Fundo Baobá recebe os Selos de Direitos Humanos e Igualdade Racial da Prefeitura de São Paulo

Fundo Baobá recebe os Selos de Direitos Humanos e Igualdade Racial da Prefeitura de São Paulo

O Fundo Baobá para Equidade Racial foi reconhecido pela Prefeitura de São Paulo com os Selos de Direitos Humanos e de Igualdade Racial, reafirmando sua atuação na promoção da equidade racial, na inclusão social e no fomento à educação para a população negra. O anúncio foi feito em dezembro de 2024, destacando a relevância do trabalho da organização.

A cerimônia de premiação ocorreu em São Paulo, nos dias 9 e 10 de dezembro, reunindo mais de 400 organizações inscritas. No total, 235 entidades foram premiadas pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, reconhecendo suas iniciativas em prol da diversidade, inclusão e justiça social.

Selo de Direitos Humanos e Diversidade

O Edital Educação em Tecnologia, promovido pelo Fundo Baobá, foi contemplado com o Selo de Direitos Humanos e Diversidade em sua 7ª edição, um reconhecimento concedido a organizações que realizam ações concretas para a inclusão e a promoção dos direitos humanos.

Lançado para fortalecer a inserção da população negra no mercado de tecnologia, o edital Educação em Tecnologia apoia organizações e empresas lideradas por pessoas negras que possam contribuir, por meio de processos formativos, tanto para a entrada de novos profissionais negros no setor quanto para a permanência daqueles que já atuam, desenvolvendo suas competências.

Ao todo, quatro organizações foram selecionadas para receber apoio financeiro, com bolsas que variam entre R$ 250 mil e R$ 500 mil, permitindo que essas iniciativas expandam seu impacto e capacitem mais profissionais negros para o setor tecnológico.

Selo Igualdade Racial

Além do reconhecimento pelo edital, o próprio Fundo Baobá recebeu o Selo Igualdade Racial, uma certificação concedida a organizações que demonstram compromisso com a diversidade racial e a inclusão no ambiente de trabalho.

Criado pela Lei Municipal 16.340/2015 e regulamentado pelo Decreto 57.987/2017, esse selo é destinado a organizações que possuem, no mínimo, 20% de profissionais negros em diferentes níveis hierárquicos, incluindo cargos de direção, gerência e coordenação.

No Fundo Baobá, a equipe executiva é composta majoritariamente por pessoas negras, reforçando seu compromisso com a equidade racial, o desenvolvimento de lideranças negras e a transformação social.

O impacto do reconhecimento

Os selos conquistados pelo Fundo Baobá não apenas reconhecem suas iniciativas de impacto social, mas também fortalecem o compromisso da organização com a construção de um futuro mais igualitário para a população negra no Brasil.

Com essas premiações, o Fundo Baobá reafirma seu papel na promoção da equidade racial e justiça social, contribuindo para um mercado de trabalho mais representativo.

Fundo Baobá doa R$ 1,25 milhão para a Marcha das Mulheres Negras 2025

Marcha das Mulheres Negras 2025

A Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver espera reunir um milhão de mulheres negras em Brasília (DF), no dia 25 de novembro de 2025. Esse ato político-social receberá um investimento histórico de R$ 1,25 milhão do Baobá – Fundo para Equidade Racial, garantindo apoio à mobilização, logística, articulação e engajamento de mulheres negras em todo o Brasil, com foco especial nas comunidades quilombolas.

O anúncio foi feito no início de dezembro, durante o Encontro Regional de Mulheres Negras do Nordeste, realizado em Recife (PE). Na ocasião, Caroline Almeida, Gerente de Articulação Social do Baobá, reafirmou o compromisso da organização com a luta das mulheres negras e a mobilização nacional, e destacou:

“Estamos articulando e contribuindo com as diversas frentes envolvidas nesse processo, apoiando tanto a mobilização local quanto a coordenação nacional, com um foco especial nas mulheres quilombolas, que têm um papel central nesta caminhada. Este é um esforço coletivo, com a confiança de que as mulheres negras terão voz ativa em cada etapa do processo até a grande Marcha.”

Apoio financeiro e divisão do investimento

O aporte de R$ 1,25 milhão será distribuído da seguinte forma:

R$ 350 mil – Comitê Nacional para garantir a presença de mulheres na marcha
R$ 25 mil por estado – Destinados à mobilização em todas as 27 unidades federativas
R$ 225 mil – Exclusivamente para a articulação de mulheres quilombolas.

Segundo Fernanda Lopes, Diretora de Programas do Fundo Baobá, esse apoio está alinhado às prioridades da organização, que incluem fortalecer a memória e história da população negra, gerar renda e combater o racismo e o sexismo.

Por que a Marcha das Mulheres Negras é fundamental?

Embora representem 28% da população brasileira, mulheres negras enfrentam os piores índices sociais. De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública:

👉🏾 63,9% das vítimas de feminicídio no Brasil são mulheres negras
👉🏾 61,6% das vítimas de estupro têm até 13 anos e 52,2% são negras

Apesar dos desafios estruturais, são elas que estão na linha de frente da luta por justiça social e direitos humanos, enfrentando diretamente a violência do sistema carcerário, a criminalização das populações negras e periféricas e as violações de direitos promovidas pelo Estado.

Sua atuação é essencial em movimentos por moradia digna, saúde, educação e segurança alimentar, além da defesa dos direitos territoriais de comunidades quilombolas, indígenas e tradicionais. Também desempenham um papel fundamental no fortalecimento da memória e da identidade da população negra, garantindo que as histórias e lutas de seus ancestrais sejam reconhecidas e valorizadas.

História da Marcha das Mulheres Negras

A Marcha das Mulheres Negras teve sua primeira edição em 2015, reunindo 100 mil mulheres em Brasília. O evento foi resultado de quatro anos de mobilização, iniciados em 2011, com ações em diversos estados e a formação de comitês estaduais e municipais. Esse processo fortaleceu a identidade política das mulheres negras, ampliou sua participação na esfera pública e impulsionou o crescimento de organizações femininas negras.

Um dos grandes marcos dessa mobilização foi a Carta das Mulheres Negras, documento entregue à Presidência da República e à sociedade brasileira. Nele, foram apresentados dados sobre desigualdade racial e de gênero, além de propostas para um novo pacto civilizatório baseado no conceito de Bem Viver. O documento abrange demandas por direitos urbanos, segurança pública, justiça ambiental, seguridade social, educação, cultura e outras pautas essenciais.

Desde então, as mulheres negras seguem “em marcha”, reforçando suas lutas por justiça e reparação histórica. Para a próxima edição, a expectativa é mobilizar 1 milhão de mulheres na capital federal, consolidando seu protagonismo na luta contra o racismo, o feminicídio, o genocídio da população negra e a negação dos direitos dos povos e comunidades tradicionais.

A Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver conta com 11 organizações em seu Comitê Nacional e se baseia em dois pilares fundamentais:

✊🏿 Bem Viver – Um modelo de sociedade que valoriza justiça social, equidade e cuidado coletivo, priorizando o bem comum em vez do individualismo. Defende a diversidade cultural, a autonomia das comunidades e uma gestão descentralizada.

✊🏿 Reparação Histórica – Uma luta por reconhecimento e justiça, exigindo reparação pelos danos da escravidão e do colonialismo. O foco está na restituição de direitos sobre o corpo, a cultura, a terra e a autonomia dos povos negros e indígenas.

A Marcha reafirma o compromisso das mulheres negras com a construção de um Brasil mais justo, igualitário e antirracista, fortalecendo redes locais, nacionais e internacionais de articulação feminista e política.

Fundo Baobá e o compromisso com a equidade racial

Sueli Carneiro, presidente do Conselho Deliberativo do Fundo Baobá, destaca a relevância desse apoio:

“O Fundo Baobá foi criado com a ambição de ser um vetor fundamental para o fortalecimento da agenda racial no Brasil. Este apoio à Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver reflete nosso compromisso em tornar essa causa uma realidade concreta, reafirmando a necessidade da presença efetiva das mulheres negras nas decisões políticas e sociais. Investir nesse movimento é, para nós, uma ação estratégica rumo à justiça social.”

Além do suporte financeiro, o Fundo Baobá mobiliza outros atores da sociedade civil, ampliando a força da Marcha e garantindo sua realização em 2025.

O apoio à Marcha das Mulheres Negras 2025 representa um avanço significativo na luta por equidade racial, direitos humanos e justiça social. Com esse investimento, a organização reafirma seu compromisso com o fortalecimento da democracia e a defesa dos direitos das mulheres negras no Brasil.

📢 Acompanhe as atualizações da Marcha das Mulheres Negras 2025 e faça parte dessa mobilização!

Como o Fundo Baobá impulsiona a Equidade Racial e Social no Brasil?

Como o Fundo Baobá impulsiona a Equidade Racial e Social no Brasil?

A economia global enfrenta desafios complexos, como inflação e crises que afetam tanto economias maduras quanto aquelas em expansão. No Brasil, os entraves para o crescimento sustentável estão profundamente ligados às desigualdades sociais, impactando diretamente a população negra, que representa cerca de 56,5% dos brasileiros. A história do país, marcada pelo regime escravocrata, ainda reverbera em desigualdades estruturais persistentes.

A importância do investimento em iniciativas locais

A população negra no Brasil não é homogênea. As condições socioeconômicas e territoriais variam amplamente, exigindo soluções adaptadas a cada realidade. Nesse cenário, é essencial investir em quem está na linha de frente, lidando diretamente com os desafios locais. O Fundo Baobá, criado com essa missão, possui uma capilaridade que o coloca como um agente estratégico no fortalecimento de pessoas e organizações negras, promovendo transformações sociais efetivas.

Apoiar iniciativas locais e o desenvolvimento de pessoas negras é fundamental para a mudança, mas não pode ser uma ação isolada. O investimento social privado e a filantropia negra desempenham um papel fundamental na promoção da equidade racial e na reparação histórica. Empresas que adotam estratégias de impacto social ampliam significativamente suas contribuições para um Brasil mais justo e sustentável.

Equidade, democracia e desenvolvimento sustentável

Para avançar como nação, o Brasil precisa enfrentar desafios interligados: consolidar a democracia, promover a equidade racial e combater as mudanças climáticas. No campo da equidade, é urgente combater práticas discriminatórias e garantir a implementação de políticas eficazes que promovam a inclusão da população negra em diversos setores.

Embora as contribuições históricas da população negra estejam ganhando visibilidade, ainda existem barreiras significativas para seu progresso. A falta de acesso a oportunidades no mercado de trabalho, as desigualdades educacionais e de saúde, e a ausência de políticas públicas voltadas à preservação da cultura afro-brasileira são desafios persistentes.

A Atuação do Fundo Baobá

Desde sua criação em 2011, o Baobá – Fundo para Equidade Racial tem sido um protagonista na promoção da equidade racial no Brasil. Por meio de editais e programas, investe em desenvolvimento econômico, educação, dignidade, comunicação e memória, fortalecendo pessoas e organizações negras em todo o país.

