Perguntas & Respostas – Chamada para Artigos sobre filantropia para promoção da equidade racial no Brasil no contexto pós-pandemia da Covid-19

1 – Como faço para me inscrever?

Basta preencher o formulário que se encontra aqui.

2 – Quem pode se inscrever?

A chamada é aberta a especialistas, mestres e doutores com produção acadêmica concernente às áreas priorizadas pelo Fundo Baobá para os seus investimentos programáticos: educação; população quilombola; juventude negra; racismo religioso; saúde da população negra; masculinidades negras; violência de gênero contra mulheres negras; violência de gênero contra lésbicas, gays, travestis, transsexuais, queers, intersex negrxs; racismo ambiental; violência racial;  população negra, ciência e tecnologia; população negra e desenvolvimento econômico; população negra, comunicação, arte  e memória.

3 – A inscrição precisa ser individual?

Sim, a inscrição é individual, ainda que o artigo seja assinado por mais de uma pessoa. Preferencialmente, a inscrição deve ser feita pelo(a) autor(a) principal. 

4 – Eu ainda não tenho mestrado, mas me especializei em um dos assuntos acima, que foi tema do meu TCC. Posso participar?

Sim, o edital é aberto a especialistas também.

5 – Eu ainda estou fazendo mestrado / doutorado.  Posso participar?

Se o tema de sua tese estiver alinhado a algum dos assuntos sobre os quais este chamado está aberto, sua participação é possível. Porém, é importante deixar claro essa especialização na ficha de inscrição.  

6 – Qual o tamanho do artigo?
Os artigos selecionados devem ter até 20 (vinte) páginas incluindo resumo, referências bibliográficas e anexos (gráficos, tabelas, figuras).  É importante que o artigo seja apresentado com a contagem descrita no formulário de inscrição, para cada uma das seções.

7 – Eu preciso enviar a versão em inglês do artigo também?

Não, a tradução será da responsabilidade do Fundo Baobá.

8 – Até quando posso me inscrever?
Até dia 12 de outubro de 2020, às 23h59.

8 – Quais os critérios de seleção dos artigos?

i)      Estrutura e conteúdo; 

ii)     Contextualização da situação‐problema, bem como a coerência entre os objetivos, a justificativa e a relevância social, além das hipóteses, se for o caso;

iii)    Metodologia do trabalho, verificando se está coerente e adequada com o que foi pretendido no edital e no estudo, e se está com o devido detalhamento para ser reproduzida;

iv)    Resultados adequadamente descritos e de acordo com o que foi coletado e informado na metodologia; 

v)     Uso de gráficos e tabelas facilita ver se há redundância de informações sobre os achados do estudo;

vi)   Discussão coerente e atual e em diálogo com os objetivos propostos e os resultados obtidos;

vii)  Conclusões ou recomendações relevantes para o campo da filantropia por equidade racial e justiça social.  

9 – Quem avaliará meu artigo?
Um grupo de especialistas ad hoc irá analisar todos os artigos e  preparar um parecer consubstanciado. Esse Grupo de Pareceristas será composto por pesquisadores com experiência comprovada na área e que tenham título de doutor por, no mínimo, cinco anos.

10 – No formulário de preenchimento, como eu faço pra saber se eu não ultrapassei o limite de caracteres solicitado?

Pedimos, por gentileza para, fazer um rascunho em word e efetuar todas as edições necessárias nele próprio, incluindo contagem de caracteres. Deixando pra colocar no formulário somente a versão final do texto. 

11 – Os avaliadores poderão pedir ajustes  no meu artigo?

Sim. Nesse caso, serão concedidos 30 dias para os ajustes solicitados.

12 – Como será o apoio do Fundo Baobá ao artigo? 

Os artigos selecionados receberão apoio financeiro de R$ 2,5 mil.

13 – Quando será a data da divulgação da seleção final?

A lista final dos artigos selecionados  será divulgada no site do Fundo Baobá até Baobá até o dia 22 de fevereiro de 2021.

14 – Após terminar o preenchimento eu não recebo um e-mail de confirmação. Como vou saber que meu projeto foi enviado? 

Quando todas as perguntas do formulário são respondidas, deve-se apertar o botão concluído. Neste momento aparece na tela uma mensagem de agradecimento pelo interesse. Ela então deve apertar concluído novamente para que o formulário entre no sistema.

15  – Como fico sabendo se fui selecionado?

