Alunos adolescentes do Instituto Oportunidade Brasil (IOB) lançam no Espírito Santo livro com relatos de suas experiências com o racismo

Um jovem negro de nome Justyce sofre uma abordagem policial no momento em que ajudava sua ex-namorada, que estava embriagada, a voltar para casa. Os policiais suspeitam que o rapaz iria cometer algum ato criminoso contra a moça. Justyce é tratado com crueldade pelos policiais. Nenhum de seus direitos como cidadão é respeitado. A sua palavra é negada. O fato o revolta. Para se livrar do trauma, ele decide escrever cartas para Martin Luther King Jr, o grande ícone da luta pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. O principal questionamento de Justyce ao pastor King era sobre o que ele, King, faria se sofresse aquele tipo de violência racial. 

O enredo acima, similar ao que acontece com jovens pretos no Brasil,  é a base do livro Cartas para Martin (veja aqui a resenha), da escritora norte-americana Nic Stone, 38 anos, publicado em 2017. Ele foi utilizado pelos alunos do Instituto Oportunidade Brasil (IOB), de Vitória, no Espírito Santo, na oficina Clube da Leitura. A proposta dada a eles, todos oriundos da periferia de Vitória, foi que se colocassem no lugar de Justyce, fizessem uma análise da realidade que vivem, principalmente a da questão racial, e colocassem no papel as suas impressões. Dos participantes da oficina, dez tiveram os trabalhos escolhidos. Seus textos acabaram se transformando no livro Relatos de Reexistência, lançado na noite de 13 de maio de 2024. 

Relatos de Reexistência é resultado da proposta apresentada pelo Instituto Oportunidade Brasil para o edital Educação em Tecnologia, do Baobá – Fundo para Equidade Racial. O edital, lançado em maio de 2023, foi a primeira parceria entre o Fundo e o MOVER – Movimento pela Equidade Racial. Ele apoiou organizações e empresas negras que têm como objetivo contribuir, por intermédio de processos de formação educacional, com o aumento da capacidade de pessoas negras se inserirem no mercado de trabalho na área tecnológica ou dentro de suas aptidões. 

O trabalho de construção do livro a partir dos depoimentos escritos em cartas pelos alunos foi coordenado por Juliana Ferrari, doutora em Educação. Seu objetivo era estimular o gosto pela leitura, aprimorar a escrita e desenvolver o pensamento crítico, fundamental para fazer a análise sobre a sociedade em que vivemos. 

Para a fundadora e presidente do IOB, Veronica Lopes, mestre em Administração pela Fucape, a importância do livro está na sua representatividade como peça de resistência. “Estamos em um local (o Espírito Santo) em que não há muito espaço para esse tipo de literatura. É uma vitória ter um livro escrito por jovens negros falando justamente sobre a resistência”, afirma. 

Veronica Jesus. presidente e fundadora do IOB (Instituto Oportunidade Brasil)

Veronica Jesus. presidente e fundadora do IOB (Instituto Oportunidade Brasil)

Relatos de Reexistência teve tiragem inicial de 100 exemplares. A aquisição pode ser feita pelo instagram do Instituto Oportunidade Brasil ao preço de R$ 45,00. 

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