Programas de Impacto do Baobá

O Fundo Baobá impulsiona iniciativas transformadoras por meio de programas como:

  • É – capacita jovens negros para ingresso no ensino superior; 
  • Carreiras em Movimento – desenvolve competências técnicas e socioemocionais para profissionais negros em início de carreira;
  • BlackSTEM – apoia a permanência de estudantes negros em universidades internacionais nas áreas de ciência, tecnologia, engenharias e matemática.

Esses programas são essenciais para romper barreiras e ampliar a presença negra em setores estratégicos, promovendo inclusão e igualdade de oportunidades.

Entre as iniciativas futuras, o Fundo Baobá planeja a reedição do Programa Marielle Franco, voltado ao fortalecimento de lideranças femininas negras em diferentes esferas, como política, movimentos sociais e educação. Essa nova edição promete ser um marco na luta por equidade racial e de gênero, formando uma rede de mulheres capacitadas para liderar transformações sociais profundas

Compromisso com a equidade racial

O Baobá – Fundo para Equidade Racial conecta histórias e ações concretas para enfrentar os desafios do presente e construir um futuro melhor. Com estratégias bem estruturadas, atua para fomentar a participação de pessoas negras nas decisões que impactam o país. Apoiar essa causa é investir em equidade e justiça social.

Em 2024, Fundo Baobá fortaleceu caminhos que levam à Equidade Racial

Visita da Kellogg Foundation ao Fundo Baobá

2024 foi repleto de conquistas e reafirmação do compromisso do Fundo Baobá em promover a equidade racial e apoiar iniciativas transformadoras, a exemplo dos editais BlackSTEM e Carreiras em Movimento. 

Este ano, o Fundo Baobá deu passos importantes no fortalecimento de instituições históricas, na ampliação de oportunidades para a juventude negra e no diálogo com movimentos globais de equidade racial. Foi um ano de conquistas significativas, refletindo nosso compromisso com a transformação social. Confira os destaques:

Doação para a Marcha das Mulheres Negras

A Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, ato político-social que pretende reunir um milhão de mulheres negras em Brasília (DF), em 25 de novembro de 2025, vai contar com o maior apoio financeiro da história do Baobá – Fundo para Equidade Racial. A organização doou R$1.250.000 (um milhão e duzentos e cinquenta mil reais) para a mobilização, logística, articulação e engajamento de mulheres negras em todas as regiões do país, com atenção especial às mulheres quilombolas. 

O anúncio foi feito no dia 8 de dezembro durante o Encontro Regional de Mulheres Negras do Nordeste rumo à Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, que aconteceu em Recife (PE). 

Representando o Fundo Baobá, Caroline Almeida, Gerente de Articulação Social, enfatizou o compromisso da organização com a mobilização nacional: “Este apoio é resultado do nosso compromisso com a luta das mulheres negras e com a construção de um futuro mais justo e digno para todas. Este é um esforço coletivo, com a confiança de que as mulheres negras terão voz ativa em cada etapa do processo até a grande Marcha em 2025.”

BlackSTEM: Formação Acadêmica Global e Liderança Negra

Em agosto, conhecemos os cinco primeiros estudantes selecionados pelo programa BlackSTEM, em parceria com a B3 Social. O edital oferece bolsas anuais de R$ 35 mil para a permanência de jovens negros e negras em áreas de Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) em universidades internacionais.

Alunos do Edital Black STEM
Alunos do Programa Black STEM 2024. Crédito: Thalita Guimarães

Camila Ribeiro Martins, que segue carreira em Pilotagem em Portugal, Diovana Stelman Negeski de Aguiar cursa Ciência da Computação na New York University (Campus China); Melissa Simplicio Silva também faz Ciência da Computação, mas na New York University em Nova York; Rilary Oliveira Torres é estudante de Medicina na Universidad Nacional de Rosario, na Argentina; e Eric Souza Costa Ribeiro, primeiro negro brasileiro a representar o país na Olimpíada Internacional de Ciência, entrou na Notre Dame University para cursar Engenharia Aeroespacial, exemplificam o potencial transformador do programa. 

De acordo com Giovanni Harvey, diretor executivo do Fundo Baobá, “o BlackSTEM é mais que um programa educacional, é uma ponte para a ocupação de espaços de liderança pela juventude negra.”

Conferência da Diáspora Africana nas Américas

Salvador, na Bahia, foi palco da Conferência da Diáspora Africana, um marco para o movimento pan-africano. O evento reuniu lideranças globais para discutir temas como reparação histórica e o papel da África no cenário mundial. 

Giovanni Harvey representou o Fundo Baobá na elaboração da Carta de Recomendação à União Africana, defendendo que as reparações sejam o próximo passo no combate às desigualdades estruturais. A conferência na Bahia serviu como ponte para o 9º Congresso Pan-Africano, que ocorreu em Lomé, no Togo. 

Impactos do Programa “Carreiras em Movimento”

O programa Carreiras em Movimento trouxe resultados transformadores para os 317 apoiados entre os 688 que se inscreveram para concorrer ao edital — uma oportunidade de desenvolvimento de competências e habilidades entre pessoas negras em início de suas carreiras ou que estivessem buscando mobilidade dentro do setor privado.        

✅ 61% das pessoas sem emprego conseguiram trabalho
✅ 54% dos trabalhadores informais migraram para empregos formais
✅ 48% dos participantes relataram aumento de renda, atribuindo os resultados ao programa

Além disso, houve avanços em autoconhecimento, gestão de tempo, planejamento e liderança, fortalecendo trajetórias profissionais e pessoais.

Celebrando a Resistência: 192 anos da Sociedade Protetora dos Desvalidos 

Grupo de senhores negros celebrando a Resistência: 192 anos da Sociedade Protetora dos Desvalidos
Sociedade Protetora dos Desvalidos (SPD). Crédito: Hugo Martins

A Sociedade Protetora dos Desvalidos (SPD), a mais antiga associação negra em atividade do Brasil, comemorou 192 anos de luta e resiliência em setembro, em Salvador (BA). Fundada por homens negros libertos, a entidade continua sendo um pilar na busca por justiça social e igualdade. 

Com o apoio  histórico de R$ 500 mil do Fundo Baobá, viabilizado em 2023, a SPD reafirmou seu papel como símbolo de resistência. Giovanni Harvey destacou a importância de apoiar instituições centenárias, garantindo que suas ações e valores permaneçam vivos para as próximas gerações.

Reconhecimento: Selo de Direitos Humanos e Diversidade e Selo Igualdade Racial

O edital Educação em Tecnologia, inscrito pelo Fundo Baobá, foi reconhecido com o Selo de Direitos Humanos e Diversidade, outorgado pela Prefeitura de São Paulo em sua 7ª edição. Este reconhecimento destaca o compromisso do Fundo Baobá em estimular a produção de conhecimento, fortalecer o ambiente educacional e preparar a juventude negra para o futuro por meio da tecnologia.

A outra outorga foi dada ao próprio Fundo Baobá, que ganhou o Selo Igualdade Racial. Instituído em 2015 pela Lei Municipal 16.340 e Decreto 57.987, de 2017. Este selo é concedido a organizações que têm, pelo menos, 20% de profissionais negros distribuídos em diferentes níveis hierárquicos e funções, incluindo prestadores terceirizados. No Baobá, a equipe executiva é composta majoritariamente por pessoas negras em cargos de direção, gerência, coordenação e assistência.”.  

Participação no G20 Social

O Fundo Baobá foi convidado a integrar debates importantes no G20 Social, com destaque para a mesa “Rotas Negras e o Projeto Cais do Valongo”. O G20 Social foi um evento que correu em paralelo ao fórum de cooperação econômica que reuniu no Rio de Janeiro nações desenvolvidas e outras emergentes, além da União Europeia e da União Africana. Giovanni Harvey enfatizou como memória, justiça racial e economia caminham juntas, reforçando o protagonismo negro nas pautas globais.

Giovanni Harvey com Adriana Barbosa, do Preta HUB, na mesa “O papel das políticas públicas para o empoderamento econômico dos afrodescendentes na América Latina” do G20 Social

Visita da Kellogg Foundation

O Fundo Baobá tem uma forte e histórica ligação com a Kellogg Foundation, organização que contribuiu para a formação do Baobá construindo os primeiros diálogos com o movimento negro brasileiro e designando os primeiros aportes financeiros para que o Fundo fosse constituído. Isso teve início em 2006. Em 2024, o Baobá recebeu a visita de integrantes da Kellogg que estiveram no Brasil em 2018. Seis anos depois, eles receberam informações sobre as realizações do fundo nos seus 13 anos oficiais de existência. 

Visita da Kellogg Foundation

As informações foram centradas no trabalho de Articulação Social, Investimento Programático e Mobilização de Recursos. Além disso, foi enaltecido o aprendizado que o Baobá recebeu da Kellogg sobre gestão financeira e pensamento de longo prazo. Essas características levaram o Baobá a alcançar a autonomia financeira que hoje possibilita a criação de editais como o BlackSTEM e o Quilombolas em Defesa; ações como a Saúde Mental Quilombola e o investimento de contribuição para a realização da Marcha das Mulheres Negras, que acontecerá em novembro de 2025.

Como as doações impulsionam projetos de equidade racial no Brasil

Como as doações impulsionam projetos de equidade racial no Brasil

Garantir a sustentabilidade de ações que promovem a equidade racial é um desafio que exige planejamento financeiro sólido e estratégias de longo prazo. 

Nesse cenário, o Fundo Baobá, com mais de 13 anos de atuação, tem se destacado pelo uso do modelo de fundo patrimonial para apoiar iniciativas que contribuem para a educação, o desenvolvimento econômico, o bem viver e a memória da população negra em todo o Brasil.

Ao investir em iniciativas de enfrentamento ao racismo, o Fundo Baobá busca fortalecer ações que geram resultados concretos para a promoção da equidade racial. 

O que é um Fundo Patrimonial?

Os fundos patrimoniais, conhecidos como endowments, funcionam como uma reserva financeira que assegura a sustentabilidade de projetos e organizações ao longo do tempo. 

O princípio é simples: o valor inicial do fundo, chamado de capital principal, é mantido, e apenas os rendimentos desses investimentos são utilizados para financiar editais e iniciativas. Dessa forma, o fundo se torna uma fonte constante e previsível de recursos, sem consumir o valor original.

Este modelo cria uma fonte de recursos constante, permitindo que organizações mantenham suas ações ao longo do tempo, mesmo em cenários de instabilidade econômica. No caso do Fundo Baobá, por conta deste instrumento financeiro, é possível viabilizar ações que promovam a equidade racial de forma planejada e sustentável. 

Como é a atuação do Fundo Baobá?

O Fundo Baobá, junto de parcerias de impacto e também com recursos próprios, investe em iniciativas de diversas cidades do Brasil, abrangendo áreas como educação, preservação cultural e desenvolvimento econômico, sempre com o objetivo de fortalecer a população negra e promover a equidade racial.

