A cultura de doação no Brasil vem passando por transformações. Como agente desse ecossistema, a atuação do Fundo Baobá para Equidade Racial tem sido marcante. O segmento em que o Baobá atua, o da captação e destinação de recursos visando o combate ao racismo e promoção da equidade no Brasil, vem sendo mais notado por financiadores que enxergam a defesa dos direitos e oportunidades justas para a população negra como algo sem retrocesso, que vai contribuir para uma melhor sociedade.
O Baobá completa dez anos de fundação neste ano de 2021. Seu trabalho vem sendo significativo na captação e destinação de recursos para que entidades negras alcancem excelência em suas propostas de transformação da realidade social do Brasil. Esse trabalho, porém, é mais que secular, como explica a socióloga e vice-presidente do Conselho Deliberativo do Fundo Baobá, Amalia Fischer: “Acho que o Baobá tem mais de dez anos. Ele tem 310 anos. Por que falo isso? Porque o Baobá tem a linhagem de toda ancestralidade que criou formas de solidariedade e formas de construir filantropia pela justiça social. A filantropia pela justiça social no Brasil começa com as irmandades negras”, afirma. “O Baobá tem o conhecimento e a experiência de todas essas pessoas negras que o formam e o fortalecem”, completa.
O administrador Fábio Santiago, membro do Conselho Fiscal do Fundo Baobá, vê com otimismo o desenvolvimento de captação de recursos para filantropia no país. “Quando comparamos o ecossistema de doação e a prática de filantropia no Brasil e no exterior, podemos notar a enorme diferença na quantidade de fundos patrimoniais criados e também sobre as diferenças de valores que os compõem. Claro que a situação econômica do país é determinante para esses aspectos, mas o Brasil ainda tem muito espaço para melhorar sua visão e suas práticas no que tange à promoção da filantropia”, diz.
Para Santiago, o nível organizacional desenvolvido pelo Fundo Baobá nesses dez anos de atuação propiciou confiabilidade dentro do segmento da filantropia. “Trabalhar com objetivos bem definidos, ter discurso coerente, prática estruturada e um processo de prestação de contas bem elaborado e transparente anima as empresas”, explica. Porém, alerta Fábio Santiago, há outras formas de os financiadores contribuírem. “É importante deixar nítido que nem só de dinheiro depende o fortalecimento de certas causas. Acesso ao trabalho, a serviços e produtos essenciais, além do reforço de mensagens afirmativas são algumas contribuições possíveis por empresas de diferentes portes e que podem resultar em mudanças muito significativas no contexto brasileiro.”
O desenvolvimento da cultura de doações no Brasil pode fazer uma entidade com o nível organizacional do Baobá crescer ainda mais em importância para a sociedade. “O Baobá vai ser uma das grandes instituições do país. Porque tem capacidade de gerar recursos grandes e altos. Conhece muito bem as organizações e os territórios onde elas estão. Sabe das necessidades dessas organizações e sabe como fortalecê-las. Além disso, sabe construir colaborativamente com outros fundos e outras fundações”, afirma Amalia Fischer.
O mês de agosto vai marcar a realização do Black Philanthropy Month (BPM). O evento aconteceu pela primeira vez em 2011 e tem como objetivo investir na liderança filantrópica negra para o fortalecimento da doação também negra visando beneficiar organizações, comunidades e vidas dos afrodescendentes brasileiros. Pela primeira vez o BPM acontecerá no Brasil e o Fundo Baobá terá papel de destaque. “Será uma oportunidade de colocar luz sobre um tema, de atrair novos olhares, de promover trocas entre os participantes e conhecer experiências de determinadas regiões que podem ser aplicadas em outras. A participação do Baobá no BPM reforça seu papel de organização formadora de opinião, de incentivo à causa e engajamento de diferentes públicos, além de projetar a instituição internacionalmente. Ter papel de destaque no evento promete ser um grande gol para o Baobá”, destaca Fábio Santiago.
O caminho da internacionalização do Fundo é analisado também pela vice-presidente do Conselho Deliberativo, Amalia Fischer. “A participação do Baobá no Black Philantrophy Month (BPM) vai ser super importante. Vai ser uma troca em que o Baobá vai aprender e também compartilhar conhecimentos e experiências. Vai também estimular que essas doações sejam dirigidas para a questão do combate ao racismo no Brasil”, declara.