foi lançada em 27 de março e oferecerá três bolsas complementares de R$ 35 mil a estudantes negros aprovados em cursos de graduação no exterior na área de STEM. As inscrições estão abertas até 30 de abril.

Eric deixa uma mensagem para outras pessoas estudantes que também querem estudar no exterior:

“Quando você sonha por você, você também sonha por todos que vieram antes e por aqueles que ainda virão. E quando você realiza, nós todos — eu, você e milhares de jovens negros periféricos — realizamos juntos”, afirma.

Para mais informações sobre a segunda edição do Black STEM, acesse:
https://bit.ly/BS-2edicao 

A força coletiva que mobiliza a Marcha das Mulheres Negras desde 2015

A mobilização para a Marcha das Mulheres Negras de 2025 é construída por mulheres que estiveram presentes desde sua primeira edição, realizada em novembro de 2015, em Brasília. Articuladoras, militantes e lideranças de diferentes gerações e territórios do Brasil marcham na luta por reparação diante das injustiças históricas, contra o racismo e pelo Bem Viver.

Entre elas está Piedade Marques, filósofa, articuladora da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco e atual coordenadora do projeto social Eu voto em negras.

“Foi uma militância e uma formação baseada em debate, leitura, informação. Tive a sorte e a oportunidade de fazer parte do Afoxé Alafin Oyó — grupo cultural e religioso de Pernambuco —, que foi meu espaço de ‘aquilombamento’. Era o nosso gueto, onde eu podia ser uma menina preta livre, sem precisar alisar o cabelo. Isso nos dava uma sensação de liberdade”, afirma.

Na fotografia, vemos Piedade Marques, filósofa, articuladora da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco e atual coordenadora do projeto social Eu voto em negras. uma mulher negra em pé, sorridente, com os cabelos trançados e presos com um detalhe vermelho. Ela veste uma regata estampada com a imagem de uma figura feminina negra em trajes tradicionais e com uma espada em punho, além de um short branco com bordados. Ao fundo, há um mural artístico em tons de preto e branco, com traços que remetem a elementos culturais e figuras humanas. A expressão da mulher transmite confiança e serenidade, em um ambiente que valoriza a identidade afro-brasileira.
Piedade Marques, filósofa, articuladora da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco e atual coordenadora do projeto social Eu voto em negras.

A faísca da Marcha das Mulheres Negras nasceu em 2013, durante a III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, com a formação do Comitê Impulsor Nacional da Marcha das Mulheres Negras Contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver. 

O comitê foi composto por organizações como a Articulação Nacional de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Quilombolas (Conaq), a Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad) e o Movimento Negro Unificado (MNU).

A Marcha como processo político e social de longo prazo

A construção da Marcha demanda meses — e, muitas vezes, anos — de preparação: encontros regionais, reuniões, estudos, debates e mobilizações nas comunidades. Trata-se de uma expressão coletiva do protagonismo das mulheres negras na luta contra o racismo, o sexismo e outras formas de opressão. Mais do que um ato político, a Marcha afirma um novo projeto de sociedade pautado no Bem Viver.

Valdecir Nascimento, atualmente com 65 anos, também foi uma das protagonistas na concepção e organização da Marcha de 2015. Fundadora do Odara – Instituto da Mulher Negra, sua trajetória se entrelaça com a luta cotidiana das mulheres negras e com a busca coletiva por estratégias de resistência e sobrevivência. 

Na década de 1980, Valdecir encontrou o movimento negro e, paralelamente, começou a questionar narrativas enquanto atuava como catequista (pessoa que leva a fé cristã a crianças, jovens e adultos) — entre elas, a releitura do poema O Deus Negro, de Neimar de Barros.

Desde cedo, passou a refletir e sonhar com um novo caminho para o Bem Viver das mulheres negras e de suas famílias. Filha de um ogã de terreiro (pessoa responsável por tocar e cantar), Valdecir carrega saberes ancestrais ligados à cura física e espiritual proporcionada pelas religiões de matriz africana.

“Em 2012, em Brasília, quando Nilma Bentes propôs um encontro de mulheres negras para discutir articulações que nos fortalecessem, senti que era uma proposta potente, que precisava ser acolhida por todas. Era a chance de nos afirmarmos como sujeitas políticas diante da sociedade brasileira — e assim foi feito, com a realização da Marcha em 2015”, relembra Valdecir.

Para ela, o maior legado daquela Marcha está na metodologia adotada e na capacidade de romper com a subalternidade histórica imposta às mulheres negras. É nelas, acredita, que reside a força transformadora capaz de mudar o país.

Tanto Piedade quanto Valdecir desejam que a Marcha de 2025 seja marcada pela esperança. Elas acreditam na força coletiva e afetiva das mulheres negras para construir um novo mundo — um mundo onde possam ser livres e moldar a realidade de acordo com seus próprios valores, e não segundo as imposições políticas e ideológicas dos opressores.

Para mais informações sobre a Marcha, acesse: https://marchadasmulheresnegras.com.br 

Fundo Baobá recebe os Selos de Direitos Humanos e Igualdade Racial da Prefeitura de São Paulo

Fundo Baobá recebe os Selos de Direitos Humanos e Igualdade Racial da Prefeitura de São Paulo

O Fundo Baobá para Equidade Racial foi reconhecido pela Prefeitura de São Paulo com os Selos de Direitos Humanos e de Igualdade Racial, reafirmando sua atuação na promoção da equidade racial, na inclusão social e no fomento à educação para a população negra. O anúncio foi feito em dezembro de 2024, destacando a relevância do trabalho da organização.

A cerimônia de premiação ocorreu em São Paulo, nos dias 9 e 10 de dezembro, reunindo mais de 400 organizações inscritas. No total, 235 entidades foram premiadas pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, reconhecendo suas iniciativas em prol da diversidade, inclusão e justiça social.

