Programa  “Recuperação Econômica de Pequenos Negócios”: Dois anos depois, donatários e donatárias falam de suas conquistas 

Coletivo Pretá, de Pernambuco e ConectAfro, do Paraná, foram organizações selecionadas e falam aqui sobre vitórias e transformações

Por Wagner Prado

Em junho de 2020, momento em que crescia a pandemia da Covid-19 no Brasil, o Fundo Baobá para Equidade Racial lançou um olhar sobre questões cruciais que estavam envolvendo o empreendedorismo negro no país. Era necessário promover uma ação que pudesse dar a esses empreendedores e empreendedoras negras o incentivo necessário para que pudessem tocar seus negócios e influenciar o meio-ambiente em que estavam localizados. Em parceria com a The Coca-Cola Foundation, o Instituto Coca-Cola Brasil, o Banco BV e o Instituto Votorantim foi lançado o Programa de Recuperação Econômica de Pequenos Negócios de  Empreendedores Negros e Negras, que destinou R$ 30 mil para cada uma das 46 iniciativas selecionadas. As iniciativas tinham que ser formadas por 3 (três) emprendedimentos negros que atuassem em um mesmo territorio. Cada um recebeu R$ 10 mil. 

O edital Programa de Recuperação Econômica de Pequenos Negócios de Empreendedores Negros e Negras, assim como todos os outros elaborados pelo Fundo Baobá, não se caracterizou por apenas transferir o recurso para os donatários. O objetivo foi além disso. O que se buscou foi a construção de uma trajetória de conhecimento para que empreendedores e empreendedoras pudessem melhorar a gestão de seus negócios, a divulgação de seus produtos e, a médio e longo prazos, aumentar seu faturamento. 

O Programa está completando dois anos desde seu lançamento em 2020. O aporte financeiro foi de R$1,6 milhão. As iniciativas selecionadas foram 46, com 137 pessoas que empreendem beneficiadas. 

Durante a realização do edital, alguns números foram levantados: 46 iniciativas e 137 empreendedores(as) foram impactados diretamente; 3020 pessoas ligadas às comunidades dos empreendimentos foram impactadas indiretamente; 77% das iniciativas estavam concentradas nas periferias e 88% dos empreendedores afirmaram utilizar parte do recurso para aquisição de equipamentos eletrônicos para participação nas atividades virtuais do programa e para as vendas. 

Dois desses empreendimentos foram procurados para uma conversa. O objetivo foi saber das transformações que experimentaram no período da pandemia, que dificultou o estabelecimento de negócios em vários setores. Como esses negócios e seus administradores estão agora? 

A primeira organização procurada foi o Coletivo Pretá, do estado de Pernambuco, uma associação entre Johne Roberto de Souza Santos (que empreende na gastronomia com um restaurante delivey),  Maria Izadora Silva Sousa (que produz pães de diversos tipos, geleias e compotas a partir de fermentação natural) e  Taylla Alves Gomes (fotógrafa que atua com design e vídeos). Johne falou pelo grupo. “O apoio recebido do Fundo Baobá foi muito bom para nós todos. Tivemos muita instrução e o apoio financeiro foi de suma importância. Minha empresa vai fazer dois anos e consegui abrir um espaço físico, mas ainda enfrento alguns problemas por conta da crise econômica, que é real”, afirma o empreendedor. 

Johne Roberto Santos -Coletivo Pretá

Johne Roberto Santos coloca as mentorias feitas pelo Fa.Vela, parceiro implementador do Baobá na jornada formativa, como essenciais para o seu desenvolvimento pessoal. “As mentorias me edificaram. Consigo desempenhar todas as funções dentro do meu negócio. Minha expectativa futura é analisar todos os déficits que estão fazendo a crise econômica ficar cada vez mais difícil, e conquistar um público que pague o nosso trabalho da maneira que ele vale”, afirma.  Johne,  do Coletivo Pretá,  fez questão de lembrar o momento que mudou sua trajetória no empreendedorismo. “Eu soube do edital pelo Google. Minhas parceiras não acreditaram a princípio, porque um benefício para um empreendimento negro e do interior do sertão, tendo mulheres gays, era quase que uma utopia. Mas nós insistimos e conseguimos”, diz. 

A segunda organização foi a ConectAfro, do estado do Paraná, que juntou em parceria Carolina de Fatima Monteiro, Olenka Borba dos Santos e Roberta Kisy Lourenço. A ConectAfro é uma plataforma digital com o objetivo de ampliar a visibilidade de empreendedores visando a geração de renda entre profissionais negros e negras. Carolina Monteiro fala sobre o atual momento da plataforma. “Estamos buscando uma reestruturação para o ConectAfro, que é um projeto lançado em parceria com o meu coletivo. Mas poder iniciar um novo empreendimento, sem sombra de dúvidas,  foi o passo mais importante que demos. Contudo, descobrimos também que empreender não é fácil. Por esse motivo estamos reprojetando nossa ConectAfro”, afirma. 

Carolina Lopes Monteiro – ConectAfro

Para Olenka Borba dos Santos, o aprendizado que recebeu foi a principal ferramenta para enxergar e empreender de forma mais assertiva. “A principal transformação pela qual passei foi ter adquirido conhecimento sobre gestão do negócio e  finanças. A mentoria que tivemos foi incrivelmente útil”, diz.

Olenka Borba dos Santos – ConectAfro

Roberta Kisy Lourenço define a importância do edital Programa de Recuperação Econômica de Pequenos Negócios de  Empreendedores Negros e Negras para as três. “É a primeira vez que o nosso projeto é contemplado. A transformação foi de acreditar. Veio uma força. Uma fé maior. Acreditar no projeto, que é de inovação e voltado para um público bem nichado, que é o afroempreendedor. Então, isso nos deu um gás. Uma vontade de continuar”, relata. 

Roberta Kisy Lourenço – ConectAfro

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