Exemplos de iniciativas apoiadas incluem:

Movimento Nação Marabaixeira (Amapá)

Assista o vídeo e confira um pouco mais da iniciativa Marabaxeira

Iniciativa que atua na preservação e valorização da cultura do Marabaixo, uma expressão cultural tradicional do Amapá. Além disso, promove oficinas em escolas, conectando a história local com o cotidiano de jovens estudantes e capacitando lideranças comunitárias

Saiba mais sobre o Movimento!

Associação Retratores da Memória de Porteiras (Ceará)

Preservação da memória em Porteiras, no sertão do Ceará, recebe apoio do Fundo Baobá
Carliane Ventura conta histórias e positiva a autoestima preta. Crédito: Nívia Uchõa

Através de seu projeto Educar para Aquilombar, a Associação fortalece a participação de jovens quilombolas em políticas culturais, preservando a memória e desenvolvendo ações que impactam diretamente a comunidade.

Conheça a Associação REMOP!

Como você pode contribuir?

O fundo patrimonial do Fundo Baobá é construído a partir de contribuições que servem como base sólida para apoiar iniciativas voltadas à equidade racial no Brasil. 

Esse modelo de instrumento financeiro permite que os rendimentos gerados pelo fundo sejam utilizados para financiar projetos como o Movimento Nação Marabaixeira e a Associação Retratores da Memória de Porteiras. Ao contribuir, você ajuda a garantir que essas e outras iniciativas continuem transformando realidades e criando oportunidades para a população negra em todo o país.

Saiba mais informações no link: https://baoba.org.br/doacao/

Espalhando sementes e enraizando futuros com o Fundo Baobá

Espalhando sementes e enraizando futuros com o Fundo Baobá

O Fundo Baobá renova seu compromisso com a equidade racial e convida você a fazer parte desta transformação. Há 13 anos, mobilizamos recursos para investir exclusivamente em iniciativas de enfrentamento ao racismo e promoção da equidade racial no Brasil.

Assim como a árvore baobá, nosso trabalho é sustentado por raízes profundas que geram impacto duradouro. Afinal, cada doação é uma semente lançada ao solo fértil, que, com o tempo, se transforma em oportunidades reais para pessoas reais.

O Fundo Baobá opera com o modelo de endowment, ou fundo patrimonial, que garante apoio contínuo e a longo prazo para iniciativas voltadas à equidade racial. 

Um fundo patrimonial (ou endowment) é uma reserva financeira criada para garantir a sustentabilidade de uma organização ou causa a longo prazo. Dessa forma, o capital principal do fundo é investido, e apenas os rendimentos gerados pelos investimentos são utilizados para financiar projetos ou operações. Esse modelo permite que a organização tenha recursos contínuos e previsíveis, garantindo estabilidade e impacto duradouro.

Por meio de editais e investimentos estratégicos, apoiamos iniciativas lideradas por pessoas e organizações negras que promovem a educação, o desenvolvimento econômico, a preservação da memória e tantas outras áreas essenciais para o fortalecimento da população negra.

Essa abordagem possibilita que nossas ações sejam sustentáveis, criando uma base permanente para o desenvolvimento de indivíduos e comunidades. É por isso que a sua doação tem tanto poder: ela não apenas apoia iniciativas imediatas, mas também gera um impacto que atravessa gerações.

Ao longo dos anos, o Fundo Baobá lançou 22 editais e apoiou mais de 1.200 iniciativas. Esses projetos transformaram a vida de quase 3 mil pessoas, reforçando nossa missão de promover a equidade racial no Brasil. 

Entre os destaques estão ações como o edital Vidas Negras: Dignidade e Justiça, que apoiou iniciativas que combatem a violência sistêmica e às injustiças criminais com perfilamento racial no Brasil com o apoio do Google.org, e o Black STEM, que apoia a permanência de estudantes negros brasileiros em instituições de ensino internacionais.

Essas iniciativas mostram que, com o apoio necessário, pessoas e comunidades negras podem protagonizar mudanças reais e produzir mais conhecimento. 

Hoje, convidamos você a se unir a nós. O Fundo Baobá precisa de pessoas que compartilhem da nossa visão e estejam dispostas a investir no futuro. A sua doação é uma semente que pode transformar vidas, fortalecer iniciativas transformadoras e multiplicar ações por equidade pelo país.

Por que doar para o Fundo Baobá?

  • Sustentabilidade: o modelo de endowment garante que sua doação terá um impacto duradouro
  • Impacto concreto: cada real doado é transformado em oportunidades e soluções para a população negra
  • Fortalecimento comunitário: suas contribuições apoiam iniciativas comprometidas com o enfrentamento ao racismo, com a promoção da equidade racial e da justiça social 

Doe e enraíze futuros

Plantar uma semente é o primeiro passo para criar raízes fortes e impactar gerações. 

Toque no link abaixo e faça parte dessa transformação. Cada valor doado faz a diferença.

Quero plantar a minha semente hoje!

Dia de Doar: generosidade ajuda na transformação social do Brasil

Doe para o Fundo Baobá

O Dia de Doar, celebrado em 3 de dezembro, é mais do que uma data no calendário: é um movimento global que promove a generosidade e fortalece a cultura da doação. No Brasil, o Dia de Doar mobiliza indivíduos, organizações e comunidades, celebrando o prazer de doar e incentivando práticas contínuas de solidariedade. O movimento é descentralizado, permitindo que qualquer pessoa ou grupo participe, personalize a campanha e crie iniciativas que estimulem doações e engajamento social.

Neste dia, destacamos o impacto de instituições como o Fundo Baobá, o maior fundo dedicado exclusivamente à promoção da equidade racial no Brasil. Desde sua criação, em 2011, o Fundo Baobá atua para mobilizar recursos e apoiar projetos que combatem desigualdades estruturais enfrentadas pela população negra, que representa 56,1% dos brasileiros, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Alunos que receberam apoio do Fundo Baobá através do Edital Black Stem 2024, um programa de bolsas de graduação exclusivo para estudantes negros(as) que tenham sido aceitos em universidades estrangeiras e em 2024 para cursos de graduação das carreiras STEM – Ciências, Tecnologia, Engenharia, Matemática. O Programa é uma iniciativa do Baobá – Fundo para Equidade Racial, com apoio da B3 Social e parceria do BRASA.

Os desafios enfrentados pela população negra são grandes. Entre os jovens brasileiros que abandonaram a escola sem concluir o ensino básico, 71,7% são negros, com a necessidade de trabalhar como principal motivo. Na saúde, apenas 32% dos municípios implementam ações específicas para atender essa população, mesmo com políticas nacionais já estabelecidas. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  

A violência também é alarmante: 78% das vítimas de armas de fogo são negras, e mulheres negras representam 62% das vítimas de feminicídio. Esses dados, também colhidos da Pnad Contínua,  ressaltam a urgência de iniciativas que combatam o racismo e promovam a equidade racial.

Mulheres que participaram do Projeto Saúde Mental Quilombola que representa um passo crucial na promoção da saúde e bem-estar das comunidades quilombolas na Região do Baixo Tocantins. A parceria entre o Fundo Baobá e a Johnson & Johnson, em conjunto com a CONAQ, Malungu/Estado do Pará e ARQIB, demonstrou um compromisso com a comunidade quilombola, visando proporcionar recursos e apoio para que essas comunidades possam enfrentar os desafios com resiliência e dignidade.

O Fundo Baobá atua para reverter essas desigualdades, apoiando comunidades historicamente negligenciadas. Mais de 60% das contribuições vão para organizações que nunca haviam recebido doações antes, e uma parcela significativa apoia territórios como quilombos e o Nordeste brasileiro. Além disso, o Fundo opera de maneira sustentável: as doações ao fundo patrimonial (endowment) geram rendimentos reinvestidos em projetos sociais, criando um ciclo de impacto contínuo.

A Sociedade Protetora dos Desvalidos (SPD), primeira organização civil negra da América Latina, recebeu em 2022, uma doação direta, sem edital do Fundo Baobá. Um passo significativo para fortalecer o impacto de quem sempre esteve à frente na defesa dos direitos da população negra.

Doar é um ato poderoso que transcende o valor monetário. É sobre construir pontes, transformar vidas e reduzir desigualdades. No Dia de Doar, a sua contribuição pode apoiar iniciativas que combatem o racismo, fortalecem comunidades e promovem justiça social. Faça parte desse movimento! Doe, mobilize e inspire. Afinal, juntos podemos construir um país generoso, inclusivo e empático.

Se você tem interesse em doar para o Fundo Baobá e fazer parte dessa construção de curto a longo prazo, acesse esta página.

Alunos do Instituto Federal do Triângulo Mineiro participam, em São Paulo, de encontro para conhecer ações promovidas pelo Fundo Baobá

Alunos do Instituto Federal do Triângulo Mineiro participam, em São Paulo, de encontro para conhecer ações promovidas pelo Fundo Baobá apresentar seu trabalho e conhecer organizações filantrópicas mundiais

Um grupo de 25 alunos do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM), campus de Uberlândia (MG), movimentou-se para ter uma viagem em que o objetivo era único: ativar o direito de sonhar. Depois de promoverem ações para angariar a quantia necessária para a viagem, eles vieram a São Paulo. A iniciativa foi articulada e desenvolvida pelo professor Fernando Caixeta e uma das atividades deles na capital paulista foi um encontro com as ações promovidas pelo Baobá – Fundo para Equidade Racial.

Um dos eixos de atuação do Baobá é o da Educação. Nele, o Fundo procura incentivar  ações de enfrentamento ao racismo institucional nos ambientes escolares, apoia projetos de vida e ampliação de capacidades socioemocionais entre adolescentes e jovens, além de ampliar a entrada e a permanência no ensino superior, o que resulta na formação de lideranças e novos quadros em ciência, tecnologia e inovação. 

Os 25 alunos do IFTM estão em fase de conclusão do ensino médio, a última etapa de aprendizado antes do acesso ao ensino superior. Vivem, com certeza, um momento de decisão com relação ao futuro. Uma coisa, porém,  é certa: apostam na educação como a principal ferramenta para transformar suas vidas. 

Professor Fernando Caixeta, do IFTM. Foto: Thalita Guimarães

O professor Fernando Caixeta participou da banca de seleção do edital BlackStem, promovido pelo Baobá em parceria com a B3 Social. O BlackStem é um programa de graduação voltado a estudantes negros e negras que tenham sido aceitos para fazer sua formação em universidades estrangeiras dentro das carreiras STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática). Os alunos do IFTM, além de conhecerem alguns dos selecionados do  BlackStem, também conheceram participantes do Programa Já É, cujo objetivo é a ampliação das oportunidades de acesso ao ensino superior para estudantes negros e negras,  e do Carreiras em Movimento,  que gera oportunidades para o desenvolvimento de competências e habilidades entre pessoas negras que estejam no início de sua trajetória profissional. 

