Apoio: OAK Foundation
Âmbito: regiões metropolitanas do Nordeste Brasileiro.
Temáticas: Educação, Meio Ambiente, Segurança, Lazer e Cultura, Trabalho, Transporte, Habitação, Saúde e Serviços.
Lançado em maio de 2018, o edital teve como foco o apoio a organizações pequenas e mídias da sociedade civil (OSCs) afro-brasileiras que desenvolvem e implementam iniciativas inspiradoras voltadas para a participação cidadã, estimulando discussões atividades na perspectiva do Direito à Cidade, com intuito de reduzir as práticas do Racismo Estrutural e Institucional.
O projeto promoveu a formação política e cidadã de 30 mães e seus filhos, um total de 60 pessoas, das comunidades do Calabar, Cabula e Engenho Velho da Federação, em Salvador/ BA. Incentivou os participantes a ampliar suas capacidades, horizontes e expectativas para desenvolver seus projetos de vida, a partir de capacitações em educação política e cívica, durante três meses.
O encerramento do projeto aconteceu com uma audiência pública, em julho de 2019, com mais de 80 pessoas reunidas, entre lideranças dos territórios e referências do movimento negro e movimento de mulheres negras, para dialogar com autoridades sobre problemas enfrentados nos respectivos bairros e encontrar soluções.
A coordenação do projeto considerou que foi um importante suporte a essas comunidades que sofrem muito com violências cotidianas, a falta de investimento em sa.de e segurança, além de racismo e abandono. E ainda reiterou que o aporte financeiro proporcionou a reorganização do ICEAFRO e criação de uma nova sede, fortalecendo a instituição para realizar novos projetos, ter novos associados e gerar mais aprendizado.
O projeto propôs a promo..o do desenvolvimento auto-organizado e autodeterminado dos artífices do antigo centro de Salvador/BA, em defesa da permanência e reconhecimento das tradições da ancestralidade africana.
Realizou ações para a construção da associação: capacitações e debates, treinamento em gerenciamento e execução de projetos, produção coletiva do estatuto social, produção de conhecimento comum sobre história e prática tradicional e mapeamento de mais de 100 iniciativas. A escolha de uma análise territorial como ponto de partida garantiu uma maior identifica..o dos artífices com a construção coletiva e uma apropriação, muito particular, dos mesmos pelo centro da cidade.
O projeto possibilitou os primeiros passos de um coletivo de trabalhadores na construção de um projeto negro e popular para o centro antigo de Salvador, mobilizou e integrou trabalhadores e preparou membros da coordena..o para o desempenho de suas atividades. A associa..o conseguiu se formalizar como Associação dos Trabalhadores de Artes e Ofícios do Centro Tradicional de Salvador (AACTS), sendo procurada e acolhendo trabalhadores que buscam melhores condições de vida no centro.
O projeto contribuiu para o empoderamento e autonomia financeira de mulheres negras da comunidade Curuzu e adjacências de Salvador/BA, a partir de oficinas de capacita..o para gerar renda e sobre gênero e raça.
O conjunto de atividades impactou a renda das mulheres e foi capaz de provocar independência para construir rela..es diferentes em suas casas e na comunidade.
As atividades incluíram oficinas de costura para o desenvolvimento de produtos – bolsas, sacolas e camisetas – confeccionadas a partir da valoriza..o e reafirma..o da identidade africana e afro-brasileira. Houve ainda forma..es que trataram a precifica..o, controle financeiro, customiza..o, gestão de redes sociais, e também questões raciais e equidade de gênero.
Ao todo, 30 mulheres negras e 4 homens negros foram beneficiados diretamente por essas atividades.
Por fim, ocorreu uma feira de artesanato para comercializar os produtos confeccionados no projeto e por outros artesãos da comunidade. Na programação, foram incluídas ações para prevenção e cuidados com a saúde da população negra, com atenção especial para idosos e mulheres, educação ambiental e ainda atividades culturais.
O projeto realizou diversos eventos – noites culturais, saraus e seminários – que reuniram vozes que compõem as resistências das periferias de Fortaleza/CE, construindo paralelos entre o trabalho do grupo Nóis de Teatro com in.meros homens e mulheres negros que estão reinventando o discurso sobre a cidade. Esses encontros tornaram possível o desenho de uma “cartografia poética”, que deu origem à montagem do espetáculo teatral “Ainda Vivas – Três Peças do Nóis de Teatro”. Altemar Di Monteiro e o poeta Pedro Bomba assinaram a dramaturgia do trabalho.