A lista final dos artigos selecionados será divulgada no site do Fundo Baobá, que também entrará em contato por e-mail, porém ÚNICA E EXCLUSIVAMENTE com as pessoas selecionadas. Por isso, é muito importante checar também a caixa de spam do e-mail.

16 – Mas se eu ainda tiver dúvidas, como faço? 

Envie e-mail para duvidaseditais@baoba.org.br

Fundo Baobá faz chamada para artigos que subsidiem a filantropia para promoção da equidade racial no Brasil no contexto pós-pandemia da Covid-19

O Fundo Baobá para Equidade Racial está lançando uma chamada para artigos inéditos que contribuam para aprimorar a ação de filantropia para equidade racial no Brasil pós-pandemia da Covid-19.  A iniciativa, que integra o projeto Consolidando Capacidades e Ampliando Fronteiras, realizado em parceria com a Fundação Ford, visa orientar as doações a serem realizadas pelo Fundo Baobá  com vistas a proporcionar impacto social fortalecendo a atuação de organizações e lideranças negras e, ao mesmo tempo, direcionar a captação. Serão selecionados até 20 artigos, que receberão um apoio de R$ 2,5 mil cada, e que serão reunidos em uma publicação bilíngue a ser lançada em 2021 – ano em que o Fundo Baobá completa uma década de atuação. 

Em 2018, o Fundo Baobá realizou um estudo para mapear, junto a organizações e lideranças do movimento negro brasileiro, temas urgentes e relevantes na atualidade. Em 2019, realizou novo estudo, este envolvendo apenas organizações, grupos e coletivos de mulheres negras, para mapear necessidades e expectativas relacionadas ao fortalecimento de capacidades. Os resultados obtidos foram utilizados para favorecer a tomada de decisões baseadas em evidências – uma das prioridades do Fundo Baobá para dirigir seus investimentos programáticos. Agora, esta chamada visa atualizar as informações em função dos impactos, ainda não totalmente conhecidos, da pandemia da Covid-19.

“Os números da Covid-19 não deixam dúvidas sobre quem são as principais vítimas: ao mesmo tempo em que a pandemia explicitou as consequências do racismo que permeia as estruturas sociais do Brasil, ela também acentuou as desigualdades que marcam nosso país”, destaca Selma Moreira, diretora-executiva do Fundo Baobá para Equidade Racial. “Com esta chamada, queremos entender esse novo cenário, que acentuou os problemas conhecidos e, agora, traz novos desafios para a promoção da equidade racial e da justiça social”, completa.

A chamada é aberta a especialistas, mestres e doutores com produção acadêmica concernentes às áreas priorizadas pelo Fundo Baobá para os seus investimentos programáticos: educação do ciclo básico à pós-graduação; população quilombola; juventude negra; racismo religioso; saúde da população negra e ciclo de vida; masculinidades negras; violência de gênero contra mulheres negras; violência de gênero contra lésbicas, gays, travestis, transsexuais, queers, intersex negrxs; violência racial: segurança cidadã; racismo ambiental; população negra, ciência e tecnologia; população negra e desenvolvimento econômico; população negra, comunicação e arte; população negra e memória.

As inscrições poderão ser realizadas de 06 de agosto a 12 de outubro de 2020, às 23h59, através deste link. A primeira etapa da seleção, que contará com o apoio de um grupo de pesquisadores com experiência comprovada na área e com título de doutor há pelo menos cinco anos para realizar análise crítica dos artigos, acontecerá de 26 de outubro a 10 de dezembro de 2020.  A lista final dos artigos que irão compor a publicação será divulgada no site do Fundo Baobá até o dia 22 de fevereiro de 2021. A publicação bilíngue deverá  ser lançada no primeiro semestre de 2021 em atividade específica em alusão aos 10 anos de fundação do Fundo Baobá para Equidade Racial.

No caso de dúvidas e para maiores informações, acesse aqui as principais perguntas e respostas sobre este edital.


Este é o quarto edital do Fundo Baobá no contexto da Covid-19. No início de abril, o fundo lançou um edital para doações emergenciais de até R$ 2,5 mil para ações de prevenção em comunidades e populações vulneráveis. No final deste mês, em parceria com o Desabafo Social, abriu edital para apoiar ideias e projetos com foco em pessoas em situação de risco em São Paulo e no Rio de Janeiro – iniciativa que, posteriormente, foi ampliada para todo o país. No início de julho, o Baobá, em parceria com a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, a Porticus América Latina e a Imaginable Futures,  lançou um edital com o objetivo de selecionar iniciativas de apoio a famílias que, em seu núcleo, tenham mulheres e adolescentes grávidas, mulheres que deram à luz, homens responsáveis e corresponsáveis pelo cuidado de crianças de 0 a 6 anos.

