Como as doações impulsionam projetos de equidade racial no Brasil

Como as doações impulsionam projetos de equidade racial no Brasil

Garantir a sustentabilidade de ações que promovem a equidade racial é um desafio que exige planejamento financeiro sólido e estratégias de longo prazo. 

Nesse cenário, o Fundo Baobá, com mais de 13 anos de atuação, tem se destacado pelo uso do modelo de fundo patrimonial para apoiar iniciativas que contribuem para a educação, o desenvolvimento econômico, o bem viver e a memória da população negra em todo o Brasil.

Ao investir em iniciativas de enfrentamento ao racismo, o Fundo Baobá busca fortalecer ações que geram resultados concretos para a promoção da equidade racial. 

O que é um Fundo Patrimonial?

Os fundos patrimoniais, conhecidos como endowments, funcionam como uma reserva financeira que assegura a sustentabilidade de projetos e organizações ao longo do tempo. 

O princípio é simples: o valor inicial do fundo, chamado de capital principal, é mantido, e apenas os rendimentos desses investimentos são utilizados para financiar editais e iniciativas. Dessa forma, o fundo se torna uma fonte constante e previsível de recursos, sem consumir o valor original.

Este modelo cria uma fonte de recursos constante, permitindo que organizações mantenham suas ações ao longo do tempo, mesmo em cenários de instabilidade econômica. No caso do Fundo Baobá, por conta deste instrumento financeiro, é possível viabilizar ações que promovam a equidade racial de forma planejada e sustentável. 

Como é a atuação do Fundo Baobá?

O Fundo Baobá, junto de parcerias de impacto e também com recursos próprios, investe em iniciativas de diversas cidades do Brasil, abrangendo áreas como educação, preservação cultural e desenvolvimento econômico, sempre com o objetivo de fortalecer a população negra e promover a equidade racial.

Exemplos de iniciativas apoiadas incluem:

Movimento Nação Marabaixeira (Amapá)

Assista o vídeo e confira um pouco mais da iniciativa Marabaxeira

Iniciativa que atua na preservação e valorização da cultura do Marabaixo, uma expressão cultural tradicional do Amapá. Além disso, promove oficinas em escolas, conectando a história local com o cotidiano de jovens estudantes e capacitando lideranças comunitárias

Saiba mais sobre o Movimento!

Associação Retratores da Memória de Porteiras (Ceará)

Preservação da memória em Porteiras, no sertão do Ceará, recebe apoio do Fundo Baobá
Carliane Ventura conta histórias e positiva a autoestima preta. Crédito: Nívia Uchõa

Através de seu projeto Educar para Aquilombar, a Associação fortalece a participação de jovens quilombolas em políticas culturais, preservando a memória e desenvolvendo ações que impactam diretamente a comunidade.

Conheça a Associação REMOP!

Como você pode contribuir?

O fundo patrimonial do Fundo Baobá é construído a partir de contribuições que servem como base sólida para apoiar iniciativas voltadas à equidade racial no Brasil. 

Esse modelo de instrumento financeiro permite que os rendimentos gerados pelo fundo sejam utilizados para financiar projetos como o Movimento Nação Marabaixeira e a Associação Retratores da Memória de Porteiras. Ao contribuir, você ajuda a garantir que essas e outras iniciativas continuem transformando realidades e criando oportunidades para a população negra em todo o país.

Saiba mais informações no link: https://baoba.org.br/doacao/

Espalhando sementes e enraizando futuros com o Fundo Baobá

Espalhando sementes e enraizando futuros com o Fundo Baobá

O Fundo Baobá renova seu compromisso com a equidade racial e convida você a fazer parte desta transformação. Há 13 anos, mobilizamos recursos para investir exclusivamente em iniciativas de enfrentamento ao racismo e promoção da equidade racial no Brasil.

Assim como a árvore baobá, nosso trabalho é sustentado por raízes profundas que geram impacto duradouro. Afinal, cada doação é uma semente lançada ao solo fértil, que, com o tempo, se transforma em oportunidades reais para pessoas reais.

O Fundo Baobá opera com o modelo de endowment, ou fundo patrimonial, que garante apoio contínuo e a longo prazo para iniciativas voltadas à equidade racial. 

Um fundo patrimonial (ou endowment) é uma reserva financeira criada para garantir a sustentabilidade de uma organização ou causa a longo prazo. Dessa forma, o capital principal do fundo é investido, e apenas os rendimentos gerados pelos investimentos são utilizados para financiar projetos ou operações. Esse modelo permite que a organização tenha recursos contínuos e previsíveis, garantindo estabilidade e impacto duradouro.

Por meio de editais e investimentos estratégicos, apoiamos iniciativas lideradas por pessoas e organizações negras que promovem a educação, o desenvolvimento econômico, a preservação da memória e tantas outras áreas essenciais para o fortalecimento da população negra.

Essa abordagem possibilita que nossas ações sejam sustentáveis, criando uma base permanente para o desenvolvimento de indivíduos e comunidades. É por isso que a sua doação tem tanto poder: ela não apenas apoia iniciativas imediatas, mas também gera um impacto que atravessa gerações.

Ao longo dos anos, o Fundo Baobá lançou 22 editais e apoiou mais de 1.200 iniciativas. Esses projetos transformaram a vida de quase 3 mil pessoas, reforçando nossa missão de promover a equidade racial no Brasil. 

Entre os destaques estão ações como o edital Vidas Negras: Dignidade e Justiça, que apoiou iniciativas que combatem a violência sistêmica e às injustiças criminais com perfilamento racial no Brasil com o apoio do Google.org, e o Black STEM, que apoia a permanência de estudantes negros brasileiros em instituições de ensino internacionais.

Essas iniciativas mostram que, com o apoio necessário, pessoas e comunidades negras podem protagonizar mudanças reais e produzir mais conhecimento. 

Hoje, convidamos você a se unir a nós. O Fundo Baobá precisa de pessoas que compartilhem da nossa visão e estejam dispostas a investir no futuro. A sua doação é uma semente que pode transformar vidas, fortalecer iniciativas transformadoras e multiplicar ações por equidade pelo país.

Por que doar para o Fundo Baobá?

  • Sustentabilidade: o modelo de endowment garante que sua doação terá um impacto duradouro
  • Impacto concreto: cada real doado é transformado em oportunidades e soluções para a população negra
  • Fortalecimento comunitário: suas contribuições apoiam iniciativas comprometidas com o enfrentamento ao racismo, com a promoção da equidade racial e da justiça social 

Doe e enraíze futuros

Plantar uma semente é o primeiro passo para criar raízes fortes e impactar gerações. 

Toque no link abaixo e faça parte dessa transformação. Cada valor doado faz a diferença.

Quero plantar a minha semente hoje!

Dia de Doar: generosidade ajuda na transformação social do Brasil

Doe para o Fundo Baobá

O Dia de Doar, celebrado em 3 de dezembro, é mais do que uma data no calendário: é um movimento global que promove a generosidade e fortalece a cultura da doação. No Brasil, o Dia de Doar mobiliza indivíduos, organizações e comunidades, celebrando o prazer de doar e incentivando práticas contínuas de solidariedade. O movimento é descentralizado, permitindo que qualquer pessoa ou grupo participe, personalize a campanha e crie iniciativas que estimulem doações e engajamento social.

Neste dia, destacamos o impacto de instituições como o Fundo Baobá, o maior fundo dedicado exclusivamente à promoção da equidade racial no Brasil. Desde sua criação, em 2011, o Fundo Baobá atua para mobilizar recursos e apoiar projetos que combatem desigualdades estruturais enfrentadas pela população negra, que representa 56,1% dos brasileiros, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Alunos que receberam apoio do Fundo Baobá através do Edital Black Stem 2024, um programa de bolsas de graduação exclusivo para estudantes negros(as) que tenham sido aceitos em universidades estrangeiras e em 2024 para cursos de graduação das carreiras STEM – Ciências, Tecnologia, Engenharia, Matemática. O Programa é uma iniciativa do Baobá – Fundo para Equidade Racial, com apoio da B3 Social e parceria do BRASA.

Os desafios enfrentados pela população negra são grandes. Entre os jovens brasileiros que abandonaram a escola sem concluir o ensino básico, 71,7% são negros, com a necessidade de trabalhar como principal motivo. Na saúde, apenas 32% dos municípios implementam ações específicas para atender essa população, mesmo com políticas nacionais já estabelecidas. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  

A violência também é alarmante: 78% das vítimas de armas de fogo são negras, e mulheres negras representam 62% das vítimas de feminicídio. Esses dados, também colhidos da Pnad Contínua,  ressaltam a urgência de iniciativas que combatam o racismo e promovam a equidade racial.

Mulheres que participaram do Projeto Saúde Mental Quilombola que representa um passo crucial na promoção da saúde e bem-estar das comunidades quilombolas na Região do Baixo Tocantins. A parceria entre o Fundo Baobá e a Johnson & Johnson, em conjunto com a CONAQ, Malungu/Estado do Pará e ARQIB, demonstrou um compromisso com a comunidade quilombola, visando proporcionar recursos e apoio para que essas comunidades possam enfrentar os desafios com resiliência e dignidade.

O Fundo Baobá atua para reverter essas desigualdades, apoiando comunidades historicamente negligenciadas. Mais de 60% das contribuições vão para organizações que nunca haviam recebido doações antes, e uma parcela significativa apoia territórios como quilombos e o Nordeste brasileiro. Além disso, o Fundo opera de maneira sustentável: as doações ao fundo patrimonial (endowment) geram rendimentos reinvestidos em projetos sociais, criando um ciclo de impacto contínuo.

A Sociedade Protetora dos Desvalidos (SPD), primeira organização civil negra da América Latina, recebeu em 2022, uma doação direta, sem edital do Fundo Baobá. Um passo significativo para fortalecer o impacto de quem sempre esteve à frente na defesa dos direitos da população negra.

Doar é um ato poderoso que transcende o valor monetário. É sobre construir pontes, transformar vidas e reduzir desigualdades. No Dia de Doar, a sua contribuição pode apoiar iniciativas que combatem o racismo, fortalecem comunidades e promovem justiça social. Faça parte desse movimento! Doe, mobilize e inspire. Afinal, juntos podemos construir um país generoso, inclusivo e empático.

Se você tem interesse em doar para o Fundo Baobá e fazer parte dessa construção de curto a longo prazo, acesse esta página.

Alunos do Instituto Federal do Triângulo Mineiro participam, em São Paulo, de encontro para conhecer ações promovidas pelo Fundo Baobá

Alunos do Instituto Federal do Triângulo Mineiro participam, em São Paulo, de encontro para conhecer ações promovidas pelo Fundo Baobá apresentar seu trabalho e conhecer organizações filantrópicas mundiais

Um grupo de 25 alunos do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM), campus de Uberlândia (MG), movimentou-se para ter uma viagem em que o objetivo era único: ativar o direito de sonhar. Depois de promoverem ações para angariar a quantia necessária para a viagem, eles vieram a São Paulo. A iniciativa foi articulada e desenvolvida pelo professor Fernando Caixeta e uma das atividades deles na capital paulista foi um encontro com as ações promovidas pelo Baobá – Fundo para Equidade Racial.