Com duração de 3 horas, o espetáculo buscou fundar “um lugar que reúne negrxs, mulheres e LGBTs no espaço público para o debate sobre sobre suas urgências. No tempo em que ‘eles combinaram de nos matar, a gente combinamos de n.o morrer’”. A estreia da pe.a – centrada no debate sobre racismo, machismo e LGBTfobia – aconteceu em julho de 2019 em Fortaleza, na sede do grupo e seguiu para o Centro Cultural Dragão do Mar, totalizando 27 apresentações.
O Grupo Mulher Maravilha atua nos municípios de Recife e Afogados da Ingazeira, apoiando mulheres da regi.o rural e de comunidades quilombolas do Sertão do Pajeú, Pernambuco – um dos estados brasileiros com maior índice de violência contra a mulher.
O projeto contribuiu para o empoderamento das mulheres negras da comunidade Nova Descoberta no enfrentamento das desigualdades existentes, especialmente as relacionadas . sa.de, identidade e meio ambiente. Foram realizados 6 encontros para capacita..o, apoiados em uma metodologia dialógica a partir de temas-chave como Outubro Rosa, Sa.de da Mulher Negra, Consciência Negra, Dia Mundial de Luta contra Aids, Comunica..o e Dia Internacional da Mulher. Outros 3 momentos foram promovidos ainda no âmbito do projeto: workshops sobre Cultura e Estética Afro, Penteados e Maquiagem; Autocuidado com Pr.ticas Integrativas; e Nutrição e Saúde. As rodas de conversa que trouxeram mais impacto foram as relacionadas. identidade e sa.de.
Como resultado, as mulheres participantes passaram a se identificar como negras e a exigir servi.os e a..es de qualidade para as mulheres e a população negra em geral, nas unidades básicas de saúde, conforme previsto nas políticas públicas federais.
No âmbito do projeto, ainda foi criado o Núcleo Dandara itinerante, com foco na discussão de gênero e raça para mulheres negras da comunidade, por meio de cine-debates, rodas de diálogo e oficinas.
Foram realizadas oficinas tem.ticas sobre Educação, Meio Ambiente e Lazer e Cultura, relacionadas ao tema central do edital “A cidade que queremos”, para contribuir com o fortalecimento da rede jovem de combate ao racismo e às desigualdades sociais de gênero e raça.
Em Educação, foram abordados os seguintes temas: reconhecimento e apreciação do legado da territorialidade negra – a crítica da estruturação do racismo, e foram destacadas estratégias de educação para as relações étnico-raciais. No tema Lazer e Cultura, foi abordada a história e o legado da sociabilidade negra – o quilombo Cabula como lugar de memória, da luta, da história, do direito de viver com dignidade. No tema Meio Ambiente, a abordagem foi a história da urbaniza..o, que teve impactos negativos, como a destruição de vidas em contato com a floresta, o modo agrícola do quilombo, fauna e flora, reforço às críticas às questões ambientais, ao racismo e, ao mesmo tempo, às formas herdadas pelos habitantes de ascendência quilombola no comunidades.
A Sambada do Coco começou no quintal de um terreiro e, logo em seguida, ganhou as ruas de Olinda/PE, transformando-se na tradicional Sambada de Coco do Guadalupe.
O evento mobiliza, por sambada, mais de duas mil pessoas e articula toda a comunidade, gerando trabalho e renda, ocupando o território e produzindo identificação cultural, com a brincadeira do coco. Mãe Beth de Oxum é articuladora da sambada, que é guiada pela musicalidade ancestral evocada pelo toque da zabumba de coco.
O projeto realizou doze edições da Sambada de Coco de Guadalupe, contribuindo para a visibilidade positiva desse bairro, nos primeiros sábados do mês de janeiro a dezembro de 2019. Antes de cada Sambada, o Centro Cultural promoveu uma sessão de filmes africanos ou afro-brasileiros.