Os assistentes de programas e projetos, Alan Santos e Edmara Pereira, contaram um pouco sobre cada um dos editais. Giovanni Harvey, diretor executivo, também conversou com os estudantes do Instituto Federal do Triângulo Mineiro focando nas possibilidades e habilidades acadêmicas de cada um deles e no apoio que o Baobá pode dar a isso: “Muitas vezes, vocês têm a competência para entrar na faculdade, mas não reúnem as condições. Entre outros programas, nós temos o BlackStem, que dá uma bolsa de R$ 35 mil como forma de ajudar estudantes brasileiros que almejam fazer seus cursos de graduação em instituições de ensino fora do Brasil. O que objetivamos com isso? Nosso objetivo é ter uma visão mais realista da nossa história, para que tenhamos uma verdadeira democracia neste país”, afirmou. 

Alunos do IFTM atento à fala do Giovanni Harvey, Diretor Executivo do Fundo Baobá. Foto: Thalita Guimarães

Ao citar democracia, o diretor executivo do Baobá tocou num ponto crucial. A democracia, em termos de proteção de direitos, prevê a livre participação, entre outros aspectos, na vida cultural de uma sociedade. Por conta da busca por essa livre participação, os estudantes criaram o coletivo Sancofa como ferramenta de luta. 

Além da apresentação feita pelos porta-vozes do Baobá, os estudantes mineiros ouviram falas potentes, como a do graduado em Humanidades pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Alajobi Silva, 26 anos, apoiado pelo edital Carreiras em Movimento. Nascido em Salvador, ele se mudou do Nordeste para São Paulo há menos de seis meses para tentar a carreira na área. “O edital Carreiras em Movimento caiu como uma luva. Eu já visualizava algumas coisas como passos na minha carreira. Mas para que elas fossem executadas eu precisava de dinheiro. Uma das minhas preocupações era como eu conseguiria dar os passos que eu estava visualizando, sem ter como financiar isso. Então, quando o edital abriu e eu vi a proposta, considerei ser o ideal para o meu momento de construção de carreira”, afirmou.

O professor do IFTM, Fernando Caixeta, definiu a importância de os alunos terem vindo a São Paulo e terem esse encontro com o Fundo Baobá. “Desde que conheci o Fundo, a gente fica compartilhando as histórias, principalmente com os meus alunos. Eles ficaram interessados nos editais lançados. Então, num primeiro momento, iríamos ver como estão os editais ou as oportunidades que o Baobá proporciona para esses alunos. Mas o que a gente encontrou aqui é muito maior que os resultados, muito maior que as conquistas que qualquer auxílio financeiro possa dar: é aquilombamento, é acolhimento, é saber que existem pessoas pretas que trabalham, que desempenham suas funções, que têm as suas formações reconhecidas, valorizadas e bem pagas. Isso não tem preço. Saio daqui com o sentimento de que foi ótimo”, afirmou o mentor da viagem.  

Fundo Baobá vai à  Europa para apresentar seu trabalho e conhecer organizações filantrópicas mundiais

O Baobá – Fundo para Equidade Racial cruzou o oceano no final do mês de outubro e foi até Amsterdã, a capital da Holanda. Lá, um importante evento, o International Fundraising Congress 2024 (IFC) reuniu mais de 1.200 profissionais de captação de recursos, além de lideranças de impacto social de mais de 70 países.

O Baobá foi ouvir sobre como as organizações sociais ao redor do mundo trabalham captando recursos para  as  transformações sociais necessárias. Também foi falar sobre como vem operando no Brasil com o trabalho em prol da equidade racial em um país fundado sobre as estruturas e as desigualdades originadas pela escravidão, que moldaram suas bases sociais, econômicas e políticas.

A Gerente de Comunicação e Mobilização de Recursos do Baobá, Janaina Barbosa, esteve em Amsterdã e nessa entrevista fala sobre o objetivo do Fundo no IFC, o que foi aprendido com a troca de conhecimento e o positivismo global frente à experiência brasileira.

Qual o objetivo do Fundo Baobá ao participar do International Fundraising Congress (IFC) 2024 na Holanda?


O principal objetivo do Fundo Baobá ao participar do IFC 2024 foi aproveitar a oportunidade de estar em um evento que reúne líderes globais da filantropia, especialmente aqueles engajados na mobilização de recursos para enfrentar desafios em comum como o racismo, a desigualdade social e as crises climáticas e ambientais.

Como um fundo patrimonial focado na equidade racial, participamos de discussões estratégicas sobre inovação em mobilização de recursos e também pudemos compartilhar experiências e aprendizados com profissionais de todo mundo. Além disso, estar no evento faz parte de nossa busca por conhecimento e compreensão de como esse território (Europa) compreende a discussão sobre equidade racial. Embora o Fundo Baobá já tenha parceiros internacionais – predominantemente dos Estados Unidos –, entendemos que o contexto europeu traz novas perspectivas. 

Ao centro da imagem temos a Janaína Barbosa, Gerente de Comunicação e Mobilização de Recursos do Fundo Baobá, participando da mesa Innovation Spotlight: Rising Changemakers (Destaques da Inovação: Novos Agentes de Transformação)

Na sua visão, o que foi mais proveitoso para o Baobá?

A oportunidade de compartilhar nossa trajetória, histórias, conhecimentos e métodos de inovação com outras organizações. Acreditamos que a troca de experiências e o diálogo são ferramentas poderosas para a disseminação de conhecimento e para a busca contínua de melhores práticas na filantropia. Além disso, nos permitiu fortalecer conexões com organizações que compartilham propósitos similares aos do Fundo Baobá. Esses encontros abriram portas para diálogos produtivos e possíveis colaborações futuras.

O Fundo Baobá, com sua grande experiência no campo da filantropia negra no Brasil, teve oportunidade de expor essa experiência na Holanda?

Sim, participamos da mesa Innovation Spotlight: Rising Changemakers (Destaques da Inovação: Novos Agentes de Transformação), cujo objetivo era destacar organizações que promovem mudanças significativas em seus territórios. A sessão abordou temas como ativismo ambiental, equidade racial, justiça global e desenvolvimento comunitário, conectando experiências de cada país. 

Durante a apresentação, destacamos o que norteia o trabalho do Fundo Baobá e como respondemos aos desafios do racismo sistêmico no Brasil por meio de estratégias filantrópicas inovadoras e sustentáveis. Também mostramos o impacto das nossas ações, como o apoio direto a comunidades quilombolas e organizações como a Sociedade Protetora dos Desvalidos, que carrega quase dois séculos de história na luta contra a desigualdade racial.

Além disso, enfatizamos a importância da liderança negra em todas as esferas do Fundo Baobá, desde a governança até a execução das nossas estratégias de mobilização de recursos. Essa apresentação foi uma oportunidade valiosa para mostrar nossa trajetória para um público global.

É possível exemplificar quais foram as reações à exposição e à troca de ideias promovida pelo Fundo Baobá? 

Durante nossa participação na mesa sobre inovação, recebemos reações muito positivas. Houve sinergias evidentes com o trabalho de outras organizações, que identificaram práticas semelhantes às que adotamos no Brasil, além de momentos de troca sobre metodologias distintas. Representantes de diversas entidades demonstraram interesse em compreender melhor o contexto brasileiro e as estratégias do Fundo Baobá para promover a equidade racial.

Havia outras organizações brasileiras presentes no evento ou o Fundo Baobá foi a única?

Havia poucas organizações brasileiras no evento. Imaginamos que a participação foi limitada devido ao custo elevado de um evento sediado na Europa, o que restringe a presença de instituições de países mais distantes. A maior parte dos participantes era da Europa, com algumas representações de países africanos. Ainda assim, a experiência foi enriquecedora. 

Qual foi a percepção das organizações internacionais sobre o trabalho do Fundo?

Participar de um espaço com organizações consolidadas e metodologias bem estruturadas foi extremamente valioso. Apesar do contexto da nossa atuação demandar abordagens específicas, identificamos desafios em comum e tivemos aprendizados significativos. Com certeza, essa imersão contribuirá com a nossa estratégia de mobilização de recursos.

Fundo Baobá completa 13 anos espalhando as sementes do seu trabalho

Fundo Baobá completa 13 anos espalhando as sementes do seu trabalho

Neste mês de outubro, o Fundo Baobá para Equidade Racial completou 13 anos, consolidando-se como uma referência na promoção da equidade racial no Brasil, fazendo diferença na vida da população negra.

Como uma semente que rompe a terra e brota com uma força gigantesca, o fundo conseguiu durante estes anos captar recursos da filantropia e destiná-los a organizações, grupos, coletivos e pessoas negras, por meio de editais.

Outra conquista foi promover com os financiadores a importância de fortalecer a filantropia negra. 

O nome Fundo Baobá foi idealizado por Magno Cruz, membro do comitê programático e liderança do Centro de Cultura Negra de São Luís do Maranhão, falecido em 2010. Visionário e artista, Magno compôs uma música e um poema que faziam uma analogia entre o fundo patrimonial e a árvore Baobá, símbolo de força e resiliência. Para ele, a organização deveria ser tão robusta, duradoura e impactante quanto o Baobá, com potencial para ocupar novos espaços e apoiar o movimento negro em uma escala sem precedentes, inspirando-se na longevidade e resistência da árvore que carrega o nome da instituição.

Resistência, aliás, que nunca faltou ao Fundo Baobá. Através dos recursos captados, o Baobá tem apoiado pessoas e organizações a romper barreiras em direção à justiça social e à equidade para a população negra deste país.

Nestes 13 anos, a organização conseguiu se adaptar às mudanças da sociedade e antever necessidades para melhorar a atuação junto aos beneficiários dos editais. Um bom exemplo foi a rápida ação na pandemia de COVID-19.

Logo depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter decretado a pandemia, em março de 2020, o Fundo Baobá lançou o edital Doações Emergenciais, em parceria com a Ford Foundation. 

Com dotação de R$ 870 mil, o edital foi direcionado às comunidades vulneráveis, mulheres, população negra, idosos, povos originários e comunidades tradicionais – ou seja, os mais impactados pela COVID-19. Ao todo, foram atendidas 215 pessoas e 135 organizações por esse edital.

Fazendo a diferença

Empreendedores negros e negras também não ficaram sem suporte. Fortemente impactatos pela pandemia, eles tiveram a chance de participar do edital Programa de Recuperação Econômica de Pequenos Negócios de Empreendedores Negros e Negras, lançado em novembro de 2020, com apoio do Instituto Coca-Cola Brasil, Instituto Votorantim e Banco BV. 

Nesse caso, a dotação para o edital foi de R$1,6 milhão e alcançou 700 inscrições. Foram apoiadas 47 iniciativas, cada uma com 3 empreendimentos. Além do suporte financeiro, esses empreendedores tiveram acesso a uma mentoria para atualizar processos e conhecimentos de gestão a fim de tornarem seus negócios mais resilientes e competitivos.

Um ano depois, já em 2021, ainda sob os efeitos da pandemia, o Fundo Baobá lançou, junto com o Google.org, braço financeiro do Google, o edital Vidas Negras: Dignidade e Justiça. O objetivo foi dar impulso ao ativismo contra o racismo e as injustiças sociais e criminais.

O Google fez o aporte de  R$1,2 milhão para a escolha de 12 organizações (cada uma recebeu R$100 mil ao longo de um ano) que tivessem projetos para combater a violência e as injustiças criminais no sistema jurídico brasileiro. 