Um dos eixos de atuação do Baobá é o da Educação. Nele, o Fundo procura incentivar  ações de enfrentamento ao racismo institucional nos ambientes escolares, apoia projetos de vida e ampliação de capacidades socioemocionais entre adolescentes e jovens, além de ampliar a entrada e a permanência no ensino superior, o que resulta na formação de lideranças e novos quadros em ciência, tecnologia e inovação. 

Os 25 alunos do IFTM estão em fase de conclusão do ensino médio, a última etapa de aprendizado antes do acesso ao ensino superior. Vivem, com certeza, um momento de decisão com relação ao futuro. Uma coisa, porém,  é certa: apostam na educação como a principal ferramenta para transformar suas vidas. 

Professor Fernando Caixeta, do IFTM. Foto: Thalita Guimarães

O professor Fernando Caixeta participou da banca de seleção do edital BlackStem, promovido pelo Baobá em parceria com a B3 Social. O BlackStem é um programa de graduação voltado a estudantes negros e negras que tenham sido aceitos para fazer sua formação em universidades estrangeiras dentro das carreiras STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática). Os alunos do IFTM, além de conhecerem alguns dos selecionados do  BlackStem, também conheceram participantes do Programa Já É, cujo objetivo é a ampliação das oportunidades de acesso ao ensino superior para estudantes negros e negras,  e do Carreiras em Movimento,  que gera oportunidades para o desenvolvimento de competências e habilidades entre pessoas negras que estejam no início de sua trajetória profissional. 

Os assistentes de programas e projetos, Alan Santos e Edmara Pereira, contaram um pouco sobre cada um dos editais. Giovanni Harvey, diretor executivo, também conversou com os estudantes do Instituto Federal do Triângulo Mineiro focando nas possibilidades e habilidades acadêmicas de cada um deles e no apoio que o Baobá pode dar a isso: “Muitas vezes, vocês têm a competência para entrar na faculdade, mas não reúnem as condições. Entre outros programas, nós temos o BlackStem, que dá uma bolsa de R$ 35 mil como forma de ajudar estudantes brasileiros que almejam fazer seus cursos de graduação em instituições de ensino fora do Brasil. O que objetivamos com isso? Nosso objetivo é ter uma visão mais realista da nossa história, para que tenhamos uma verdadeira democracia neste país”, afirmou. 

Alunos do IFTM atento à fala do Giovanni Harvey, Diretor Executivo do Fundo Baobá. Foto: Thalita Guimarães

Ao citar democracia, o diretor executivo do Baobá tocou num ponto crucial. A democracia, em termos de proteção de direitos, prevê a livre participação, entre outros aspectos, na vida cultural de uma sociedade. Por conta da busca por essa livre participação, os estudantes criaram o coletivo Sancofa como ferramenta de luta. 

Além da apresentação feita pelos porta-vozes do Baobá, os estudantes mineiros ouviram falas potentes, como a do graduado em Humanidades pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Alajobi Silva, 26 anos, apoiado pelo edital Carreiras em Movimento. Nascido em Salvador, ele se mudou do Nordeste para São Paulo há menos de seis meses para tentar a carreira na área. “O edital Carreiras em Movimento caiu como uma luva. Eu já visualizava algumas coisas como passos na minha carreira. Mas para que elas fossem executadas eu precisava de dinheiro. Uma das minhas preocupações era como eu conseguiria dar os passos que eu estava visualizando, sem ter como financiar isso. Então, quando o edital abriu e eu vi a proposta, considerei ser o ideal para o meu momento de construção de carreira”, afirmou.

O professor do IFTM, Fernando Caixeta, definiu a importância de os alunos terem vindo a São Paulo e terem esse encontro com o Fundo Baobá. “Desde que conheci o Fundo, a gente fica compartilhando as histórias, principalmente com os meus alunos. Eles ficaram interessados nos editais lançados. Então, num primeiro momento, iríamos ver como estão os editais ou as oportunidades que o Baobá proporciona para esses alunos. Mas o que a gente encontrou aqui é muito maior que os resultados, muito maior que as conquistas que qualquer auxílio financeiro possa dar: é aquilombamento, é acolhimento, é saber que existem pessoas pretas que trabalham, que desempenham suas funções, que têm as suas formações reconhecidas, valorizadas e bem pagas. Isso não tem preço. Saio daqui com o sentimento de que foi ótimo”, afirmou o mentor da viagem.  

Fundo Baobá vai à  Europa para apresentar seu trabalho e conhecer organizações filantrópicas mundiais

O Baobá – Fundo para Equidade Racial cruzou o oceano no final do mês de outubro e foi até Amsterdã, a capital da Holanda. Lá, um importante evento, o International Fundraising Congress 2024 (IFC) reuniu mais de 1.200 profissionais de captação de recursos, além de lideranças de impacto social de mais de 70 países.

O Baobá foi ouvir sobre como as organizações sociais ao redor do mundo trabalham captando recursos para  as  transformações sociais necessárias. Também foi falar sobre como vem operando no Brasil com o trabalho em prol da equidade racial em um país fundado sobre as estruturas e as desigualdades originadas pela escravidão, que moldaram suas bases sociais, econômicas e políticas.

A Gerente de Comunicação e Mobilização de Recursos do Baobá, Janaina Barbosa, esteve em Amsterdã e nessa entrevista fala sobre o objetivo do Fundo no IFC, o que foi aprendido com a troca de conhecimento e o positivismo global frente à experiência brasileira.

Qual o objetivo do Fundo Baobá ao participar do International Fundraising Congress (IFC) 2024 na Holanda?


O principal objetivo do Fundo Baobá ao participar do IFC 2024 foi aproveitar a oportunidade de estar em um evento que reúne líderes globais da filantropia, especialmente aqueles engajados na mobilização de recursos para enfrentar desafios em comum como o racismo, a desigualdade social e as crises climáticas e ambientais.

Como um fundo patrimonial focado na equidade racial, participamos de discussões estratégicas sobre inovação em mobilização de recursos e também pudemos compartilhar experiências e aprendizados com profissionais de todo mundo. Além disso, estar no evento faz parte de nossa busca por conhecimento e compreensão de como esse território (Europa) compreende a discussão sobre equidade racial. Embora o Fundo Baobá já tenha parceiros internacionais – predominantemente dos Estados Unidos –, entendemos que o contexto europeu traz novas perspectivas. 

Ao centro da imagem temos a Janaína Barbosa, Gerente de Comunicação e Mobilização de Recursos do Fundo Baobá, participando da mesa Innovation Spotlight: Rising Changemakers (Destaques da Inovação: Novos Agentes de Transformação)

Na sua visão, o que foi mais proveitoso para o Baobá?

A oportunidade de compartilhar nossa trajetória, histórias, conhecimentos e métodos de inovação com outras organizações. Acreditamos que a troca de experiências e o diálogo são ferramentas poderosas para a disseminação de conhecimento e para a busca contínua de melhores práticas na filantropia. Além disso, nos permitiu fortalecer conexões com organizações que compartilham propósitos similares aos do Fundo Baobá. Esses encontros abriram portas para diálogos produtivos e possíveis colaborações futuras.

O Fundo Baobá, com sua grande experiência no campo da filantropia negra no Brasil, teve oportunidade de expor essa experiência na Holanda?

Sim, participamos da mesa Innovation Spotlight: Rising Changemakers (Destaques da Inovação: Novos Agentes de Transformação), cujo objetivo era destacar organizações que promovem mudanças significativas em seus territórios. A sessão abordou temas como ativismo ambiental, equidade racial, justiça global e desenvolvimento comunitário, conectando experiências de cada país. 

Durante a apresentação, destacamos o que norteia o trabalho do Fundo Baobá e como respondemos aos desafios do racismo sistêmico no Brasil por meio de estratégias filantrópicas inovadoras e sustentáveis. Também mostramos o impacto das nossas ações, como o apoio direto a comunidades quilombolas e organizações como a Sociedade Protetora dos Desvalidos, que carrega quase dois séculos de história na luta contra a desigualdade racial.

Além disso, enfatizamos a importância da liderança negra em todas as esferas do Fundo Baobá, desde a governança até a execução das nossas estratégias de mobilização de recursos. Essa apresentação foi uma oportunidade valiosa para mostrar nossa trajetória para um público global.

É possível exemplificar quais foram as reações à exposição e à troca de ideias promovida pelo Fundo Baobá? 

Durante nossa participação na mesa sobre inovação, recebemos reações muito positivas. Houve sinergias evidentes com o trabalho de outras organizações, que identificaram práticas semelhantes às que adotamos no Brasil, além de momentos de troca sobre metodologias distintas. Representantes de diversas entidades demonstraram interesse em compreender melhor o contexto brasileiro e as estratégias do Fundo Baobá para promover a equidade racial.

Havia outras organizações brasileiras presentes no evento ou o Fundo Baobá foi a única?

Havia poucas organizações brasileiras no evento. Imaginamos que a participação foi limitada devido ao custo elevado de um evento sediado na Europa, o que restringe a presença de instituições de países mais distantes. A maior parte dos participantes era da Europa, com algumas representações de países africanos. Ainda assim, a experiência foi enriquecedora. 

Qual foi a percepção das organizações internacionais sobre o trabalho do Fundo?

Participar de um espaço com organizações consolidadas e metodologias bem estruturadas foi extremamente valioso. Apesar do contexto da nossa atuação demandar abordagens específicas, identificamos desafios em comum e tivemos aprendizados significativos. Com certeza, essa imersão contribuirá com a nossa estratégia de mobilização de recursos.

Fundo Baobá completa 13 anos espalhando as sementes do seu trabalho

Fundo Baobá completa 13 anos espalhando as sementes do seu trabalho

Neste mês de outubro, o Fundo Baobá para Equidade Racial completou 13 anos, consolidando-se como uma referência na promoção da equidade racial no Brasil, fazendo diferença na vida da população negra.

Como uma semente que rompe a terra e brota com uma força gigantesca, o fundo conseguiu durante estes anos captar recursos da filantropia e destiná-los a organizações, grupos, coletivos e pessoas negras, por meio de editais.

Outra conquista foi promover com os financiadores a importância de fortalecer a filantropia negra. 

O nome Fundo Baobá foi idealizado por Magno Cruz, membro do comitê programático e liderança do Centro de Cultura Negra de São Luís do Maranhão, falecido em 2010. Visionário e artista, Magno compôs uma música e um poema que faziam uma analogia entre o fundo patrimonial e a árvore Baobá, símbolo de força e resiliência. Para ele, a organização deveria ser tão robusta, duradoura e impactante quanto o Baobá, com potencial para ocupar novos espaços e apoiar o movimento negro em uma escala sem precedentes, inspirando-se na longevidade e resistência da árvore que carrega o nome da instituição.

Resistência, aliás, que nunca faltou ao Fundo Baobá. Através dos recursos captados, o Baobá tem apoiado pessoas e organizações a romper barreiras em direção à justiça social e à equidade para a população negra deste país.

Nestes 13 anos, a organização conseguiu se adaptar às mudanças da sociedade e antever necessidades para melhorar a atuação junto aos beneficiários dos editais. Um bom exemplo foi a rápida ação na pandemia de COVID-19.