Uma pequena parte do recurso foi investida na melhoria e manutenção de equipamentos para o palco, o que garantiu sua autonomia da iniciativa em relação a recursos governamentais.
O projeto realizou uma articulação para fortalecer o di.logo e a agenda política da população negra nas instituições estaduais de Alagoas e para construir elementos práticos de orientação de agentes públicos, especialmente policiais militares, sobre as práticas de racismo institucional na vida cotidiana. A partir da realiza..o de rodas de conversa, workshop e 2 seminários envolvendo diferentes atores, mas principalmente policiais, foi possível abrir um diáogo institucional com a corporação da Pol.cia Militar do Estado de Alagoas, sensibilizando para os problemas que afligem a população negra e de forma a fortalecer uma agenda antirracista no estado. O foco na polícia comunitária se deu de forma estratégica, já que esse setor da polícia tem maior e mais regular contato com a comunidade local.
A confecção de uma cartilha se constituiu como um instrumento para apoiar a formação de policiais, para fazer valer os direitos da população afro-alagoana. A Associação de Negras e Negros da Universidade Federal de Alagoas – ANU e Ministério Público do Estado de Alagoas (61a Promotoria de Direitos Humanos) foram importantes parceiros da iniciativa.
O Sítio Ágatha é dedicado a vivências e trocas de experiências agroecológicas, com base na militância popular, no feminismo e no antirracismo, liderado por três gerações de mulheres negras. As semente crioulas, que dão nome ao projeto, guardam em si a sabedoria dos ancestrais e a riqueza natural das terras e, por essa razão, devem ser preservadas e disseminadas. Elas são também conhecidas como sementes tradicionais e são, por definição, variedades desenvolvidas, adaptadas ou produzidas por agricultores familiares ou camponeses, assentados da reforma agrária, quilombolas ou indígenas. Inspirados nesses conceitos e propósitos, foram realizados 4 encontros pedagógicos de trocas agroecológicas baseadas no feminismo negro, promovendo a articulação entre movimentos e a capacitação de mulheres militantes dos movimentos sociais da Região, com a intenção de fortalecer a agroecologia feminista e étnica, articulada em rede com diferentes grupos sociais para criar estratégias para lidar com o racismo estrutural. Foram priorizadas organizações de identidade afro-indígena, algumas das quais trabalham no campo da agroecologia e outras que agem e se integram à cultura popular tradicional e/ou periféricas. Embora as crianças não tenham sido foco, o projeto incluiu também a sua participação integrada, já que um dos princípios do Sítio Agatha é honrá-las como sujeitos ativos e co-responsáveis pelo ambiente construído, assim como tratar a maternidade com o devido acolhimento. Foi produzido um mapa sobre a situação do território e a garantia da segurança para sua subsistência e autonomia.
Tendo como objetivo avançar na incorporação da agenda do Direito à Cidade (Ilú Obirin significa Cidade das Mulheres, no idioma Iorubá), o projeto realizou uma agenda de 4 ações de incidência política e 20 atividades de formação, além das reuniões organizativas mensais da Rede Mulheres Negras de Pernambuco e outros coletivos e organizações em Recife e Região Metropolitana.
Os temas trabalhados nessas atividades foram: Direito à Cidade com Gênero e Raça; Como ter uma Cidade Segura para as Mulheres Negras?; Mulheres Negras e Direito à Moradia; Mulheres Negras e Mobilidade Urbana; e Racismo Ambiental e Direito à Cidade das Mulheres Negras.
Como resultado, a Rede alcançou uma maior aproximação com o Poder Legislativo estadual, através de sua participação no Conselho Político das Juntas Codeputadas e também da participação em audiências públicas e seminários realizados na Assembleia Legislativa de Pernambuco. Como produtos dos debates intensos e do fortalecimento da Rede neste processo, foi lançada a Plataforma Mulheres Negras e Direito à Cidade e também foram produzidos uma publicação e um vídeo “A cor do Recife é Negra!”
A publicação contém propostas de ação para cada uma das temáticas dos debates realizados, como por exemplo: ampliar a construção de creches, priorizando as regiões periféricas da cidade e garantir a participação das mulheres negras nos mecanismos de participação social que influenciam nas políticas de planejamento urbano, como o orçamento participativo, conselhos e conferências.