Caminho para o pleno exercício da cidadania

Educação é o meio legítimo para ampliar o repertório de direitos e a construção da autoestima

Instituída em 10 de dezembro de 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) estabelece a educação como um direito básico e fundamental a que todo ser humano deve ter acesso ao nascer e durante toda a sua vida. O documento é composto por 30 artigos, sendo que o 26º formaliza a obrigatoriedade da alfabetização gratuita, independentemente da idade. Embora seja um direito reconhecido há 72 anos, há uma longa distância entre o que está na declaração e a realidade. 

Não por acaso, o enfrentamento ao racismo na educação é um dos eixos programáticos de investimento do Fundo Baobá para Equidade Racial. A Organização Mundial da Saúde (OMS) também alertou que a pandemia escancarou desigualdades, produziu corte de recursos em todas as áreas, sem poupar a educação, aumentou a pobreza e forçará 9,7 milhões de jovens a abandonar os estudos até o fim de 2020. Quando é feita uma análise mais atenta de quem será afastado da escola – seja pela questão da falta de acesso ou mesmo pela necessidade de ajudar a família a sobreviver  –, não é difícil imaginar o perfil dos mais impactados.

O cenário que se desenha à frente será desalentador, caso nada seja feito. Segundo Antônio Carlos Malachias, Billy Malachias, como é mais conhecido no meio acadêmico, o primeiro passo é conceber a educação efetivamente como um direito e não um meio. Mestre em Geografia e pesquisador do Núcleo de Apoio à Pesquisa e Estudos Interdisciplinares do Negro Brasileiro (NEINB/USP), ele já participou de importantes projetos da área, como o Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação, além de ser professor da Fundação Poli Saber.

“A educação precisa ser pensada como princípio fundamental que amplia a noção de direitos, se for concebida como um direito e uma educação para direitos”, afirma. Nesse sentido, não pode estar dissociada da questão da equidade. “Mentalidade preconceituosa se modifica com formação. Quando as pessoas são alertadas com relação a isso, passam a rever suas práticas.”

Billy Malachias, mestre em Geografia e pesquisador do Núcleo de Apoio à Pesquisa e Estudos Interdisciplinares do Negro Brasileiro (NEINB/USP) – (Foto: Rosana Barbosa)

Malachias explica que a inexistência de um projeto de Estado para a educação, debatido por todos os envolvidos, prejudica a criação de uma política para o ensino de qualidade. “Além disso, é essencial também promover melhorias nas condições de trabalho, nas jornadas e na formação dos professores e educadores do ensino público e particular”, conclui.

Em um país tão desigual e de extensão continental como o Brasil, o professor defende que experiências positivas de ensino sejam amplamente divulgadas para estimular o surgimento de outros modelos bem-sucedidos. “É primordial identificar estudantes que precisam de atendimento diferenciado em relação ao grupo, ver as potencialidades e necessidades de cada um, para melhor conduzir o processo de ensino.”

Ou seja: esses estudantes devem ser estimulados a ter ambição e reconhecer a importância do ingresso na universidade como conquista pessoal, mas também como necessidade de formação qualificada para o país.  “Cada um de nós deve ter o compromisso de tornar este país mais democrático e igualitário”, afirma. O professor confirma que a Covid-19 também lançou luz sobre a falta de estrutura e de investimentos em educação, revelando condições desiguais dentro de uma mesma cidade, como no caso de São Paulo, por exemplo. O que falar então quando se avança Brasil adentro?

A doença revelou a falta de equipamentos, muitas pessoas vivendo em espaços mínimos e sem acesso à infraestrutura necessária para estudar ou dar aulas. “Além de todos os problemas de transmissão do vírus, temos espaços exíguos para instalar um computador e estudar, por exemplo”, afirma. Na verdade, a pandemia acentuou a distância entre ricos e pobres, pretos e brancos. Aliado a isso, o que se vê é a sobreposição do racismo surgindo como um componente que dificulta o reconhecimento da igualdade de direitos entre os diferentes grupos em uma mesma sala de aula. “Racismo se combate com ações afirmativas, e a pobreza com políticas de renda”, diz.

