Coletivo de mulheres negras lança e-book após participação no Programa de Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco

O e-book “Negras que Movem: Olhares e Perspectivas das Líderes Aceleradas pelo Fundo Baobá” fortalece o protagonismo em diversos espaços de diálogo e debate

A revolução das mulheres negras através da escrita se iniciou a partir de uma necessidade de sanar diversos obstáculos enfrentados por elas. Em um contexto complexo e imersas em opressão, negligências e vulnerabilidades, foi na escrita que grandes estrelas da literatura brasileira se destacaram, como Carolina Maria de Jesus, Lélia Gonzalez, Conceição Evaristo, Djamila Ribeiro, entre outras, para reivindicar por seus direitos básicos de humanidade, dignidade e presença.

Tal prática se perpetua até hoje entre as mulheres negras, como é para Luciane Reis, uma das idealizadoras do livro “Negras que Movem: Olhares e Perspectivas das Líderes Aceleradas pelo Fundo Baobá”, que deve  ser lançado em 10/08/2024, no formato virtual, com aproximadamente 80 artigos. A obra é uma chamada à ação para reconhecer e valorizar as contribuições negras, desafiar os paradigmas estabelecidos, e ampliar o entendimento sobre a riqueza e a complexidade das vozes negras.

São nos escritos que suas dores e reivindicações ganham força para romper séculos de silenciamento e expandir a necessidade de ascensão, protagonismo e representatividade feminina negra na comunicação opinativa e emancipatória. Seguindo o exemplo e inspiração das mais velhas, foi criado em 2019 o coletivo Negras que Movem, com o objetivo de dar representatividade e empoderamento às mulheres negras na comunicação e em todas as esferas da vida social. 

Essa iniciativa se tornou viável com a união de 24 mulheres negras selecionadas no Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco, no qual o Baobá – Fundo para Equidade Racial proporcionou o desenvolvimento financeiro individual e organizacional de diversas lideranças, grupos e coletivos liderados por mulheres negras.

Luciane Reis, uma das contempladas, nasceu no bairro Saramandaia, em Salvador – BA, é especialista em Educação Online e mestre em Desenvolvimento e Gestão, e sempre foi apaixonada por livros desde a adolescência, então se conectar com a diáspora africana, os movimentos de resistência negra e os intelectuais que moldaram o pensamento afrocentrado não foi tão complicado. Pelo contrário, ela enxerga nesse percurso a possibilidade de encorajar outras mulheres negras a encontrar suas próprias vozes e a se tornarem agentes de mudança em suas comunidades. 

“Na época em que recebi a doação, eu havia sido demitida do meu emprego. A doação foi essencial para que eu pudesse finalizar minha dissertação de mestrado com tranquilidade. Graças à bolsa, pude concluir meus estudos sem precisar me preocupar com minha sobrevivência básica”, afirma Luciane Reis, sobre o período da vida em  que recebeu o recurso.

Ao participar das atividades propostas, Luciane observou a oportunidade de criar o coletivo Negras que Movem. O coletivo surgiu da vontade e necessidade de união dessas mulheres, que enxergaram a potência que havia ao se unirem para alcançar espaços antes intangíveis. Um dos resultados dessa potência foi a oportunidade de publicar seus artigos no portal Geledés, representando uma ampla gama de perspectivas e análises sobre questões sociais, políticas e culturais. 

Sulamita Rosa da Silva, mestre em educação na Ufac de Rio Branco, e uma das 24 mulheres negras que compõem o Coletivo Negras que Movem, relata que a participação e os resultados que obteve no Programa fizeram muita diferença em sua vida e que estão gerando frutos que irão repercutir por toda a comunidade negra. “O que precisamos para nos mover é de oportunidades e vocês concederam ao fornecer apoio a muitas pessoas negras. Parabéns por fazerem a diferença na vida dos nossos”, afirma.

Cada texto que será publicado no e-book oferece uma visão única e poderosa, permeada pela vivência e pelo engajamento das líderes aceleradas com as comunidades e os movimentos sociais. Apoiadas pelo Fundo Baobá, essas mulheres inspiradoras têm se destacado em diversas áreas, incluindo ativismo social, empreendedorismo, jornalismo, educação e cultura. São mulheres que, apesar das adversidades, têm feito a diferença em suas comunidades e contribuído para a construção de um mundo mais justo e igualitário para todos.

Apesar da grandiosidade do projeto e da iniciativa, elas ainda encontram diversos obstáculos no caminho, como o financiamento do livro e a dificuldade de publicação dos textos, porque ainda são privadas de ter acesso a recursos econômicos e ao mercado editorial, como acontece com a população negra. Porém, o desejo e a esperança seguem  presentes na vida delas e das demais mulheres negras que compõem o coletivo. O que elas realmente almejam é que seus escritos sejam propagados e suas vozes sejam ouvidas, ajudando a construir um mundo mais humano e afrocentrado.

Para mais detalhes e resultados do Programa de Aceleração de Lideranças Femininas: Marielle Franco, acesse este link.

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