Em 2024, Fundo Baobá fortaleceu caminhos que levam à Equidade Racial

Visita da Kellogg Foundation ao Fundo Baobá

2024 foi repleto de conquistas e reafirmação do compromisso do Fundo Baobá em promover a equidade racial e apoiar iniciativas transformadoras, a exemplo dos editais BlackSTEM e Carreiras em Movimento. 

Este ano, o Fundo Baobá deu passos importantes no fortalecimento de instituições históricas, na ampliação de oportunidades para a juventude negra e no diálogo com movimentos globais de equidade racial. Foi um ano de conquistas significativas, refletindo nosso compromisso com a transformação social. Confira os destaques:

Doação para a Marcha das Mulheres Negras

A Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, ato político-social que pretende reunir um milhão de mulheres negras em Brasília (DF), em 25 de novembro de 2025, vai contar com o maior apoio financeiro da história do Baobá – Fundo para Equidade Racial. A organização doou R$1.250.000 (um milhão e duzentos e cinquenta mil reais) para a mobilização, logística, articulação e engajamento de mulheres negras em todas as regiões do país, com atenção especial às mulheres quilombolas. 

O anúncio foi feito no dia 8 de dezembro durante o Encontro Regional de Mulheres Negras do Nordeste rumo à Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, que aconteceu em Recife (PE). 

Representando o Fundo Baobá, Caroline Almeida, Gerente de Articulação Social, enfatizou o compromisso da organização com a mobilização nacional: “Este apoio é resultado do nosso compromisso com a luta das mulheres negras e com a construção de um futuro mais justo e digno para todas. Este é um esforço coletivo, com a confiança de que as mulheres negras terão voz ativa em cada etapa do processo até a grande Marcha em 2025.”

BlackSTEM: Formação Acadêmica Global e Liderança Negra

Em agosto, conhecemos os cinco primeiros estudantes selecionados pelo programa BlackSTEM, em parceria com a B3 Social. O edital oferece bolsas anuais de R$ 35 mil para a permanência de jovens negros e negras em áreas de Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) em universidades internacionais.

Alunos do Edital Black STEM
Alunos do Programa Black STEM 2024. Crédito: Thalita Guimarães

Camila Ribeiro Martins, que segue carreira em Pilotagem em Portugal, Diovana Stelman Negeski de Aguiar cursa Ciência da Computação na New York University (Campus China); Melissa Simplicio Silva também faz Ciência da Computação, mas na New York University em Nova York; Rilary Oliveira Torres é estudante de Medicina na Universidad Nacional de Rosario, na Argentina; e Eric Souza Costa Ribeiro, primeiro negro brasileiro a representar o país na Olimpíada Internacional de Ciência, entrou na Notre Dame University para cursar Engenharia Aeroespacial, exemplificam o potencial transformador do programa. 

De acordo com Giovanni Harvey, diretor executivo do Fundo Baobá, “o BlackSTEM é mais que um programa educacional, é uma ponte para a ocupação de espaços de liderança pela juventude negra.”

Conferência da Diáspora Africana nas Américas

Salvador, na Bahia, foi palco da Conferência da Diáspora Africana, um marco para o movimento pan-africano. O evento reuniu lideranças globais para discutir temas como reparação histórica e o papel da África no cenário mundial. 

Giovanni Harvey representou o Fundo Baobá na elaboração da Carta de Recomendação à União Africana, defendendo que as reparações sejam o próximo passo no combate às desigualdades estruturais. A conferência na Bahia serviu como ponte para o 9º Congresso Pan-Africano, que ocorreu em Lomé, no Togo. 

Impactos do Programa “Carreiras em Movimento”

O programa Carreiras em Movimento trouxe resultados transformadores para os 317 apoiados entre os 688 que se inscreveram para concorrer ao edital — uma oportunidade de desenvolvimento de competências e habilidades entre pessoas negras em início de suas carreiras ou que estivessem buscando mobilidade dentro do setor privado.        

