Por Ingrid Ferreira
O Programa Já É: Educação e Equidade Racial que está no seu segundo ano de execução, para além de prover bolsa de estudos em curso pré-vestibular, também proporciona acompanhamento psicológico e atividades focadas no aprimoramento de habilidades socioemocionais e comportamentais em sessões coletivas e individuais entre pessoas participantes.
Segundo o Ipea: “A população negra corresponde a apenas 32% dos habitantes com nível superior, ao passo que somente 9,3% dos negros completaram esse nível educacional (versus 22,9% da população branca, com 25 anos ou mais)”. Por isso, estudantes que foram aprovades e iniciaram a universidade em 2022, seguem integrando o programa.
Como afirma Ellen Piedade, coordenadora do time de mentores do Já É: “Temos como propósito combater o racismo, por meio de capacitação de alta qualidade e estímulo ao desenvolvimento de habilidades socioemocionais em pessoas negras. Especificamente na mentoria para estudantes, atuamos a partir de uma metodologia afrocentrada, que oferece ferramentas para lidar com o desafio pré-universitário e universitário”. Ellen é Gestora de Políticas Públicas pela Universidade Cândido Mendes e bacharel em Ciências Políticas pela Universidade de Brasília. Ela e o time de mentores falam mais sobre o trabalho que realizam com estudantes apoiados pelo Baobá na matéria “Programa Já É: Mentoria contribui para fortalecer potencialidades”.
As evidências das desigualdades na permanência de pessoas negras e pessoas brancas na universidade são nítidas, por essa razão o Fundo Baobá realiza um apoio mais integral aos estudantes negres participantes do Já É. “Esforços de fortalecimento da auto estima, auto gestão, planejamento, aprendizagem reversa (aprendendo com os erros) faz-se crucial, sabemos que no futuro próximo estes jovens poderão se converter em importantes agentes de transformação social, poderão ocupar espaços que a estrutura social racista insiste em exclui-les. Este pensamento estratégico de investir no presente para mudar o futuro sempre dialoga com as diretrizes do movimento negro”, explica Fernanda Lopes Diretora de Programa. E ela continua, “para além desses esforços contamos ainda com funcionários da Metlife Brasil que atuam como mentores voluntários. Elas e eles compartilham suas experiências de vida, carreira, formação, fazendo com que o grupo de estudantes, no contato com realidades e experiências diversas, também possa se inspirar no delineamento de seus projetos de vida”.
A estudante Alice Silva Gomes, ao nos contar sobre a mentoria individual com colaborador da Metlife, explica que: “A mentoria foi muito boa para reflexão e conhecimento sobre a vida e mercado de trabalho”. E ao ser questionada a respeito das mudanças que ela tem experimentado em sua vida associando com as habilidades que adquiriu nos encontros do Black Coach, Método Abayomi de mentorias coletivas, a afirmação foi a seguinte: “Está me ajudando a organizar melhor o tempo e me adaptar a minha rotina, fazendo o que é possível dentro da minha realidade”.
Se organizar para fazer tudo o que é necessário dentro do tempo que se tem disponível é sempre um grande desafio. Neste contexto, a estudante Ana Cláudia Rocha de Souza afirma que: “A questão da gestão do tempo está me ajudando bastante, principalmente na faculdade e no trabalho”. Ana Claudia está cursando Psicologia, na Universidade São Judas Tadeu.
João Gabriel Ribeiro, que ingressou no curso de Pedagogia, na mesma universidade que Ana Claudia, ao ser questionado a respeito das mudanças que observou em sua vida a partir das mentorias, conta que: “Tem me ajudado muito com as habilidades socioemocionais que o mercado tem exigido, além de saber me impor, enquanto profissional negro, diante das situações de racismo velado no meu trabalho ou na faculdade, as quais eu nem sempre conseguia perceber.”
Para o Fundo Baobá o Programa Já É e os investimentos em educação são mais uma oportunidade para desenhar novas perspectivas de futuro no presente, enfrentar os efeitos psicossociais do racismo e contribuir para o desenvolvimento de pessoas negras.