Diretoras do Fundo Baobá participam de lives sobre justiça social e fortalecimento de redes territoriais

A diretora-executiva do Fundo Baobá para Equidade Racial, Selma Moreira, participou de uma live organizada pelo Citi Brasil e mediada por Andréia Abreu, analista sênior de Projetos e Processos e líder da frente de comunidades – um grupo de afinidade do Citi Brasil voltado para comunidade negra e que tem como objetivo trabalhar as pautas sobre racismo estrutural, concientização da população não negra, além de apoiar a equipe de gestão do Citi nos esforços de recrutamento, bem como o desenvolvimento e retenção dos colaboradores negros. Gabriela Graci e Patrícia Salles, responsáveis por Operações e Comercial Card do Citi, além de madrinhas do Programa Já É – Educação Para Equidade Racial, edital lançado pelo Fundo Baobá e financiado pela Citi Foundation, também integraram a conversa, realizada em 9 de outubro.

Gabriela Graci perguntou sobre a ausência de negros em cargos de chefia. “A educação é apontada como um caminho para construção de uma sociedade melhor e mais inclusiva. Mesmo assim, muitas pesquisas apontam que mesmo negros com qualificação profissional ainda possuem salários menores no mercado formal, como podemos evoluir neste cenário?”, indagou. Para Selma,  esse cenário é reflexo do racismo estrutural. “Há muito o que se fazer, estamos dando ‘passinhos curtos’, mas têm passinhos sendo dados. Não há como pensar o desenvolvimento de uma sociedade e da inclusão sem dialogar a educação, sendo ela de qualidade e inclusiva para todos. O Fundo Baobá promove a equidade racial, e quando falamos sobre equidade, estamos falando de justiça, e não sobre como encontrar novos caminhos mágicos”. 

Segundo a diretora-executiva, promover a equidade racial é uma missão de todos. “O racismo estrutural afeta a nossa constituição e a sociedade, mas, mesmo assim, tem muita gente que diz que não fez parte disso, você pode não ter feito parte objetiva do problema, mas você pode fazer parte da solução, isso que é mais importante. Esse diálogo que estamos fazendo aqui se trata de mover essa forma de pensar, para que a gente construa pontes fortes e conectadas, para pensar em caminhos para o Brasil que permita o desenvolvimento de todas as pessoas de forma igual”. Finaliza.

https://www.youtube.com/watch?v=N5_wfpjbk_0&feature=youtu.be 

Vinte dias depois, foi a vez da diretora de programa do Fundo Baobá, Fernanda Lopes, participar da live Semear Ação da Juventudes, uma iniciativa do Centro de Promoção da Saúde (CEDAPS Brasil), em parceria com o programa Jovens Construtores. O bate-papo abordou ações de promoção de saúde, equidade e fortalecimento de redes territoriais no combate à Covid-19. Quem mediou a conversa foi o assessor de projetos do Jovens Construtores, Hugo Sabino. Além da Fernanda Lopes, participaram membros do programa Jovens Construtores que tiveram as suas iniciativas apoiadas pelo Fundo Baobá no edital de Doações Emergenciais no combate à Covid-19, entre eles: Thalyta Cunha, Juliano Pereira, Pâmella Santos, além de Diego Nóbrega que não pode participar do evento ao vivo, mas enviou um vídeo.

Com a mesa virtual aberta para o bate-papo, Thalyta Cunha, da região de Del Castilho (RJ),  falou da sua iniciativa apoiada, que consistiu na impressão do material pedagógico para as crianças que estavam sem aula, devido à pandemia: “Pensou-se em deixar as crianças em casa, em desenvolver atividades pedagógicas e aulas online, sendo que a gente mora em um país no qual uma entre cada quatro pessoas não têm acesso à internet, isso são 46 milhões de brasileiros, em um país de 209 milhões de habitantes, é muita gente que não tem acesso a informação, e foi pensando em tudo isso que eu tive a ideia de fazer a impressão do material pedagógico, enviado pela Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, juntamente com a distribuição de kit lanche para essas crianças”. Com o fechamento das escolas, outro problema foi identificado por Thalyta: “As crianças continuaram na rua, sem camisa, descalço e soltando pipa, eu vi crianças brincando na lixeira, foi um trabalho de formiguinha ter que explicar tudo isso, que além da Covid-19 tinha a leptospirose, dengue e muitas outras doenças”. Para Thalyta, o engajamento de uma mãe da comunidade, foi primordial para a divulgação da sua atividade: “Eu não fiz flyer e nem panfletos, a divulgação foi boca a boca, chamei uma das mães, que conhece todo mundo da comunidade, sendo super ativa e engajada, e eu contei do projeto pra ela e pedi segredo, por ser poucas vagas, no dia seguinte tinha mais de 20 pessoas batendo na minha porta”.

