Filantropia Comunitária e Racismo Ambiental no Brasil: Uma Perspectiva Integrada

A filantropia comunitária é um modelo que busca fortalecer e capacitar as comunidades locais para identificar suas próprias necessidades e buscar soluções sustentáveis. Nesse contexto, a filantropia não se restringe apenas à doação financeira. Ela está além disso: busca também o envolvimento ativo, o compartilhamento de conhecimentos e a colaboração dos indivíduos pertencentes àquela comunidade. A ideia é promover o desenvolvimento e a resiliência das comunidades, levando em consideração suas potencialidades e particularidades.

No Brasil, a filantropia comunitária ganha destaque em diversas iniciativas, como os fundos comunitários, que são criados e geridos pelas próprias comunidades para atender às demandas locais. Um exemplo é o Baobá – Fundo para Equidade Racial em seus quase 12 anos de atuação no apoio a iniciativas voltadas para o enfrentamento ao racismo.

A filantropia comunitária tem se constituído em forte mecanismo de ativismo e pressão contra o racismo ambiental, uma forma de discriminação que ocorre quando comunidades colocadas como racialmente minoritárias são desproporcionalmente afetadas por políticas e práticas ambientais prejudiciais. Isso pode se manifestar na localização de indústrias poluentes em áreas habitadas majoritariamente por pessoas negras, quilombolas e indígenas. Ou ainda pela especulação imobiliária, que empurra populações vulneráveis para áreas de maior risco ambiental e climático. De forma infeliz, o racismo ambiental persiste em várias regiões do Brasil, especialmente em áreas urbanas e periféricas densamente povoadas e em regiões industrializadas. Dados do MapBiomas mostram que de cada 100 hectares de favela, 15 foram construídos em áreas de risco. 

Os eventos climáticos extremos que o Brasil tem experimentado mostram os impactos cada vez mais severos, incluindo enchentes, deslizamentos de terra, secas e tempestades intensificadas. 

No que diz respeito às populações indígenas e quilombolas, a filantropia comunitária já  desempenha papel crucial. Essas comunidades enfrentam desafios políticos, socioeconômicos e ambientais significativos. Como a recente disputa sobre o marco temporal de territórios indígenas mostra, a violência latifundiária mantém um nível de violência institucional semelhante ao  dos séculos de colonialismo. O recente assassinato de mãe Bernardete, em área que passa por processo de desintrusão, na Bahia, é um triste lembrete disso e uma evidência contundente do risco embutido na posse de terras por grupos e populações racializados.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019, o Brasil tinha cerca de 896 mil indígenas e aproximadamente 5,9 mil comunidades quilombolas. A filantropia comunitária pode oferecer suporte a essas populações por meio do financiamento de projetos voltados para a segurança jurídica, a preservação cultural, a promoção da educação, o acesso à saúde e o desenvolvimento sustentável. Além disso, é fundamental que essas iniciativas sejam elaboradas e implementadas em parceria com as próprias comunidades, respeitando suas tradições e conhecimentos ancestrais.

Em resumo, a filantropia comunitária e o combate ao racismo ambiental são peças-chave na construção de um Brasil mais equitativo e sustentável, onde todas as comunidades tenham a oportunidade de prosperar e viver em um ambiente saudável e justo. Para que  saudabilidade e justiça alcancem maior número de pessoas, conhecer e apoiar organizações que trabalham com a filantropia, como o Baobá – Fundo para Equidade Racial, é fundamental. Conheça! Apoie! 

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