Neste mês de outubro, o Fundo Baobá para Equidade Racial completou 13 anos, consolidando-se como uma referência na promoção da equidade racial no Brasil, fazendo diferença na vida da população negra.
Como uma semente que rompe a terra e brota com uma força gigantesca, o fundo conseguiu durante estes anos captar recursos da filantropia e destiná-los a organizações, grupos, coletivos e pessoas negras, por meio de editais.
Outra conquista foi promover com os financiadores a importância de fortalecer a filantropia negra.
O nome Fundo Baobá foi idealizado por Magno Cruz, membro do comitê programático e liderança do Centro de Cultura Negra de São Luís do Maranhão, falecido em 2010. Visionário e artista, Magno compôs uma música e um poema que faziam uma analogia entre o fundo patrimonial e a árvore Baobá, símbolo de força e resiliência. Para ele, a organização deveria ser tão robusta, duradoura e impactante quanto o Baobá, com potencial para ocupar novos espaços e apoiar o movimento negro em uma escala sem precedentes, inspirando-se na longevidade e resistência da árvore que carrega o nome da instituição.
Resistência, aliás, que nunca faltou ao Fundo Baobá. Através dos recursos captados, o Baobá tem apoiado pessoas e organizações a romper barreiras em direção à justiça social e à equidade para a população negra deste país.
Nestes 13 anos, a organização conseguiu se adaptar às mudanças da sociedade e antever necessidades para melhorar a atuação junto aos beneficiários dos editais. Um bom exemplo foi a rápida ação na pandemia de COVID-19.
Logo depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter decretado a pandemia, em março de 2020, o Fundo Baobá lançou o edital Doações Emergenciais, em parceria com a Ford Foundation.
Com dotação de R$ 870 mil, o edital foi direcionado às comunidades vulneráveis, mulheres, população negra, idosos, povos originários e comunidades tradicionais – ou seja, os mais impactados pela COVID-19. Ao todo, foram atendidas 215 pessoas e 135 organizações por esse edital.
Fazendo a diferença
Empreendedores negros e negras também não ficaram sem suporte. Fortemente impactatos pela pandemia, eles tiveram a chance de participar do edital Programa de Recuperação Econômica de Pequenos Negócios de Empreendedores Negros e Negras, lançado em novembro de 2020, com apoio do Instituto Coca-Cola Brasil, Instituto Votorantim e Banco BV.
Nesse caso, a dotação para o edital foi de R$1,6 milhão e alcançou 700 inscrições. Foram apoiadas 47 iniciativas, cada uma com 3 empreendimentos. Além do suporte financeiro, esses empreendedores tiveram acesso a uma mentoria para atualizar processos e conhecimentos de gestão a fim de tornarem seus negócios mais resilientes e competitivos.
Um ano depois, já em 2021, ainda sob os efeitos da pandemia, o Fundo Baobá lançou, junto com o Google.org, braço financeiro do Google, o edital Vidas Negras: Dignidade e Justiça. O objetivo foi dar impulso ao ativismo contra o racismo e as injustiças sociais e criminais.
O Google fez o aporte de R$1,2 milhão para a escolha de 12 organizações (cada uma recebeu R$100 mil ao longo de um ano) que tivessem projetos para combater a violência e as injustiças criminais no sistema jurídico brasileiro.
Perspectivas para o futuro
Até agora, o Fundo Baobá lançou 22 editais e apoiou 1.208 iniciativas que tiveram impacto direto em quase 3 mil pessoas. Neste ano de 2024, foi lançado um edital diferenciado, o Black STEM, que selecionou 5 alunos para receberem bolsas complementares para estudar no exterior, abrindo assim as portas de centros de ensino de outros países para estudantes negros brasileiros.
Além dos editais, foram realizados dois apoios estratégicos: o Projeto Saúde Mental Quilombola, e a Doação ao Fortalecimento Institucional da Associação Sociedade Protetora dos Desvalidos (SPD).
O objetivo para os próximos anos é expandir cada vez mais o diálogo com a sociedade, promovendo iniciativas que estimulem a igualdade de direitos e oportunidades, tornando a atuação do Fundo Baobá cada vez mais diferenciada e estratégica para a população negra do Brasil.
Para isso, o Fundo Baobá precisa alcançar mais organizações e pessoas, financiar mais pautas e mais discussões sobre o enfrentamento ao racismo. É com esse espírito que o Baobá, fundo patrimonial brasileiro, mobiliza recursos para apoiar ações de promoção da equidade racial no Brasil desde 2011, quando foi criado.
Da árvore ao fundo patrimonial
Baobá é uma árvore africana, considerada sagrada para os adeptos do candomblé. Um fruto dessa árvore, plantada na casa do abolicionista Joaquim Nabuco, em Recife, chegou às mãos de Giovanni Harvey, Diretor Executivo do fundo, em uma de suas visitas à capital de Pernambuco e também à casa de Nabuco.
De volta a São Paulo, ele levou o fruto para a sede do Baobá e, junto a equipe, plantou suas sementes. Esse ato foi um momento muito especial nessa comemoração dos 13 anos, pois essa árvore simboliza o trabalho de resistência e resiliência do Fundo Baobá.