Perspectivas para o futuro

Até agora, o Fundo Baobá lançou 22 editais e apoiou 1.208 iniciativas que tiveram impacto direto em quase 3 mil pessoas. Neste ano de 2024, foi lançado um edital diferenciado, o Black STEM, que selecionou 5 alunos para receberem bolsas complementares para estudar no exterior, abrindo assim as portas de centros de ensino de outros países para estudantes negros brasileiros.

Além dos editais, foram realizados dois apoios estratégicos: o Projeto Saúde Mental Quilombola, e a Doação ao Fortalecimento Institucional da Associação Sociedade Protetora dos Desvalidos (SPD).

O objetivo para os próximos anos é expandir cada vez mais o diálogo com a sociedade, promovendo iniciativas que estimulem a igualdade de direitos e oportunidades, tornando a atuação do Fundo Baobá cada vez mais diferenciada e estratégica para a população negra do Brasil.

Para isso, o Fundo Baobá precisa alcançar mais organizações e pessoas, financiar mais pautas e mais discussões sobre o enfrentamento ao racismo. É com esse espírito que o Baobá, fundo patrimonial brasileiro, mobiliza recursos para apoiar ações de promoção da equidade racial no Brasil desde 2011, quando foi criado.

Da árvore ao fundo patrimonial

Baobá é uma árvore africana, considerada sagrada para os adeptos do candomblé. Um fruto  dessa árvore, plantada na casa do abolicionista Joaquim Nabuco, em Recife, chegou às mãos de Giovanni Harvey, Diretor Executivo do fundo, em uma de suas visitas à capital de Pernambuco e também à casa de Nabuco. 

De volta a São Paulo, ele levou o fruto para a sede do Baobá e, junto a equipe, plantou suas sementes. Esse ato foi um momento muito especial nessa comemoração dos 13 anos, pois essa árvore simboliza o trabalho de resistência e resiliência do Fundo Baobá.

Preservação da memória em Porteiras, no sertão do Ceará, recebe apoio do Fundo Baobá

Preservação da memória em Porteiras, no sertão do Ceará, recebe apoio do Fundo Baobá

“Um povo sem o conhecimento de sua história passada, origem e cultura é como uma árvore sem raízes”. A frase do ativista político jamaicano Marcus Garvey define muito bem o sentimento que tomou conta de um grupo de 10 pessoas da cidade de Porteiras, na região do Cariri cearense, distante 540 km da capital Fortaleza.

Eles se uniram em torno da  preservação da história da cidade em que nasceram ou vivem. Para isso, fundiram-se em um núcleo para fomentar a cultura no  local. Assim, criaram o grupo Retratores da Memória de Porteiras. 

Um retrator de memória pode ser definido como uma pessoa que se dedica a resgatar lembranças que foram esquecidas em algum canto. Dessa forma, essas dez pessoas — incluindo dois quilombolas, duas pessoas com deficiência e quatro integrantes da comunidade LGBTQIAP+ — se definem e atuam para combater o esquecimento que cerca a cidade de 17 mil habitantes.

Carliane Ventura conta histórias e positiva a autoestima preta.
Crédito: Nívia Uchõa

No dia 21 de setembro, os Retratores da Memória de Porteiras estavam em festa e, com eles, boa parte da cidade. Comemoravam os 17 anos de sua primeira grande conquista: a fundação da Casa da Memória de Porteiras, onde funciona o Museu Comunitário, e os 10 anos desde que o grupo se transformou em Associação Retratores da Memória de Porteiras.

Essa transformação proporcionou, entre outras coisas, a possibilidade de receberem doações e apoio financeiro, viabilizando assim seus projetos e a preservação cultural.

Um desses apoios veio do Baobá – Fundo para Equidade Racial. Em agosto de 2022, a Associação dos Retratores de Porteiras fez sua inscrição para o edital Educação e Identidades Negras: Políticas de Equidade Racial. Apresentaram o projeto Educar para Aquilombar, focado nos cinco eixos de trabalho da Associação: Memória e Museologia Social; Educação Patrimonial, Ambiental e Antirracista; Artes e Cidadania; História Regional e Práticas de Leitura; Gênero e Direitos Humanos. 

Como resultado de sua aprovação no edital, a organização cearense foi beneficiada com R$ 175 mil que permitiram o avanço em várias frentes. Por exemplo, formações de educação patrimonial quilombola e antirracista para crianças, adolescentes e jovens da comunidade quilombola dos Souza de Porteiras, visando a construção da identidade negra e quilombola, e a valorização da cultura da infância negra.

O trabalho tem por meta também fortalecer a construção da autoestima positiva quilombola, mediante o reconhecimento do patrimônio cultural quilombola. Os recursos também permitiram estimular a recuperação de objetos que colaborem nas ações educativas inclusivas e antirracistas, e que fortaleçam a atuação social dos Retratores da Memória de Porteiras (Remop) em ações afirmativas.

Perpetuando a cultura em Porteiras.
Crédito: Lino Fly Kariri

Como parceiro da Associação Retratores da Memória de Porteiras, o Fundo Baobá foi convidado a participar das comemorações de aniversário do Espaço Aberto à Cultura, o Espacult, onde está inserida a Casa da Memória de Porteiras. A coordenadora de Projetos do Baobá, Taina Medeiros, Cientista Social graduada pela Universidade Federal de São Paulo, e a assistente de Programas e Projetos, Edmara Pereira, também Cientista Social  graduada pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, estiveram em Porteiras e participaram das comemorações.

“Foi importante estar lá para conhecer, por exemplo, a Casa da Memória, que é um espaço dedicado à preservação de vários itens ligados à história e às pessoas que tiveram histórias inusitadas e viraram personagens ilustres da cidade”, afirmou Taina Medeiros. 

Para Edmara Pereira, a visita ao sertão cearense e o trabalho de preservação cultural feito pela Associação dos Retratores da Memória de Porteiras trouxe reminiscências de sua infância e adolescência. Acontece que os objetos que compõem a Casa da Memória vieram de doação dos moradores. O que fez Edmara ter recordações foi uma plantadeira, também conhecida por matraca.

“Era o objeto que meu pai usava para plantar feijão. Essa lembrança trouxe à tona imagens da minha infância e adolescência no interior da Bahia, revelando como a memória se transforma em uma ferramenta educativa essencial para preservação de histórias, tradições e valores que definem uma cultura, contribuindo assim para a valorização da identidade negra”, disse.  

O mesmo efeito ocorrido com Edmara é o que o grupo formador da Associação dos Retratores da Memória de Porteiras quer que ocorra com as crianças, adolescentes e jovens negros da cidade para que valorizem e preservem a história do lugar em que nasceram ou vivem. 

Edmara Pereira e Tainá Medeiros, representantes do Baobá no Porteiras (CE)
Crédito: Lino Fly Kariri

“Ao longo dos nossos 20 anos de atuação, estabelecemos muitas parcerias para realização das nossas atividades e o projeto Educar para Aquilombar, do Edital Educação e  Identidades Negras foi fundamental para que pudéssemos desenvolver, junto à comunidade Quilombola dos Souza, formações dos jovens e crianças, ampliando a participação de jovens negros nas políticas culturais, além do fortalecimento institucional da Associação REMOP. Criamos a partir desse projeto o Núcleo IDA (Núcleo de Inclusão, Diversidade e Ações Afirmativas) com o intuito de fortalecer as lideranças juvenis e a construção das identidades negra e quilombola. Agora após a finalização do projeto, pretendemos dar continuidade ao funcionamento no Núcleo, promovendo ações educativas e formativas e a continuidade do projeto Brincando no Quilombo”, detalhou Lucilene Inocência da Silva, empresária que ocupa a posição de tesoureira na Associação Retratores da Memória de Porteiras. 

Fundo Baobá cria novas áreas para dinamizar sua atuação

O Fundo Baobá reformula sua estrutura organizacional para melhorar eficiência e expandir impacto na equidade racial.

O Baobá – Fundo para Equidade Racial, avança em um processo contínuo de transformação, guiado pelas diretrizes do plano estratégico 2017-2027, que orienta nossa atuação ao longo deste período.

Essas decisões têm como objetivo aprimorar a atuação da organização em resposta às transformações estruturais e conjunturais da sociedade brasileira. Nesse sentido, o Fundo Baobá criou uma nova área e reformulou outras duas — Articulação Social, Mobilização de Recursos e Operações — fortalecendo nossa capacidade de alcançar os objetivos estabelecidos para a próxima década.

A criação dessas áreas gerou mudanças no organograma de funções: Caroline Almeida passa a atuar como Gerente de Articulação Social; Janaina Barbosa como Gerente de Comunicação e Mobilização de Recursos; e Hebe Silva assume a Gerência de Operações.

As novas funções foram recebidas com entusiasmo pelas três, que observam o processo de transformação do Fundo Baobá, alé da oportunidade de desenvolvimento pessoal e profissional.

Em entrevista na Bahia, onde esteve para a comemoração dos 192 anos da Sociedade Protetora dos Desvalidos — organização negra secular que buscava na filantropia entre negros libertos proporcionar a compra da liberdade para os ainda escravizados –, o diretor executivo do Fundo Baobá, Giovanni Harvey, falou sobre a Articulação Social: “Queremos criar um programa que apoie instituições negras centenárias, assim como apoiamos a Sociedade Protetora dos Desvalidos. A área de Articulação Social será responsável por isso”, disse.

Caroline Almeida que passou de Assistente Executiva a Gerente de Articulação Social.

Caroline Almeida, graduada em Administração pela Universidade Federal da Bahia, fala da área que vai gerenciar: “A Articulação Social sintetiza, sob o ponto de vista político, os princípios, os valores e os compromissos oriundos do processo de construção que resultou no Fundo Baobá. Esta dimensão projeta os resultados alcançados pelos investimentos programáticos realizados a partir dos recursos mobilizados, e evidencia os requisitos da instituição para captar, gerir e investir capital e patrimônio filantrópico”, definiu. 

Janaina Barbosa, que além de cuidar da Coordenação de Comunicação, também está responsável pela Gerência de Mobilização de Recursos

O processo de crescimento institucional do Fundo Baobá ao longo desses 13 anos de existência foi determinante para que novas estratégias fossem pensadas, no sentido de tornar ainda mais ágil o dinamismo da organização. “Entendemos que é um momento estratégico de pôr em prática o que já sabemos. Construímos um conhecimento sólido sobre mobilização, coerente com a missão do Baobá. Por isso consideramos importante consolidar esse conhecimento internamente”, afirmou Janaina Barbosa, graduada em Comunicação Social e pós graduada em Gestão de Marketing, que vai gerir as áreas de Comunicação e Mobilização de Recursos.  