Selo de Direitos Humanos e Diversidade

O Edital Educação em Tecnologia, promovido pelo Fundo Baobá, foi contemplado com o Selo de Direitos Humanos e Diversidade em sua 7ª edição, um reconhecimento concedido a organizações que realizam ações concretas para a inclusão e a promoção dos direitos humanos.

Lançado para fortalecer a inserção da população negra no mercado de tecnologia, o edital Educação em Tecnologia apoia organizações e empresas lideradas por pessoas negras que possam contribuir, por meio de processos formativos, tanto para a entrada de novos profissionais negros no setor quanto para a permanência daqueles que já atuam, desenvolvendo suas competências.

Ao todo, quatro organizações foram selecionadas para receber apoio financeiro, com bolsas que variam entre R$ 250 mil e R$ 500 mil, permitindo que essas iniciativas expandam seu impacto e capacitem mais profissionais negros para o setor tecnológico.

Selo Igualdade Racial

Além do reconhecimento pelo edital, o próprio Fundo Baobá recebeu o Selo Igualdade Racial, uma certificação concedida a organizações que demonstram compromisso com a diversidade racial e a inclusão no ambiente de trabalho.

Criado pela Lei Municipal 16.340/2015 e regulamentado pelo Decreto 57.987/2017, esse selo é destinado a organizações que possuem, no mínimo, 20% de profissionais negros em diferentes níveis hierárquicos, incluindo cargos de direção, gerência e coordenação.

No Fundo Baobá, a equipe executiva é composta majoritariamente por pessoas negras, reforçando seu compromisso com a equidade racial, o desenvolvimento de lideranças negras e a transformação social.

O impacto do reconhecimento

Os selos conquistados pelo Fundo Baobá não apenas reconhecem suas iniciativas de impacto social, mas também fortalecem o compromisso da organização com a construção de um futuro mais igualitário para a população negra no Brasil.

Com essas premiações, o Fundo Baobá reafirma seu papel na promoção da equidade racial e justiça social, contribuindo para um mercado de trabalho mais representativo.

Fundo Baobá doa R$ 1,25 milhão para a Marcha das Mulheres Negras 2025

Marcha das Mulheres Negras 2025

A Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver espera reunir um milhão de mulheres negras em Brasília (DF), no dia 25 de novembro de 2025. Esse ato político-social receberá um investimento histórico de R$ 1,25 milhão do Baobá – Fundo para Equidade Racial, garantindo apoio à mobilização, logística, articulação e engajamento de mulheres negras em todo o Brasil, com foco especial nas comunidades quilombolas.

O anúncio foi feito no início de dezembro, durante o Encontro Regional de Mulheres Negras do Nordeste, realizado em Recife (PE). Na ocasião, Caroline Almeida, Gerente de Articulação Social do Baobá, reafirmou o compromisso da organização com a luta das mulheres negras e a mobilização nacional, e destacou:

“Estamos articulando e contribuindo com as diversas frentes envolvidas nesse processo, apoiando tanto a mobilização local quanto a coordenação nacional, com um foco especial nas mulheres quilombolas, que têm um papel central nesta caminhada. Este é um esforço coletivo, com a confiança de que as mulheres negras terão voz ativa em cada etapa do processo até a grande Marcha.”

Apoio financeiro e divisão do investimento

O aporte de R$ 1,25 milhão será distribuído da seguinte forma:

R$ 350 mil – Comitê Nacional para garantir a presença de mulheres na marcha
R$ 25 mil por estado – Destinados à mobilização em todas as 27 unidades federativas
R$ 225 mil – Exclusivamente para a articulação de mulheres quilombolas.

Segundo Fernanda Lopes, Diretora de Programas do Fundo Baobá, esse apoio está alinhado às prioridades da organização, que incluem fortalecer a memória e história da população negra, gerar renda e combater o racismo e o sexismo.

Por que a Marcha das Mulheres Negras é fundamental?

Embora representem 28% da população brasileira, mulheres negras enfrentam os piores índices sociais. De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública:

👉🏾 63,9% das vítimas de feminicídio no Brasil são mulheres negras
👉🏾 61,6% das vítimas de estupro têm até 13 anos e 52,2% são negras

Apesar dos desafios estruturais, são elas que estão na linha de frente da luta por justiça social e direitos humanos, enfrentando diretamente a violência do sistema carcerário, a criminalização das populações negras e periféricas e as violações de direitos promovidas pelo Estado.

Sua atuação é essencial em movimentos por moradia digna, saúde, educação e segurança alimentar, além da defesa dos direitos territoriais de comunidades quilombolas, indígenas e tradicionais. Também desempenham um papel fundamental no fortalecimento da memória e da identidade da população negra, garantindo que as histórias e lutas de seus ancestrais sejam reconhecidas e valorizadas.

História da Marcha das Mulheres Negras

A Marcha das Mulheres Negras teve sua primeira edição em 2015, reunindo 100 mil mulheres em Brasília. O evento foi resultado de quatro anos de mobilização, iniciados em 2011, com ações em diversos estados e a formação de comitês estaduais e municipais. Esse processo fortaleceu a identidade política das mulheres negras, ampliou sua participação na esfera pública e impulsionou o crescimento de organizações femininas negras.

Um dos grandes marcos dessa mobilização foi a Carta das Mulheres Negras, documento entregue à Presidência da República e à sociedade brasileira. Nele, foram apresentados dados sobre desigualdade racial e de gênero, além de propostas para um novo pacto civilizatório baseado no conceito de Bem Viver. O documento abrange demandas por direitos urbanos, segurança pública, justiça ambiental, seguridade social, educação, cultura e outras pautas essenciais.

Desde então, as mulheres negras seguem “em marcha”, reforçando suas lutas por justiça e reparação histórica. Para a próxima edição, a expectativa é mobilizar 1 milhão de mulheres na capital federal, consolidando seu protagonismo na luta contra o racismo, o feminicídio, o genocídio da população negra e a negação dos direitos dos povos e comunidades tradicionais.

A Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver conta com 11 organizações em seu Comitê Nacional e se baseia em dois pilares fundamentais:

✊🏿 Bem Viver – Um modelo de sociedade que valoriza justiça social, equidade e cuidado coletivo, priorizando o bem comum em vez do individualismo. Defende a diversidade cultural, a autonomia das comunidades e uma gestão descentralizada.

✊🏿 Reparação Histórica – Uma luta por reconhecimento e justiça, exigindo reparação pelos danos da escravidão e do colonialismo. O foco está na restituição de direitos sobre o corpo, a cultura, a terra e a autonomia dos povos negros e indígenas.

A Marcha reafirma o compromisso das mulheres negras com a construção de um Brasil mais justo, igualitário e antirracista, fortalecendo redes locais, nacionais e internacionais de articulação feminista e política.

Fundo Baobá e o compromisso com a equidade racial

Sueli Carneiro, presidente do Conselho Deliberativo do Fundo Baobá, destaca a relevância desse apoio:

“O Fundo Baobá foi criado com a ambição de ser um vetor fundamental para o fortalecimento da agenda racial no Brasil. Este apoio à Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver reflete nosso compromisso em tornar essa causa uma realidade concreta, reafirmando a necessidade da presença efetiva das mulheres negras nas decisões políticas e sociais. Investir nesse movimento é, para nós, uma ação estratégica rumo à justiça social.”

Além do suporte financeiro, o Fundo Baobá mobiliza outros atores da sociedade civil, ampliando a força da Marcha e garantindo sua realização em 2025.

O apoio à Marcha das Mulheres Negras 2025 representa um avanço significativo na luta por equidade racial, direitos humanos e justiça social. Com esse investimento, a organização reafirma seu compromisso com o fortalecimento da democracia e a defesa dos direitos das mulheres negras no Brasil.

📢 Acompanhe as atualizações da Marcha das Mulheres Negras 2025 e faça parte dessa mobilização!

Dia de Doar: generosidade ajuda na transformação social do Brasil

Doe para o Fundo Baobá

O Dia de Doar, celebrado em 3 de dezembro, é mais do que uma data no calendário: é um movimento global que promove a generosidade e fortalece a cultura da doação. No Brasil, o Dia de Doar mobiliza indivíduos, organizações e comunidades, celebrando o prazer de doar e incentivando práticas contínuas de solidariedade. O movimento é descentralizado, permitindo que qualquer pessoa ou grupo participe, personalize a campanha e crie iniciativas que estimulem doações e engajamento social.

Neste dia, destacamos o impacto de instituições como o Fundo Baobá, o maior fundo dedicado exclusivamente à promoção da equidade racial no Brasil. Desde sua criação, em 2011, o Fundo Baobá atua para mobilizar recursos e apoiar projetos que combatem desigualdades estruturais enfrentadas pela população negra, que representa 56,1% dos brasileiros, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Alunos que receberam apoio do Fundo Baobá através do Edital Black Stem 2024, um programa de bolsas de graduação exclusivo para estudantes negros(as) que tenham sido aceitos em universidades estrangeiras e em 2024 para cursos de graduação das carreiras STEM – Ciências, Tecnologia, Engenharia, Matemática. O Programa é uma iniciativa do Baobá – Fundo para Equidade Racial, com apoio da B3 Social e parceria do BRASA.

Os desafios enfrentados pela população negra são grandes. Entre os jovens brasileiros que abandonaram a escola sem concluir o ensino básico, 71,7% são negros, com a necessidade de trabalhar como principal motivo. Na saúde, apenas 32% dos municípios implementam ações específicas para atender essa população, mesmo com políticas nacionais já estabelecidas. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  

A violência também é alarmante: 78% das vítimas de armas de fogo são negras, e mulheres negras representam 62% das vítimas de feminicídio. Esses dados, também colhidos da Pnad Contínua,  ressaltam a urgência de iniciativas que combatam o racismo e promovam a equidade racial.

Mulheres que participaram do Projeto Saúde Mental Quilombola que representa um passo crucial na promoção da saúde e bem-estar das comunidades quilombolas na Região do Baixo Tocantins. A parceria entre o Fundo Baobá e a Johnson & Johnson, em conjunto com a CONAQ, Malungu/Estado do Pará e ARQIB, demonstrou um compromisso com a comunidade quilombola, visando proporcionar recursos e apoio para que essas comunidades possam enfrentar os desafios com resiliência e dignidade.

O Fundo Baobá atua para reverter essas desigualdades, apoiando comunidades historicamente negligenciadas. Mais de 60% das contribuições vão para organizações que nunca haviam recebido doações antes, e uma parcela significativa apoia territórios como quilombos e o Nordeste brasileiro. Além disso, o Fundo opera de maneira sustentável: as doações ao fundo patrimonial (endowment) geram rendimentos reinvestidos em projetos sociais, criando um ciclo de impacto contínuo.

A Sociedade Protetora dos Desvalidos (SPD), primeira organização civil negra da América Latina, recebeu em 2022, uma doação direta, sem edital do Fundo Baobá. Um passo significativo para fortalecer o impacto de quem sempre esteve à frente na defesa dos direitos da população negra.

Doar é um ato poderoso que transcende o valor monetário. É sobre construir pontes, transformar vidas e reduzir desigualdades. No Dia de Doar, a sua contribuição pode apoiar iniciativas que combatem o racismo, fortalecem comunidades e promovem justiça social. Faça parte desse movimento! Doe, mobilize e inspire. Afinal, juntos podemos construir um país generoso, inclusivo e empático.

Se você tem interesse em doar para o Fundo Baobá e fazer parte dessa construção de curto a longo prazo, acesse esta página.