Logo depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter decretado a pandemia, em março de 2020, o Fundo Baobá lançou o edital Doações Emergenciais, em parceria com a Ford Foundation. 

Com dotação de R$ 870 mil, o edital foi direcionado às comunidades vulneráveis, mulheres, população negra, idosos, povos originários e comunidades tradicionais – ou seja, os mais impactados pela COVID-19. Ao todo, foram atendidas 215 pessoas e 135 organizações por esse edital.

Fazendo a diferença

Empreendedores negros e negras também não ficaram sem suporte. Fortemente impactatos pela pandemia, eles tiveram a chance de participar do edital Programa de Recuperação Econômica de Pequenos Negócios de Empreendedores Negros e Negras, lançado em novembro de 2020, com apoio do Instituto Coca-Cola Brasil, Instituto Votorantim e Banco BV. 

Nesse caso, a dotação para o edital foi de R$1,6 milhão e alcançou 700 inscrições. Foram apoiadas 47 iniciativas, cada uma com 3 empreendimentos. Além do suporte financeiro, esses empreendedores tiveram acesso a uma mentoria para atualizar processos e conhecimentos de gestão a fim de tornarem seus negócios mais resilientes e competitivos.

Um ano depois, já em 2021, ainda sob os efeitos da pandemia, o Fundo Baobá lançou, junto com o Google.org, braço financeiro do Google, o edital Vidas Negras: Dignidade e Justiça. O objetivo foi dar impulso ao ativismo contra o racismo e as injustiças sociais e criminais.

O Google fez o aporte de  R$1,2 milhão para a escolha de 12 organizações (cada uma recebeu R$100 mil ao longo de um ano) que tivessem projetos para combater a violência e as injustiças criminais no sistema jurídico brasileiro. 

Perspectivas para o futuro

Até agora, o Fundo Baobá lançou 22 editais e apoiou 1.208 iniciativas que tiveram impacto direto em quase 3 mil pessoas. Neste ano de 2024, foi lançado um edital diferenciado, o Black STEM, que selecionou 5 alunos para receberem bolsas complementares para estudar no exterior, abrindo assim as portas de centros de ensino de outros países para estudantes negros brasileiros.

Além dos editais, foram realizados dois apoios estratégicos: o Projeto Saúde Mental Quilombola, e a Doação ao Fortalecimento Institucional da Associação Sociedade Protetora dos Desvalidos (SPD).

O objetivo para os próximos anos é expandir cada vez mais o diálogo com a sociedade, promovendo iniciativas que estimulem a igualdade de direitos e oportunidades, tornando a atuação do Fundo Baobá cada vez mais diferenciada e estratégica para a população negra do Brasil.

Para isso, o Fundo Baobá precisa alcançar mais organizações e pessoas, financiar mais pautas e mais discussões sobre o enfrentamento ao racismo. É com esse espírito que o Baobá, fundo patrimonial brasileiro, mobiliza recursos para apoiar ações de promoção da equidade racial no Brasil desde 2011, quando foi criado.

Da árvore ao fundo patrimonial

Baobá é uma árvore africana, considerada sagrada para os adeptos do candomblé. Um fruto  dessa árvore, plantada na casa do abolicionista Joaquim Nabuco, em Recife, chegou às mãos de Giovanni Harvey, Diretor Executivo do fundo, em uma de suas visitas à capital de Pernambuco e também à casa de Nabuco. 

De volta a São Paulo, ele levou o fruto para a sede do Baobá e, junto a equipe, plantou suas sementes. Esse ato foi um momento muito especial nessa comemoração dos 13 anos, pois essa árvore simboliza o trabalho de resistência e resiliência do Fundo Baobá.

Preservação da memória em Porteiras, no sertão do Ceará, recebe apoio do Fundo Baobá

Preservação da memória em Porteiras, no sertão do Ceará, recebe apoio do Fundo Baobá

“Um povo sem o conhecimento de sua história passada, origem e cultura é como uma árvore sem raízes”. A frase do ativista político jamaicano Marcus Garvey define muito bem o sentimento que tomou conta de um grupo de 10 pessoas da cidade de Porteiras, na região do Cariri cearense, distante 540 km da capital Fortaleza.

Eles se uniram em torno da  preservação da história da cidade em que nasceram ou vivem. Para isso, fundiram-se em um núcleo para fomentar a cultura no  local. Assim, criaram o grupo Retratores da Memória de Porteiras. 

Um retrator de memória pode ser definido como uma pessoa que se dedica a resgatar lembranças que foram esquecidas em algum canto. Dessa forma, essas dez pessoas — incluindo dois quilombolas, duas pessoas com deficiência e quatro integrantes da comunidade LGBTQIAP+ — se definem e atuam para combater o esquecimento que cerca a cidade de 17 mil habitantes.

Carliane Ventura conta histórias e positiva a autoestima preta.
Crédito: Nívia Uchõa

No dia 21 de setembro, os Retratores da Memória de Porteiras estavam em festa e, com eles, boa parte da cidade. Comemoravam os 17 anos de sua primeira grande conquista: a fundação da Casa da Memória de Porteiras, onde funciona o Museu Comunitário, e os 10 anos desde que o grupo se transformou em Associação Retratores da Memória de Porteiras.

Essa transformação proporcionou, entre outras coisas, a possibilidade de receberem doações e apoio financeiro, viabilizando assim seus projetos e a preservação cultural.

Um desses apoios veio do Baobá – Fundo para Equidade Racial. Em agosto de 2022, a Associação dos Retratores de Porteiras fez sua inscrição para o edital Educação e Identidades Negras: Políticas de Equidade Racial. Apresentaram o projeto Educar para Aquilombar, focado nos cinco eixos de trabalho da Associação: Memória e Museologia Social; Educação Patrimonial, Ambiental e Antirracista; Artes e Cidadania; História Regional e Práticas de Leitura; Gênero e Direitos Humanos. 

Como resultado de sua aprovação no edital, a organização cearense foi beneficiada com R$ 175 mil que permitiram o avanço em várias frentes. Por exemplo, formações de educação patrimonial quilombola e antirracista para crianças, adolescentes e jovens da comunidade quilombola dos Souza de Porteiras, visando a construção da identidade negra e quilombola, e a valorização da cultura da infância negra.

O trabalho tem por meta também fortalecer a construção da autoestima positiva quilombola, mediante o reconhecimento do patrimônio cultural quilombola. Os recursos também permitiram estimular a recuperação de objetos que colaborem nas ações educativas inclusivas e antirracistas, e que fortaleçam a atuação social dos Retratores da Memória de Porteiras (Remop) em ações afirmativas.

Perpetuando a cultura em Porteiras.
Crédito: Lino Fly Kariri

Como parceiro da Associação Retratores da Memória de Porteiras, o Fundo Baobá foi convidado a participar das comemorações de aniversário do Espaço Aberto à Cultura, o Espacult, onde está inserida a Casa da Memória de Porteiras. A coordenadora de Projetos do Baobá, Taina Medeiros, Cientista Social graduada pela Universidade Federal de São Paulo, e a assistente de Programas e Projetos, Edmara Pereira, também Cientista Social  graduada pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, estiveram em Porteiras e participaram das comemorações.

“Foi importante estar lá para conhecer, por exemplo, a Casa da Memória, que é um espaço dedicado à preservação de vários itens ligados à história e às pessoas que tiveram histórias inusitadas e viraram personagens ilustres da cidade”, afirmou Taina Medeiros. 

Para Edmara Pereira, a visita ao sertão cearense e o trabalho de preservação cultural feito pela Associação dos Retratores da Memória de Porteiras trouxe reminiscências de sua infância e adolescência. Acontece que os objetos que compõem a Casa da Memória vieram de doação dos moradores. O que fez Edmara ter recordações foi uma plantadeira, também conhecida por matraca.

“Era o objeto que meu pai usava para plantar feijão. Essa lembrança trouxe à tona imagens da minha infância e adolescência no interior da Bahia, revelando como a memória se transforma em uma ferramenta educativa essencial para preservação de histórias, tradições e valores que definem uma cultura, contribuindo assim para a valorização da identidade negra”, disse.  

O mesmo efeito ocorrido com Edmara é o que o grupo formador da Associação dos Retratores da Memória de Porteiras quer que ocorra com as crianças, adolescentes e jovens negros da cidade para que valorizem e preservem a história do lugar em que nasceram ou vivem. 

Edmara Pereira e Tainá Medeiros, representantes do Baobá no Porteiras (CE)
Crédito: Lino Fly Kariri

“Ao longo dos nossos 20 anos de atuação, estabelecemos muitas parcerias para realização das nossas atividades e o projeto Educar para Aquilombar, do Edital Educação e  Identidades Negras foi fundamental para que pudéssemos desenvolver, junto à comunidade Quilombola dos Souza, formações dos jovens e crianças, ampliando a participação de jovens negros nas políticas culturais, além do fortalecimento institucional da Associação REMOP. Criamos a partir desse projeto o Núcleo IDA (Núcleo de Inclusão, Diversidade e Ações Afirmativas) com o intuito de fortalecer as lideranças juvenis e a construção das identidades negra e quilombola. Agora após a finalização do projeto, pretendemos dar continuidade ao funcionamento no Núcleo, promovendo ações educativas e formativas e a continuidade do projeto Brincando no Quilombo”, detalhou Lucilene Inocência da Silva, empresária que ocupa a posição de tesoureira na Associação Retratores da Memória de Porteiras. 

Fundo Baobá cria novas áreas para dinamizar sua atuação

O Fundo Baobá reformula sua estrutura organizacional para melhorar eficiência e expandir impacto na equidade racial.

O Baobá – Fundo para Equidade Racial, avança em um processo contínuo de transformação, guiado pelas diretrizes do plano estratégico 2017-2027, que orienta nossa atuação ao longo deste período.

Essas decisões têm como objetivo aprimorar a atuação da organização em resposta às transformações estruturais e conjunturais da sociedade brasileira. Nesse sentido, o Fundo Baobá criou uma nova área e reformulou outras duas — Articulação Social, Mobilização de Recursos e Operações — fortalecendo nossa capacidade de alcançar os objetivos estabelecidos para a próxima década.

A criação dessas áreas gerou mudanças no organograma de funções: Caroline Almeida passa a atuar como Gerente de Articulação Social; Janaina Barbosa como Gerente de Comunicação e Mobilização de Recursos; e Hebe Silva assume a Gerência de Operações.

As novas funções foram recebidas com entusiasmo pelas três, que observam o processo de transformação do Fundo Baobá, alé da oportunidade de desenvolvimento pessoal e profissional.

Em entrevista na Bahia, onde esteve para a comemoração dos 192 anos da Sociedade Protetora dos Desvalidos — organização negra secular que buscava na filantropia entre negros libertos proporcionar a compra da liberdade para os ainda escravizados –, o diretor executivo do Fundo Baobá, Giovanni Harvey, falou sobre a Articulação Social: “Queremos criar um programa que apoie instituições negras centenárias, assim como apoiamos a Sociedade Protetora dos Desvalidos. A área de Articulação Social será responsável por isso”, disse.

Caroline Almeida que passou de Assistente Executiva a Gerente de Articulação Social.