✅ 61% das pessoas sem emprego conseguiram trabalho
✅ 54% dos trabalhadores informais migraram para empregos formais
✅ 48% dos participantes relataram aumento de renda, atribuindo os resultados ao programa

Além disso, houve avanços em autoconhecimento, gestão de tempo, planejamento e liderança, fortalecendo trajetórias profissionais e pessoais.

Celebrando a Resistência: 192 anos da Sociedade Protetora dos Desvalidos 

Grupo de senhores negros celebrando a Resistência: 192 anos da Sociedade Protetora dos Desvalidos
Sociedade Protetora dos Desvalidos (SPD). Crédito: Hugo Martins

A Sociedade Protetora dos Desvalidos (SPD), a mais antiga associação negra em atividade do Brasil, comemorou 192 anos de luta e resiliência em setembro, em Salvador (BA). Fundada por homens negros libertos, a entidade continua sendo um pilar na busca por justiça social e igualdade. 

Com o apoio  histórico de R$ 500 mil do Fundo Baobá, viabilizado em 2023, a SPD reafirmou seu papel como símbolo de resistência. Giovanni Harvey destacou a importância de apoiar instituições centenárias, garantindo que suas ações e valores permaneçam vivos para as próximas gerações.

Reconhecimento: Selo de Direitos Humanos e Diversidade e Selo Igualdade Racial

O edital Educação em Tecnologia, inscrito pelo Fundo Baobá, foi reconhecido com o Selo de Direitos Humanos e Diversidade, outorgado pela Prefeitura de São Paulo em sua 7ª edição. Este reconhecimento destaca o compromisso do Fundo Baobá em estimular a produção de conhecimento, fortalecer o ambiente educacional e preparar a juventude negra para o futuro por meio da tecnologia.

A outra outorga foi dada ao próprio Fundo Baobá, que ganhou o Selo Igualdade Racial. Instituído em 2015 pela Lei Municipal 16.340 e Decreto 57.987, de 2017. Este selo é concedido a organizações que têm, pelo menos, 20% de profissionais negros distribuídos em diferentes níveis hierárquicos e funções, incluindo prestadores terceirizados. No Baobá, a equipe executiva é composta majoritariamente por pessoas negras em cargos de direção, gerência, coordenação e assistência.”.  

Participação no G20 Social

O Fundo Baobá foi convidado a integrar debates importantes no G20 Social, com destaque para a mesa “Rotas Negras e o Projeto Cais do Valongo”. O G20 Social foi um evento que correu em paralelo ao fórum de cooperação econômica que reuniu no Rio de Janeiro nações desenvolvidas e outras emergentes, além da União Europeia e da União Africana. Giovanni Harvey enfatizou como memória, justiça racial e economia caminham juntas, reforçando o protagonismo negro nas pautas globais.

Giovanni Harvey com Adriana Barbosa, do Preta HUB, na mesa “O papel das políticas públicas para o empoderamento econômico dos afrodescendentes na América Latina” do G20 Social

Visita da Kellogg Foundation

O Fundo Baobá tem uma forte e histórica ligação com a Kellogg Foundation, organização que contribuiu para a formação do Baobá construindo os primeiros diálogos com o movimento negro brasileiro e designando os primeiros aportes financeiros para que o Fundo fosse constituído. Isso teve início em 2006. Em 2024, o Baobá recebeu a visita de integrantes da Kellogg que estiveram no Brasil em 2018. Seis anos depois, eles receberam informações sobre as realizações do fundo nos seus 13 anos oficiais de existência. 

Visita da Kellogg Foundation

As informações foram centradas no trabalho de Articulação Social, Investimento Programático e Mobilização de Recursos. Além disso, foi enaltecido o aprendizado que o Baobá recebeu da Kellogg sobre gestão financeira e pensamento de longo prazo. Essas características levaram o Baobá a alcançar a autonomia financeira que hoje possibilita a criação de editais como o BlackSTEM e o Quilombolas em Defesa; ações como a Saúde Mental Quilombola e o investimento de contribuição para a realização da Marcha das Mulheres Negras, que acontecerá em novembro de 2025.