Para a jovem, foi gratificante a realização dessa ação: “Eu ouvi relatos de pessoas que estavam gastando cerca de cinquenta reais, imprimindo material da prefeitura e eles disponibilizavam material semanalmente, uma família com cinco crianças não consegue dar conta desse gasto. Eu me senti extremamente abençoada em ver as crianças estudando e ver os agradecimentos dos responsáveis.”

Thalyta reforça a importância de projetos como estes, na construção de uma sociedade melhor: “Eu sou fruto de um projeto assim, e hoje eu me vejo como uma ferramenta, para que essas pessoas passem pela mesma evolução que eu passei”.

Diego Nóbrega, da Cidade de Deus (RJ), trabalhou a comunicação como ferramenta no combate ao coronavírus e principalmente na conscientização dos moradores da comunidade. “O que me incentivou a realizar esse projeto é que o pessoal continuou com aglomerações, barzinhos e festas, colocando a vida de muita gente em risco. Diante disso, coloquei um carro de som para rodar na comunidade durante cinco dias, pedindo para o pessoal se conscientizar e sair de casa somente se fosse necessário. Fiz banners e coloquei nos pontos mais vistos da nossa comunidade. Além disso, foram distribuídas 20 cestas básicas e kits de higiene para 20 famílias mais vulneráveis da nossa comunidade.” Afirma Diego, que realizou um trabalho de pesquisa para saber quais áreas do território necessitavam de mais atenção: “Fui para o lugar mais caótico da comunidade, onde o pessoal mais necessitava, fiz uma pesquisa e dali eu tirei as 20 famílias e fiz a distribuição das cestas básicas e kit higiene”. Para a realização da ação, o jovem estabeleceu parcerias, como, por exemplo, com o CEDAPS, que auxiliou na compra das cestas básicas. “Me senti completamente realizado por estar fazendo algo pela minha comunidade, realmente as pessoas precisavam muito de ajuda”, finaliza Diego 

Trabalhar a comunicação na comunidade também foi o projeto da Pâmella Santos, da região da Pavuna (RJ). Ela e o irmão colocaram uma caixa de perguntas em frente ao portão de casa. “Sob a caixa tinha um cartaz que questionava qual era dúvida deles sobre a doença, e em pouco tempo nós recebemos muitas perguntas. Foram feitos panfletos, com as perguntas que os moradores fizeram e hoje em dia eles ainda estão circulando”. Assim como Diego, Pamella também realizou um trabalho de pesquisa, mapeamento e monitoramento de uma comunidade carente, para realizar entrega de kits de higiene para os moradores: “Eu e mais quatro jovens mapeamos uma comunidade muito vulnerável, dentro do Complexo da Pedreira, que tinha esgoto a céu aberto, e levamos kits de higiene. Mesmo usando máscara, era nítida a felicidade no olhar em receber algo que eles não tinham condições de comprar.”

Para Pamella, havia uma mistura de sentimentos, ao mesmo tempo que existia a alegria de fazer o bem a quem necessita, havia a insatisfação com o poder público diante daquela situação: “A nossa ação coletiva foi muito importante, considerando que político nenhum tinha entrado naquela favelinha, nós fomos os únicos a entrar para levar um pouco de esperança e dignidade para aquelas pessoas”, diz a jovem que relembra que foi alertada por uma moradora, que a atitude dela, e dos jovens que a acompanhava, era de muita coragem, considerando o ambiente vulnerável que eles se encontravam, principalmente em meio à uma pandemia. 

Ainda em sua fala, Pamella ressaltou a importância da ação realizada em rede e de estabelecer parcerias e trabalhar em comunidade: “Somos um fruto daquilo que despertamos em nós mesmos e sabemos que não estamos sozinhos, e não é preciso ser super herói para fazer algo, é preciso buscar ativamente ser uma luz em um mundo cheio de sombras. Aquilo que a gente faz, é aquilo que a gente é, seres de enorme valor, basta apenas a gente escolher a nossa causa pessoal, aquilo que ressoa em nosso coração e na nossa cabeça, para agir. Nós somos a rede, nós somos a referência”.

Fernanda Lopes, explicou sobre a missão e as prioridades do Fundo Baobá para Equidade Racial,  sobre o que foi o edital, teceu comentários sobre cada uma das exposições, e reiterou que são iniciativas como essas que movem o trabalho do Fundo Baobá. “No ano que vem, o Fundo Baobá completa dez anos e eu espero que essa iniciativa que mobilizou cinco participantes do Jovens Construtores possa mobilizar muitos outros jovens para estar conosco”, finalizou.  

Veja a live completa aqui: 

https://www.youtube.com/watch?v=hSD5BvCB7V0&feature=youtu.be 

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