Fundo Baobá completa 13 anos espalhando as sementes do seu trabalho

Fundo Baobá completa 13 anos espalhando as sementes do seu trabalho

Neste mês de outubro, o Fundo Baobá para Equidade Racial completou 13 anos, consolidando-se como uma referência na promoção da equidade racial no Brasil, fazendo diferença na vida da população negra.

Como uma semente que rompe a terra e brota com uma força gigantesca, o fundo conseguiu durante estes anos captar recursos da filantropia e destiná-los a organizações, grupos, coletivos e pessoas negras, por meio de editais.

Outra conquista foi promover com os financiadores a importância de fortalecer a filantropia negra. 

O nome Fundo Baobá foi idealizado por Magno Cruz, membro do comitê programático e liderança do Centro de Cultura Negra de São Luís do Maranhão, falecido em 2010. Visionário e artista, Magno compôs uma música e um poema que faziam uma analogia entre o fundo patrimonial e a árvore Baobá, símbolo de força e resiliência. Para ele, a organização deveria ser tão robusta, duradoura e impactante quanto o Baobá, com potencial para ocupar novos espaços e apoiar o movimento negro em uma escala sem precedentes, inspirando-se na longevidade e resistência da árvore que carrega o nome da instituição.

Resistência, aliás, que nunca faltou ao Fundo Baobá. Através dos recursos captados, o Baobá tem apoiado pessoas e organizações a romper barreiras em direção à justiça social e à equidade para a população negra deste país.

Nestes 13 anos, a organização conseguiu se adaptar às mudanças da sociedade e antever necessidades para melhorar a atuação junto aos beneficiários dos editais. Um bom exemplo foi a rápida ação na pandemia de COVID-19.

Logo depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter decretado a pandemia, em março de 2020, o Fundo Baobá lançou o edital Doações Emergenciais, em parceria com a Ford Foundation. 

Com dotação de R$ 870 mil, o edital foi direcionado às comunidades vulneráveis, mulheres, população negra, idosos, povos originários e comunidades tradicionais – ou seja, os mais impactados pela COVID-19. Ao todo, foram atendidas 215 pessoas e 135 organizações por esse edital.

Fazendo a diferença

Empreendedores negros e negras também não ficaram sem suporte. Fortemente impactatos pela pandemia, eles tiveram a chance de participar do edital Programa de Recuperação Econômica de Pequenos Negócios de Empreendedores Negros e Negras, lançado em novembro de 2020, com apoio do Instituto Coca-Cola Brasil, Instituto Votorantim e Banco BV. 

Nesse caso, a dotação para o edital foi de R$1,6 milhão e alcançou 700 inscrições. Foram apoiadas 47 iniciativas, cada uma com 3 empreendimentos. Além do suporte financeiro, esses empreendedores tiveram acesso a uma mentoria para atualizar processos e conhecimentos de gestão a fim de tornarem seus negócios mais resilientes e competitivos.

Um ano depois, já em 2021, ainda sob os efeitos da pandemia, o Fundo Baobá lançou, junto com o Google.org, braço financeiro do Google, o edital Vidas Negras: Dignidade e Justiça. O objetivo foi dar impulso ao ativismo contra o racismo e as injustiças sociais e criminais.

O Google fez o aporte de  R$1,2 milhão para a escolha de 12 organizações (cada uma recebeu R$100 mil ao longo de um ano) que tivessem projetos para combater a violência e as injustiças criminais no sistema jurídico brasileiro. 

Perspectivas para o futuro

Até agora, o Fundo Baobá lançou 22 editais e apoiou 1.208 iniciativas que tiveram impacto direto em quase 3 mil pessoas. Neste ano de 2024, foi lançado um edital diferenciado, o Black STEM, que selecionou 5 alunos para receberem bolsas complementares para estudar no exterior, abrindo assim as portas de centros de ensino de outros países para estudantes negros brasileiros.

Além dos editais, foram realizados dois apoios estratégicos: o Projeto Saúde Mental Quilombola, e a Doação ao Fortalecimento Institucional da Associação Sociedade Protetora dos Desvalidos (SPD).

O objetivo para os próximos anos é expandir cada vez mais o diálogo com a sociedade, promovendo iniciativas que estimulem a igualdade de direitos e oportunidades, tornando a atuação do Fundo Baobá cada vez mais diferenciada e estratégica para a população negra do Brasil.

Para isso, o Fundo Baobá precisa alcançar mais organizações e pessoas, financiar mais pautas e mais discussões sobre o enfrentamento ao racismo. É com esse espírito que o Baobá, fundo patrimonial brasileiro, mobiliza recursos para apoiar ações de promoção da equidade racial no Brasil desde 2011, quando foi criado.

Da árvore ao fundo patrimonial

Baobá é uma árvore africana, considerada sagrada para os adeptos do candomblé. Um fruto  dessa árvore, plantada na casa do abolicionista Joaquim Nabuco, em Recife, chegou às mãos de Giovanni Harvey, Diretor Executivo do fundo, em uma de suas visitas à capital de Pernambuco e também à casa de Nabuco. 

De volta a São Paulo, ele levou o fruto para a sede do Baobá e, junto a equipe, plantou suas sementes. Esse ato foi um momento muito especial nessa comemoração dos 13 anos, pois essa árvore simboliza o trabalho de resistência e resiliência do Fundo Baobá.

Preservação da memória em Porteiras, no sertão do Ceará, recebe apoio do Fundo Baobá

Preservação da memória em Porteiras, no sertão do Ceará, recebe apoio do Fundo Baobá

“Um povo sem o conhecimento de sua história passada, origem e cultura é como uma árvore sem raízes”. A frase do ativista político jamaicano Marcus Garvey define muito bem o sentimento que tomou conta de um grupo de 10 pessoas da cidade de Porteiras, na região do Cariri cearense, distante 540 km da capital Fortaleza.

