Emoção marca aula inaugural do programa educacional Já É, lançado pelo Fundo Baobá para Equidade Racial

A emoção esteve presente o tempo todo na noite de quinta-feira (18 de março) quando o Fundo Baobá realizou a aula inaugural do programa Já É – Educação e Equidade Racial. O Já É tem como objetivo dar apoio a estudantes negros da periferia da cidade de São Paulo e de municípios da região metropolitana de São Paulo no que se refere ao acesso ao ensino superior, um dos grandes gargalos que afetam a juventude negra em seu desenvolvimento social. A aula inaugural do programa aconteceu no formato virtual por conta das medidas de distanciamento social adotadas durante o período da pandemia da Covid-19, que perdura desde março de 2020.

O programa Já É tem apoio de Citi Foundation, Demarest Advogados e Amadi Technology. As inscrições para fazer parte do programa aconteceram entre julho e agosto de 2020. As etapas classificatórias aconteceram entre setembro e novembro de 2020. O Já É selecionou 100 jovens entre 17 e 25 anos que vão receber bolsa para estudarem, durante 1 ano, no Cursinho da Poli. O programa foi todo planejado para que as aulas acontecessem em caráter presencial. Porém, com as medidas restritivas da pandemia, por enquanto, elas terão que ocorrer virtualmente. Para que as aulas possam acontecer dessa forma, cada aluna, aluno, alune recebeu um computador e um chip de acesso à internet, pois a maioria  não possui acesso a internet de banda larga em casa ou pacote de dados que permita acessar a plataforma de aulas, fazer pesquisas e outros detalhes que envolvam aprendizado. Quando as aulas voltarem  a acontecer presencialmente, os alunos selecionados vão receber auxílio alimentação e vale transporte. 

A aula inaugural teve participação de representantes das instituições apoiadoras do Já É, além de membros de órgãos de governança do Fundo Baobá e outros parceiros estratégicos. Pelos apoiadores estiveram presentes Fernando Granziera e Patricia Salles (Citi Brasil), Paulo Rocha e Karina Miranda (Demarest Advogados) e Agnes Karoline de Farias Castro (Amadi Technology). Pelo Fundo Baobá, estiveram presentes Giovanni Harvey (presidente do Conselho Deliberativo), Sueli Carneiro e Rebecca Reichmann Tavares (membros do Conselho Deliberativo), Maria do Socorro Guterres e  Lindivaldo Oliveira Leite Junior (membros da Assembleia Geral), Marco Antonio Fujihara (membro do Conselho Fiscal), além dos membros da equipe executiva. 

Fernando Granziera, líder de Produtos e Co Chair do grupo Blacks at Citi no Brasil, disse que a organização está focando nos projetos sociais. “O empoderamento da juventude negra é prioridade para o Citi. Acreditamos em vocês. Estamos investindo pesado em projetos sociais e esperamos que vocês possam, no futuro, ser nossos colaboradores. Parabéns”, comemorou Granziera.

Fernando Granziera, líder de Produtos e Co Chair do grupo Blacks at Citi no Brasil

Patricia Salles, analista sênior de documentação do Citi, comentou a importância de o Citi Brasil estar presente nesse projeto. “Abraçar a diversidade de pessoas e ideias é atuar com ética. Essa é nossa responsabilidade. Essa é a forma de nos aproximarmos de nossos funcionários, da comunidade e dos nossos clientes”, concluiu Salles que é a madrinha do Ja É no Citi Brasil.

Patricia Salles, analista sênior de documentação do Citi

Já Paulo Coelho da Rocha, do Demarest Advogados, pediu aos alunos muita força de propósito: “Todos acreditamos nos sonhos e ninguém, ninguém, deve desistir de nada. Eu sou um homem branco e isso implica em ter privilégios em nossa sociedade. Então, aproveitem muito essa oportunidade. Aproveitem muito as aulas”, disse.

Paulo Coelho da Rocha, Demarest Advogados

A personificação desse sonho no Demarest está na figura da advogada Karina Miranda, que trabalha com Contencioso Cível. A história dela é semelhante à dos alunos do Já É. “Há 10 anos eu estava no lugar de cada um de vocês. Meu sonho era estudar Direito na USP. Deu certo. Eu me formei na USP. Alcancei meu sonho. Então, dediquem-se! Entreguem-se!”, disse.

