Como os jovens fizeram para driblar o atípico ano de 2020 para alcançar suas metas

Uma geração que cresceu incentivada a ter carteira de trabalho muito jovem vem enfrentando desde 2015 uma profunda crise em suas rendas, mas viu em 2020 o cenário se agravar pela crise sanitária. São Paulo, cidade que é referência nacional em empregos, têm seus jovens empurrados para o desemprego ou informalidade. Com a pandemia da Covid-19 e o fechamento de escolas e cursos, os estudos também ficaram comprometidos.

O coronavírus chegou de forma avassaladora e fez com que milhões de pessoas perdessem os seus empregos. Esse foi o caso de Karine Lopes dos Santos, 21, e moradora da Vila Brasilina, que até o início de 2020 trabalhava na empresa Clearsale Antifraude e se viu na busca por emprego em um dos piores momentos do mercado nos últimos anos. “Foi bastante complicado, porque as empresas estavam demitindo mais que contratando. A gente manda e-mail e não tem resposta, fazia entrevista e não tinha resposta”, desabafa.

Os jovens são os mais afetados pela crise. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada pelo IBGE pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNAD, no terceiro trimestre de 2020 a taxa de desemprego no país era de 14%, mas entre os jovens de 18 a 24 anos esse número mais que dobrou, chegando a 31%. Essa é a maior taxa de desemprego desde que os indicadores começaram a ser medidos em 2012.

O desemprego é historicamente maior entre os jovens, e muitos já vinham enfrentando dificuldades para conseguir entrar no mercado de trabalho. Além dessa dificuldade, outro fato que os jovens observam são os setores que contratam. Segundo a moradora da Vila das Belezas, Ana Julia Melo de Lucas, 18, o mercado de telemarketing segue como um dos poucos que contrata jovens com pouca ou nenhuma experiência.

“Estou em busca do primeiro emprego, o que mais me desanimou nessa busca são os empregos oferecidos para primeira oportunidade. Só oferecem cargos de telemarketing. Isso é muito errado, não deve ser o único setor que abre portas. Tantas vagas deveriam ser abertas para essa primeira oportunidade em outros setores. Ninguém nasce sabendo, precisamos de oportunidade para ter experiência”, diz

Ana Julia Melo de Lucas, 18 anos

Julia também observa que, por conta da pandemia, viu ainda o mercado de telemarketing se inchar de pessoas com experiências anteriores e que perderam seus empregos e cita como problema a questão salarial da função: “Também é muito ruim a pessoa trabalhar o dia inteiro para ganhar mil e pouco, um salário.” O setor de telemarketing cresceu 67% em 2020, segundo relatório do Linkedin.

Todos esses jovens mantinham a rotina de busca de emprego e estudos, mas Joyce Cristina Nogueira, 20, fez um movimento contrário. Após algum tempo fora do mercado, trabalhou como personal shopper na empresa de delivery Rappi, porém decidiu pedir demissão para  focar apenas nos estudos. “Antes eu trabalhava e estudava, mas tinha problema em focar nos estudos, cansaço por conta do trabalho  não conseguia me dedicar a nenhum”, relata.

Joyce Cristina Nogueira, 20 anos

João Pedro Araújo da Silva, 23, mora no Grajaú, onde de vez em quando trabalha com a sua mãe, Margarida Araújo, no brechó que ela tem na comunidade. Por conta da pandemia, o jovem passou a buscar emprego apenas de forma online. “Eu tenho buscado emprego, mas a pandemia dificultou demais e entreguei muito currículo pela internet. Tem uns sites muito bons, tipo o infojob, vagas, linkedin, mas ainda não rolou.”

João Pedro Araújo da Silva, 23 anos

Além das dificuldades na busca por emprego, Karine, Julia, Joyce e João também enfrentaram problemas com os estudos. Em uma realidade em que muitos cursos foram interrompidos e as aulas remotas apresentaram problemas.

Surgiu então para os esses jovens o edital Já É do Fundo Baobá como um grande impulsionador rumo ao sonho da graduação. “Depois que eu vi o meu nome na lista de selecionados no Baobá eu fiquei bem esperançosa e feliz”, comenta Karine.

O Programa Já É dará uma bolsa de estudos em um curso pré-vestibular e custeará as despesas dos jovens contemplados, além de oferecer outras atividades psicossociais e de mentoria com uma pegada antirracista. Um grande passo para ajudar na formação desses jovens e assim ampliar as suas chances no mercado de trabalho.

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