Fundo Baobá reúne institutos e fundações para debater filantropia para justiça social

O Fundo Baobá para Equidade Racial completa dez anos de atividades em 2021 – nesses longos meses de pandemia do coronavírus no Brasil -, quando as desigualdades socioeconômicas e raciais não deixaram dúvidas sobre seus impactos e perversidade. O cenário no qual o Fundo Baobá incide tornou-se mais severo, exigindo um olhar sobre o presente e sobre o futuro. 

Para discutir motivos e apontar caminhos de solução visando uma mudança nas desigualdades raciais, o Fundo Baobá reuniu algumas das principais lideranças mundiais que trabalham com a filantropia em busca da justiça social. O evento inédito e de peso, organizado pelo J.P. Morgan e pelo Fundo Baobá,  juntou profissionais atuantes na América do Sul e Estados Unidos em um webinário no dia 28 de outubro. Em um país como o Brasil, que carrega a discrepância de ter 55,8% de população negra, mas sem acesso aos bens e serviços em função do racismo estrutural mantenedor das desigualdades sociais e econômicas, a discussão sobre onde realmente os recursos devem chegar para socorrer e gerar a diferença positiva foi de muita importância. 

Para essa pensata, foram convidados algumas das mais expressivas instituições, além de organizações não filantrópicas, comprometidas em contribuir para a construção de sociedades mais justas e igualitárias.  Líderes da Fundação Kellogg, Fundação Ford, Instituto Ibirapitanga, Rede de Fundos para Justiça Social, GIFE (Grupo de Institutos Fundações e Empresas), Instituto Coca-Cola Brasil, The Walt Disney Company, Fama Investimentos e o Philantropy Center J.P. Morgan participaram do webinário Investimentos Filantrópicos para a promoção da equidade racial, promovido pelo Fundo Baobá com apoio do J.P. Morgan. 

Quem conduziu o evento, ocorrido em 28 de outubro, foi Fernanda Lopes, diretora de Programa do Fundo Baobá para Equidade Racial. Em sua fala introdutória, apontou a necessidade de criar narrativas que contribuíssem para a equidade, reduzindo o apartheid vigente no país – em que os negros, embora maioria da população, muitas vezes deixam de ter  suas vozes, seus direitos e protagonismo reconhecidos. “O investimento social privado pode e deve incorporar a perspectiva da justiça racial na concessão de doações. A proposta é pautar, desafiar e, sobretudo, estimular o ambiente corporativo a construir ações inovadoras e concretas para superar o verdadeiro estado de apartheid racial no Brasil.”, disse Fernanda Lopes.  

Segundo a diretora, a abordagem da equidade racial na filantropia tem sido a mistura de avanços e retrocessos. “É essencial examinar onde houve mais e menos avanço, o que contribuiu e o que pode nos ter tirado do caminho”, completou. O objetivo do webinário foi criar uma narrativa sobre como a filantropia e o investimento social privado se desenvolveram no país, qual a história dos principais investimentos e as iniciativas para a promoção da equidade racial. 

Na fala de abertura, Daniel Darahem, presidente do J.P. Morgan Brasil, destacou que nunca é tarde para pensar e promover a equidade. Explicou alguns dos projetos desenvolvidos pelo banco, voltados a jovens negros, como o de formação de lideranças.  “Trabalho há 23 anos nessa organização, mas como presidente estou há menos tempo, peguei a bandeira magistralmente empunhada pelo meu antecessor, eterno amigo e mentor, José Berenguer, que fez excelente trabalho na área de diversidade e inclusão.”

Daniel Darahem – Presidente do J.P. Morgan Brasil

Para ele, séculos de mobilização de movimentos negros geraram conquistas, com muitos desafios e dificuldades. “E como há milhares de talentos que precisam ser incluídos, o banco optou por se engajar com intencionalidade e consistência em um  propósito de busca da equidade, criando vários programas de inclusão ao longo dos anos.” 

Alguns deles são o Advancing Black Leaders, programa global do banco para a formação de lideranças negras e o Black Future Leaders, voltado para  formar, aqui no Brasil,  líderes a partir de jovens negros em início de carreira. A cada dez inscritos, sete são mulheres negras. Por intermédio da J.P. Morgan Chase Foundation, o banco passou a colocar a equidade racial como um de seus focos. “Tivemos erros e acertos. Foram pequenos passos que nos ajudaram a trilhar o caminho certo. O evento de hoje é oportunidade de aprendizado para todos nós.”

Para  Giovanni Harvey, presidente do Conselho Deliberativo do Fundo Baobá, o mês da consciência negra marca uma agenda intensa de atividades antirracistas promovidas pelas organizações. O papel da iniciativa privada tem sido pioneiro nesse sentido e deve continuar sendo. 

“Parte da minha vida profissional passei na iniciativa privada que, no Brasil, tem sido pioneira ao longo do tempo. Eram e são empresas que têm entendimento e responsabilidade com a educação e formação de jovens, como a Fundação BankBoston, que criou o Projeto Geração XXI, em 1999,  para contribuir com a melhoria da educação de jovens negros, garantindo a igualdade de oportunidades“, afirmou. Harvey aproveitou para felicitar o J.P. Morgan e as demais instituições presentes pelo empenho em criar ações em prol da equidade racial e por dedicarem seu tempo a essa discussão. 

Giovanni Harvey – Presidente do Conselho Deliberativo do Fundo Baobá

O evento contou com quatro mesas, cada uma com três participantes, exceto a quarta, de encerramento, que contou com a presença de Laura Martini Zellmeister, oficial de programa da J.P. Morgan Chase Foundation para a América Latina, e Selma Moreira, diretora-executiva do Fundo Baobá para Equidade Racial. Confira aqui no site do Fundo Baobá o relato dos outros debates.

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