Hebe Silva, coordenadora de Administração e Finanças, assumiu a Gerência de Operações

A terceira nova área, a de Operações, será gerenciada por Hebe Silva, graduada em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Mato Grosso. A área será responsável pela gestão financeira, administrativa e logística do Fundo Baobá. Sua origem tem fruto, também, no crescimento da organização. “A Coordenação de Administração e Finanças dividia parte de suas tarefas com a Diretoria Executiva, quando o Baobá ainda era menor e não necessitava dessa setorização. A instituição cresceu, o grau das responsabilidades aumentou e houve a demanda de se consolidar tudo em uma única área”, afirmou Hebe. 

Nesse novo tempo em que entra o Fundo Baobá, o objetivo é aprender, colocar em prática esse aprendizado e diversificar. Janaina define o momento: “A gente está num processo de aprendizado. De compreender o que faz sentido para o Baobá. Captamos recursos para apoiar iniciativas de diferentes territórios, cada um deles tem um contexto, desafios e questões diferentes, olha para a discussão da equidade racial de uma perspectiva específica. Então, é importante diversificar também as nossas estratégias. A ideia de trazer a área de Mobilização para a Comunicação é para manter um alinhamento, uma unidade da nossa narrativa, das nossas mensagens. Nossa intenção é desbravar e contar boas histórias”, disse. 

Conheça um pouco da Cultura Marabaixeira, uma das ricas manifestações deste país continental chamado Brasil

A cultura do Marabaixo é uma das mais autênticas expressões culturais do estado do Amapá, vinculada à história de resistência e preservação da identidade negra na região. Ela tem raízes profundas no período colonial e na luta dos povos afrodescendentes pela manutenção de suas tradições e costumes, sobretudo nos territórios quilombolas.

O Marabaixo envolve música, dança, cânticos e rituais que celebram a ancestralidade e a cultura africana, sendo praticado principalmente durante festividades populares em comunidades negras do estado.

Dentro desse contexto cultural e de resistência, o Movimento Nação Marabaixeira foi fundado em 2016 como um coletivo de pessoas de diversas áreas profissionais, todas unidas pelo mesmo propósito: fortalecer a identidade negra, empoderar lideranças e preservar a cultura ancestral nos territórios pretos do Amapá.

O movimento tem como foco principal proporcionar o conhecimento histórico-cultural do Marabaixo às comunidades escolares, utilizando essa tradição como ferramenta pedagógica para combater o racismo e valorizar a diversidade cultural amapaense.

Um dos projetos mais significativos do movimento nesse sentido é o Projeto Cantando Marabaixo nas Escolas. O projeto adota uma abordagem lúdica e pedagógica para divulgar a cultura do Marabaixo sob a ótica de uma educação antirracista e anticolonialista, disseminando a manifestação tanto dentro quanto fora do ambiente escolar.

Ao promover a integração entre os saberes populares e formais, o movimento busca tornar o Marabaixo uma prática comum no cotidiano escolar, criando um espaço para a valorização da cultura negra e o combate às desigualdades sociais e raciais.

O crescimento institucional do Movimento Nação Marabaixeira foi impulsionado pelo edital Educação e Identidades Negras, que ampliou o alcance do projeto para além do esperado inicialmente. Com essa oportunidade, o movimento conseguiu beneficiar um número maior de pessoas, consolidando-se como uma referência na promoção da cultura afro-amapaense e na luta por uma educação mais inclusiva.

Representantes da Nação Marabaixeira, dançarinos do Marabaixo e Equipe Baobá

“Poder contar com o apoio educacional, organizacional e financeiro de instituições como o Baobá proporciona a várias organizações desenvolver a sua autonomia, e poder se estruturar de maneira mais profissional. Esse apoio foi o pontapé inicial para nosso  fortalecimento enquanto organização. Não podemos deixar de evidenciar o aprendizado através de vídeos e orientações dos consultores. É interessante ainda frisar que conseguimos ter capacidade para alcançar mais escolas, educandos, municípios, públicos diferentes e, assim, salvaguardar e propagar nossa manifestação cultural”, disse a professora Lizia Celso, uma das gestoras do Movimento Nação Marabaixeira.  

Vale destacar que, apesar de suas raízes africanas, a cultura do Marabaixo não tem ligação direta com religiões de matrizes africanas, o que permitiu que muitos praticantes de denominações religiosas, como os pentecostais, se apropriassem dessa manifestação cultural. 

Baobá no Amapá

Fazer a conexão com as necessidades do outro, e entender as principais mensagens levou o Baobá – Fundo para Equidade Racial ao estado do Amapá no mês de outubro para ver de perto as realizações do Projeto Marabaixo nas Escolas, promovido pelo Movimento Nação Marabaixeira. 

O Diretor Executivo do Baobá, Giovanni Harvey, a Gerente de Comunicação e Mobilização de Recursos, Janaina Barbosa, a Gerente de Articulação Social, Caroline Almeida, e a Assistente de Projetos, Camila Santos estiveram no Amapá. Além da aproximação com o Movimento Nação Marabaixeira, também realizaram encontros e conversas com representantes de movimentos negros amapaenses. 

A importância do Baobá ter ido a campo – estratégia que compõe o plano de ações do Fundo – é definida por Rosivaldo da Silva Gomes, mais conhecido por Dinho Paciência, Coordenador de Projetos Pedagógicos e Elaboração de Projetos do Movimento Nação Marabaixeira: “A importância da vinda do Baobá aqui, junto a nós, é a ratificação do nosso fazer, enquanto movimento preto, pela visibilidade, protagonismo e formação de lideranças da nossa gente. Pelo que o Fundo Baobá é, pela representatividade que tem, ele é o nosso selo de validade, de qualidade e de abertura de portas. A partir dessa vinda, as pessoas visualizaram aquilo que a gente faz,  porque nós tivemos o Baobá aqui para confirmar isso”, afirmou Dinho.

Para o idealizador e fundador do Nação Marabaixeira, João Carlos do Rosario Souza, o Carlos Piru, o trabalho feito pelo Baobá contribui para que a cultura amapaense, mais especificamente, a Marabaixeira, tenha alcançado outros pontos do país.

“O Estado do Amapá sempre esteve isolado do resto do Brasil, em todos os aspectos. Com o advento das redes sociais isso acabou, pois podemos interagir com o mundo. Foi assim que conhecemos o Baobá e o Baobá nos conheceu. Recebê-los aqui foi histórico, desafiador e gratificante. Nos deu a certeza de que estamos no caminho certo e que podemos conduzir nossa própria história a partir dos nossos projetos. O projeto Cantando Marabaixo nas Escolas começou em 2017 e desde então nossa luta é bastante intensa na busca de apoio em todos os sentidos. Porém,  nunca fomos tratados dessa forma, mesmo o projeto alcançando essa expressão nacional e alcançando o Amapá adentro. Portanto,  gratidão ao Fundo Baobá”, concluiu. 

Fundo Baobá Abre Vaga para Consultoria em Pesquisa Qualitativa para Programa de Lideranças Femininas Negras

O Fundo Baobá está em busca de uma consultoria qualificada para realizar uma pesquisa qualitativa que irá subsidiar o 2º edital de apoio coletivo do Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco. Esta é uma oportunidade única para organizações com expertise em temas de equidade racial e de gênero contribuírem para o fortalecimento de lideranças femininas negras no Brasil.

O Baobá – Fundo para Equidade Racial é uma organização que se dedica ao investimento no desenvolvimento de lideranças e iniciativas que promovam a equidade racial e de gênero no Brasil. Com um histórico de apoio a organizações de mulheres negras, o Fundo Baobá busca continuamente criar oportunidades que fortaleçam as capacidades institucionais dessas organizações e ampliem seu impacto nas comunidades.

O objetivo principal desta consultoria é a realização de grupos focais, entrevistas semiestruturadas e a aplicação de questionários auto responsivos junto a organizações de mulheres negras. A pesquisa deverá mapear necessidades e expectativas dessas organizações em áreas como:

  • Planejamento e gestão
  • Captação de recursos
  • Comunicação estratégica
  • Registro e memória
  • Atuação em rede
  • Fortalecimento de lideranças e formação de novos quadros
  • Mobilização de parceiros para atuar em defesa da equidade racial e de gênero

O resultado dessa pesquisa será fundamental para a elaboração do 2º edital de apoio coletivo do Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco.

O edital de apoio coletivo do Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco tem como objetivo investir no desenvolvimento institucional de organizações de mulheres negras que atuam para o enfrentamento ao racismo e ao sexismo. As organizações selecionadas receberão um apoio financeiro total de R$ 375.000,00, além de investimentos diferenciados para suas dirigentes e acesso a uma rede de lideranças femininas negras.

Estamos em busca de uma consultoria que atenda aos seguintes critérios:

  • Experiência comprovada de pelo menos 5 anos em condução de pesquisas qualitativas e em temas relacionados à equidade racial e de gênero.
  • Capacidade de conduzir grupos focais e entrevistas em ambiente virtual.
  • Equipe diversa em termos de identidade de gênero, raça/cor e faixa etária.
  • Bom planejamento, organização e compromisso com prazos.

Além disso, a consultoria deve ser uma empresa registrada, com pelo menos 5 anos de atuação, que não seja pessoa física e que possua experiência comprovada em projetos semelhantes.

As organizações participantes do edital terão acesso a diversos benefícios, incluindo:

  • Contato com outras lideranças femininas negras, fortalecendo redes e colaborações.
  • Participação em atividades formativas organizadas pelo Fundo Baobá.
  • Aumento da visibilidade e oportunidades de desenvolvimento de habilidades políticas e de liderança.

Como se Candidatar

Os interessados devem enviar suas propostas até 16 de outubro de 2024, às 17h (horário de Brasília). A proposta deve incluir informações gerais sobre a empresa, uma proposta orçamentária detalhada, mini bio dos membros da equipe e três cartas de referência.

  • Data de início do contrato: 30 de outubro de 2024
  • Data de término do contrato: 31 de março de 2025

Para mais detalhes sobre os requisitos e especificações do projeto, faça o download do Termo de Referência completo no link abaixo:

Não perca a oportunidade de fazer parte desse projeto transformador que apoia o desenvolvimento de lideranças femininas negras no Brasil!

Consultoria para Pesquisa Qualitativa no Programa de Lideranças Femininas Negras: Oportunidade do Fundo Baobá

O Fundo Baobá, comprometido com a promoção da equidade racial no Brasil, está em busca de uma consultoria especializada para realizar uma pesquisa qualitativa que será fundamental para o desenvolvimento do 2º edital do Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco. Este artigo detalha os requisitos, objetivos e especificações do serviço, além de explicar o impacto dessa iniciativa para as mulheres negras e como você pode contribuir.

A consultoria contratada será responsável por realizar grupos focais, entrevistas semiestruturadas e aplicar questionários auto responsivos a mulheres negras cis, trans e travestis. O objetivo é mapear suas necessidades e expectativas relacionadas ao desenvolvimento de competências técnicas, políticas, socioemocionais e comportamentais de liderança. Esse estudo qualitativo fornecerá insights essenciais para a elaboração e implementação do próximo edital de apoio individual do programa.