Eles se uniram em torno da  preservação da história da cidade em que nasceram ou vivem. Para isso, fundiram-se em um núcleo para fomentar a cultura no  local. Assim, criaram o grupo Retratores da Memória de Porteiras. 

Um retrator de memória pode ser definido como uma pessoa que se dedica a resgatar lembranças que foram esquecidas em algum canto. Dessa forma, essas dez pessoas — incluindo dois quilombolas, duas pessoas com deficiência e quatro integrantes da comunidade LGBTQIAP+ — se definem e atuam para combater o esquecimento que cerca a cidade de 17 mil habitantes.

Carliane Ventura conta histórias e positiva a autoestima preta.
Crédito: Nívia Uchõa

No dia 21 de setembro, os Retratores da Memória de Porteiras estavam em festa e, com eles, boa parte da cidade. Comemoravam os 17 anos de sua primeira grande conquista: a fundação da Casa da Memória de Porteiras, onde funciona o Museu Comunitário, e os 10 anos desde que o grupo se transformou em Associação Retratores da Memória de Porteiras.

Essa transformação proporcionou, entre outras coisas, a possibilidade de receberem doações e apoio financeiro, viabilizando assim seus projetos e a preservação cultural.

Um desses apoios veio do Baobá – Fundo para Equidade Racial. Em agosto de 2022, a Associação dos Retratores de Porteiras fez sua inscrição para o edital Educação e Identidades Negras: Políticas de Equidade Racial. Apresentaram o projeto Educar para Aquilombar, focado nos cinco eixos de trabalho da Associação: Memória e Museologia Social; Educação Patrimonial, Ambiental e Antirracista; Artes e Cidadania; História Regional e Práticas de Leitura; Gênero e Direitos Humanos. 

Como resultado de sua aprovação no edital, a organização cearense foi beneficiada com R$ 175 mil que permitiram o avanço em várias frentes. Por exemplo, formações de educação patrimonial quilombola e antirracista para crianças, adolescentes e jovens da comunidade quilombola dos Souza de Porteiras, visando a construção da identidade negra e quilombola, e a valorização da cultura da infância negra.

O trabalho tem por meta também fortalecer a construção da autoestima positiva quilombola, mediante o reconhecimento do patrimônio cultural quilombola. Os recursos também permitiram estimular a recuperação de objetos que colaborem nas ações educativas inclusivas e antirracistas, e que fortaleçam a atuação social dos Retratores da Memória de Porteiras (Remop) em ações afirmativas.

Perpetuando a cultura em Porteiras.
Crédito: Lino Fly Kariri

Como parceiro da Associação Retratores da Memória de Porteiras, o Fundo Baobá foi convidado a participar das comemorações de aniversário do Espaço Aberto à Cultura, o Espacult, onde está inserida a Casa da Memória de Porteiras. A coordenadora de Projetos do Baobá, Taina Medeiros, Cientista Social graduada pela Universidade Federal de São Paulo, e a assistente de Programas e Projetos, Edmara Pereira, também Cientista Social  graduada pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, estiveram em Porteiras e participaram das comemorações.

“Foi importante estar lá para conhecer, por exemplo, a Casa da Memória, que é um espaço dedicado à preservação de vários itens ligados à história e às pessoas que tiveram histórias inusitadas e viraram personagens ilustres da cidade”, afirmou Taina Medeiros. 

Para Edmara Pereira, a visita ao sertão cearense e o trabalho de preservação cultural feito pela Associação dos Retratores da Memória de Porteiras trouxe reminiscências de sua infância e adolescência. Acontece que os objetos que compõem a Casa da Memória vieram de doação dos moradores. O que fez Edmara ter recordações foi uma plantadeira, também conhecida por matraca.

“Era o objeto que meu pai usava para plantar feijão. Essa lembrança trouxe à tona imagens da minha infância e adolescência no interior da Bahia, revelando como a memória se transforma em uma ferramenta educativa essencial para preservação de histórias, tradições e valores que definem uma cultura, contribuindo assim para a valorização da identidade negra”, disse.  

O mesmo efeito ocorrido com Edmara é o que o grupo formador da Associação dos Retratores da Memória de Porteiras quer que ocorra com as crianças, adolescentes e jovens negros da cidade para que valorizem e preservem a história do lugar em que nasceram ou vivem. 

Edmara Pereira e Tainá Medeiros, representantes do Baobá no Porteiras (CE)
Crédito: Lino Fly Kariri

“Ao longo dos nossos 20 anos de atuação, estabelecemos muitas parcerias para realização das nossas atividades e o projeto Educar para Aquilombar, do Edital Educação e  Identidades Negras foi fundamental para que pudéssemos desenvolver, junto à comunidade Quilombola dos Souza, formações dos jovens e crianças, ampliando a participação de jovens negros nas políticas culturais, além do fortalecimento institucional da Associação REMOP. Criamos a partir desse projeto o Núcleo IDA (Núcleo de Inclusão, Diversidade e Ações Afirmativas) com o intuito de fortalecer as lideranças juvenis e a construção das identidades negra e quilombola. Agora após a finalização do projeto, pretendemos dar continuidade ao funcionamento no Núcleo, promovendo ações educativas e formativas e a continuidade do projeto Brincando no Quilombo”, detalhou Lucilene Inocência da Silva, empresária que ocupa a posição de tesoureira na Associação Retratores da Memória de Porteiras. 

Fundo Baobá cria novas áreas para dinamizar sua atuação

O Fundo Baobá reformula sua estrutura organizacional para melhorar eficiência e expandir impacto na equidade racial.

O Baobá – Fundo para Equidade Racial, avança em um processo contínuo de transformação, guiado pelas diretrizes do plano estratégico 2017-2027, que orienta nossa atuação ao longo deste período.