Como ele explica, muitas vezes o cenário é de professores que não possuem equipamentos, não conseguem acessar internet de qualidade e têm condição econômica muito semelhante às das pessoas para quem ministram aulas. “Então, há uma necessidade proeminente de pensar esse espaço como forma de superação das desigualdades e do racismo.”

O racismo, segundo Malachias, precisa ser denunciado e punido pela justiça de forma exemplar para inibir sua repetição. “É sistêmico e estrutural. Por isso, não há a menor chance de pensar em mudanças que promovam a equidade se não for combatendo-o”.  O professor defende que os brancos também comecem a ouvir as questões levantadas pelos grupos discriminados. “Temos mais de 300 anos em que o racismo não muda a realidade dessa sociedade. Portanto, é o momento de repensar essa estrutura que não nos deixa avançar.”

Para ele, a participação no movimento negro abriu portas e ajudou a ter contato com intelectuais – o que o estimulou a mirar o ensino superior. “Foram pessoas que me serviram de referência”, relembra. “O movimento me fez perceber a maneira como o racismo opera e de que forma dificulta a trajetória profissional e escolar”. O ativismo também contribuiu para construir uma trajetória profissional importante e, principalmente, criar em si mesmo a capacidade de prestar atenção e se desafiar com as oportunidades que surgiam. A estrutura familiar também foi o empuxo de que necessitava.

A força veio especialmente da mãe, que trabalhava como inspetora escolar, e da avó, servente em uma escola. “Meu pai era metalúrgico. Nenhum deles tinha nível superior, mas por parte especial das mulheres fui muito cobrado e estimulado a estudar”, relembra. Foi justamente estudar – e muito – o que o ajudou a consolidar uma extensa e importante carreira acadêmica.

É por isso que Billy Malachias defende que, para o estudante realmente se apropriar do seu ingresso na faculdade, é necessária a criação de políticas que o mantenham ali. “Que tipo de incentivo vamos oferecer para que esse estudante possa alcançar o máximo potencial nesse espaço? Por isso, precisamos de políticas de acesso e de permanência, que potencializem sua capacidade”. Sua defesa é para que sejam monitorados desde o ingresso no ambiente escolar como forma de estimular o melhor rendimento. “Se já é bom, precisa se transformar em ótimo, visando ainda a excelência intelectual do país”, diz. 

Necessário também é investir no chamado “capital cultural”: capacidade de ler livros, frequentar espaços culturais, museus, cinemas, teatros e ampliar a possibilidade de interpretar o mundo à sua volta. Para isso, estudantes precisam de apoio e de espaços que ofereçam a oportunidade de alargar fronteiras.  “Estudantes de todas as etapas e níveis escolares precisam ser estimulados a investigar, questionar, pensar e refletir. Isso é fundamental para transformar.”


Educação para Equidade Racial é tônica do edital Já É

Lançado no dia 10 de julho, o programa Já É: Educação para Equidade Racial, é uma iniciativa do Fundo Baobá para Equidade Racial em parceria com a Fundação Citibank para jovens entre 17 e 25 anos da cidade de São Paulo e região metropolitana.

A premissa deste edital é o fato de que o racismo no ambiente escolar é um dos mais severos gargalos à equidade racial do Brasil.  Por isso a educação é um dos quatro eixos nos quais a missão estratégica do Fundo Baobá está focada. 

Em dados apresentados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que no ensino superior, apenas 25,2% dos jovens entre 18 e 24 anos cursam ou concluem a faculdade. Entretanto, quando os dados são desagregados por raça/cor, fica ainda mais evidente a desigualdade racial em nosso país, considerando que o percentual de jovens brancos que frequentam ou concluem o ensino superior (36,1%) é praticamente o dobro do percentual de jovens pretos ou pardos (18,3%) na faixa de 18 a 24 anos.

Para além dos dados citados anteriormente, existem muitas informações que reiteram a ausência de negros nas universidades. O mesmo IBGE apresentou uma pesquisa em 2018 que mostra que um terço dos brasileiros entre 19 e 24 anos não haviam conseguido concluir o ensino médio, naquele ano. Deste número, 44,2% dos homens negros não concluíram esta etapa. Muitos dos motivos que mostram a evasão escolar corresponde ao fato do jovem negro ingressar mais cedo no mercado de trabalho. 