Este programa visa ampliar as oportunidades de desenvolvimento para mulheres negras (pretas e pardas) cis, trans ou travestis que lideram ou atuam em organizações da sociedade civil, movimentos sociais, instituições públicas, setor privado e outras áreas estratégicas. Serão selecionadas 35 mulheres para receber uma bolsa mensal de R$ 3.100,00 por 18 meses, mentoria coletiva, contato com outras lideranças femininas e participação em atividades formativas.

O edital destina-se exclusivamente a mulheres negras que atuam em diversas áreas, desde organizações da sociedade civil até o setor privado. Também haverá um foco em lideranças femininas quilombolas, mulheres negras em altos postos de governo, no terceiro setor, no judiciário, no empreendedorismo e em outros setores estratégicos. O objetivo é garantir uma ampla representatividade, com participantes de todas as regiões do Brasil, especialmente do Norte e Nordeste.

A empresa ou instituição interessada deve ter, no mínimo, cinco anos de experiência comprovada na condução de pesquisas qualitativas sobre equidade racial e de gênero, além de expertise em grupos focais e entrevistas virtuais. A equipe de trabalho deve ser diversa em termos de identidade de gênero, raça/cor e faixa etária, demonstrando compromisso com os princípios de direitos humanos e eliminação da discriminação racial.

A consultoria terá início em 30 de outubro de 2024 e término previsto para 31 de março de 2025. Entre os principais produtos a serem entregues estão:

  • Plano de Trabalho: Detalhamento do cronograma, metodologia e perfil da equipe.
  • Mapeamento de Iniciativas: Identificação de outras ações voltadas ao desenvolvimento de lideranças negras.
  • Relatórios e Apresentações: Compilação dos resultados das pesquisas em documentos que incluam dados coletados, perfis das participantes e recomendações.
  • Apresentações Visuais: Criação de materiais de apoio para divulgar os achados da pesquisa.

Os pagamentos serão realizados em parcelas conforme a entrega e aprovação dos produtos descritos.

A seleção da empresa será baseada na qualidade da proposta e no custo-benefício. É fundamental que as candidaturas incluam uma proposta orçamentária detalhada, mini bios dos membros da equipe e três cartas de referência de projetos semelhantes realizados nos últimos cinco anos. Apenas empresas com, pelo menos, cinco anos de experiência na condução de pesquisas qualitativas serão consideradas.

Este projeto é uma oportunidade única para apoiar a formação de novas lideranças femininas negras, proporcionando recursos e capacitações para mulheres que já ocupam ou pretendem ocupar posições estratégicas em diversos setores. Ao mapear as necessidades e expectativas dessas mulheres, o Fundo Baobá busca potencializar suas competências e promover uma rede de apoio para o desenvolvimento de suas habilidades políticas, técnicas e socioemocionais.

Se você é uma empresa com experiência em pesquisa qualitativa e um compromisso real com a promoção da equidade racial e de gênero, esta é a sua chance de contribuir para um projeto que fará a diferença na vida de muitas mulheres negras no Brasil.

Clique no link abaixo para baixar o PDF com todos os detalhes da vaga e enviar sua proposta orçamentária até o dia 16 de outubro de 2024, às 17h (horário de Brasília).

Sociedade Protetora dos Desvalidos (SPD) Comemora 192 Anos e Reforça que a Luta pela Causa Negra Continua

Fundada por homens negros libertos com o objetivo de conquistar a liberdade para seus irmãos e irmãs ainda escravizados, a Sociedade Protetora dos Desvalidos (SPD) celebrou 192 anos no dia 16 de setembro. Durante a comemoração em Salvador, Bahia, a entidade fez uma reflexão importante: a comunidade negra alcançou suas metas ou ainda há muitos desafios pela frente? Se considerarmos os princípios que nortearam a criação da SPD — combate ao racismo, liberdade religiosa e igualdade social —, as lutas de hoje ainda ecoam os desafios enfrentados em 1832. A caminhada continua.

A História da SPD e Suas Lutas Desde sua fundação, a SPD tem sido um pilar na luta pela igualdade racial no Brasil. Nomes como Luiz Gama e José do Patrocínio, figuras centrais no combate à escravidão e ao racismo, integraram a organização. Apesar dos avanços em quase dois séculos, as demandas da população negra permanecem praticamente as mesmas. Na época, a filantropia era o principal recurso para angariar fundos e comprar cartas de alforria para libertar escravizados.

Neilto Barreto, bibliotecário e publicitário aposentado, assumiu a presidência da Assembleia Geral da SPD e destacou o legado de luta dos membros da organização. “Em todo esse período, nunca dependemos de apoio governamental, seja municipal, estadual ou federal, desde 1832”, declarou Barreto, que liderará a entidade até 2027.

O Apoio do Fundo Baobá A continuidade das ações sociais da SPD ao longo dos anos não significa que a entidade não tenha necessitado de apoio. Um marco importante foi o suporte financeiro de R$ 500 mil do Fundo Baobá em novembro de 2023. Para Giovanni Harvey, diretor executivo do Fundo, esse apoio foi fundamental para abrir precedentes no auxílio a organizações negras centenárias. “Como pode uma instituição como a SPD, em quase dois séculos de existência, não ter recebido apoio institucional significativo? A SPD nos inspira a apoiar mais instituições centenárias”, afirmou Harvey.

A conexão entre o Fundo Baobá e a SPD foi articulada em 2022 por Tricia Calmon, da Assembleia Geral do Fundo Baobá, que identificou a necessidade de assistência à entidade e levou a demanda ao Conselho Deliberativo. Sueli Carneiro, presidente do Conselho Deliberativo, sugeriu a concessão de apoio, que evoluiu para a primeira doação sem edital da história do Fundo, fruto de recursos próprios.

Transformações ao Longo dos Séculos Assim como a sociedade mudou ao longo dos séculos 19, 20 e 21, a SPD também passou por transformações. Originalmente, apenas homens negros africanos podiam ser diretores da organização. Hoje, mulheres também são admitidas. Ligia Margarida Gomes, psicóloga e ex-presidente da Assembleia Geral, destacou essa mudança, e Neilto Barreto complementou, afirmando que, embora associados não negros sejam admitidos, eles precisam estar comprometidos com a causa da entidade.

O Futuro da SPD A comemoração de 192 anos da SPD reuniu membros do movimento negro baiano e foi marcada por uma celebração tradicional, incluindo iguarias da culinária africana como caruru, acarajé e pirão. Um dos principais objetivos da entidade para o futuro é atrair jovens para integrar o quadro associativo, que hoje conta com cerca de 250 membros. “Nosso maior desafio é a renovação. A juventude precisa se conscientizar da importância de se juntar a nós”, afirmou Ligia Gomes. Para ela, a grande contrapartida é o privilégio de fazer parte da luta por uma causa maior.

Conclusão A SPD, com seus 192 anos de história, continua a ser um símbolo de resistência e luta pela igualdade racial no Brasil. A busca por justiça social, combate ao racismo e liberdade religiosa iniciada no século 19 permanece mais viva do que nunca, lembrando que ainda há muitos passos a serem dados nessa jornada.

Rede Comuá realiza atividades de enfrentamento às mudanças climáticas no mês da filantropia que transforma

Mês da Filantropia que Transforma 2024

A Rede Comuá, da qual o Fundo Baobá é parte, faz um chamado em setembro: existem caminhos possíveis para o financiamento de soluções climáticas locais. Neste ano, destaca-se a atuação das organizações da filantropia comunitária e de justiça socioambiental no financiamento, desenvolvimento e/ou cocriação destas soluções.

Como parte da programação do Mês da Filantropia que Transforma 2024, foi realizado o lançamento da “Iniciativa Comuá pelo Clima: financiamento de soluções climáticas locais”, que traça o perfil da atuação dos membros da Rede nessa agenda, de modo interseccional, e destaca ações e iniciativas desenvolvidas e financiadas na área de filantropia e clima.

O levantamento tem potencial para se tornar uma referência para o campo da filantropia, contribuindo para incidir na construção de agendas e no desenvolvimento de estratégias de financiamento para organizações e grupos da sociedade civil que atuam na linha de frente. Além de ser imprescindível para o enfrentamento da crise climática, o foco local é que traz a perspectiva da exclusão e das injustiças sociais. As mudanças climáticas em curso no planeta afetam todos os territórios, grupos e comunidades. Mas não da mesma forma. Minorias políticas como comunidades indígenas, negras, quilombolas, LGBTQIAPN+, mulheres, agricultores e agricultoras familiares e populações de territórios periféricos urbanos, atravessados pelas desigualdades sociais e econômicas, são atingidas de modo mais extremo pelos efeitos da crise climática.

Apesar disso, esses grupos não têm lugar garantido em fóruns de tomadas de decisão relativas à definição dos projetos e de políticas públicas que os afetam diretamente. Sua presença em agendas de financiamento climático também está aquém do necessário. Mesmo sendo os que menos contribuem para o agravamento do aquecimento global e, em muitos casos, os que mais atuam na conservação e na preservação do meio ambiente, grupos racializados estão entre os mais prejudicados pela mudança do clima, segundo pesquisa realizada pelo geógrafo Diosmar Filho para a Associação de Pesquisa Iyaleta.

Pensar o clima a partir de uma perspectiva de proteção e promoção dos direitos humanos é fundamental, especialmente se tiverem como foco estratégias de mitigação, adaptação e financiamento climático para a redução da pobreza e o fortalecimento dos direitos. Atualmente, porém, essa não é a realidade. Mesmo considerando-se uma perspectiva mais ampla, que vai além da questão climática, a filantropia tradicional ainda destina poucos recursos para grupos racializados. No Brasil, segundo dados da última edição do Censo GIFE, as organizações do investimento social privado (ISP) têm perfil majoritariamente executor de projetos e menos doador para outras organizações da sociedade civil. De acordo com o Censo, o montante de recursos financeiros para áreas de preservação ambiental no período 2022-2023 foi de 13% do investimento realizado. O percentual menor era destinado às comunidades remanescentes de quilombos (10%), terras indígenas (7%) e assentamentos (3%).

O Baobá – Fundo para Equidade Racial é um dos membros da Rede Comuá e participou em uma das etapas do processo de formalização da Rede que teve início em 2022, quando completou 11 anos de atuação. A Rede busca fortalecer a capacidade de atuação conjunta dos seus membros potencializando seu papel nos processos de transformação social, e o Fundo Baobá considera a plataforma é importante, pois apoiar financeiramente iniciativas da sociedade civil lideradas por minorias políticas é uma estratégia crucial para promover e construir agendas focadas no reconhecimento e na defesa de direitos.

Conferência da Diáspora Africana nas Américas elabora Carta de Recomendação da União Africana

Conferência da Diáspora Africana nas Américas

Salvador, a cidade com a maior população negra fora da África, sediou a Conferência da Diáspora Africana nas Américas, que precede a realização do 9º Congresso Pan-Africano, que vai acontecer na cidade de Lomé (Togo) entre 29 de outubro e 2 de novembro. O Brasil é o país com o maior número de afrodescendentes fora do continente africano, por isso, a escolha pela capital baiana foi feita ainda em 2023 pela União Africana e pelo Governo da República Togolesa, país localizado no oeste da África.