Caroline Almeida, graduada em Administração pela Universidade Federal da Bahia, fala da área que vai gerenciar: “A Articulação Social sintetiza, sob o ponto de vista político, os princípios, os valores e os compromissos oriundos do processo de construção que resultou no Fundo Baobá. Esta dimensão projeta os resultados alcançados pelos investimentos programáticos realizados a partir dos recursos mobilizados, e evidencia os requisitos da instituição para captar, gerir e investir capital e patrimônio filantrópico”, definiu. 

Janaina Barbosa, que além de cuidar da Coordenação de Comunicação, também está responsável pela Gerência de Mobilização de Recursos

O processo de crescimento institucional do Fundo Baobá ao longo desses 13 anos de existência foi determinante para que novas estratégias fossem pensadas, no sentido de tornar ainda mais ágil o dinamismo da organização. “Entendemos que é um momento estratégico de pôr em prática o que já sabemos. Construímos um conhecimento sólido sobre mobilização, coerente com a missão do Baobá. Por isso consideramos importante consolidar esse conhecimento internamente”, afirmou Janaina Barbosa, graduada em Comunicação Social e pós graduada em Gestão de Marketing, que vai gerir as áreas de Comunicação e Mobilização de Recursos.  

Hebe Silva, coordenadora de Administração e Finanças, assumiu a Gerência de Operações

A terceira nova área, a de Operações, será gerenciada por Hebe Silva, graduada em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Mato Grosso. A área será responsável pela gestão financeira, administrativa e logística do Fundo Baobá. Sua origem tem fruto, também, no crescimento da organização. “A Coordenação de Administração e Finanças dividia parte de suas tarefas com a Diretoria Executiva, quando o Baobá ainda era menor e não necessitava dessa setorização. A instituição cresceu, o grau das responsabilidades aumentou e houve a demanda de se consolidar tudo em uma única área”, afirmou Hebe. 

Nesse novo tempo em que entra o Fundo Baobá, o objetivo é aprender, colocar em prática esse aprendizado e diversificar. Janaina define o momento: “A gente está num processo de aprendizado. De compreender o que faz sentido para o Baobá. Captamos recursos para apoiar iniciativas de diferentes territórios, cada um deles tem um contexto, desafios e questões diferentes, olha para a discussão da equidade racial de uma perspectiva específica. Então, é importante diversificar também as nossas estratégias. A ideia de trazer a área de Mobilização para a Comunicação é para manter um alinhamento, uma unidade da nossa narrativa, das nossas mensagens. Nossa intenção é desbravar e contar boas histórias”, disse. 

Conheça um pouco da Cultura Marabaixeira, uma das ricas manifestações deste país continental chamado Brasil

A cultura do Marabaixo é uma das mais autênticas expressões culturais do estado do Amapá, vinculada à história de resistência e preservação da identidade negra na região. Ela tem raízes profundas no período colonial e na luta dos povos afrodescendentes pela manutenção de suas tradições e costumes, sobretudo nos territórios quilombolas.

O Marabaixo envolve música, dança, cânticos e rituais que celebram a ancestralidade e a cultura africana, sendo praticado principalmente durante festividades populares em comunidades negras do estado.

Dentro desse contexto cultural e de resistência, o Movimento Nação Marabaixeira foi fundado em 2016 como um coletivo de pessoas de diversas áreas profissionais, todas unidas pelo mesmo propósito: fortalecer a identidade negra, empoderar lideranças e preservar a cultura ancestral nos territórios pretos do Amapá.

O movimento tem como foco principal proporcionar o conhecimento histórico-cultural do Marabaixo às comunidades escolares, utilizando essa tradição como ferramenta pedagógica para combater o racismo e valorizar a diversidade cultural amapaense.

Um dos projetos mais significativos do movimento nesse sentido é o Projeto Cantando Marabaixo nas Escolas. O projeto adota uma abordagem lúdica e pedagógica para divulgar a cultura do Marabaixo sob a ótica de uma educação antirracista e anticolonialista, disseminando a manifestação tanto dentro quanto fora do ambiente escolar.

Ao promover a integração entre os saberes populares e formais, o movimento busca tornar o Marabaixo uma prática comum no cotidiano escolar, criando um espaço para a valorização da cultura negra e o combate às desigualdades sociais e raciais.

O crescimento institucional do Movimento Nação Marabaixeira foi impulsionado pelo edital Educação e Identidades Negras, que ampliou o alcance do projeto para além do esperado inicialmente. Com essa oportunidade, o movimento conseguiu beneficiar um número maior de pessoas, consolidando-se como uma referência na promoção da cultura afro-amapaense e na luta por uma educação mais inclusiva.

Representantes da Nação Marabaixeira, dançarinos do Marabaixo e Equipe Baobá

“Poder contar com o apoio educacional, organizacional e financeiro de instituições como o Baobá proporciona a várias organizações desenvolver a sua autonomia, e poder se estruturar de maneira mais profissional. Esse apoio foi o pontapé inicial para nosso  fortalecimento enquanto organização. Não podemos deixar de evidenciar o aprendizado através de vídeos e orientações dos consultores. É interessante ainda frisar que conseguimos ter capacidade para alcançar mais escolas, educandos, municípios, públicos diferentes e, assim, salvaguardar e propagar nossa manifestação cultural”, disse a professora Lizia Celso, uma das gestoras do Movimento Nação Marabaixeira.  

Vale destacar que, apesar de suas raízes africanas, a cultura do Marabaixo não tem ligação direta com religiões de matrizes africanas, o que permitiu que muitos praticantes de denominações religiosas, como os pentecostais, se apropriassem dessa manifestação cultural. 

Baobá no Amapá

Fazer a conexão com as necessidades do outro, e entender as principais mensagens levou o Baobá – Fundo para Equidade Racial ao estado do Amapá no mês de outubro para ver de perto as realizações do Projeto Marabaixo nas Escolas, promovido pelo Movimento Nação Marabaixeira. 

O Diretor Executivo do Baobá, Giovanni Harvey, a Gerente de Comunicação e Mobilização de Recursos, Janaina Barbosa, a Gerente de Articulação Social, Caroline Almeida, e a Assistente de Projetos, Camila Santos estiveram no Amapá. Além da aproximação com o Movimento Nação Marabaixeira, também realizaram encontros e conversas com representantes de movimentos negros amapaenses. 

A importância do Baobá ter ido a campo – estratégia que compõe o plano de ações do Fundo – é definida por Rosivaldo da Silva Gomes, mais conhecido por Dinho Paciência, Coordenador de Projetos Pedagógicos e Elaboração de Projetos do Movimento Nação Marabaixeira: “A importância da vinda do Baobá aqui, junto a nós, é a ratificação do nosso fazer, enquanto movimento preto, pela visibilidade, protagonismo e formação de lideranças da nossa gente. Pelo que o Fundo Baobá é, pela representatividade que tem, ele é o nosso selo de validade, de qualidade e de abertura de portas. A partir dessa vinda, as pessoas visualizaram aquilo que a gente faz,  porque nós tivemos o Baobá aqui para confirmar isso”, afirmou Dinho.

Para o idealizador e fundador do Nação Marabaixeira, João Carlos do Rosario Souza, o Carlos Piru, o trabalho feito pelo Baobá contribui para que a cultura amapaense, mais especificamente, a Marabaixeira, tenha alcançado outros pontos do país.

“O Estado do Amapá sempre esteve isolado do resto do Brasil, em todos os aspectos. Com o advento das redes sociais isso acabou, pois podemos interagir com o mundo. Foi assim que conhecemos o Baobá e o Baobá nos conheceu. Recebê-los aqui foi histórico, desafiador e gratificante. Nos deu a certeza de que estamos no caminho certo e que podemos conduzir nossa própria história a partir dos nossos projetos. O projeto Cantando Marabaixo nas Escolas começou em 2017 e desde então nossa luta é bastante intensa na busca de apoio em todos os sentidos. Porém,  nunca fomos tratados dessa forma, mesmo o projeto alcançando essa expressão nacional e alcançando o Amapá adentro. Portanto,  gratidão ao Fundo Baobá”, concluiu. 

Fundo Baobá Abre Vaga para Consultoria em Pesquisa Qualitativa para Programa de Lideranças Femininas Negras

O Fundo Baobá está em busca de uma consultoria qualificada para realizar uma pesquisa qualitativa que irá subsidiar o 2º edital de apoio coletivo do Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco. Esta é uma oportunidade única para organizações com expertise em temas de equidade racial e de gênero contribuírem para o fortalecimento de lideranças femininas negras no Brasil.

O Baobá – Fundo para Equidade Racial é uma organização que se dedica ao investimento no desenvolvimento de lideranças e iniciativas que promovam a equidade racial e de gênero no Brasil. Com um histórico de apoio a organizações de mulheres negras, o Fundo Baobá busca continuamente criar oportunidades que fortaleçam as capacidades institucionais dessas organizações e ampliem seu impacto nas comunidades.

O objetivo principal desta consultoria é a realização de grupos focais, entrevistas semiestruturadas e a aplicação de questionários auto responsivos junto a organizações de mulheres negras. A pesquisa deverá mapear necessidades e expectativas dessas organizações em áreas como:

  • Planejamento e gestão
  • Captação de recursos
  • Comunicação estratégica
  • Registro e memória
  • Atuação em rede
  • Fortalecimento de lideranças e formação de novos quadros
  • Mobilização de parceiros para atuar em defesa da equidade racial e de gênero

O resultado dessa pesquisa será fundamental para a elaboração do 2º edital de apoio coletivo do Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco.

O edital de apoio coletivo do Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco tem como objetivo investir no desenvolvimento institucional de organizações de mulheres negras que atuam para o enfrentamento ao racismo e ao sexismo. As organizações selecionadas receberão um apoio financeiro total de R$ 375.000,00, além de investimentos diferenciados para suas dirigentes e acesso a uma rede de lideranças femininas negras.

Estamos em busca de uma consultoria que atenda aos seguintes critérios:

  • Experiência comprovada de pelo menos 5 anos em condução de pesquisas qualitativas e em temas relacionados à equidade racial e de gênero.
  • Capacidade de conduzir grupos focais e entrevistas em ambiente virtual.
  • Equipe diversa em termos de identidade de gênero, raça/cor e faixa etária.
  • Bom planejamento, organização e compromisso com prazos.

Além disso, a consultoria deve ser uma empresa registrada, com pelo menos 5 anos de atuação, que não seja pessoa física e que possua experiência comprovada em projetos semelhantes.

As organizações participantes do edital terão acesso a diversos benefícios, incluindo:

  • Contato com outras lideranças femininas negras, fortalecendo redes e colaborações.
  • Participação em atividades formativas organizadas pelo Fundo Baobá.
  • Aumento da visibilidade e oportunidades de desenvolvimento de habilidades políticas e de liderança.

Como se Candidatar

Os interessados devem enviar suas propostas até 16 de outubro de 2024, às 17h (horário de Brasília). A proposta deve incluir informações gerais sobre a empresa, uma proposta orçamentária detalhada, mini bio dos membros da equipe e três cartas de referência.

  • Data de início do contrato: 30 de outubro de 2024
  • Data de término do contrato: 31 de março de 2025

Para mais detalhes sobre os requisitos e especificações do projeto, faça o download do Termo de Referência completo no link abaixo:

Não perca a oportunidade de fazer parte desse projeto transformador que apoia o desenvolvimento de lideranças femininas negras no Brasil!

