Benfeitoria celebra 10 anos de filantropia com “café virtual” e participação do Fundo Baobá

No dia 28 de abril, a Benfeitoria completou 10 anos de existência. Para celebrar esse marco tão importante desta plataforma de financiamento coletivo, a organização realizou um evento virtual de 10 horas de duração, com diversos convidados do setor filantrópico, para dialogar, refletir, pensar e inspirar.

A “Benfeitoria 10 anos – A.Live” contou com as participações de Dorly Neto (Powernap), Monique Evelle (Inventivos), Michaell Zappa (Envisioning Institute), Dríade Aguiar (Midia Ninja), Fabio Szwarcwald (MAM RJ), além da diretora-executiva do Fundo Baobá para Equidade Racial, Selma Moreira, que participou de um bate-papo ao lado da presidente do GIFE e, também, presidente da Fundação Tide Setubal, Neca Setubal.

Intitulado “Café com Cuidado (Filantropia Regenerativa)”, o bate-papo entre ambas foi conduzido pela fundadora da Benfeitoria, Tatiana Leite, que apresentou o tema abordando uma metáfora de fácil compreensão: “Quando um barco está afundando, você precisa tirar a água urgentemente, mas você precisa também fechar o furo. Falando em doações, tudo que você faz na filantropia, principalmente neste momento trágico da sociedade que estamos vivendo, você precisa urgentemente tirar a água e olhar pra isso, mas a filantropia precisa ter também um papel de regenerar o sistema e consertar o furo”.

Selma Moreira, em sua fala inicial, ressaltou a importância do evento: “É importante estar aqui hoje, construindo a história, abrindo novas formas de comunicação e rompendo barreiras. Uma nova sociedade se faz encontrando conexões nos mais diversos universos, valorizando a pluralidade e diversidade que cada um traz”.

Para Neca Setubal, ainda estamos distantes da filantropia regenerativa, mas o contexto de pandemia trouxe novos atores para a causa, além da mídia que descortinou as desigualdades sociais mostrando que os movimentos de base contribuem para uma melhor ação filantrópica: “A gente também enquanto setor executor, também começou a dar um salto para olhar e apoiar organizações da base, que é um outro ganho, este olhar das organizações para as periferias, para as organizações de negros e negras, para as organizações periféricas. Ver o quanto de potências essas organizações têm, porque se não fossem por elas e por todas as outras que se criaram, não seria possível que todas essas doações de cestas básicas, cartões alimentação, chegassem às pessoas mais vulneráveis”.

Selma concordou com a fala de Neca e acredita ser esse o caminho: “A filantropia precisa dialogar a partir desse lugar: a comunidade”, entretanto, ela reconhece os desafios para realizar o trabalho em campo: “Não é uma tarefa simples, tem muito a ser feito. Sempre foi um item complexo buscar os recursos, entendendo o que é necessário para o campo, em contrapartida do que está sendo solicitado na matriz de metas dos financiadores. Agora a gente tem um pouco mais de abertura para a escuta, para entender o que e como o campo está demandando. É o campo que deve orientar a atuação da filantropia. Precisamos atuar e permitir essa construção, entendendo que não se trata de apoiados e de quem tem o recurso para apoiar. Quem vivencia aquele drama, talvez seja um dos melhores a contribuir para a busca de solução”. Completa.

Selma falou da trajetória do Fundo Baobá como um importante agente na desconstrução da cultura colonizadora e na promoção da equidade racial: “O Fundo Baobá foi criado como legado da Fundação Kellogg, que estava encerrando a sua operação aqui no Brasil. Mas foi o movimento negro que destacou o que diziam os dados: a população que estava com falta de acesso à educação, saúde e saneamento de qualidade era justamente a população negra, periférica, LGBTQI+, além das populações quilombolas e indígenas. Olharam pra isso e pensaram em construir uma solução. Convidaram ativistas, militantes do movimento negro, professores e pessoas que estavam trabalhando na filantropia com uma cultura antirracista, e todo mundo junto construiu o que hoje conhecemos como Fundo Baobá. A gente foi construído a partir de uma mentalidade que é da criação de um fundo patrimonial, que é dinheiro, é premissa de quem já vem com uma garantia de recurso, seja de família, de empresa, de alguma forma. Isso nos garantiu protagonismo.”

Para acompanhar o evento na íntegra, basta assistir o vídeo abaixo. O Café com Cuidado, com a participação de Selma Moreira e Neca Setubal, começa a partir de 2:28:30.

Sobre a Benfeitoria

Iniciando as atividades em 2011, a Benfeitoria foi uma ideia do casal Murilo Farah e Tatiana Leite, que se tornaria uma das maiores e mais completas plataformas de financiamento coletivo do país. 10 anos depois, o movimento começa a se naturalizar no dia a dia do brasileiro, principalmente com a urgência de diversas causas neste mais de um ano de pandemia. Desde 2011, mais de 3.500 campanhas foram viabilizadas por mais de 500 mil benfeitores, que superaram os R$135 milhões em doações, sendo R$81 milhões arrecadados só em 2020, através de 220 mil pessoas.

Fundo Baobá, Benfeitoria e Instituto Coca Cola Brasil e Movimento Coletivo foram parceiros no projeto Negras Potências que apoiou 13 iniciativas e soluções de impacto para o empoderamento de meninas e mulheres negras em território nacional, focados na redução das desigualdades raciais e sociais, contando com apoio de mais de  1.200 apoiadores benfeitores.

Além de todos esses trabalhos realizados, a Benfeitoria planejou diversos conteúdos, ferramentas e projetos, como o Rio +, a Universidade do Financiamento Coletivo e o Festival Reboot. Hoje ela conta com um time de 20 pessoas dedicadas em tempo integral à organização, além de contar com um reforço de mais de 140 Sócios Benfeitores.