Essas decisões têm como objetivo aprimorar a atuação da organização em resposta às transformações estruturais e conjunturais da sociedade brasileira. Nesse sentido, o Fundo Baobá criou uma nova área e reformulou outras duas — Articulação Social, Mobilização de Recursos e Operações — fortalecendo nossa capacidade de alcançar os objetivos estabelecidos para a próxima década.

A criação dessas áreas gerou mudanças no organograma de funções: Caroline Almeida passa a atuar como Gerente de Articulação Social; Janaina Barbosa como Gerente de Comunicação e Mobilização de Recursos; e Hebe Silva assume a Gerência de Operações.

As novas funções foram recebidas com entusiasmo pelas três, que observam o processo de transformação do Fundo Baobá, alé da oportunidade de desenvolvimento pessoal e profissional.

Em entrevista na Bahia, onde esteve para a comemoração dos 192 anos da Sociedade Protetora dos Desvalidos — organização negra secular que buscava na filantropia entre negros libertos proporcionar a compra da liberdade para os ainda escravizados –, o diretor executivo do Fundo Baobá, Giovanni Harvey, falou sobre a Articulação Social: “Queremos criar um programa que apoie instituições negras centenárias, assim como apoiamos a Sociedade Protetora dos Desvalidos. A área de Articulação Social será responsável por isso”, disse.

Caroline Almeida que passou de Assistente Executiva a Gerente de Articulação Social.

Caroline Almeida, graduada em Administração pela Universidade Federal da Bahia, fala da área que vai gerenciar: “A Articulação Social sintetiza, sob o ponto de vista político, os princípios, os valores e os compromissos oriundos do processo de construção que resultou no Fundo Baobá. Esta dimensão projeta os resultados alcançados pelos investimentos programáticos realizados a partir dos recursos mobilizados, e evidencia os requisitos da instituição para captar, gerir e investir capital e patrimônio filantrópico”, definiu. 

Janaina Barbosa, que além de cuidar da Coordenação de Comunicação, também está responsável pela Gerência de Mobilização de Recursos

O processo de crescimento institucional do Fundo Baobá ao longo desses 13 anos de existência foi determinante para que novas estratégias fossem pensadas, no sentido de tornar ainda mais ágil o dinamismo da organização. “Entendemos que é um momento estratégico de pôr em prática o que já sabemos. Construímos um conhecimento sólido sobre mobilização, coerente com a missão do Baobá. Por isso consideramos importante consolidar esse conhecimento internamente”, afirmou Janaina Barbosa, graduada em Comunicação Social e pós graduada em Gestão de Marketing, que vai gerir as áreas de Comunicação e Mobilização de Recursos.  

Hebe Silva, coordenadora de Administração e Finanças, assumiu a Gerência de Operações

A terceira nova área, a de Operações, será gerenciada por Hebe Silva, graduada em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Mato Grosso. A área será responsável pela gestão financeira, administrativa e logística do Fundo Baobá. Sua origem tem fruto, também, no crescimento da organização. “A Coordenação de Administração e Finanças dividia parte de suas tarefas com a Diretoria Executiva, quando o Baobá ainda era menor e não necessitava dessa setorização. A instituição cresceu, o grau das responsabilidades aumentou e houve a demanda de se consolidar tudo em uma única área”, afirmou Hebe. 

Nesse novo tempo em que entra o Fundo Baobá, o objetivo é aprender, colocar em prática esse aprendizado e diversificar. Janaina define o momento: “A gente está num processo de aprendizado. De compreender o que faz sentido para o Baobá. Captamos recursos para apoiar iniciativas de diferentes territórios, cada um deles tem um contexto, desafios e questões diferentes, olha para a discussão da equidade racial de uma perspectiva específica. Então, é importante diversificar também as nossas estratégias. A ideia de trazer a área de Mobilização para a Comunicação é para manter um alinhamento, uma unidade da nossa narrativa, das nossas mensagens. Nossa intenção é desbravar e contar boas histórias”, disse. 

Conheça um pouco da Cultura Marabaixeira, uma das ricas manifestações deste país continental chamado Brasil

A cultura do Marabaixo é uma das mais autênticas expressões culturais do estado do Amapá, vinculada à história de resistência e preservação da identidade negra na região. Ela tem raízes profundas no período colonial e na luta dos povos afrodescendentes pela manutenção de suas tradições e costumes, sobretudo nos territórios quilombolas.

O Marabaixo envolve música, dança, cânticos e rituais que celebram a ancestralidade e a cultura africana, sendo praticado principalmente durante festividades populares em comunidades negras do estado.

Dentro desse contexto cultural e de resistência, o Movimento Nação Marabaixeira foi fundado em 2016 como um coletivo de pessoas de diversas áreas profissionais, todas unidas pelo mesmo propósito: fortalecer a identidade negra, empoderar lideranças e preservar a cultura ancestral nos territórios pretos do Amapá.

O movimento tem como foco principal proporcionar o conhecimento histórico-cultural do Marabaixo às comunidades escolares, utilizando essa tradição como ferramenta pedagógica para combater o racismo e valorizar a diversidade cultural amapaense.

Um dos projetos mais significativos do movimento nesse sentido é o Projeto Cantando Marabaixo nas Escolas. O projeto adota uma abordagem lúdica e pedagógica para divulgar a cultura do Marabaixo sob a ótica de uma educação antirracista e anticolonialista, disseminando a manifestação tanto dentro quanto fora do ambiente escolar.

Ao promover a integração entre os saberes populares e formais, o movimento busca tornar o Marabaixo uma prática comum no cotidiano escolar, criando um espaço para a valorização da cultura negra e o combate às desigualdades sociais e raciais.

O crescimento institucional do Movimento Nação Marabaixeira foi impulsionado pelo edital Educação e Identidades Negras, que ampliou o alcance do projeto para além do esperado inicialmente. Com essa oportunidade, o movimento conseguiu beneficiar um número maior de pessoas, consolidando-se como uma referência na promoção da cultura afro-amapaense e na luta por uma educação mais inclusiva.