Consultoria para Pesquisa Qualitativa no Programa de Lideranças Femininas Negras: Oportunidade do Fundo Baobá

O Fundo Baobá, comprometido com a promoção da equidade racial no Brasil, está em busca de uma consultoria especializada para realizar uma pesquisa qualitativa que será fundamental para o desenvolvimento do 2º edital do Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco. Este artigo detalha os requisitos, objetivos e especificações do serviço, além de explicar o impacto dessa iniciativa para as mulheres negras e como você pode contribuir.

A consultoria contratada será responsável por realizar grupos focais, entrevistas semiestruturadas e aplicar questionários auto responsivos a mulheres negras cis, trans e travestis. O objetivo é mapear suas necessidades e expectativas relacionadas ao desenvolvimento de competências técnicas, políticas, socioemocionais e comportamentais de liderança. Esse estudo qualitativo fornecerá insights essenciais para a elaboração e implementação do próximo edital de apoio individual do programa.

Este programa visa ampliar as oportunidades de desenvolvimento para mulheres negras (pretas e pardas) cis, trans ou travestis que lideram ou atuam em organizações da sociedade civil, movimentos sociais, instituições públicas, setor privado e outras áreas estratégicas. Serão selecionadas 35 mulheres para receber uma bolsa mensal de R$ 3.100,00 por 18 meses, mentoria coletiva, contato com outras lideranças femininas e participação em atividades formativas.

O edital destina-se exclusivamente a mulheres negras que atuam em diversas áreas, desde organizações da sociedade civil até o setor privado. Também haverá um foco em lideranças femininas quilombolas, mulheres negras em altos postos de governo, no terceiro setor, no judiciário, no empreendedorismo e em outros setores estratégicos. O objetivo é garantir uma ampla representatividade, com participantes de todas as regiões do Brasil, especialmente do Norte e Nordeste.

A empresa ou instituição interessada deve ter, no mínimo, cinco anos de experiência comprovada na condução de pesquisas qualitativas sobre equidade racial e de gênero, além de expertise em grupos focais e entrevistas virtuais. A equipe de trabalho deve ser diversa em termos de identidade de gênero, raça/cor e faixa etária, demonstrando compromisso com os princípios de direitos humanos e eliminação da discriminação racial.

A consultoria terá início em 30 de outubro de 2024 e término previsto para 31 de março de 2025. Entre os principais produtos a serem entregues estão:

  • Plano de Trabalho: Detalhamento do cronograma, metodologia e perfil da equipe.
  • Mapeamento de Iniciativas: Identificação de outras ações voltadas ao desenvolvimento de lideranças negras.
  • Relatórios e Apresentações: Compilação dos resultados das pesquisas em documentos que incluam dados coletados, perfis das participantes e recomendações.
  • Apresentações Visuais: Criação de materiais de apoio para divulgar os achados da pesquisa.

Os pagamentos serão realizados em parcelas conforme a entrega e aprovação dos produtos descritos.

A seleção da empresa será baseada na qualidade da proposta e no custo-benefício. É fundamental que as candidaturas incluam uma proposta orçamentária detalhada, mini bios dos membros da equipe e três cartas de referência de projetos semelhantes realizados nos últimos cinco anos. Apenas empresas com, pelo menos, cinco anos de experiência na condução de pesquisas qualitativas serão consideradas.

Este projeto é uma oportunidade única para apoiar a formação de novas lideranças femininas negras, proporcionando recursos e capacitações para mulheres que já ocupam ou pretendem ocupar posições estratégicas em diversos setores. Ao mapear as necessidades e expectativas dessas mulheres, o Fundo Baobá busca potencializar suas competências e promover uma rede de apoio para o desenvolvimento de suas habilidades políticas, técnicas e socioemocionais.

Se você é uma empresa com experiência em pesquisa qualitativa e um compromisso real com a promoção da equidade racial e de gênero, esta é a sua chance de contribuir para um projeto que fará a diferença na vida de muitas mulheres negras no Brasil.

Clique no link abaixo para baixar o PDF com todos os detalhes da vaga e enviar sua proposta orçamentária até o dia 16 de outubro de 2024, às 17h (horário de Brasília).

Sociedade Protetora dos Desvalidos (SPD) Comemora 192 Anos e Reforça que a Luta pela Causa Negra Continua

Fundada por homens negros libertos com o objetivo de conquistar a liberdade para seus irmãos e irmãs ainda escravizados, a Sociedade Protetora dos Desvalidos (SPD) celebrou 192 anos no dia 16 de setembro. Durante a comemoração em Salvador, Bahia, a entidade fez uma reflexão importante: a comunidade negra alcançou suas metas ou ainda há muitos desafios pela frente? Se considerarmos os princípios que nortearam a criação da SPD — combate ao racismo, liberdade religiosa e igualdade social —, as lutas de hoje ainda ecoam os desafios enfrentados em 1832. A caminhada continua.

A História da SPD e Suas Lutas Desde sua fundação, a SPD tem sido um pilar na luta pela igualdade racial no Brasil. Nomes como Luiz Gama e José do Patrocínio, figuras centrais no combate à escravidão e ao racismo, integraram a organização. Apesar dos avanços em quase dois séculos, as demandas da população negra permanecem praticamente as mesmas. Na época, a filantropia era o principal recurso para angariar fundos e comprar cartas de alforria para libertar escravizados.

Neilto Barreto, bibliotecário e publicitário aposentado, assumiu a presidência da Assembleia Geral da SPD e destacou o legado de luta dos membros da organização. “Em todo esse período, nunca dependemos de apoio governamental, seja municipal, estadual ou federal, desde 1832”, declarou Barreto, que liderará a entidade até 2027.

O Apoio do Fundo Baobá A continuidade das ações sociais da SPD ao longo dos anos não significa que a entidade não tenha necessitado de apoio. Um marco importante foi o suporte financeiro de R$ 500 mil do Fundo Baobá em novembro de 2023. Para Giovanni Harvey, diretor executivo do Fundo, esse apoio foi fundamental para abrir precedentes no auxílio a organizações negras centenárias. “Como pode uma instituição como a SPD, em quase dois séculos de existência, não ter recebido apoio institucional significativo? A SPD nos inspira a apoiar mais instituições centenárias”, afirmou Harvey.

A conexão entre o Fundo Baobá e a SPD foi articulada em 2022 por Tricia Calmon, da Assembleia Geral do Fundo Baobá, que identificou a necessidade de assistência à entidade e levou a demanda ao Conselho Deliberativo. Sueli Carneiro, presidente do Conselho Deliberativo, sugeriu a concessão de apoio, que evoluiu para a primeira doação sem edital da história do Fundo, fruto de recursos próprios.

Transformações ao Longo dos Séculos Assim como a sociedade mudou ao longo dos séculos 19, 20 e 21, a SPD também passou por transformações. Originalmente, apenas homens negros africanos podiam ser diretores da organização. Hoje, mulheres também são admitidas. Ligia Margarida Gomes, psicóloga e ex-presidente da Assembleia Geral, destacou essa mudança, e Neilto Barreto complementou, afirmando que, embora associados não negros sejam admitidos, eles precisam estar comprometidos com a causa da entidade.

O Futuro da SPD A comemoração de 192 anos da SPD reuniu membros do movimento negro baiano e foi marcada por uma celebração tradicional, incluindo iguarias da culinária africana como caruru, acarajé e pirão. Um dos principais objetivos da entidade para o futuro é atrair jovens para integrar o quadro associativo, que hoje conta com cerca de 250 membros. “Nosso maior desafio é a renovação. A juventude precisa se conscientizar da importância de se juntar a nós”, afirmou Ligia Gomes. Para ela, a grande contrapartida é o privilégio de fazer parte da luta por uma causa maior.

Conclusão A SPD, com seus 192 anos de história, continua a ser um símbolo de resistência e luta pela igualdade racial no Brasil. A busca por justiça social, combate ao racismo e liberdade religiosa iniciada no século 19 permanece mais viva do que nunca, lembrando que ainda há muitos passos a serem dados nessa jornada.

Rede Comuá realiza atividades de enfrentamento às mudanças climáticas no mês da filantropia que transforma

Mês da Filantropia que Transforma 2024

A Rede Comuá, da qual o Fundo Baobá é parte, faz um chamado em setembro: existem caminhos possíveis para o financiamento de soluções climáticas locais. Neste ano, destaca-se a atuação das organizações da filantropia comunitária e de justiça socioambiental no financiamento, desenvolvimento e/ou cocriação destas soluções.

Como parte da programação do Mês da Filantropia que Transforma 2024, foi realizado o lançamento da “Iniciativa Comuá pelo Clima: financiamento de soluções climáticas locais”, que traça o perfil da atuação dos membros da Rede nessa agenda, de modo interseccional, e destaca ações e iniciativas desenvolvidas e financiadas na área de filantropia e clima.

O levantamento tem potencial para se tornar uma referência para o campo da filantropia, contribuindo para incidir na construção de agendas e no desenvolvimento de estratégias de financiamento para organizações e grupos da sociedade civil que atuam na linha de frente. Além de ser imprescindível para o enfrentamento da crise climática, o foco local é que traz a perspectiva da exclusão e das injustiças sociais. As mudanças climáticas em curso no planeta afetam todos os territórios, grupos e comunidades. Mas não da mesma forma. Minorias políticas como comunidades indígenas, negras, quilombolas, LGBTQIAPN+, mulheres, agricultores e agricultoras familiares e populações de territórios periféricos urbanos, atravessados pelas desigualdades sociais e econômicas, são atingidas de modo mais extremo pelos efeitos da crise climática.

Apesar disso, esses grupos não têm lugar garantido em fóruns de tomadas de decisão relativas à definição dos projetos e de políticas públicas que os afetam diretamente. Sua presença em agendas de financiamento climático também está aquém do necessário. Mesmo sendo os que menos contribuem para o agravamento do aquecimento global e, em muitos casos, os que mais atuam na conservação e na preservação do meio ambiente, grupos racializados estão entre os mais prejudicados pela mudança do clima, segundo pesquisa realizada pelo geógrafo Diosmar Filho para a Associação de Pesquisa Iyaleta.

Pensar o clima a partir de uma perspectiva de proteção e promoção dos direitos humanos é fundamental, especialmente se tiverem como foco estratégias de mitigação, adaptação e financiamento climático para a redução da pobreza e o fortalecimento dos direitos. Atualmente, porém, essa não é a realidade. Mesmo considerando-se uma perspectiva mais ampla, que vai além da questão climática, a filantropia tradicional ainda destina poucos recursos para grupos racializados. No Brasil, segundo dados da última edição do Censo GIFE, as organizações do investimento social privado (ISP) têm perfil majoritariamente executor de projetos e menos doador para outras organizações da sociedade civil. De acordo com o Censo, o montante de recursos financeiros para áreas de preservação ambiental no período 2022-2023 foi de 13% do investimento realizado. O percentual menor era destinado às comunidades remanescentes de quilombos (10%), terras indígenas (7%) e assentamentos (3%).