O objetivo da Conferência da Diáspora Africana nas Américas foi a elaboração de uma Carta de Recomendação encaminhada a representantes da União Africana que estiveram no Brasil. A carta apresentou os pontos discutidos nos três dias do encontro e que visam promover a união dos povos de origem africana ou da diáspora na luta contra o racismo e a discriminação racial, além do desenvolvimento sustentável dos países africanos e suas comunidades ao redor do planeta, a promoção do intercâmbio de informações e o protagonismo de nações africanas dentro do contexto mundial. 

Várias instituições comprometidas com a causa da Equidade Racial participaram da Conferência.  O diretor executivo do Fundo Baobá, Giovanni Harvey, foi um dos convidados. Participou da elaboração da Carta de Recomendação e acompanhou as discussões da Mesa Reparação e Restituição. “Foram abordados dois temas muito importantes na luta dos negros ao longo da história: pan-africanismo e reparação. Pan-africanismo como uma visão de mundo e reparação como instrumento de enfrentamento às desigualdades raciais historicamente construídas”, diz. 

Harvey exemplificou o que a desigualdade estabelecida de forma estrutural determinou para as populações afrodescendentes. “As políticas de ações afirmativas, por exemplo, são  sempre condicionadas por aferição de mérito e desempenho. Elas são importantes? São! Mas são insuficientes para enfrentar o impacto profundo que a desigualdade historicamente construída impôs no Brasil e no mundo. É preciso dar um passo à frente e trazer o tema das reparações para o centro do debate”, afirma. “O Fundo Baobá acompanha o cenário internacional com o objetivo de manter a sua estratégia alinhada às principais iniciativas em prol da equidade racial no mundo”, conclui. 

Uma das propostas do Congresso que vai acontecer em Lomé, no Togo, é que países africanos alcancem protagonismo dentro do cenário socioeconômico mundial. Embora muitas nações africanas enfrentem questões de pobreza e diversas injustiças sociais, Harvey analisa que o protagonismo não se faz apenas com base na questão financeira. “A África do Sul, pela potência econômica que é, tem condições de ser protagonista. Mas há outros países, de menor poder financeiro, mas de importância histórica e política muito grande, como  Senegal, Nigéria, Guiné Bissau e Togo, que sempre terão um papel importante quando tratamos de restituição e reparação financeira para a população negra”, afirma.  

Orumverso: plataforma conecta saberes e impulsiona negócios negros

Criada por três mulheres negras engenheiras, a Oficina de Inovação e Ancestralidade (OIA) lançou dia 02/08, a plataforma digital Orumverso,

Criada por três mulheres negras engenheiras, a Oficina de Inovação e Ancestralidade (OIA) lançou dia 02/08, a plataforma digital Orumverso, que visa a troca de saberes periféricos, a partir de uma ótica ancestral-futurista potencializada pelo uso da tecnologia. A plataforma é uma oportunidade para fazer a conexão em rede para co-criar futuros possíveis, rompendo barreiras territoriais e linguísticas, além de oferecer aos empreendedores negros ferramentas poderosas para superar barreiras históricas e acelerar o crescimento de seus negócios.

Na prática, na plataforma digital é possível se conectar com projetos e negócios de pessoas negras através de e-commerce e até de ferramentas de gestão financeira e marketing digital, por exemplo. Funciona como uma vitrine digital para que empreendedores negros possam exibir seus produtos e serviços, em um ambiente que favorece o movimento de colocar a mão na massa e criar coletivamente projetos, ferramentas e soluções tecnológicas. 

A ferramenta também se destaca pela inovação tecnológica, impacto social e potencial de público, pois proporciona a oportunidade de atingir um vasto mercado no qual o empreendedorismo negro está em ascensão e em busca por inovação e acessos. É ainda uma maneira de ampliar a discussão e o desenvolvimento de ciências e tecnologia que levem em conta características socioculturais e periféricas que, muitas vezes, distanciam a população negra de fazer e produzir tecnologia.

A Oficina de Inovação e Ancestralidade surgiu em 2017, nos corredores da Universidade Federal Fluminense (UFF), onde as três engenheiras se conheceram, formando um coletivo que questionava e movimentava o meio acadêmico, debatendo a temática de tecnologias sociais e ancestrais, além de estimular na periferia discussões e produções afrofuturísticas.
 


Thalita Lopes – Diretora de comunidade da OIA. Créditos: Laís Reverte


O projeto teve apoio do Baobá – Fundo para Equidade Racial que acreditou ser possível a construção da OIA e do projeto Orumverso. Através do Edital Educação e Identidades Negras, lançado em 2022 e com o apoio da Imaginable Futures e da Fundação Lemann, o projeto se apresentou como um esforço conjunto para o enfrentamento ao racismo e a consolidação de práticas de promoção da equidade racial no setor educação 

 Para Karina Karin, diretora de tecnologia da OIA Hub, a Orumverso é uma jornada direcionada e intencional, assim como foram os sete primeiros anos da OIA. Para ela, todo ser humano deve se entender como um ser tecnológico, um ser que produzia tecnologia em um passado escravagista marcado por diversos apagamentos. É necessário que se pense em erradicar essa distância e que se produzam novas tecnologias e saberes a partir das experiências ancestrais e da subjetividade sociocultural da população periférica. Para além disso, Karina Karin, uma das desenvolvedoras, foi selecionada para representar o Brasil no Global Peace Summit, em Nova York, entre os dias 09 e 12 de dezembro de 2024, onde poderá discutir o uso da inteligência artificial e suas aplicações como uma das ferramentas para promover a paz no mundo.

A aplicação de tecnologias sociais pelo Orumverso pode amplificar esse movimento, oferecendo aos empreendedores negros as ferramentas necessárias para prosperar em um mercado globalizado, pois não só apoia o desenvolvimento de negócios negros, mas também serve como um exemplo de como a tecnologia pode ser utilizada para promover a igualdade e a inclusão social.

Para saber mais sobre a plataforma, acesse: OrumVerso.


Educação em Tecnologia: o promissor caminho para a equidade racial

Educação em Tecnologia: o promissor caminho para a equidade racial

Educar para transformar: essa é uma das chaves para fomentar a equidade racial no Brasil. Inúmeras pesquisas, censos e levantamentos comprovam como a falta ou dificuldade de acesso à educação tem sido um dos mecanismos de desigualdade racial no Brasil. Em uma época marcada pela disseminação da tecnologia e digitalização dos processos, lacunas educacionais são ainda determinantes para a qualidade de vida das pessoas.

Um bom exemplo de enfrentamento desse desafio vem do Espírito Santo, onde o Instituto Oportunidade Brasil (IOB) tem desenvolvido um trabalho educacional com forte viés para o digital. O IOB criou o Programa Oportunidade Tech para que, por intermédio da qualificação educacional na área de Tecnologia da Informação, os jovens pudessem entrar e/ou permanecer nos postos de trabalho. 

O instituto foi uma das 16 organizações selecionadas pelo edital Educação em Tecnologia, do Baobá – Fundo para Equidade Racial, que tinha como objetivo apoiar iniciativas e empresas negras que pudessem contribuir, por meio de processos de formação, para a ampliação da capacidade de pessoas negras serem inseridas no mercado de trabalho na área tecnológica.

Mais de um ano após a implementação do Programa Oportunidade Tech, o Fundo Baobá conversou com a diretora do IOB, Verônica Lopes, para saber como estão as atividades e realizações da instituição. 

Que projetos o IOB está tocando que poderão impactar ainda mais positivamente o cenário social no Espírito Santo? 

Em agosto, realizamos o nosso II Fórum, que teve como tema “Educação e Trabalho para Quem? Do Discurso à Ação”. O evento contou com a participação de especialistas e empreendedores locais e nacionais para discutir os desafios e as boas práticas em diversidade, inclusão e combate ao racismo no trabalho e na educação. No dia 29,  tivemos um evento muito especial chamado Inovação Periferia. Nesse evento, os formandos do Oportunidade Tech, após dois anos de intensa dedicação, apresentaram os três aplicativos inovadores que desenvolveram para beneficiar suas comunidades. Recebemos empresários da área de tecnologia, mentores e apoiadores. Além disso, no início do mês, lançamos uma nova turma de Marketing Digital, com o apoio do Instituto Localiza. Em cinco meses, jovens de 15 a 29 anos estarão capacitados a utilizar um celular para criar vídeos, tirar fotos, fazer posts no Instagram, usar o Canva e outras ferramentas digitais. O curso também inclui empreendedorismo e uma trilha de preparação para a entrada no mercado de trabalho.

Dentro da premissa de potencializar as oportunidades para jovens negros alcançarem um futuro promissor, é possível traduzir em números a atuação do IOB? 

Fechamos o ano de 2023 com mais de 1.500 atendimentos a beneficiários. Começamos 2024 com uma jornada formativa em liderança e finanças para mais de 40 mulheres. Atualmente, temos quatro turmas em formação, das quais três são em Tecnologia da Informação.

Recentemente, você ganhou um prêmio dedicado a mulheres empreendedoras que têm contribuído para o desenvolvimento social no estado. Esse reconhecimento a você está relacionado de que maneira ao IOB? 

O prêmio destaca a importância das iniciativas promovidas pelo IOB, evidenciando a relevância do trabalho da instituição na promoção da inclusão e da igualdade racial. Este reconhecimento enfatiza o impacto positivo e a contribuição contínua do IOB para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.

No campo das vitórias pessoais, há nomes de jovens apoiados pelo IOB que podem ser citados aqui? Quem são e o que estão fazendo?  

Maylon Viana ingressou na universidade federal este ano e já está desenvolvendo trabalhos como empreendedor na área de tecnologia. Ele é aluno do instituto desde 2021.

Samyla Santana foi contratada como efetiva ainda enquanto cursava o programa do instituto, tem se destacado muito na empresa em que está atuando. Recebemos vários feedbacks positivos da empresa.

Haynnan Seibert, que se formou em tecnologia no IOB, já atua como instrutor na instituição e como empreendedor na área de tecnologia.

No que esse reconhecimento a você como empreendedora contribui para as atividades do IOB? 

O reconhecimento contribui significativamente para as atividades do Instituto Oportunidade Brasil (IOB) de várias maneiras:

 1. Validação do Impacto Social: Valida a importância e a relevância do trabalho que o Instituto realiza na capacitação e inclusão de jovens negros em situação de vulnerabilidade.

2. O reconhecimento aumenta a visibilidade do IOB e reforça sua credibilidade como uma organização comprometida com a transformação social. Isso pode atrair mais parceiros, patrocinadores e apoiadores

3. O prêmio serve como uma fonte de inspiração e motivação para a equipe do IOB e para os jovens beneficiados pelos programas da instituição. Ele demonstra que o esforço e a dedicação têm um impacto real e podem levar a reconhecimentos importantes.

4. Fortalecimento da Missão do Instituto:  O reconhecimento reforça a missão do IOB de promover a inclusão e a igualdade racial, alinhando-se com os valores e objetivos da organização. Ele ajuda a consolidar o compromisso do Instituto com sua causa e reforça a importância de continuar nosso trabalho transformador.