Karina Miranda, Demarest Advogados

Com Coelho da Rocha concorda Agnes Karoline, CEO da Amadi Technology. “Por conta de nossa sociedade desigual, o uso da tecnologia também é desigual entre as pessoas. Somos uma empresa, mas temos uma responsabilidade social grande. Vamos trazer um pouco do debate da tecnopolítica. A tecnologia não é neutra. Ela está nos campos da transformação social”, definiu Agnes Karoline. 

Agnes Karoline, CEO da Amadi Technology

O lançamento do Já É também marca o ano de comemoração dos 10 anos do Fundo Baobá. A diretora de programa, Fernanda Lopes, falou da importância do que aconteceu na noite de quinta (18). “Estamos plantando sementes. Transformando vidas. Mudando a história.  Somos parte dessa massa que conspira e provoca mudanças. E nem o distanciamento vai impedir a nossa força. Quando menos esperarem estaremos em mais lugares, seremos muitos e mais fortes. Muitas sementes de Baobá!”, disse. 

Fernanda Lopes, diretora de programa do Fundo Baobá para Equidade Racial

Giovanni Harvey, presidente do Conselho Deliberativo do Fundo Baobá, enalteceu a iniciativa. “Quero expressar o nosso agradecimento. Porque as iniciativas que o Baobá tem só são viáveis na medida em que possamos trazer parceiros que se tornem viáveis e qualifiquem essas iniciativas. Agradeço por terem se somado a essa iniciativa que busca atender um público prioritário para o Baobá, que é a juventude negra”, afirmou. 

Socorro Guterres, uma das fundadoras do Fundo Baobá e que faz parte da Assembleia Geral, falou da origem da organização. “É com prazer enorme que faço parte desse momento. Porque vejo nesse mosaico de tantas caras de jovens negros e negras, inúmeras perspectivas. Isso é extremamente significativo. Isso mostra que podemos apresentar aos jovens novos caminhos. Caminhos para construir a própria história. Já é possível sonhar. Já é possível esperançar. Já É!”, afirmou Socorro Guterres.

Socorro Guterres, fundadora e membro da assembleia geral do Fundo Baobá 

Thuane Nascimento, diretora executiva do Perifa Connection, destacou a importância do projeto e o histórico que a luta por acesso ao estudo têm no Brasil. “Essa iniciativa é um sopro de esperança. Porque, como diz a professora  de Direito Thula Pires, “vivemos em um mundo meritocrático. Então, vocês precisam estudar; Persistam! Façam o que tem que ser feito, que é estudar. Tenham em mente a luta que foi travada para que vocês estivessem aqui hoje. A luta pelas cotas, travada por pessoas como a Sueli Carneiro, que está aqui entre nós. Não fossem as cotas, eu não estaria aqui hoje”, disse. Thuane é aluna de Direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).  

Thuane Nascimento, diretora executiva do Perifa Connection

As falas dos estudantes foram pautadas pela emoção devido à busca por uma oportunidade como essa, que não estava acontecendo. Uma das falas mais simbólicas foi a da aluna Rubyanne Yasmine, que mostrando a sua filha, ainda um bebê, disse: “Estou aqui porque este é o símbolo da minha luta”.  Para a aluna Isabella Amaro,  o programa é uma espécie de reparo a algumas formas de opressão impostas ao povo negro.

Rubyanne Yasmine, aluna

“O processo escravocrata, o processo de eugenia e o processo de racialização que o Brasil sofre é muito forte na questão da coisificação dos negros. Nós fomos coisificados. Acabamos nos afastando um dos outros e de nós mesmos. Esse projeto é uma forma de reparação. Uma forma de fazer com que andemos juntos. É importante ter um irmão de luta ao lado, que vai saber o que sentimos e vai se identificar com a gente. As palavras para o Já É são humanidade e democratização”, afirmou Isabella Amaro.

Isabella Amaro, aluna

Para Selma Moreira, diretora-executiva do Fundo Baobá, a parte mais importante está na confiança que esses jovens tiveram no Baobá. “Olhando tudo o que a gente dialogou aqui, eu me sinto mais impelida a buscar novas oportunidades como essa. Ainda alcançamos pouco de tudo o que nos é devido. Queremos construir um mundo que seja mais equânime, um mundo mais justo. E é por isso que acordamos todos os dias. O dia de hoje foi lindo e deu mais sentido ao nosso trabalho”, disse.

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