O Baobá – Fundo para Equidade Racial é um dos membros da Rede Comuá e participou em uma das etapas do processo de formalização da Rede que teve início em 2022, quando completou 11 anos de atuação. A Rede busca fortalecer a capacidade de atuação conjunta dos seus membros potencializando seu papel nos processos de transformação social, e o Fundo Baobá considera a plataforma é importante, pois apoiar financeiramente iniciativas da sociedade civil lideradas por minorias políticas é uma estratégia crucial para promover e construir agendas focadas no reconhecimento e na defesa de direitos.

Conferência da Diáspora Africana nas Américas elabora Carta de Recomendação da União Africana

Conferência da Diáspora Africana nas Américas

Salvador, a cidade com a maior população negra fora da África, sediou a Conferência da Diáspora Africana nas Américas, que precede a realização do 9º Congresso Pan-Africano, que vai acontecer na cidade de Lomé (Togo) entre 29 de outubro e 2 de novembro. O Brasil é o país com o maior número de afrodescendentes fora do continente africano, por isso, a escolha pela capital baiana foi feita ainda em 2023 pela União Africana e pelo Governo da República Togolesa, país localizado no oeste da África.

O objetivo da Conferência da Diáspora Africana nas Américas foi a elaboração de uma Carta de Recomendação encaminhada a representantes da União Africana que estiveram no Brasil. A carta apresentou os pontos discutidos nos três dias do encontro e que visam promover a união dos povos de origem africana ou da diáspora na luta contra o racismo e a discriminação racial, além do desenvolvimento sustentável dos países africanos e suas comunidades ao redor do planeta, a promoção do intercâmbio de informações e o protagonismo de nações africanas dentro do contexto mundial. 

Várias instituições comprometidas com a causa da Equidade Racial participaram da Conferência.  O diretor executivo do Fundo Baobá, Giovanni Harvey, foi um dos convidados. Participou da elaboração da Carta de Recomendação e acompanhou as discussões da Mesa Reparação e Restituição. “Foram abordados dois temas muito importantes na luta dos negros ao longo da história: pan-africanismo e reparação. Pan-africanismo como uma visão de mundo e reparação como instrumento de enfrentamento às desigualdades raciais historicamente construídas”, diz. 

Harvey exemplificou o que a desigualdade estabelecida de forma estrutural determinou para as populações afrodescendentes. “As políticas de ações afirmativas, por exemplo, são  sempre condicionadas por aferição de mérito e desempenho. Elas são importantes? São! Mas são insuficientes para enfrentar o impacto profundo que a desigualdade historicamente construída impôs no Brasil e no mundo. É preciso dar um passo à frente e trazer o tema das reparações para o centro do debate”, afirma. “O Fundo Baobá acompanha o cenário internacional com o objetivo de manter a sua estratégia alinhada às principais iniciativas em prol da equidade racial no mundo”, conclui. 

Uma das propostas do Congresso que vai acontecer em Lomé, no Togo, é que países africanos alcancem protagonismo dentro do cenário socioeconômico mundial. Embora muitas nações africanas enfrentem questões de pobreza e diversas injustiças sociais, Harvey analisa que o protagonismo não se faz apenas com base na questão financeira. “A África do Sul, pela potência econômica que é, tem condições de ser protagonista. Mas há outros países, de menor poder financeiro, mas de importância histórica e política muito grande, como  Senegal, Nigéria, Guiné Bissau e Togo, que sempre terão um papel importante quando tratamos de restituição e reparação financeira para a população negra”, afirma.  

Orumverso: plataforma conecta saberes e impulsiona negócios negros

Criada por três mulheres negras engenheiras, a Oficina de Inovação e Ancestralidade (OIA) lançou dia 02/08, a plataforma digital Orumverso,

Criada por três mulheres negras engenheiras, a Oficina de Inovação e Ancestralidade (OIA) lançou dia 02/08, a plataforma digital Orumverso, que visa a troca de saberes periféricos, a partir de uma ótica ancestral-futurista potencializada pelo uso da tecnologia. A plataforma é uma oportunidade para fazer a conexão em rede para co-criar futuros possíveis, rompendo barreiras territoriais e linguísticas, além de oferecer aos empreendedores negros ferramentas poderosas para superar barreiras históricas e acelerar o crescimento de seus negócios.

Na prática, na plataforma digital é possível se conectar com projetos e negócios de pessoas negras através de e-commerce e até de ferramentas de gestão financeira e marketing digital, por exemplo. Funciona como uma vitrine digital para que empreendedores negros possam exibir seus produtos e serviços, em um ambiente que favorece o movimento de colocar a mão na massa e criar coletivamente projetos, ferramentas e soluções tecnológicas. 

A ferramenta também se destaca pela inovação tecnológica, impacto social e potencial de público, pois proporciona a oportunidade de atingir um vasto mercado no qual o empreendedorismo negro está em ascensão e em busca por inovação e acessos. É ainda uma maneira de ampliar a discussão e o desenvolvimento de ciências e tecnologia que levem em conta características socioculturais e periféricas que, muitas vezes, distanciam a população negra de fazer e produzir tecnologia.

A Oficina de Inovação e Ancestralidade surgiu em 2017, nos corredores da Universidade Federal Fluminense (UFF), onde as três engenheiras se conheceram, formando um coletivo que questionava e movimentava o meio acadêmico, debatendo a temática de tecnologias sociais e ancestrais, além de estimular na periferia discussões e produções afrofuturísticas.
 


Thalita Lopes – Diretora de comunidade da OIA. Créditos: Laís Reverte


O projeto teve apoio do Baobá – Fundo para Equidade Racial que acreditou ser possível a construção da OIA e do projeto Orumverso. Através do Edital Educação e Identidades Negras, lançado em 2022 e com o apoio da Imaginable Futures e da Fundação Lemann, o projeto se apresentou como um esforço conjunto para o enfrentamento ao racismo e a consolidação de práticas de promoção da equidade racial no setor educação 

 Para Karina Karin, diretora de tecnologia da OIA Hub, a Orumverso é uma jornada direcionada e intencional, assim como foram os sete primeiros anos da OIA. Para ela, todo ser humano deve se entender como um ser tecnológico, um ser que produzia tecnologia em um passado escravagista marcado por diversos apagamentos. É necessário que se pense em erradicar essa distância e que se produzam novas tecnologias e saberes a partir das experiências ancestrais e da subjetividade sociocultural da população periférica. Para além disso, Karina Karin, uma das desenvolvedoras, foi selecionada para representar o Brasil no Global Peace Summit, em Nova York, entre os dias 09 e 12 de dezembro de 2024, onde poderá discutir o uso da inteligência artificial e suas aplicações como uma das ferramentas para promover a paz no mundo.

A aplicação de tecnologias sociais pelo Orumverso pode amplificar esse movimento, oferecendo aos empreendedores negros as ferramentas necessárias para prosperar em um mercado globalizado, pois não só apoia o desenvolvimento de negócios negros, mas também serve como um exemplo de como a tecnologia pode ser utilizada para promover a igualdade e a inclusão social.

Para saber mais sobre a plataforma, acesse: OrumVerso.


Educação em Tecnologia: o promissor caminho para a equidade racial

Educação em Tecnologia: o promissor caminho para a equidade racial

Educar para transformar: essa é uma das chaves para fomentar a equidade racial no Brasil. Inúmeras pesquisas, censos e levantamentos comprovam como a falta ou dificuldade de acesso à educação tem sido um dos mecanismos de desigualdade racial no Brasil. Em uma época marcada pela disseminação da tecnologia e digitalização dos processos, lacunas educacionais são ainda determinantes para a qualidade de vida das pessoas.

Um bom exemplo de enfrentamento desse desafio vem do Espírito Santo, onde o Instituto Oportunidade Brasil (IOB) tem desenvolvido um trabalho educacional com forte viés para o digital. O IOB criou o Programa Oportunidade Tech para que, por intermédio da qualificação educacional na área de Tecnologia da Informação, os jovens pudessem entrar e/ou permanecer nos postos de trabalho. 

O instituto foi uma das 16 organizações selecionadas pelo edital Educação em Tecnologia, do Baobá – Fundo para Equidade Racial, que tinha como objetivo apoiar iniciativas e empresas negras que pudessem contribuir, por meio de processos de formação, para a ampliação da capacidade de pessoas negras serem inseridas no mercado de trabalho na área tecnológica.

Mais de um ano após a implementação do Programa Oportunidade Tech, o Fundo Baobá conversou com a diretora do IOB, Verônica Lopes, para saber como estão as atividades e realizações da instituição. 

Que projetos o IOB está tocando que poderão impactar ainda mais positivamente o cenário social no Espírito Santo? 

Em agosto, realizamos o nosso II Fórum, que teve como tema “Educação e Trabalho para Quem? Do Discurso à Ação”. O evento contou com a participação de especialistas e empreendedores locais e nacionais para discutir os desafios e as boas práticas em diversidade, inclusão e combate ao racismo no trabalho e na educação. No dia 29,  tivemos um evento muito especial chamado Inovação Periferia. Nesse evento, os formandos do Oportunidade Tech, após dois anos de intensa dedicação, apresentaram os três aplicativos inovadores que desenvolveram para beneficiar suas comunidades. Recebemos empresários da área de tecnologia, mentores e apoiadores. Além disso, no início do mês, lançamos uma nova turma de Marketing Digital, com o apoio do Instituto Localiza. Em cinco meses, jovens de 15 a 29 anos estarão capacitados a utilizar um celular para criar vídeos, tirar fotos, fazer posts no Instagram, usar o Canva e outras ferramentas digitais. O curso também inclui empreendedorismo e uma trilha de preparação para a entrada no mercado de trabalho.

Dentro da premissa de potencializar as oportunidades para jovens negros alcançarem um futuro promissor, é possível traduzir em números a atuação do IOB? 

Fechamos o ano de 2023 com mais de 1.500 atendimentos a beneficiários. Começamos 2024 com uma jornada formativa em liderança e finanças para mais de 40 mulheres. Atualmente, temos quatro turmas em formação, das quais três são em Tecnologia da Informação.

Recentemente, você ganhou um prêmio dedicado a mulheres empreendedoras que têm contribuído para o desenvolvimento social no estado. Esse reconhecimento a você está relacionado de que maneira ao IOB? 

O prêmio destaca a importância das iniciativas promovidas pelo IOB, evidenciando a relevância do trabalho da instituição na promoção da inclusão e da igualdade racial. Este reconhecimento enfatiza o impacto positivo e a contribuição contínua do IOB para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.

No campo das vitórias pessoais, há nomes de jovens apoiados pelo IOB que podem ser citados aqui? Quem são e o que estão fazendo?  

Maylon Viana ingressou na universidade federal este ano e já está desenvolvendo trabalhos como empreendedor na área de tecnologia. Ele é aluno do instituto desde 2021.

Samyla Santana foi contratada como efetiva ainda enquanto cursava o programa do instituto, tem se destacado muito na empresa em que está atuando. Recebemos vários feedbacks positivos da empresa.

Haynnan Seibert, que se formou em tecnologia no IOB, já atua como instrutor na instituição e como empreendedor na área de tecnologia.

No que esse reconhecimento a você como empreendedora contribui para as atividades do IOB? 

