No dia 2 de dezembro, o GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas) promoveu de forma virtual o seu 11o Congresso. Reunindo as associações que promovem ações de investimento social no Brasil, o tema do evento foi “Investimento para a Equidade Racial”.

Entre os palestrantes, estava a diretora executiva do Fundo Baobá para Equidade Racial, Selma Moreira. Além de Selma, participaram da roda expositiva Allyne Andrade, superintendente adjunta do Fundo Brasil de Direitos Humanos; Daniel Teixeira, diretor de projetos do Ceert (Centro de Estudos das Relações do Trabalho e Desigualdades);  Helio Santos, diretor-presidente do IBD (Instituto Brasileiro da Diversidade); Marcia Lima, coordenadora do Afro-Cebrap (Centro Brasileiro de Pesquisa e Planejamento); Marcus Casaes, da Associação de Jovens Empreendedores da Bahia; Raull Santiago, do Coletivo Papo Reto; Sheila de Carvalho, da Uneafro e do Instituto Referência Negra Peregrum e  Thiago Amparo, professor da FGV Direito. A mediação coube a Adriana Barbosa, CEO do Instituto Feira Preta.

11º Congresso GIFE

 O congresso contou com três mesas de exposição e a pergunta era única: “Quais são os desafios colocados para o fim do racismo e pela busca por equidade racial em todas as esferas da sociedade brasileira?” 

A diretora executiva do Fundo Baobá, Selma Moreira, foi ao ponto: “Falta vontade efetiva de transformação da parte de todos os entes da nossa sociedade. Em todas as esferas da sociedade: pública, privada e acadêmica. O Movimento Negro está, há muito tempo, apontando caminhos e soluções; indicando como se deve direcionar os investimentos, processos de gestão e, ainda assim, a gente vive fazendo a mesma pergunta. Será que é por falta de resposta ou é por falta efetiva de ação? Temos uma sociedade formada de múltiplas camadas. Esse é um ponto fundamental para dialogar com essa temática.”

Complementando seu raciocínio, Selma Moreira, fez uma análise sobre o que ocorre no mundo corporativo: “Enquanto não tivermos conselhos de empresas e executivos com esse mandato, o de atuar para a promoção da equidade racial, vamos seguir trabalhando de uma maneira muito singela no que se refere à promoção da equidade racial no País”.

Helio Santos, dialogando com o pensamento de Selma Moreira, colocou o dedo na ferida. “Temos que compreender que a sociedade brasileira é doente. A equidade racial é a terapia regeneradora que nossa sociedade não tem. Temos que pensar políticas que acabem com essa sangria dos jovens negros. Nessas três horas de congresso, seis jovens negros morrerão”, disse o ex-presidente do Conselho Deliberativo do Fundo Baobá e atual presidente do IBD (Instituto Brasileiro da Diversidade). 

A questão da invisibilidade que foi imposta à população negra desde a escravidão e que vem permeando a história da formação da sociedade brasileira foi o foco da fala de Sheila de Carvalho, da Uneafro e do Instituto Referência Negra Peregrum. Para ela, as dificuldades atuais têm que ser vencidas pelo diálogo e pelo posicionamento. “Fomos privados do diálogo e da construção de políticas públicas. Por mais que tenhamos um espaço maior agora, ainda há dificuldade de enxergar, de dialogar e dificuldade de trazer essas organizações e movimentos para a mesa dos debates. O racismo só vai ser combatido com ações práticas”, afirmou. 

Reafirmando que as entidades que já lutam contra o racismo e as que pretendem se engajar nessa luta devem começar promovendo mudanças em suas próprias estruturas, o professor Thiago Amparo, da FGV Direito, denuncia que o básico para a mudança da realidade do racismo no Brasil está sendo mal feito. “Trazer mais pessoas negras para as mesas de discussão é o básico do básico em um país que tem mais de 50% de população negra. Precisamos quebrar as fragilidades da branquitude sobre a questão racial. Muitas vezes os brancos vêm para um diálogo para escutar, escutar e escutar. Mas o momento é de mover estruturas. Mover estruturas que os próprios brancos criaram”, disse. 

Abaixo o link da íntegra do 11o Congresso GIFE, disponível no Youtube:

 

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