Fundo Baobá vai à  Europa para apresentar seu trabalho e conhecer organizações filantrópicas mundiais

O Baobá – Fundo para Equidade Racial cruzou o oceano no final do mês de outubro e foi até Amsterdã, a capital da Holanda. Lá, um importante evento, o International Fundraising Congress 2024 (IFC) reuniu mais de 1.200 profissionais de captação de recursos, além de lideranças de impacto social de mais de 70 países.

O Baobá foi ouvir sobre como as organizações sociais ao redor do mundo trabalham captando recursos para  as  transformações sociais necessárias. Também foi falar sobre como vem operando no Brasil com o trabalho em prol da equidade racial em um país fundado sobre as estruturas e as desigualdades originadas pela escravidão, que moldaram suas bases sociais, econômicas e políticas.

A Gerente de Comunicação e Mobilização de Recursos do Baobá, Janaina Barbosa, esteve em Amsterdã e nessa entrevista fala sobre o objetivo do Fundo no IFC, o que foi aprendido com a troca de conhecimento e o positivismo global frente à experiência brasileira.

Qual o objetivo do Fundo Baobá ao participar do International Fundraising Congress (IFC) 2024 na Holanda?


O principal objetivo do Fundo Baobá ao participar do IFC 2024 foi aproveitar a oportunidade de estar em um evento que reúne líderes globais da filantropia, especialmente aqueles engajados na mobilização de recursos para enfrentar desafios em comum como o racismo, a desigualdade social e as crises climáticas e ambientais.

Como um fundo patrimonial focado na equidade racial, participamos de discussões estratégicas sobre inovação em mobilização de recursos e também pudemos compartilhar experiências e aprendizados com profissionais de todo mundo. Além disso, estar no evento faz parte de nossa busca por conhecimento e compreensão de como esse território (Europa) compreende a discussão sobre equidade racial. Embora o Fundo Baobá já tenha parceiros internacionais – predominantemente dos Estados Unidos –, entendemos que o contexto europeu traz novas perspectivas. 

Ao centro da imagem temos a Janaína Barbosa, Gerente de Comunicação e Mobilização de Recursos do Fundo Baobá, participando da mesa Innovation Spotlight: Rising Changemakers (Destaques da Inovação: Novos Agentes de Transformação)

Na sua visão, o que foi mais proveitoso para o Baobá?

A oportunidade de compartilhar nossa trajetória, histórias, conhecimentos e métodos de inovação com outras organizações. Acreditamos que a troca de experiências e o diálogo são ferramentas poderosas para a disseminação de conhecimento e para a busca contínua de melhores práticas na filantropia. Além disso, nos permitiu fortalecer conexões com organizações que compartilham propósitos similares aos do Fundo Baobá. Esses encontros abriram portas para diálogos produtivos e possíveis colaborações futuras.

O Fundo Baobá, com sua grande experiência no campo da filantropia negra no Brasil, teve oportunidade de expor essa experiência na Holanda?

Sim, participamos da mesa Innovation Spotlight: Rising Changemakers (Destaques da Inovação: Novos Agentes de Transformação), cujo objetivo era destacar organizações que promovem mudanças significativas em seus territórios. A sessão abordou temas como ativismo ambiental, equidade racial, justiça global e desenvolvimento comunitário, conectando experiências de cada país. 

Durante a apresentação, destacamos o que norteia o trabalho do Fundo Baobá e como respondemos aos desafios do racismo sistêmico no Brasil por meio de estratégias filantrópicas inovadoras e sustentáveis. Também mostramos o impacto das nossas ações, como o apoio direto a comunidades quilombolas e organizações como a Sociedade Protetora dos Desvalidos, que carrega quase dois séculos de história na luta contra a desigualdade racial.

Além disso, enfatizamos a importância da liderança negra em todas as esferas do Fundo Baobá, desde a governança até a execução das nossas estratégias de mobilização de recursos. Essa apresentação foi uma oportunidade valiosa para mostrar nossa trajetória para um público global.

É possível exemplificar quais foram as reações à exposição e à troca de ideias promovida pelo Fundo Baobá? 

Durante nossa participação na mesa sobre inovação, recebemos reações muito positivas. Houve sinergias evidentes com o trabalho de outras organizações, que identificaram práticas semelhantes às que adotamos no Brasil, além de momentos de troca sobre metodologias distintas. Representantes de diversas entidades demonstraram interesse em compreender melhor o contexto brasileiro e as estratégias do Fundo Baobá para promover a equidade racial.

Havia outras organizações brasileiras presentes no evento ou o Fundo Baobá foi a única?

Havia poucas organizações brasileiras no evento. Imaginamos que a participação foi limitada devido ao custo elevado de um evento sediado na Europa, o que restringe a presença de instituições de países mais distantes. A maior parte dos participantes era da Europa, com algumas representações de países africanos. Ainda assim, a experiência foi enriquecedora. 

Qual foi a percepção das organizações internacionais sobre o trabalho do Fundo?