O reconhecimento contribui significativamente para as atividades do Instituto Oportunidade Brasil (IOB) de várias maneiras:

 1. Validação do Impacto Social: Valida a importância e a relevância do trabalho que o Instituto realiza na capacitação e inclusão de jovens negros em situação de vulnerabilidade.

2. O reconhecimento aumenta a visibilidade do IOB e reforça sua credibilidade como uma organização comprometida com a transformação social. Isso pode atrair mais parceiros, patrocinadores e apoiadores

3. O prêmio serve como uma fonte de inspiração e motivação para a equipe do IOB e para os jovens beneficiados pelos programas da instituição. Ele demonstra que o esforço e a dedicação têm um impacto real e podem levar a reconhecimentos importantes.

4. Fortalecimento da Missão do Instituto:  O reconhecimento reforça a missão do IOB de promover a inclusão e a igualdade racial, alinhando-se com os valores e objetivos da organização. Ele ajuda a consolidar o compromisso do Instituto com sua causa e reforça a importância de continuar nosso trabalho transformador.

Primeiros estudantes selecionados pelo programa Black STEM para bolsas de estudo no exterior são apresentados em evento na B3 Social

Primeiros estudantes selecionados pelo programa Black STEM para bolsas de estudo no exterior são apresentados em evento na B3 Social

Em grande celebração, no dia 6 de agosto, o Baobá – Fundo para Equidade Racial e a B3 Social apresentaram os primeiros estudantes selecionados pelo edital Black STEM, voltado para jovens negros e negras brasileiros que alcançaram o objetivo de cursar uma graduação no exterior.  

O Black STEM é uma iniciativa que apoia a presença e permanência de pessoas negras nas áreas de Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) em universidades internacionais. No Brasil, pessoas negras (pretos e pardos) constituem 56% da população, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas representaram apenas 36% dos formados em cursos superiores em 2020 e 32% dos formados em STEM. Essas áreas têm uma ligação histórica com a população negra, responsável por importantes desenvolvimentos científicos e tecnológicos. E o programa faz com que essa ligação histórica se perpetue, pois promove formação acadêmica para esses estudantes e contribui para a produção de conhecimento negro dentro da academia global.  

A apresentação de cinco estudantes selecionados pelo programa Black STEM foi feita no auditório da B3 (região central de São Paulo), apoiadora do programa criado pelo Fundo Baobá – Fundo para Equidade Racial, que teve como parceiro a BRASA (Brazilian Student Association). O processo seletivo, composto por quatro etapas, contou com especialistas das áreas de STEM, Psicologia e Educação com diferentes conhecimentos e experiências sobre graduação no exterior. Cada um dos selecionados receberá o equivalente a R$35 mil anuais para cobrir despesas de moradia, alimentação, transporte, entre outros, com a possibilidade de essas bolsas serem renovadas anualmente até a conclusão do curso. 

Celebração do dia 6 de agosto, em que o Baobá – Fundo para Equidade Racial e a B3 Social apresentaram os primeiros estudantes selecionados pelo edital Black STEM


Os selecionados pelo Black STEM foram:  

  • Camila Ribeiro Martins (Vitória, ES): Pilotagem na Escola Superior Náutica Infante Dom Henrique, Portugal. 
  • Diovanna Stelmam Negeski de Aguiar (São Paulo, SP): Ciência da Computação, na New York University (NYU), na China. 
  • Eric Souza Costa Ribeiro (Caieiras, SP): Engenharia Aeroespacial na University of Notre Dame, EUA. 
  • Melissa Simplicio Silva (Rio de Janeiro, RJ): Ciência da Computação na New York University (NYU), EUA. 
  • Rilary Oliveira Torres (Diadema, SP): Medicina na Universidad Nacional de Rosario (Argentina)

“O Black STEM é um programa de incentivo financeiro e educacional para adolescentes e jovens negros que desejam estudar ciências exatas fora do Brasil. Esta iniciativa não é um projeto de curto prazo, mas um programa duradouro desenvolvido pelo Fundo Baobá e pela B3 Social. Os resultados do primeiro processo seletivo mostram que estamos no caminho certo. Por isso, continuaremos a investir e a trabalhar para ampliar as perspectivas e horizontes dos alunos de escolas públicas e privadas que promovem a diversidade étnica por meio de ações afirmativas”, celebra Giovanni Harvey, Diretor Executivo do Fundo Baobá. 

A jornalista Adriana Couto fez a condução da cerimônia, transmitindo muita emoção para todos os presentes. Familiares e amigos dos estudantes tiveram a oportunidade de presenciar uma cerimônia recheada de alegria e comemorações. 

As histórias pessoais dos estudantes encantaram os presentes. Camila Ribeiro Martins, por exemplo, decidiu cursar Pilotagem depois de servir por dois anos à Marinha brasileira. “Servi como técnica no Rio de Janeiro e trabalhei em uma ilha. Tive muito contato com embarcações. O sonho de pilotar nasceu ali. Existe uma escola aqui no Brasil. Mas é escola militar e tem limite de idade. Então, as oportunidades existem, mas por vários motivos elas nos são negadas”, disse.     

Diovanna Aguiar se destaca desde a infância. “Amo ler. Aos 11 anos cheguei à marca de 300 livros lidos. Um dia, porém, minha avó me alertou para o fato de eu estar perdendo a corrida da vida. Ela se referia ao fato de eu não estar em uma boa escola. Eu sou de Itaquera e passei a querer estar nas melhores escolas. Entrei na Federal de São Paulo, uma das melhores instituições de ensino que temos. Nem que seja à força, temos que ocupar esses espaços”, afirmou Diovanna.  

Eric Souza começou a demonstrar ser uma criança fora da curva logo cedo. A mola propulsora de sua ida para a Notre Dame University é sua mãe. “Minha mãe, com a cara de pau dela, passou a ir às escolas particulares de Caieiras pedindo uma vaga para mim, sem ter nenhum dinheiro para pagar. Ela conseguiu. Passei a pensar em ser astronauta. Em 2021, fui o primeiro negro a representar o Brasil na Olimpíada Internacional de Ciência”, festejou.  

Melissa Simplicio Silva já está em Nova York e participou do encontro pela internet. Ela afirmou que a experiência como estudante no exterior faz com que enxergue melhor o Brasil: “Quando colocamos o pé para fora, a gente aprende a dar muito mais valor ao nosso país”, revelou.  

Rilary Torres é uma futura médica brasileira com formação na Argentina. O desejo pela medicina veio de uma previsão quando ainda era um bebê. “Segundo minha mãe, quando eu nasci, uma enfermeira ou a médica disse: ‘Essa vai ser doutora.’ Eu cresci com isso na cabeça e decidi virar médica. Descobri a universidade na Argentina, fui aprovada e estou lá”, concluiu.  

Os familiares estavam extremamente emotivos e a fala de Andressa Martins, mãe da estudante Camila, traduziu o pensamento de todos: “Não se trata só do dinheiro para eles permanecerem nesses países. Agradeço muito a isso, mas agradeço muito mais ao suporte. Isso é muito importante e vocês, Fundo Baobá e B3 Social,  estão dando”, concluiu.   

Fabiana Prianti, Head da B3 Social, enalteceu o fato de os estudantes estarem efetuando um resgate. “Vocês estão realizando os sonhos de seus familiares. Precisamos desses talentos negros. Portanto, voltem para o Brasil e assumam seus lugares de liderança”, disse. A fala de Fabiana reforça o que foi dito por Alexandre Moysés Nascimento, diretor de Governança da B3: “Esse é um dia histórico para nós. Celebramos aqui nossas vitórias e honramos os nossos ancestrais. Temos capacidade e competência, o que nos falta são oportunidades. É isso que a B3 quer proporcionar”, falou Alexandre.  

Outro momento de grande emoção foi com as participações do Professor Hélio Santos, membro da Assembleia Geral do Fundo Baobá e Presidente do Conselho da OXFAM, e André Lázaro, membro do Conselho Deliberativo do Fundo Baobá. Santos exaltou a perseverança dos estudantes: “O maior delito da elite brasileira foi impedir a juventude de sonhar. Não há investimento maior do que investir na juventude. Por isso, ousem! Ousar nada tem a ver com irresponsabilidade. Ousem! Duas mulheres negras deram duas medalhas de ouro ao Brasil nas Olimpíadas de Paris. Então, ousem, porque não queremos apontar apenas os riscos que a população jovem negra sofre. Queremos mostrar as oportunidades que eles têm também”.  

O também professor André Lázaro encerrou o evento dizendo: “Estar aqui hoje é ver mais uma oportunidade. O Fundo Baobá está olhando para as pessoas e para o compromisso que tem com elas. Esse encontro revela compromissos transformadores. O Movimento Negro civilizou o Brasil. Ter a  B3 comprometida com a equidade é um grande passo que a nossa sociedade também tem para dar”, disse. Para os estudantes, Lázaro deixou o seguinte recado: “Não levem com vocês o peso da responsabilidade. Aceitem o direito de errar”, alertou.   

Fundo Baobá abre processo seletivo para contratação de PJ para Pesquisa Qualitativa em Educação e Relações Raciais

Fundo Baobá abre processo seletivo para contratação de PJ para Pesquisa Qualitativa em Educação e Relações Raciais

O Baobá – Fundo para Equidade Racial, uma das mais importantes organizações voltadas à promoção da justiça social e racial no Brasil, está com uma oportunidade imperdível para profissionais comprometidos com a transformação da educação. A instituição está em busca de uma Pessoa Jurídica (PJ) qualificada para conduzir uma pesquisa qualitativa no campo da educação e das relações raciais, um tema central para a construção de um país mais inclusivo e equitativo.

Objetivo da contratação

A pesquisa tem como objetivo central a realização de grupos focais, entrevistas semiestruturadas e a aplicação de questionários auto responsivos com diferentes públicos. Esses métodos investigativos irão mapear as necessidades e expectativas de estudantes e educadores em relação à preparação para vestibulares, especialmente no contexto de desigualdades raciais. 

Os resultados dessa pesquisa serão fundamentais para orientar a elaboração do edital e as estratégias de divulgação e mobilização da 2ª edição do Projeto Já é: Equidade Racial na Educação.

Esse projeto visa promover a equidade racial nas escolas e garantir que jovens negros e negras tenham as mesmas oportunidades de sucesso acadêmico, superando as barreiras impostas pelo racismo estrutural. A contribuição do estudo será decisiva para impactar positivamente milhares de vidas e transformar o panorama educacional no Brasil.

Quem pode participar

Este processo seletivo é voltado apenas para pessoas negras e exclusivo para Pessoas Jurídicas (PJ), e não serão aceitas candidaturas de pessoa física. Profissionais especializados em pesquisa qualitativa, com experiência comprovada em estudos na área de educação e/ou relações raciais, são convidados a participar. A experiência prévia com projetos voltados para a promoção da equidade racial será um diferencial relevante no processo de seleção.

Processo de Seleção

Para participar do processo seletivo, as pessoas interessadas devem enviar uma proposta orçamentária até o dia 02 de setembro de 2024, às 17h (horário de Brasília). É importante destacar que não serão aceitas candidaturas de pessoa física.

Além da proposta orçamentária, é obrigatório o envio de 02 cartas de referência assinadas por contratantes dos principais trabalhos realizados nos últimos três anos, que sejam relacionados ao escopo desta pesquisa. A seleção será baseada na melhor qualidade pelo melhor valor.