Representantes da Nação Marabaixeira, dançarinos do Marabaixo e Equipe Baobá

“Poder contar com o apoio educacional, organizacional e financeiro de instituições como o Baobá proporciona a várias organizações desenvolver a sua autonomia, e poder se estruturar de maneira mais profissional. Esse apoio foi o pontapé inicial para nosso  fortalecimento enquanto organização. Não podemos deixar de evidenciar o aprendizado através de vídeos e orientações dos consultores. É interessante ainda frisar que conseguimos ter capacidade para alcançar mais escolas, educandos, municípios, públicos diferentes e, assim, salvaguardar e propagar nossa manifestação cultural”, disse a professora Lizia Celso, uma das gestoras do Movimento Nação Marabaixeira.  

Vale destacar que, apesar de suas raízes africanas, a cultura do Marabaixo não tem ligação direta com religiões de matrizes africanas, o que permitiu que muitos praticantes de denominações religiosas, como os pentecostais, se apropriassem dessa manifestação cultural. 

Baobá no Amapá

Fazer a conexão com as necessidades do outro, e entender as principais mensagens levou o Baobá – Fundo para Equidade Racial ao estado do Amapá no mês de outubro para ver de perto as realizações do Projeto Marabaixo nas Escolas, promovido pelo Movimento Nação Marabaixeira. 

O Diretor Executivo do Baobá, Giovanni Harvey, a Gerente de Comunicação e Mobilização de Recursos, Janaina Barbosa, a Gerente de Articulação Social, Caroline Almeida, e a Assistente de Projetos, Camila Santos estiveram no Amapá. Além da aproximação com o Movimento Nação Marabaixeira, também realizaram encontros e conversas com representantes de movimentos negros amapaenses. 

A importância do Baobá ter ido a campo – estratégia que compõe o plano de ações do Fundo – é definida por Rosivaldo da Silva Gomes, mais conhecido por Dinho Paciência, Coordenador de Projetos Pedagógicos e Elaboração de Projetos do Movimento Nação Marabaixeira: “A importância da vinda do Baobá aqui, junto a nós, é a ratificação do nosso fazer, enquanto movimento preto, pela visibilidade, protagonismo e formação de lideranças da nossa gente. Pelo que o Fundo Baobá é, pela representatividade que tem, ele é o nosso selo de validade, de qualidade e de abertura de portas. A partir dessa vinda, as pessoas visualizaram aquilo que a gente faz,  porque nós tivemos o Baobá aqui para confirmar isso”, afirmou Dinho.

Para o idealizador e fundador do Nação Marabaixeira, João Carlos do Rosario Souza, o Carlos Piru, o trabalho feito pelo Baobá contribui para que a cultura amapaense, mais especificamente, a Marabaixeira, tenha alcançado outros pontos do país.

“O Estado do Amapá sempre esteve isolado do resto do Brasil, em todos os aspectos. Com o advento das redes sociais isso acabou, pois podemos interagir com o mundo. Foi assim que conhecemos o Baobá e o Baobá nos conheceu. Recebê-los aqui foi histórico, desafiador e gratificante. Nos deu a certeza de que estamos no caminho certo e que podemos conduzir nossa própria história a partir dos nossos projetos. O projeto Cantando Marabaixo nas Escolas começou em 2017 e desde então nossa luta é bastante intensa na busca de apoio em todos os sentidos. Porém,  nunca fomos tratados dessa forma, mesmo o projeto alcançando essa expressão nacional e alcançando o Amapá adentro. Portanto,  gratidão ao Fundo Baobá”, concluiu. 

Educação em Tecnologia: o promissor caminho para a equidade racial

Educação em Tecnologia: o promissor caminho para a equidade racial

Educar para transformar: essa é uma das chaves para fomentar a equidade racial no Brasil. Inúmeras pesquisas, censos e levantamentos comprovam como a falta ou dificuldade de acesso à educação tem sido um dos mecanismos de desigualdade racial no Brasil. Em uma época marcada pela disseminação da tecnologia e digitalização dos processos, lacunas educacionais são ainda determinantes para a qualidade de vida das pessoas.

Um bom exemplo de enfrentamento desse desafio vem do Espírito Santo, onde o Instituto Oportunidade Brasil (IOB) tem desenvolvido um trabalho educacional com forte viés para o digital. O IOB criou o Programa Oportunidade Tech para que, por intermédio da qualificação educacional na área de Tecnologia da Informação, os jovens pudessem entrar e/ou permanecer nos postos de trabalho. 

O instituto foi uma das 16 organizações selecionadas pelo edital Educação em Tecnologia, do Baobá – Fundo para Equidade Racial, que tinha como objetivo apoiar iniciativas e empresas negras que pudessem contribuir, por meio de processos de formação, para a ampliação da capacidade de pessoas negras serem inseridas no mercado de trabalho na área tecnológica.

Mais de um ano após a implementação do Programa Oportunidade Tech, o Fundo Baobá conversou com a diretora do IOB, Verônica Lopes, para saber como estão as atividades e realizações da instituição. 

Que projetos o IOB está tocando que poderão impactar ainda mais positivamente o cenário social no Espírito Santo? 

Em agosto, realizamos o nosso II Fórum, que teve como tema “Educação e Trabalho para Quem? Do Discurso à Ação”. O evento contou com a participação de especialistas e empreendedores locais e nacionais para discutir os desafios e as boas práticas em diversidade, inclusão e combate ao racismo no trabalho e na educação. No dia 29,  tivemos um evento muito especial chamado Inovação Periferia. Nesse evento, os formandos do Oportunidade Tech, após dois anos de intensa dedicação, apresentaram os três aplicativos inovadores que desenvolveram para beneficiar suas comunidades. Recebemos empresários da área de tecnologia, mentores e apoiadores. Além disso, no início do mês, lançamos uma nova turma de Marketing Digital, com o apoio do Instituto Localiza. Em cinco meses, jovens de 15 a 29 anos estarão capacitados a utilizar um celular para criar vídeos, tirar fotos, fazer posts no Instagram, usar o Canva e outras ferramentas digitais. O curso também inclui empreendedorismo e uma trilha de preparação para a entrada no mercado de trabalho.

