Fundo Baobá e Éditodos fazem parceria para impulsionar empreendedores negros

O que vai acontecer com a economia e as finanças pessoais após a pandemia é uma das principais preocupações mundiais. No caso do Brasil, estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) mostra que a recessão provocada pela Covid-19 vai marcar esta década como a pior em termos de crescimento da economia nacional. As projeções mais atualizadas para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) nacional deste ano mostram que o crescimento médio deve ficar próximo a zero. O Fundo Monetário Internacional (FMI) é ainda mais pessimista e prevê um índice negativo. 


Quando esses dados são analisados , os números são ainda mais impactantes – já que pretos e pardos são os que têm os vínculos empregatícios mais precários e informais. Dados do IBGE de 2018 revelam que, mesmo representando 55,8% , os negros são maioria entre os desempregados (64%) e entre os subutilizados (66,1%). Em 2019, a renda mensal equivalia a 55,8% da recebida pelos brancos.


Diante desse cenário e das perspectivas econômicas, o Fundo Baobá para Equidade Racial e a coalizão Éditodos se uniram para desenvolver o Programa de Emergências Econômicas para apoio financeiro a nano e microempreendedores das comunidades, favelas e periferias. O objetivo é arrecadar R$ 1 milhão apoiar 500 empreendedores com até R$ 2 mil – recurso que pode ser destinado a criar um fluxo mínimo de caixa para manter o negócio. Vale lembrar que empreendedorismo é um dos temas que integra o eixo Desenvolvimento Econômico, uma das prioridades de investimento do Fundo Baobá.

João Souza, fundador da ONG Fa.vela, um dos integrantes da Coalizão, diz que a iniciativa é extremamente importante porque, além de ser uma operação com um Fundo Filantrópico com recorte racial, será uma oportunidade de aprendizado. “O Baobá tem uma experiência sólida na gestão desse tipo de fundo e uma trajetória importante no apoio a projetos para negros e, especialmente, para mulheres. Portanto, é uma maneira de fortalecer nosso ecossistema.”

João Souza, fundador da ONG Fa.vela (Foto: Rodolfo Rizzo)


Ele explica que o foco do programa criado é a construção de caminhos emergenciais para a fase pós pandemia. “Sabemos que a maioria desses empreendedores não têm acesso, via poder público ou iniciativa privada, a formas de investimento. E, quando têm, estão sujeitos às dificuldades de conseguir crédito e às altas taxas de juros”, completa. 

Para agravar a situação, João fala que há ainda uma parcela que não consegue linhas de crédito e pode então recorrer a empréstimos ilegais. “Por isso, o programa se apresenta como um investimento assistido e uma oportunidade para passar por tudo isso com menos impacto.”

A expectativa é de que o programa beneficie pessoas negras que empreendem e que já tenham participado de outros projetos com, ao menos uma das organizações  que compõem a Coalizão Éditodos.

Mercado potente – Pesquisa realizada pelo Sebrae em 2018, a “Global Entrepreneurship Monitor (GEM)” revela que 40,2% das micro e pequenas empresas no Brasil são comandadas por negros. Quando o assunto é o faturamento, na faixa acima de R$ 36 mil estão 7,7% de empreendedores negros e 13,6% de brancos.

Giovanni Harvey, fundador da Incubadora Afro Brasileira e presidente do Conselho Deliberativo do Fundo Baobá, confirma que as pessoas negras que empreendem são, em qualquer circunstância, líderes com capacidade de influenciar a cadeia de valor dos seus negócios e exercem influência sobre o ambiente social no qual estão inseridos.

“As pessoas negras que empreendem têm contribuído há séculos para mudar a realidade do nosso país, nas mais variadas dimensões da vida política, econômica, religiosa, social, esportiva e cultural. A contribuição não está associada ao tamanho dos seus negócios pois, diga-se de passagem, não existem ‘pequenos (as) empreendedores negros (as)’, existem empreendedores negros (as) que lideram negócios de pequeno porte.”

Segundo ele, é possível afirmar que “os empreendimentos liderados por pessoas negras geram resultados (objetivos e subjetivos) e impactos (mensuráveis e não mensuráveis) que já contribuem para mudar a realidade do entorno onde atuam”.

Conheça a Coalizão Éditodos

O Éditodos é uma aliança, criada em 2017, entre seis organizações: Instituto Feira Preta, Associação Vale do Dendê, FA.VELA, Afrobusiness Brasil, Instituto Afro Latinas e Associação Agência Solano Trindade, todas ligadas ao empreendedorismo negro no Brasil. O propósito maior da organização é enfrentar o racismo estrutural e as disparidades de gênero para promover o empreendedorismo de oportunidade, com projetos ligados à inovação social e economia criativa de jovens e mulheres negras, moradores e atuantes nas periferias do país.

Juntas, elas comandam projetos que impactam aproximadamente 2 milhões de pessoas e têm como principal público-alvo as mulheres e jovens afro-empreendedorxs.


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