Dúvidas sobre o processo podem ser encaminhadas até o dia 29 de agosto de 2024, às 12h (horário de Brasília).

Como Participar

Os interessados em colaborar com este importante projeto podem acessar o Termo de Referência completo através do link abaixo:

Mês da Filantropia que Transforma 2024 destaca a relação entre mudança climática e filantropia comunitária e de justiça ambiental

Mês da Filantropia que Transforma 2024

Pelo segundo ano consecutivo, a Rede Comuá promove um mês inteiro dedicado a travar debates e refletir sobre as agendas da filantropia comunitária e de justiça socioambiental. O Mês da Filantropia que Transforma acontece durante o mês de setembro, reunindo organizações membro da Rede Comuá, parceiros, financiadores e organizações da sociedade civil, como o Fundo Baobá e outras importantes organizações que fazem parte desta rede.

Em 2023, o foco da iniciativa teve por objetivo dar visibilidade à diversidade de práticas e experiências relacionadas a essas agendas. Em 2024, o Mês destacará a atuação das organizações da filantropia comunitária e de justiça socioambiental no financiamento, desenvolvimento e/ou cocriação de soluções climáticas locais. Serão divulgados conhecimento, conteúdo e atividades que demonstram as práticas e histórias de transformação realizada por comunidades e grupos em seus territórios a partir dessas soluções locais.

As mudanças climáticas em curso no planeta afetam a todos os territórios, grupos e comunidades. Mas não da mesma forma. Minorias políticas como comunidades indígenas, negras, quilombolas, LGBTQIAPN+, mulheres, agricultores e agricultoras familiares e populações de territórios periféricos urbanos, atravessados pelas desigualdades sociais e econômicas, são atingidas de modo mais extremo pelos efeitos da crise climática.

Esses grupos não têm lugar garantido em fóruns de tomadas de decisão relativas à definição de agendas de financiamento climático e de prioridades para as políticas públicas. Apesar de serem os que menos contribuem para o agravamento do quadro e, em muitos casos, os que mais atuam na conservação e preservação do meio ambiente, não recebem o apoio necessário para mitigar os efeitos das mudanças climáticas ou para se adaptar aos desafios socioambientais nos territórios. 

Menos de 1% do financiamento chega de fato a esses grupos para garantir direitos de posse e administrar florestas em países tropicais, segundo relatório da Rainforest Foundation Norway. Dos fundos alocados nos últimos 10 anos para apoiar esses direitos, apenas 17% incluíram ao menos uma organização local, representando 0,13% de todo o financiamento climático .

 No Brasil, segundo dados da última edição do Censo GIFE, as organizações do investimento social privado (ISP) têm perfil majoritariamente executor de projetos e menos doador para outras organizações da sociedade civil. De acordo com o Censo, o montante de recursos financeiros para áreas de preservação ambiental no período 2022-2023 era de 13% do investimento realizado. Percentual menor era destinado para comunidades remanescentes de quilombos (10%), terras indígenas (7%) e assentamentos (3%).

A filantropia comunitária e de justiça socioambiental desempenha um papel fundamental ao fornecer apoio financeiro para fortalecer aqueles que são mais afetados e estão na linha de frente no enfrentamento às mudanças climáticas, enfatizando o papel transformador de movimentos, grupos e organizações de base presentes em todos os biomas brasileiros, contribuindo de modo crucial para a regulação climática do planeta.

Pensar a mudança do clima a partir de uma abordagem baseada em direitos humanos e  interseccional mostra-se fundamental, buscando que as estratégias de mitigação, adaptação e financiamento climático estejam focadas na redução da pobreza e no fortalecimento dos direitos, de modo que a transição para uma economia de baixo carbono seja de fato inclusiva e sustentável.

Iniciativa Comuá pelo Clima: financiamento de soluções climáticas locais

Em junho deste ano, durante o F20 Climate Solutions Forum, foi lançada a Iniciativa Comuá pelo Clima, uma ação de incidência que busca fortalecer o posicionamento político, a atuação coletiva e em rede para a construção de estratégias, narrativas e a produção de conhecimento no campo da filantropia climática, impulsionando e dando visibilidade a essas agendas tanto na esfera pública não estatal, como nos ecossistemas filantrópicos nacional e internacional.

A iniciativa é formada por organizações independentes doadoras que integram a Rede Comuá, que atuam há décadas com grantmaking para justiça socioambiental e têm uma trajetória consolidada e grande expertise em apoiar diretamente as comunidades tradicionais locais, na gestão de projetos e doação de recursos, monitoramento e avaliação.

Juntas, elas já financiaram, desenvolveram e/ou cocriaram mais de cem soluções climáticas locais (criadas por e para as comunidades, considerando as especificidades e vulnerabilidade dos grupos envolvidos). Atuam em diferentes territórios do país, em todos os biomas, valorizando saberes locais e ancestrais, soluções e tecnologias, e ao mesmo tempo fortalecendo ações de mitigação e adaptação.

Isso demonstra a atuação altamente capilarizada e eficaz da Rede e seu papel fundamental na agenda da filantropia comunitária climática, evidenciando soluções locais de financiamento, pensadas e desenvolvidas a partir dos atores que estão nos territórios, e buscando influenciar o campo a repensar suas práticas de doação em prol da transformação social e do enfrentamento efetivo aos impactos das mudanças climática.

Como parte da programação do Mês da Filantropia que Transforma 2024, será realizado o lançamento da “Iniciativa Comuá pelo Clima: financiamento de soluções climáticas locais”, que traça o perfil da atuação dos membros da Rede nessa agenda, de modo interseccional, e destaca ações e iniciativas desenvolvidas e financiadas na área de filantropia e clima.

O levantamento tem grande potencial para se tornar uma referência para o campo da filantropia, contribuindo para incidir na construção de agendas e desenvolvimento de estratégias de financiamento para organizações e grupos da sociedade civil que atuam na linha de frente.  

Mês da Filantropia que Transforma 2024

Soluções climáticas locais
Data: setembro de 2024
Realização: Rede Comuá e parceiros
Informações: https://redecomua.org.br/mes-da-filantropia-2024/ 

Coletivo de mulheres negras lança e-book após participação no Programa de Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco

O e-book “Negras que Movem: Olhares e Perspectivas das Líderes Aceleradas pelo Fundo Baobá" fortalece o protagonismo em diversos espaços de diálogo e debate

O e-book “Negras que Movem: Olhares e Perspectivas das Líderes Aceleradas pelo Fundo Baobá” fortalece o protagonismo em diversos espaços de diálogo e debate

A revolução das mulheres negras através da escrita se iniciou a partir de uma necessidade de sanar diversos obstáculos enfrentados por elas. Em um contexto complexo e imersas em opressão, negligências e vulnerabilidades, foi na escrita que grandes estrelas da literatura brasileira se destacaram, como Carolina Maria de Jesus, Lélia Gonzalez, Conceição Evaristo, Djamila Ribeiro, entre outras, para reivindicar por seus direitos básicos de humanidade, dignidade e presença.

Tal prática se perpetua até hoje entre as mulheres negras, como é para Luciane Reis, uma das idealizadoras do livro “Negras que Movem: Olhares e Perspectivas das Líderes Aceleradas pelo Fundo Baobá”, que deve  ser lançado em 10/08/2024, no formato virtual, com aproximadamente 80 artigos. A obra é uma chamada à ação para reconhecer e valorizar as contribuições negras, desafiar os paradigmas estabelecidos, e ampliar o entendimento sobre a riqueza e a complexidade das vozes negras.

São nos escritos que suas dores e reivindicações ganham força para romper séculos de silenciamento e expandir a necessidade de ascensão, protagonismo e representatividade feminina negra na comunicação opinativa e emancipatória. Seguindo o exemplo e inspiração das mais velhas, foi criado em 2019 o coletivo Negras que Movem, com o objetivo de dar representatividade e empoderamento às mulheres negras na comunicação e em todas as esferas da vida social. 

Essa iniciativa se tornou viável com a união de 24 mulheres negras selecionadas no Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco, no qual o Baobá – Fundo para Equidade Racial proporcionou o desenvolvimento financeiro individual e organizacional de diversas lideranças, grupos e coletivos liderados por mulheres negras.

Luciane Reis, uma das contempladas, nasceu no bairro Saramandaia, em Salvador – BA, é especialista em Educação Online e mestre em Desenvolvimento e Gestão, e sempre foi apaixonada por livros desde a adolescência, então se conectar com a diáspora africana, os movimentos de resistência negra e os intelectuais que moldaram o pensamento afrocentrado não foi tão complicado. Pelo contrário, ela enxerga nesse percurso a possibilidade de encorajar outras mulheres negras a encontrar suas próprias vozes e a se tornarem agentes de mudança em suas comunidades. 

“Na época em que recebi a doação, eu havia sido demitida do meu emprego. A doação foi essencial para que eu pudesse finalizar minha dissertação de mestrado com tranquilidade. Graças à bolsa, pude concluir meus estudos sem precisar me preocupar com minha sobrevivência básica”, afirma Luciane Reis, sobre o período da vida em  que recebeu o recurso.

Ao participar das atividades propostas, Luciane observou a oportunidade de criar o coletivo Negras que Movem. O coletivo surgiu da vontade e necessidade de união dessas mulheres, que enxergaram a potência que havia ao se unirem para alcançar espaços antes intangíveis. Um dos resultados dessa potência foi a oportunidade de publicar seus artigos no portal Geledés, representando uma ampla gama de perspectivas e análises sobre questões sociais, políticas e culturais. 

Sulamita Rosa da Silva, mestre em educação na Ufac de Rio Branco, e uma das 24 mulheres negras que compõem o Coletivo Negras que Movem, relata que a participação e os resultados que obteve no Programa fizeram muita diferença em sua vida e que estão gerando frutos que irão repercutir por toda a comunidade negra. “O que precisamos para nos mover é de oportunidades e vocês concederam ao fornecer apoio a muitas pessoas negras. Parabéns por fazerem a diferença na vida dos nossos”, afirma.

Cada texto que será publicado no e-book oferece uma visão única e poderosa, permeada pela vivência e pelo engajamento das líderes aceleradas com as comunidades e os movimentos sociais. Apoiadas pelo Fundo Baobá, essas mulheres inspiradoras têm se destacado em diversas áreas, incluindo ativismo social, empreendedorismo, jornalismo, educação e cultura. São mulheres que, apesar das adversidades, têm feito a diferença em suas comunidades e contribuído para a construção de um mundo mais justo e igualitário para todos.

Apesar da grandiosidade do projeto e da iniciativa, elas ainda encontram diversos obstáculos no caminho, como o financiamento do livro e a dificuldade de publicação dos textos, porque ainda são privadas de ter acesso a recursos econômicos e ao mercado editorial, como acontece com a população negra. Porém, o desejo e a esperança seguem  presentes na vida delas e das demais mulheres negras que compõem o coletivo. O que elas realmente almejam é que seus escritos sejam propagados e suas vozes sejam ouvidas, ajudando a construir um mundo mais humano e afrocentrado.

Para mais detalhes e resultados do Programa de Aceleração de Lideranças Femininas: Marielle Franco, acesse este link.