No Dia Mundial da Justiça, organizações lembram da importância da filantropia

Erradicar a pobreza. Promover a dignidade no trabalho. Promover a igualdade de gêneros, o bem-estar social e a justiça. Essas premissas da Organização das Nações Unidas (ONU) deram origem ao Dia Mundial da Justiça Social, celebrado em 20 de fevereiro. Ideia e iniciativa excelentes. Porém, se pensarmos em termos de Brasil, a Justiça Social tem sido praticada? Que caminhos podem levar ao ideal da Justiça Social? 

Um dos caminhos apontados por Graciela Hopstein, coordenadora executiva da Rede de Filantropia para a Justiça Social, é o das doações. A Rede de Filantropia para a Justiça Social é uma organização que  reúne fundos, fundações comunitárias e organizações doadoras (grantmakers) que apoiam  iniciativas nas áreas de justiça social, direitos humanos e cidadania. 

 “A filantropia pode ser mais eficiente se voltada para a doação de recursos para a sociedade civil. Essa é uma forma de fortalecer grupos que estão na ponta dos processos”, disse. Fortalecer grupos de ponta significa fazer com que o dinheiro de doações alcance ONGs e OSs que trabalham diretamente com populações afetadas pelas várias mazelas que acometem a sociedade.

Graciela Hopstein, coordenadora executiva da Rede de Filantropia para a Justiça Social

O Fundo Baobá para Equidade Racial é uma das organizações membro da Rede de Filantropia para Justiça Social e dirige suas ações para a busca por justiça social para a população negra. Elas são balizadas por quatro eixos programáticos: 

 Viver com dignidade – é a busca constante por saúde e qualidade de vida. E o conceito de qualidade de vida não está relacionado apenas à questão do bem-estar físico. É necessário que se dê apoio a quem sofre as mais diferentes formas de violência, sendo algumas das principais a violência racial e a violência religiosa. A proteção às comunidades quilombolas em seus direitos também está embaixo desse chapéu.

 Educação – que incentiva ações de enfrentamento ao racismo institucional no ambiente escolar da educação infantil ao ensino superior; projetos de vida e ampliação de capacidades socioemocionais entre adolescentes e jovens; formação de altos quadros. 

Desenvolvimento econômico – é o apoio a projetos e iniciativas para formação para o mundo do trabalho; empreendedorismo e promoção da diversidade racial nas empresas;

Comunicação e memória – apoio a projetos e iniciativas de valorização e difusão de bens culturais materiais e simbólicos (produção artística – música, dança, canto, literatura, etc.; práticas culturais tradicionais e inovadoras); mídia negra.

Por intermédio de seus editais, o Fundo Baobá tem contribuído para a promoção de ações que alcançam gente que está na ponta dos processos. Os editais feitos em 2020 são os seguintes: 

1 – Edital Apoio Emergencial para Ações de Prevenção ao Coronavírus

2 – Qual a sua ideia para ajudar pessoas em situação de risco? – Fundo Baobá e Desabafo Social

3 – Doações Emergenciais – Edital Para Primeira Infância do Contexto da pandemia da Covid-19

4 – Já É: Educação para Equidade Racial

5 – Chamada Para Artigos – Filantropia para Promoção da Equidade Racial no Brasil no Contexto Pós-pandemia da Covid-19

6 – Programa de Recuperação Econômica de Pequenos Negócios de Empreendedores(as) Negros(as).

Editais lançados em 2020

Graciela Hopstein indica que, para se fazer Justiça Social, é necessário ter cabeça bem arejada e olhar voltado para diferentes iniciativas. Quem doa não pode partir de pré julgamentos ou ter, previamente, um  perfil ideal de quem deve receber uma doação. “A verba pode não ter sido direcionada a uma grande organização, mas esta tem que ter uma grande capacidade de catapultar o projeto que vai transformar a realidade dos que serão atingidos por ele”, afirma. 

“Há muito o que se fazer. Estamos dando passinhos curtos, mas tem passinhos sendo dados. Não há como pensar o desenvolvimento de uma sociedade e das práticas de  inclusão sem dialogar a educação, sendo ela de qualidade e inclusiva para todos. O Fundo Baobá promove a equidade racial, e quando falamos sobre equidade estamos falando de justiça, e não sobre como encontrar novos caminhos mágicos”, destacou Selma Moreira, diretora executiva do Fundo Baobá, em sua fala sobre Justiça Social durante evento virtual realizado pela Citi Foundation em outubro de 2020.

Completando seu pensamento, Selma Moreira coloca algo que tem que ser atitude comum entre  pessoas que almejam uma sociedade justa e equalitária. “O racismo estrutural afeta a nossa constituição e a sociedade. Mas, mesmo assim, tem muita gente que diz que não fez parte disso. Você pode não ter feito parte objetiva do problema, mas você pode fazer parte da solução, isso é mais importante. Esse diálogo que estamos fazendo trata de mover essa forma de pensar, para que a gente construa pontes fortes e conectadas, para pensar em caminhos para o Brasil que permitam o desenvolvimento de todas as pessoas de forma igual”, finaliza.

Graciela Hopstein aponta que a busca por Justiça Social necessita de um pouco da ousadia de todos. “Temos que ampliar nossos horizontes.  O capitalismo tem um olhar de captura do novo que nós, no campo social,  precisamos incorporar. Ter esse olhar de “captura”, no sentido de estarmos atentos à inovação, é fundamental se quisermos caminhar para uma sociedade mais justa. É necessário ousar para transformar e ter igualdade”, disse.

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