Participar de um espaço com organizações consolidadas e metodologias bem estruturadas foi extremamente valioso. Apesar do contexto da nossa atuação demandar abordagens específicas, identificamos desafios em comum e tivemos aprendizados significativos. Com certeza, essa imersão contribuirá com a nossa estratégia de mobilização de recursos.

Aliança entre Fundos doa R$ 1,5 milhão para projetos com foco em quilombolas e indígenas

Recursos serão disponibilizados pelo Fundo Brasil de Direitos Humanos e Fundo Casa Socioambiental. Fundo Baobá anuncia aporte de mais R$ 1 milhão para quilombolas até o final de setembro

A Aliança entre Fundos – que reúne os Fundos Baobá para Equidade Racial, Fundo Brasil de Direitos Humanos e Fundo Casa Socioambiental – realiza nesta quinta-feira, 9 de setembro, a primeira ação conjunta: o lançamento simultâneo de editais exclusivos para as comunidades quilombolas e indígenas em contexto de vulnerabilidade agravada pela COVID-19. A ação é uma iniciativa inédita e inovadora de filantropia colaborativa no Brasil.

Os Fundos Brasil de Direitos Humanos e o Fundo Casa Socioambiental lançam, respectivamente, o Edital Em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas e a Chamada de Projetos para Apoio às Comunidades Quilombolas no Enfrentamento aos Impactos causados pela COVID. O Fundo Baobá lançará, até o final de setembro, o edital Quilombolas em defesa: vida, direitos e justiça, no valor de R$ 1 milhão.

Direito à terra e ao território

O Edital Em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas, do Fundo Brasil, vai selecionar pelo menos 10 projetos no valor de até R$ 50 mil cada, para apoio no período máximo de 12 meses. O valor disponível para este edital é de R$ 500 mil. A meta é apoiar comunidades e organizações indígenas que apresentem como foco o direito à terra e ao território com usufruto exclusivo dos recursos naturais em terras indígenas; defesa de direitos e fortalecimento de comunidades, organizações e lideranças indígenas. O objetivo é fortalecer a capacidade de comunidades e organizações indígenas diante dos impactos decorrentes da pandemia. As inscrições estão abertas a partir do dia 09/09 e os interessados podem enviar os projetos até o dia 7/10. Para ler o edital completo clique aqui.

Resiliência comunitária e soberania alimentar

Já a Chamada de Projetos para Apoio às Comunidades Quilombolas no Enfrentamento aos Impactos causados pela COVID, do Fundo Casa Socioambiental, vai eleger até 33 projetos de até R$ 30 mil cada. O valor total disponível para esta chamada é de R$ 1 milhão. O objetivo é apoiar organizações, grupos e coletivos de pessoas negras e quilombolas, localizados nas regiões Norte e Nordeste do país, por meio de  iniciativas que contribuam com a recuperação e sustentabilidade econômica, promoção da soberania e segurança alimentar, resiliência comunitária e defesa dos direitos nas comunidades quilombolas. Os projetos deverão atender aos seguintes recortes específicos:  recuperação da renda dos grupos que atuam com economia solidária e negócios coletivos e na fomentação de estratégias de resiliência comunitária e ações e metodologias para o fortalecimento da soberania alimentar dessas comunidades. As inscrições estão abertas a partir do dia 09/09 e os interessados podem enviar os projetos até o dia 9/10. Para ler o edital completo clique aqui.

Sobre a Aliança

A Aliança entre Fundos é uma iniciativa inédita lançada recentemente no Brasil. Pela primeira vez, três Fundos –  Fundo Baobá para Equidade Racial, Fundo Brasil de Direitos Humanos e Fundo Casa Socioambiental – se reúnem para promover maior aporte de recursos diretos para os povos indígenas, comunidades quilombolas mais vulnerabilizados pela pandemia. O aporte inicial é de R$ 2,5 milhões, distribuídos em diferentes editais.

Além de ampliar o apoio a projetos inovadores no enfrentamento aos impactos à pandemia, a Aliança entre Fundos aumenta a capilaridade das ações, especialmente nas localidades mais isoladas.

Sobre o Fundo Baobá para Equidade Racial

Criado em 2011, o Fundo Baobá para Equidade Racial é o primeiro e único fundo dedicado, exclusivamente, para a promoção da equidade racial para a população negra no Brasil. Orientado pelos princípios de ética, transparência e gestão, mobiliza recursos financeiros e humanos, dentro e fora do país, e investe em iniciativas da sociedade civil negra para o enfrentamento ao racismo e promoção da justiça social.

Sobre o Fundo Brasil

O Fundo Brasil de Direitos Humanos é uma fundação independente e sem fins lucrativos, instituída em 2006. Tem como missão promover o respeito aos direitos humanos no país, criando mecanismos sustentáveis, inovadores e efetivos para fortalecer organizações da sociedade civil e para desenvolver a filantropia de justiça social.

Sobre o Fundo Casa Socioambiental

​O Fundo Casa Socioambiental é uma organização que busca promover a conservação e a sustentabilidade ambiental, a democracia, o respeito aos direitos socioambientais e a justiça social por meio do apoio financeiro e fortalecimento de capacidades de iniciativas da sociedade civil na América do Sul.