Em Goiás, o Comitê Estadual da Marcha das Mulheres Negras tem mostrado que a organização coletiva é um ato de resistência, mas também de transformações concretas. A mobilização começou com a formação de um grupo de 156 voluntárias, integrantes da Rede Goiana de Mulheres Negras, espalhadas por diferentes territórios urbanos e rurais do estado. São mulheres cis e trans, com idades entre 16 e 89 anos, ligadas a organizações de mulheres negras, movimentos populares, coletivos feministas e também mulheres independentes.
A estrutura do Comitê reflete a diversidade dessa rede: há comitês operativos, como o Executivo e o de Comunicadoras, e comitês temáticos, que atuam diretamente em assuntos como educação antirracista, justiça climática, saúde, cultura, saberes ancestrais e participação política. Cada grupo reúne cerca de 12 mulheres, que articulam ações e mobilizam territórios, fortalecendo a capilaridade da Marcha em mais de 50% dos municípios goianos.
Nos últimos meses, as ações do Comitê se expandiram por todo o estado: rodas de conversa, encontros formativos, campanhas de prevenção à violência, oficinas de comunicação antirracista e desfiles carnavalescos com o estandarte da Marcha. Foram mais de 200 eventos e iniciativas, incluindo feiras de economia criativa, cursos de capacitação, incidência política, ações em escolas e universidades, produções audiovisuais e atividades culturais com foco na valorização das mulheres negras do Cerrado.

Essas experiências fortalecem a identidade coletiva, ampliam a formação política e conectam gerações, especialmente para as mais jovens, que vêm ganhando protagonismo no processo.Segundo levantamento do Comitê, 38,4% das participantes têm entre 16 e 29 anos. Essas jovens estão introduzindo novas linguagens, tecnologias e sua energia transformadora para o movimento. Atualmente, mulheres jovens lideram grupos temáticos estratégicos, como os de Justiça Ambiental, Cultura e Comunicação.
Além disso, está em formação a Organização Mulheres Negras Jovens em Marcha, iniciativa que surge de um processo de mentoria, escuta e afeto, voltado à construção de projetos de vida e ao fortalecimento das lideranças negras do futuro.
Os desafios são muitos, desde conciliar pautas diversas, superar as desigualdades regionais até enfrentar a falta de recursos e lidar com a sobrecarga das múltiplas jornadas das mulheres. Mas, porém como destacam as articuladoras, cada obstáculo se converte em um convite à invenção coletiva.

Entre as estratégias que fortalecem o grupo destacam-se: a criação de agendas compartilhadas, o mapeamento de demandas territoriais, a escuta como prática política, e o rodízio na liderança dos processos. As ações ações formativas também são prioridade, mostrando-se fundamentais para fortalecer vínculos e ampliar o protagonismo das mulheres negras, especialmente as da base, que hoje assumem o centro das decisões e a condução de comitês e projetos.
Nos últimos meses, o Comitê de Goiás concentrou esforços na realização de três Encontros Regionais e um Encontro Estadual, preparando diretamente a Caravana para Brasília, onde milhares de mulheres negras de todo o país se reunirão na Segunda Marcha Nacional das Mulheres Negras, no dia 25 de novembro. Além disso, seguem em curso as atividades de comunicação, capacitação e planejamento para o pós-Marcha, assegurando que o legado desse processo permaneça vivo nos territórios.
“Estaremos juntas no caminho de luta e afeto que herdamos das gerações que nos antecederam. Nossa história carrega o legado da justa reparação. A construção do bem viver é condição possível para o futuro. Levante das Pretas 2025,” afirma Janira Sobre, coordenadora do Comitê Impulsor da Marcha das Mulheres Negras de Goiás.
Acompanhe as atualizações da Marcha das Mulheres Negras 2025 e faça parte dessa mobilização!











