Fundo Baobá anuncia filiação ao GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas)

Por Wagner Prado

O Fundo Baobá para Equidade Racial anuncia sua filiação ao GIFE (Grupo de |Institutos, Fundações e Empresas), organização que congrega 160 associados, responsáveis pelo aporte de mais de R$ 5 bilhões em investimentos sociais no ano de 2020, por intermédio de projetos próprios ou projetos elaborados por terceiros. 

A importância de o Fundo Baobá fazer parte agora do grupo de organizações que estão sob o guarda-chuva do GIFE está no fato de poder trocar a experiência de seus 11 anos de atuação na promoção da equidade racial no Brasil, tendo investido em mais de 900 iniciativas negras em todo território brasileiro. 

O diretor executivo do Fundo Baobá para Equidade Racial, Giovanni Harvey, e o secretário-geral do GIFE, Cassio França, falam sobre as expectativas da chegada do Fundo Baobá ao GIFE. 

O que significa para o Fundo Baobá essa entrada no GIFE? 

Giovanni Harvey O Fundo Baobá se relaciona com o investimento social privado desde a sua fundação e, neste contexto, já mantinha um certo grau de proximidade e interação com o GIFE, que teve incidência direta durante o processo de elaboração do nosso plano estratégico, em 2017. A decisão pela associação formal foi amadurecida ao longo dos últimos anos e nós tivemos o entendimento de que este era o momento oportuno, sobretudo pela dimensão que a agenda da Equidade Racial alcançou no GIFE. O aumento do endowment do Fundo Baobá, o reconhecimento da nossa expertise na realização dos editais e os resultados que a instituição vem alcançando, ampliaram as nossas responsabilidades, tanto junto à Rede de Fundos para a Justiça Social (RFJS) quanto em relação ao GIFE. O nosso propósito é contribuir, fortalecer, trocar e aprender com as pessoas e as instituições que construíram o GIFE e fizeram dele a principal referência quando se fala em investimento social privado no Brasil.

Para o GIFE, o que significa ter o Fundo Baobá em seu portfólio de associados? 

Cassio FrançaA chegada do Fundo Baobá dialoga com a nossa intenção de o GIFE ser, cada vez mais, plural e abrangente.  A pluralidade e diversidade que o GIFE busca tem a intencionalidade de contribuir para decolonizar a filantropia e o investimento social privado no país. Ter uma organização como o Fundo Baobá entre os associados, cuja finalidade é a justiça social e racial, certamente influenciará positivamente todo o campo rumo ao desenho e execução de estratégias de enfrentamento ao racismo, às desigualdades e à antidemocracia. 

No que o GIFE vai contribuir para estender a expertise que o Baobá acumula em 11 anos de trabalho com a filantropia para equidade racial?

Giovanni HarveyComeçar a participar, de forma orgânica, do dia a dia do GIFE já representa um ganho para o Fundo Baobá, pela intensidade das trocas e pela possibilidade da nossa instituição incidir no rumo dos debates internos que subsidiam o processo de tomada de decisões. A decisão pela associação foi tomada sem ressalvas. A  relação com o GIFE é um livro com páginas não escritas. E elas serão escritas em conjunto. O que posso dizer, neste momento, é que o Fundo Baobá tem a expectativa de que a participação no GIFE contribua para a melhoria contínua dos seus processos e permita, através da troca de experiências com os demais associados, aumentar a efetividade e o impacto das doações que a instituição realiza com o intuito de fortalecer as iniciativas lideradas por pessoas e organizações do movimento negro,  que se dedicam a enfrentar o racismo e promover a equidade racial no Brasil.

Quando agregamos alguém ou algo ao nosso cotidiano, olhamos também o que aquele novo elemento pode nos trazer. O que o Fundo Baobá pode trazer para o GIFE? 

Cassio FrançaA expectativa é muito positiva no que diz respeito ao avanço e aprofundamento de temas estratégicos e emergências no campo do investimento social privado e da filantropia, como a filantropia colaborativa, o apoio a organizações da sociedade civil e, sobretudo, a promoção da equidade racial. Esses são temas de nossa agenda e que dialogam diretamente com o trabalho realizado pelo Fundo Baobá e, por isso, acreditamos que a presença do Baobá  enriquecerá ainda mais os debates, especialmente em nossas redes temáticas. 

Quais serão os primeiros passos dessa associação? 

Giovanni HarveyNós começamos a participar das instâncias decisórias formais. Estamos contribuindo na formulação de diretrizes nos temas nos quais temos expertise e assumindo responsabilidades e tarefas afetas à agenda institucional, incluindo debates internos e organização de eventos. Estamos aprendendo bastante e tendo oportunidades de troca com os demais associados.

Cassio França – A associação do Fundo Baobá chega em um momento propício para que os assuntos ao redor do plano estratégico do GIFE ganhem mais potência. 

Existe algo que você queira comentar e não foi abordado aqui?  

Giovanni Harvey O tema das relações raciais e o enfrentamento ao racismo estrutural são os eixos que orientam a atuação do Fundo Baobá. Nós temos o entendimento de que, atuando de forma orgânica e propositiva, nós poderemos ampliar a presença destes temas no contexto dos demais temas que mobilizam a filantropia no Brasil, numa via de mão dupla que também nos fará assumir responsabilidades institucionais no sentido de fortalecer outras agendas que, somadas às nossas causas, são fundamentais para o aperfeiçoamento da democracia no Brasil.

Cassio FrançaO fortalecimento da democracia está no centro do plano estratégico do GIFE para 2022. Traduzimos, para este período, o fortalecimento da democracia em três grandes eixos: enfrentamento às desigualdades estruturais; promoção da equidade racial e fortalecimento da sociedade civil. Isso significa que, ao longo deste ano, estaremos promovendo mais discussões, produzindo conteúdo e incentivando nossos associados a desenvolver ações que fortalecem a democracia. 

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