Mentoria foi exercida por colaboradores da MetLife, apoiadora do Fundo Baobá na iniciativa do programa
Por Wagner Prado
Um dia de celebração. Essa foi a tônica do encontro que reuniu na tarde de segunda-feira (27/02) estudantes do Programa Já É com suas mentoras e mentores. O Programa, que está em seu segundo ano de realização, é uma iniciativa do Fundo Baobá para Equidade Racial com apoio da MetLife Foundation. O Já É foi iniciado em 2021 com o suporte de outros parceiros. O trabalho de mentoria individual começou em setembro de 2022 e foi todo feito por colaboradores e colaboradoras da MetLife, que se voluntariaram para dar um direcionamento sócio-educacional aos estudantes.
O objetivo é aumentar as chances dos estudantes do ensino médio afro-brasileiro de ter acesso ao ensino superior e conseguir melhores oportunidades de emprego. Essa proposta integra a estratégia de sustentabilidade do Programa Já É para fornecer até 50 bolsas de estudo de um curso preparatório para o vestibular.vestibular..
O encontro na sede da MetLife Brasil, no Brooklin Novo (zona sudoeste de São Paulo), foi pautado por muita emoção. Jovens do Já É e seus mentores e mentoras não se conheciam pessoalmente. Os encontros entre eles aconteceram todos de forma virtual. Cada sessão tinha duração de 1 hora e poderia ser quinzenal ou mensal, dependendo do acordo estabelecido entre mentores e mentorados. As conversas foram pautadas por temas como: ingresso no mercado de trabalho, habilidades socioemocionais e de comportamento, carreira e projeto de vida. Isso fez com que a aproximação entre eles se fizesse grande.
Um dos muitos casos de grande empatia ocorreu entre o gerente de treinamento Marcelo Fares e a estudante Flavia Martins de Santana. “Ela me trouxe experiência de vida, mesmo eu tendo 55 anos e ela bem menos. Quando a mentoria começa, a gente pensa que só vai ofertar. Mas é impossível entrar em uma sala de aula e não sair com um conhecimento novo”, afirmou Fares. O mentor fez questão de reiterar algo que já havia reforçado para a mentorada nos encontros: “Se ela tiver foco, vai voar longe. Algumas coisas do paralelo a gente tem que deixar de lado para colocar os sonhos em prática”, afirmou o mentor.
A estudante Thauany Aniceto de Souza, 27 anos, está cursando Enfermagem nas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). Antes da chegada ao prédio da MetLife, sua expectativa era por conhecer seu mentor, Alvaro Lucas Gondim. Thauany é mãe-solo de uma menina. Segundo ela, desde o início do contato, Alvaro mostrou-se compreensivo e entendedor das preocupações que a cercavam. “Sou preocupada com o meu futuro e com o da minha filha. Sei que o futuro dela será outro quando eu concluir um curso superior. Quero mostrar que é possível. Preciso estudar e trabalhar por mim e pela minha filha”, disse. Alvaro Gondim procurou definir a conexão entre ele e Thauany. “Ao certo, não sei dizer. Foi algo emotivo. Senti que eu precisava estar mais próximo dela. Eu não passei pelas mesmas coisas que ela passou e passa. mas consegui ouvir muito dela. Daí, passou a ser uma relação facilmente construída”, afirmou Gondim.
Edna Alcântara, colaboradora da MetLife há 17 anos, fez sua primeira incursão na área de mentoria a partir da proposta apresentada pelo Fundo Baobá. Formada em Turismo, ela tem seu próprio histórico com relação à chegada ao curso superior. Somente após 10 anos da conclusão do Ensino Médio foi que ela decidiu cursar uma faculdade. “Minha família tinha poucos recursos e estudo. Eu sabia que não podia perpetuar aquilo. Fui fazer Turismo na Universidade de Santo Amaro (Unisa)”, afirmou. Edna fez a mentoria de Karina Leal de Souza, aprovada em 2022 para o curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP). “Gostei dela por conta de ter ido buscar um curso superior dez anos após ter feito o Ensino Médio. Senti que tinha o que aprender com ela”, disse Karina.
A gerente de Comunicação Interna e Responsabilidade Social da MetLife Brasil, Thais Catucci, fez questão de salientar que o futuro das e dos estudantes do Já É poderia estar ligado à empresa para além do Programa. “Nosso papel aqui é olhar para as oportunidades internas e ver se ocorre o fit (encaixe), colocando alguns desses estudantes para trabalhar com a gente”, disse. Dirigindo-se em específico aos colaboradores presentes e que faziam parte do departamento dos Recursos Humanos, Thais Catucci foi enfática: “Peço ao nosso setor de RH que fique atento!”
O dia foi tão especial que também celebrou duas novas conquistas. Com a divulgação das notas do Sistema de Seleção Unificada (SISU), os estudantes Isabella Alcantara, 19 anos, e Eduardo Souza comemoraram, respectivamente, suas entradas no curso de Psicologia da Universidade Estadual Paulista (UNESP) e Educação Física na Universidade de São Paulo (USP). A conquista de Isabella e Eduardo reafirma o que foi dito pela diretora de Programa do Fundo Baobá, Fernanda Lopes: “Cada vez que a gente se movimenta, a gente se transforma”. O Programa Já É é uma forma de promover o desenvolvimento, o movimento das pessoas e sua transformação.