No Mês da Filantropia Que Transforma, Baobá faz live para discutir o impacto na filantropia negra

Transformando com Propósito: Medindo o Impacto na Filantropia Negra foi o tema discutido por quatro mulheres negras com vivência no ativismo social

 

O Fundo Baobá é um dos 16 fundos que compõem a Rede Comuá e,  de forma ativa, participou das atividades do Mês da Filantropia Que Transforma, que movimentou setembro. A Rede Comuá desenvolve trabalho cujo principal objetivo é a democratização do acesso a recursos que propiciem a transformação social de pessoas e também organizações. 

Para reforçar a campanha, o Fundo Baobá realizou a live Transformando com Propósito: Medindo o Impacto na Filantropia Negra. A discussão sobre o tema perpassou a questão da formação das irmandades negras, consideradas como o início da filantropia no Brasil, e chegou até a discussão sobre melhores práticas de avaliação e monitoramento nos dias atuais. 

Para discutir a questão foi formada uma mesa  com: Caroline Almeida, assistente executiva do Baobá – Fundo Para a Equidade Racial;  Eli Odara Theodoro, gestora de instituição de ensino fundamental e médio; e Lívia Guimarães,  especialista em gestão de projetos sociais. A mediação da conversa coube a Fernanda Lopes, diretora de Programa do Baobá desde 2019.

Caroline Almeida começou a conversa questionando a ideia de que há uma falta de capacidade nas organizações negras de base comunitária para planejar, fazer gestão e fazer prestação de contas. “Isso é um mito, sem sombra de dúvidas. Lógico que não podemos ser ingênuas de pensar que isso não é aquela tática repugnante de uma mentira dita mil vezes se tornar uma verdade. E essa repetição está nos esforços para que isso se torne uma quase verdade. As organizações sociais negras do país foram criadas no Século 19. Elas reuniam pessoas expostas a vários riscos e mazelas. Cumpriam um papel de promover um seguro social. O decreto legislativo de criação da Previdência Social é de 1923. Antes disso, um século antes, as  organizações sociais negras já faziam isso. É mito de que essas capacidades não existem. Elas estão ali. Precisamos olhar para essas capacidades e fazer esforços para ampliação dessas potencialidades que já estão no campo”, afirmou. 

As mudanças positivas e negativas pelas quais o mundo vem passando também provocam impacto na filantropia, a ponto de novos modelos de relação filantrópica estarem sendo criados e assumidos – tanto por quem faz a filantropia como por quem recebe os benefícios dela. Isso foi analisado por Lívia Guimarães: “É importante pensar uma nova filantropia. Uma filantropia não hegemônica. As práticas avaliativas podem ser grandes aliadas, pois os processos de avaliação estão sendo usados para poder implementar ações. Essas práticas estão dentro de um contexto de dar visibilidade ao uso transparente de recursos e vemos as práticas avaliativas como mecanismos de aprendizado institucional tanto para donatários quanto para as organizações doadoras. A avaliação participativa dialoga muito com essa filantropia que transforma, na medida em que ela se coloca como uma ferramenta contra- hegemônica, que busca a horizontalidade entre os pares, que tenta fazer frente a essa simetria de poder que há dentro do contexto do investimento social”, disse. 

Os diferentes ângulos pelos quais temos que analisar situações em que estamos envolvidos foram a tônica da participação de Eli Odara Theodoro. Coube a ela definir o papel das instituições filantrópicas como fomentadoras da transformação da realidade de associações, grupos e coletivos por elas beneficiados. Eli começou falando em afeto, pois segundo ela foi o afeto e dedicação oferecidos pelo Baobá – Fundo para Equidade Racial que propiciou a entrada da organização quilombola da qual ela faz parte (Associação Cultural de Agricultores Familiares das Comunidades Quilombolas de Santo Antônio e Vidal)  como donatária do edital Quilombolas em Defesa: Vidas, Direitos e Justiça. “Tivemos afeto. Porque tudo foi feito com muita paciência e com uma explicação muito bem detalhada. Essa assistência técnica que nós, como organização civil organizada, conseguimos agora, com um edital construído especificamente para a comunidade quilombola. Quando o Baobá nos envia eixos para que a gente se adeque ao que mais está dentro do nosso enfrentamento, isso demonstra um olhar de afeto para saber como nossa comunidade está e o que ela precisa naquele momento. Só oferecer o recurso não vai resolver o problema. Tem que ser dada a formação também”, afirmou.

Sintetizando o espírito da conversa que movimentou a live, fica o seguinte conceito sobre filantropia:  Filantropia Transformadora é a que capta as necessidades e expectativas do coletivo, identifica potencialidades, estimula e dá fortalecimento a essas potencialidades no sentido de chegar a soluções para problemas que cercam diferentes comunidades. .  

Assista a live “Transformando com Propósito: Medindo o Impacto na Filantropia Negra”: 

Saiba mais sobre as participantes: 

Caroline Almeida é graduada em Administração pela Universidade Federal da Bahia com atuação de 11  anos com organizações sociais.

 

Eli Odara Theodoro é gestora de instituição de ensino fundamental e médio, tecnóloga em teatro, produtora cultural, designer,  educadora e  mobilizadora social, poeta e extensionista em direitos humanos, educação quilombola, história da africa, cultura negra e o negro no Brasil,  licenciada em teatro pela Universidade Federal da Bahia.

 

Lívia Guimarães,  pedagoga de formação,  é especialista em gestão de projetos sociais, pesquisadora do Programa de Ciências Humanas e Sociais, e desenvolve pesquisa de doutorado no campo das teorias interseccionais, articulando as categorias raça, gênero e sexualidade.
Fernanda Lopes, diretora de Programa do Baobá desde 2019, compôs por 11 anos a equipe do Fundo de População das Nações Unidas, escritório Brasil. Fernanda é a responsável pela elaboração da teoria da mudança que orienta a implementação do Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco.

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