Aliança entre Fundos: Conheça a iniciativa inédita no campo da filantropia do sul global

Por Vinícius Vieira

No dia 26 de agosto, aconteceu o evento virtual que discutiu os “Impactos da COVID-19 e a filantropia para a justiça social no Brasil”, que também marcou o lançamento da Aliança Entre Fundos, uma iniciativa surgida a partir da mobilização comunitária pela justiça racial, social e ambiental, propondo um novo modo de atuação no ecossistema da filantropia no Brasil: a filantropia colaborativa para a justiça social.

Integram esta iniciativa inédita o Fundo Baobá para Equidade Racial, o Fundo Brasil Direitos Humanos e o Fundo Casa Socioambiental. Juntos, os três Fundos irão fazer um aporte inicial de R$ 2,5 milhões, distribuídos em diferentes editais. A grande novidade é o modo de atuação no ecossistema da filantropia no Brasil. Esta é a primeira vez que três Fundos se reúnem para promover o maior aporte de recursos diretos para os povos indígenas e as comunidades quilombolas mais vulnerabilizadas pela pandemia.

O Fundo Baobá, que celebra dez anos de atividades em 2021, é o primeiro e único Fundo no país dedicado à promoção da equidade racial. A organização realizou no ano de 2020, cinco editais inseridos no contexto da Covid-19, entre eles o “Apoio Emergencial para Ações de Prevenção ao Coronavírus”, que apoiou 350 projetos (215 de indivíduos e 135 de organizações) de comunidades vulneráveis, mulheres, população negra, idosos, povos originários e comunidades tradicionais. Acerca das comunidades quilombolas, este edital apoiou 17 iniciativas de organizações quilombolas e 16 projetos de pessoas que moram em quilombos. 

O Fundo Brasil Direitos Humanos é uma fundação independente e sem fins lucrativos, formada no ano de 2006 e que atua promovendo o respeito aos direitos humanos no país, criando mecanismos sustentáveis, inovadores e efetivos para fortalecer organizações da sociedade civil e para desenvolver a filantropia de justiça social. No dia 8 de abril, a organização lançou o edital “Fundo de Apoio Emergencial: Covid-19”, que atendeu 271 pedidos de organizações, grupos e coletivos que atuaram no enfrentamento às consequências da pandemia junto às suas comunidades.

O Fundo Casa Socioambiental é uma organização que atua desde 2005 e busca promover a conservação e a sustentabilidade ambiental, a democracia, o respeito aos direitos socioambientais e a justiça social por meio do apoio financeiro e fortalecimento de capacidades de iniciativas da sociedade civil na América do Sul. As suas ações voltadas para o combate da Covid-19 resultou em uma série de parcerias, principalmente em defesa dos povos indígenas, diante do contexto pandêmico, como a campanha do “Fundo de Emergência da Amazônia”, que foi criada justamente para canalizar fundos diretamente para as comunidades indígenas que enfrentam o novo coronavírus na floresta amazônica.

A Iniciativa da Aliança entre Fundos foi impulsionada pelo reconhecimento da atuação e do protagonismo dos povos indígenas, da população quilombola e das organizações de base comunitária diante da pandemia da COVID-19. Antes individualmente e agora unidos, os Fundos atuam na construção de convocatórias para o apoio a ações de grupos, organizações e/ou indivíduos que visem enfrentar os impactos da pandemia.

Selma Moreira, diretora-executiva do Fundo Baobá para Equidade Racial, salienta a importância da aliança inédita entre os três Fundos, ao atender diretamente as comunidades mais vulneráveis: “Decidimos nos voltar para essas comunidades de povos tradicionais, que têm mais dificuldade para acessar esse tipo de recurso. E também resolvemos trabalhar juntos nessa operação por causa da pandemia. Há muitos recursos, mas também muita disputa por eles”.

Selma Moreira, diretora-executiva do Fundo Baobá para Equidade Racial

“A luta por direitos é coletiva e, portanto, incentivar e viabilizar o trabalho em rede no campo dos direitos humanos é uma estratégia central na atuação do Fundo Brasil”, diz Allyne Andrade, superintendente adjunta do Fundo Brasil de Direitos Humanos. “Por isso, faz muito sentido para nós que as fundações criem metodologias de apoio conjunto às organizações e grupos ativistas. Essa é uma parceria que fortalece todas e todos nós.”

Allyne Andrade, superintendente adjunta do Fundo Brasil de Direitos Humanos

Já a fundadora e diretora de desenvolvimento estratégico do Fundo Casa Socioambiental Maria Amália Souza, afirma que a organização nasceu e sempre funcionou a partir de alianças, parcerias e uma enorme rede de confiança. “Para atuar em territórios complexos e levar recursos para as mãos dos verdadeiros guardiões planetários, é preciso trabalhar junto. Portanto, a Aliança entre Fundos é uma realização importantíssima, pois viabiliza uma coordenação ímpar no campo da filantropia para a justiça social, onde trabalharemos de forma coordenada para ampliar nosso impacto coletivo na sociedade como um todo”.

Maria Amália Souza, fundadora e diretora de desenvolvimento estratégico do Fundo Casa Socioambiental

Os editais de cada uma das instituições que compõem a Aliança Entre Fundos, serão lançados em Setembro.

 

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