Kizomba, palavra de origem africana, significa uma grande reunião de pessoas para uma também grande celebração de identificação. Em todo 20 de Novembro, gente negra de todos os cantos do Brasil se reúne, nas mais diferentes formas, para celebrar a memória de Zumbi dos Palmares, líder e herói, símbolo de uma luta iniciada bem antes de sua morte em 1695 pela liberdade de seu povo. Um grande motivo para se juntar.  

E hoje, ao celebrar a memória de Zumbi, vivemos mais uma perda. Na noite de 19 de novembro, João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, homem negro, foi espancado até a morte por seguranças de uma empresa varejista, em Porto Alegre. 

A morte de João Alberto Silva Freitas torna esse 20 de novembro de 2020 ainda mais diferente. Neste ano, que encerra a segunda década do século 21 e que foi marcado por uma pandemia sem precedentes, que expôs de forma crua e cruel o que a desigualdade racial significa para o Brasil, temos uma oportunidade ímpar para despertar a consciência da sociedade brasileira acerca dos impactos do racismo. 

O despertar de uma consciência raramente é um processo fácil. Tanto em nível individual, como em coletivo, o que não é consciente geralmente está nas sombras: são atos, fatos, memórias e projeções que preferimos não enxergar. Mas em 2020 foi impossível não enxergar o jovem negro sufocado até a morte por policiais norte-americanos. Ou tiros nos morros cariocas vitimando jovens negros dentro de casa ou a caminho da escola. Ou os percentuais mais elevados de óbitos causados pela Covid19 entre negros.

Vivemos um ano de maior despertar da consciência. Um ano no qual nós, do Fundo Baobá, abrimos canais de interlocução com diversos outros atores da filantropia que, em maior ou menor grau, estão percebendo a importância de adotar as lentes da equidade racial em seus programas e projetos ou mesmo na estrutura organizacional.  A oportunidade é imensa: segundo o último censo da filantropia realizado por institutos e fundações empresariais, promoção da igualdade racial responde por apenas 14% dos projetos e programas apoiados. 

No final de outubro, realizamos um riquíssimo debate sobre filantropia para promoção da equidade racial no Brasil. Ao longo do ano – e um ano de pandemia, de confinamento, de retração econômica – conseguimos lançar cinco editais: dois de apoio emergencial a pessoas e famílias mais afetadas pela pandemia da  Covid19; um para apoio a pequenos negócios de empreendedores(as) negros(as); um edital que dialoga com a comunidade acadêmica negra;  além de um edital de apoio a jovens negros(as)  que desejam ingressar na universidade.

Conseguimos avançar porque mais e mais parceiros estão se juntando a nós. É como diz o ditado: uma andorinha só não faz verão.  Precisamos que mais pessoas, mais empresas, mais fundações, institutos e fundos filantrópicos se juntem na caminhada em direção à equidade racial. Esse precisa ser um indicador de consciência e de justiça adotado pelo  Brasil, cuja população é composta por  56% de pessoas que se autodeclaram negras (pretas ou pardas). Cuja história, cultura, ciência, artes, esportes foram forjados com participação decisiva de negros. 

Nós, juntos, temos que tornar o Brasil um país mais justo. Você tem papel fundamental nisso. A sua ação de engajamento é importante. Faça parte da rede de organizações e pessoas que lutam por em busca de um país igualitário. Vamos, junte-se! 

Despertar não é um ato, mas um processo. Estamos despertando cada dia mais, cada dia melhor.  Apesar dos inúmeros desafios, há avanços – e contribuir com a promoção desses avanços é o DNA do Fundo Baobá.

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