Na mesma pesquisa, dados mostram que o percentual de jovens negros de 15 a 17 anos, que apenas trabalham, sem estudar é de 5,7%, enquanto o percentual de jovens brancos é 4,9%. Ainda tem o caso de jovens que estudam e trabalham, não sobrando espaço para uma preparação adequada ao vestibular: “Quando a gente fala de prestar um vestibular, todo mundo vai prestar a mesma prova, só que algumas pessoas tiveram a chance de se preparar para esse vestibular a vida toda. Enquanto, para outras pessoas, existe a realidade de conciliar a escola com o trabalho”, diz a diretora-executiva do Fundo Baobá, Selma Moreira.

Portanto, o Já É vem para mudar essa realidade. O programa inclui uma bolsa de estudos em um cursinho preparatório para o vestibular, atividades voltadas para o enfrentamento dos efeitos psicossociais do racismo e para a ampliação das habilidades socioemocionais e vocacionais, incluindo programa de mentoria. Além dos itens citados, as despesas de transporte e alimentação também serão custeadas ao longo do programa, que deve ter duração de 12 meses a partir de março de 2021.

Para se inscrever, o jovem tem que estar na faixa etária de 17 e 25 anos, já ter concluído ou estar cursando, em 2021, o 3º ano do ensino médio em escolas públicas e morar na cidade de São Paulo ou nas cidades da região metropolitana (neste link consta quais são os municípios da região metropolitana).

Aberto a jovens de ambos os sexos, o Programa Já É prioriza jovens de sexo masculino, jovens transsexuais, jovens mães, jovens que tenham cumprido medidas socioeducativas, e jovens que residem em bairros, territórios ou comunidades periféricas.

“Nós queremos mais jovens negros nas universidades, portanto esse programa está aberto a todos os jovens negros, mas estamos convidando especialmente quem menos entra na faculdade hoje, que segundo dados estatísticos, são os meninos. Portanto, o Já É convida os meninos negros, e também as meninas que são mães, porque muitas vezes, em função da maternidade, não conseguem voltar pra escola, além de jovens trans. Então, a gente faz esse convite para jovens que fazem parte dos grupos que sofrem inúmeras discriminações e que venham construir conosco novas trilhas na educação”, afirma Selma.


As inscrições estão abertas até o dia 31 de agosto de 2020, para as pessoas interessadas, é só preencher o formulário que se encontra aqui.

Educação como passaporte para o resgate das origens

Givânia Maria da Silva, 54 anos, é doutoranda do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB), graduada em Letras, mestre em Políticas Públicas e Gestão da Educação, também pela UnB, e autora do livro “Educação e Luta política no quilombo de Conceição das Crioulas” (Ed. Appris). Nascida nesse quilombo, no interior de Pernambuco – comunidade que surgiu no início do século XIX a partir da organização de um grupo de mulheres, – ela foi a primeira a se formar como professora. Longe de ser motivo de orgulho, esse é um fator de inquietação porque mostra as dificuldades de acesso a tudo, principalmente ao ensino, direito básico e fundamental de qualquer pessoa. Acompanhe sua entrevista.

Boletim Você nasceu no quilombo. Como foi ultrapassar tantas barreiras e se tornar professora?

Givânia – Fui a primeira na comunidade a me formar professora. Formei-me cedo, tendo o compromisso de olhar para o lado e ver que as da minha idade e as mais velhas não chegaram onde cheguei. Foi um processo complexo porque até aquela época, os homens completavam o Fundamental e tinham como destino ir para São Paulo. As terras já tinham sido invadidas e a agricultura se desvalorizava. Então, o destino era ir para São Paulo se tornar a força braçal dessa metrópole que, embora tenha sido construída com a mão de todos, reconhece poucos. Mulheres se tornavam empregadas domésticas ou permaneciam na agricultura com os problemas que já citei. Sou um pouco o desnível dessa curva de trajetória daquele momento. Saio do lugar onde ninguém estudou porque não teve oportunidade para ser professora desse lugar e, por meio da educação, alcançar outras possibilidades. Não conto com alegria o fato de ter sido a primeira a me graduar no território. Significa que o direito à educação nos foi negado.

Boletim Quando você olha a sua trajetória, o que foi mais impactante nessa caminhada e quais os principais desafios?