Dentro da premissa de potencializar as oportunidades para jovens negros alcançarem um futuro promissor, é possível traduzir em números a atuação do IOB? 

Fechamos o ano de 2023 com mais de 1.500 atendimentos a beneficiários. Começamos 2024 com uma jornada formativa em liderança e finanças para mais de 40 mulheres. Atualmente, temos quatro turmas em formação, das quais três são em Tecnologia da Informação.

Recentemente, você ganhou um prêmio dedicado a mulheres empreendedoras que têm contribuído para o desenvolvimento social no estado. Esse reconhecimento a você está relacionado de que maneira ao IOB? 

O prêmio destaca a importância das iniciativas promovidas pelo IOB, evidenciando a relevância do trabalho da instituição na promoção da inclusão e da igualdade racial. Este reconhecimento enfatiza o impacto positivo e a contribuição contínua do IOB para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.

No campo das vitórias pessoais, há nomes de jovens apoiados pelo IOB que podem ser citados aqui? Quem são e o que estão fazendo?  

Maylon Viana ingressou na universidade federal este ano e já está desenvolvendo trabalhos como empreendedor na área de tecnologia. Ele é aluno do instituto desde 2021.

Samyla Santana foi contratada como efetiva ainda enquanto cursava o programa do instituto, tem se destacado muito na empresa em que está atuando. Recebemos vários feedbacks positivos da empresa.

Haynnan Seibert, que se formou em tecnologia no IOB, já atua como instrutor na instituição e como empreendedor na área de tecnologia.

No que esse reconhecimento a você como empreendedora contribui para as atividades do IOB? 

O reconhecimento contribui significativamente para as atividades do Instituto Oportunidade Brasil (IOB) de várias maneiras:

 1. Validação do Impacto Social: Valida a importância e a relevância do trabalho que o Instituto realiza na capacitação e inclusão de jovens negros em situação de vulnerabilidade.

2. O reconhecimento aumenta a visibilidade do IOB e reforça sua credibilidade como uma organização comprometida com a transformação social. Isso pode atrair mais parceiros, patrocinadores e apoiadores

3. O prêmio serve como uma fonte de inspiração e motivação para a equipe do IOB e para os jovens beneficiados pelos programas da instituição. Ele demonstra que o esforço e a dedicação têm um impacto real e podem levar a reconhecimentos importantes.

4. Fortalecimento da Missão do Instituto:  O reconhecimento reforça a missão do IOB de promover a inclusão e a igualdade racial, alinhando-se com os valores e objetivos da organização. Ele ajuda a consolidar o compromisso do Instituto com sua causa e reforça a importância de continuar nosso trabalho transformador.

Fundo Baobá abre processo seletivo para contratação de PJ para Pesquisa Qualitativa em Educação e Relações Raciais

Fundo Baobá abre processo seletivo para contratação de PJ para Pesquisa Qualitativa em Educação e Relações Raciais

O Baobá – Fundo para Equidade Racial, uma das mais importantes organizações voltadas à promoção da justiça social e racial no Brasil, está com uma oportunidade imperdível para profissionais comprometidos com a transformação da educação. A instituição está em busca de uma Pessoa Jurídica (PJ) qualificada para conduzir uma pesquisa qualitativa no campo da educação e das relações raciais, um tema central para a construção de um país mais inclusivo e equitativo.

Objetivo da contratação

A pesquisa tem como objetivo central a realização de grupos focais, entrevistas semiestruturadas e a aplicação de questionários auto responsivos com diferentes públicos. Esses métodos investigativos irão mapear as necessidades e expectativas de estudantes e educadores em relação à preparação para vestibulares, especialmente no contexto de desigualdades raciais. 

Os resultados dessa pesquisa serão fundamentais para orientar a elaboração do edital e as estratégias de divulgação e mobilização da 2ª edição do Projeto Já é: Equidade Racial na Educação.

Esse projeto visa promover a equidade racial nas escolas e garantir que jovens negros e negras tenham as mesmas oportunidades de sucesso acadêmico, superando as barreiras impostas pelo racismo estrutural. A contribuição do estudo será decisiva para impactar positivamente milhares de vidas e transformar o panorama educacional no Brasil.

Quem pode participar

Este processo seletivo é voltado apenas para pessoas negras e exclusivo para Pessoas Jurídicas (PJ), e não serão aceitas candidaturas de pessoa física. Profissionais especializados em pesquisa qualitativa, com experiência comprovada em estudos na área de educação e/ou relações raciais, são convidados a participar. A experiência prévia com projetos voltados para a promoção da equidade racial será um diferencial relevante no processo de seleção.

Processo de Seleção

Para participar do processo seletivo, as pessoas interessadas devem enviar uma proposta orçamentária até o dia 02 de setembro de 2024, às 17h (horário de Brasília). É importante destacar que não serão aceitas candidaturas de pessoa física.

Além da proposta orçamentária, é obrigatório o envio de 02 cartas de referência assinadas por contratantes dos principais trabalhos realizados nos últimos três anos, que sejam relacionados ao escopo desta pesquisa. A seleção será baseada na melhor qualidade pelo melhor valor.

Dúvidas sobre o processo podem ser encaminhadas até o dia 29 de agosto de 2024, às 12h (horário de Brasília).

Como Participar

Os interessados em colaborar com este importante projeto podem acessar o Termo de Referência completo através do link abaixo: