Fundo Baobá, B3 Social e Pacto de Promoção da Equidade Racial discutem a importância do investimento social privado no combate ao racismo

A importância do Investimento Social Privado para o apoio a ações que promovam a equidade racial, o combate ao racismo e a geração de oportunidades. Esse foi o foco de um debate que juntou o Baobá – Fundo para Equidade Racial, a B3 Social e o Pacto de Promoção da Equidade Racial. O encontro ocorreu na Arena B3, no centro histórico da capital paulista.

Mas o que é o Investimento Social Privado, conhecido pela sigla ISP, e tão importante para gerar impacto social positivo? As empresas fazem a alocação de recursos financeiros, humanos e materiais em projetos e programas que abordam questões sociais, ambientais, culturais e educacionais. Um exemplo dessa prática é a parceria firmada entre B3 Social e Fundo Baobá para apoiar pessoas negras a cursarem graduação ou pós-graduação no Brasil e no exterior. Em 2023, a B3 Social vai disponibilizar R$ 1,25 milhão para o Fundo e o projeto terá duração de cinco anos. O debate buscou induzir boas práticas de mercado sobre esta temática, além de apresentar dados e informações sobre iniciativas já realizadas.

A Diretora de Programa do Fundo Baobá, Fernanda Lopes, em sua fala de abertura do evento, destacou a questão da desigualdade que é vista em todos os cantos do Brasil e fez um chamamento para a ação. “Precisamos reconhecer as raízes da desigualdade e intervir nessas raízes para que as oportunidades sejam justas, para que o desenvolvimento seja pleno individualmente, socialmente, economicamente, culturalmente, ambientalmente e politicamente”, disse. 

O debate foi composto de três painéis. O primeiro, sobre Equidade Racial e Justiça Social – Uma Abordagem sobre o Papel do Investimento Social Privado, foi mediado por Thais Nascimento, Coordenadora de Fomentos e Inovação do GIFE – Grupo de Institutos, Fundações e Empresas, e teve instigantes análises de duas figuras de peso do movimento negro: o administrador e professor Helio  Santos e o diretor executivo do Fundo Baobá, Giovanni Harvey. O segundo, abordando Dados sobre Investimento Social Privado e Equidade Racial no Brasil, foi moderado por Bruno Gomes, Assistente de investimento social da B3 Social, e teve como debatedores Cassio França, Secretário Geral do GIFE, Gibson Trindade, Gerente Executivo do Pacto e Paula Fabiani, CEO do IDIS, Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social. O último painel, sobre Melhores Práticas de Investimento Social Privado para Equidade Racial, foi moderado por Felipe Groba, Gerente de Projetos do IDIS, e contou com com intervenções de Carlos Domingues, Gerente de Cultura da Pepsico Brasil, Fabiana Prianti, Gerente da B3 Social e Eduardo Alves, sócio de Financial Services da PWC. 

O painel que contou com Giovanni Harvey e Helio Santos foi quente. Ambos compartilham posições contundentes sobre a questão do combate ao racismo no país e sobre como as empresas devem se posicionar com relação a suas doações para o investimento social privado. Para Harvey, as empresas não devem entrar nesse tema considerando estar reinventando a roda. Muita coisa já aconteceu e olhar o passado pode trazer muitos aprendizados. “É necessário ver o que o investimento social privado já fez no passado, saber o motivo de várias iniciativas que foram discutidas não terem alcançado os resultados que pretendiam alcançar. É preciso aprender com os erros cometidos”, disse Giovanni. 

O professor Helio Santos, um dos fundadores do Fundo Baobá, corroborou o que foi dito por Fernanda Lopes: “Não há nada mais estratégico, não há nada mais sustentável do que você pensar em transformar a economia a partir das suas maiorias. Isso é intuitivo”, disse.  Porém, ressaltou Santos, para se falar em equidade racial e em justiça social é necessário se falar em diversidade. Segundo ele, diversidade é uma coisa biológica. “A diversidade diz respeito à multiplicidade de seres vivos que habitam determinado ecossistema. E quando essa cadeia é desconsiderada, é desvalorizada, ocorrem adoecimentos. É assim que uma lagoa apodrece, um rio fenece, uma floresta se desajusta. Ou seja: diversidade é saúde. Se transferirmos isso para o campo das sociedades humanas, também ocorrem adoecimentos. Uma organização adoece, um país adoece. A diversidade rejuvenesce e fortalece”, afirmou. 

Diversidade, atualmente, é algo que traz complementaridade e produz muita sinergia entre pessoas. Apostar nela é apostar em um futuro equânime. Para isso, é necessário ter atenção para as transformações que acontecem no agora. E a sociedade tem se transformado e continuará em transformação. Com relação a isso, Giovanni Harvey fez um alerta. “O Investimento Social Privado já fez muito, mas temos que viver a experiência de compartilhamento de poder e superar a ilusão de que pessoas brancas, por mais bem intencionadas que sejam, serão a referência dessa transformação. O setor empresarial sabe fazer. Não precisa inventar nada. A empresa privada, quando quer fazer, faz”, afirmou.

 

Imagens / Créditos: Michele Albuquerque

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