Givânia – Tornando-me professora e tomando  consciência dessa comunidade (foi um processo de reconstrução, pois não aprendemos sobre isso na escola, mas nas articulações com o movimento negro e na pastoral da juventude), faço desses aprendizados um lugar de inquietação. Em 89, passei a querer saber quem éramos, de onde tínhamos vindo. Então, fomos construir a história das Crioulas. Em 95, com a mudança de gestão do município, elegemos uma professora e pleiteamos a construção de uma escola na comunidade. Foi difícil, mas conseguimos e eu me tornei a primeira diretora. Implantamos a proposta de pensar a educação a partir do território. Aos poucos, esse projeto foi se consolidando e, este ano, completou 25 anos. Foi essa proposta que inspirou a construção das diretrizes curriculares para a educação escolar quilombola. Hoje, é possível completar até o ensino médio ali e isso tudo é fruto da luta e mobilização dessa comunidade.

Givânia Maria da Silva, doutoranda do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB)

Boletim – Qual o saldo desses esforços?

Givânia – Temos  na comunidade um projeto politico-pedagógico que orienta quatro escolas do território. Existe uma lei municipal determinando que essas escolas realizem concurso público para admitir professores quilombolas. Sim, existe o professor quilombola e isso é assegurado por lei. Todos os professores têm curso superior e alguns possuem mestrado. Tudo foi construído a partir de uma pessoa que se formou e entrou na universidade privada. Nada é mérito meu, mas da construção coletiva. Há pessoas com 70, 74 anos que voltaram a estudar. Minha tia, Maria Antônia, se formou aos 60 anos em magistério (que depois virou Normal médio). Para nós, a educação precisa ser compreendida como direito e instrumento de luta política. Continuo acreditando que a educação é um dos fenômenos importantes para a mudança na vida das pessoas, desde que esteja relacionada à vida delas. 

Boletim – O que ainda falta para construirmos uma sociedade mais igualitária?

Givânia – Acho que deixarmos de pensar em uma possibilidade única de conhecimento e de modelo de vida, transformando essa visão em conhecimento que se complemente e não que divirja. É curioso como o Brasil se apropria tanto da cultura negra e não reconhece os donos da cultura.  Toma de assalto a cultura africana, mas não reconhece. Eu ficaria apenas com a música e culinária para não me estender a outros temas. Fala um português que não é de Portugal, mas a mistura do indígena, do negro e português. Mas só reconhece o português como sua legítima língua. Por isso, não falo mais que índios usam dialetos. Se a língua portuguesa é uma língua, as outras também são. Outra questão é que uma sociedade que se pauta e foi construída a partir de invasão de terra e estupro e acredita que o embranquecimento é um valor importante para desenvolvimento é difícil de se reconstruir. A escola continua silenciando esses povos e a gente não gosta do que não conhece. Continuo acreditando que a educação é o elo de transformação social e de mudança de perspectiva de vida. 

Boletim – De que forma? 

Givânia – Quando falo de educação, não me refiro ao sentido formal. As universidades e os centros de formulação do pensamento perdem pela falta de humildade em reconhecer que a academia não é o único lugar de formulação de conhecimento. Perdem de aprender e de recontar a história do Brasil de forma mais justa, pois a história que conhecemos hoje é a que foi contada pelos colonizadores. Em Conceição, construirmos nossa história a partir do quilombo. Esse território negro, quilombola, misturado com indígena e descendente de africanos me dá responsabilidade e traz os elementos que preciso buscar para debater essa história pela educação. 

Boletim – Qual a mensagem que você gostaria de deixar para reflexão das pessoas?

Givânia – Nós negros precisamos disputar espaços na universidade. Estou na universidade pelo único objetivo de disputar pensamento lá dentro. Mas é o lugar de estar presente. Começo o ano perguntando aos meus alunos o que sabem de autores negros e negras. Sabem pouco porque não tiveram essa oportunidade. Então, a mensagem que deixo aqui é para olharmos para nós mesmos e não nos contentarmos em ser apenas sensíveis ao racismo. A sociedade falhou. Todos falhamos, família, escola… A mensagem então é para olharmos para dentro de si e ver o tamanho do opressor. Somos todos frutos de uma sociedade racista.  Precisamos olhar para dentro e não calarmos mais. É hora de brancos e negros se unirem para não só combater, mas exterminar o racismo.

Força coletiva, ancestral e sororidade

Foi também a partir do ativismo negro que um projeto começou com o propósito de unir forças e discutir, entre outros temas, questões relacionadas à mulher negra. A iniciativa pulou rapidamente do campo das ideias para o de realizações para virar uma potência com foco em estimular a educação no campo da justiça. Assim começou a história do grupo Abayomi Juristas Negras, de Pernambuco, há exatamente um ano.

“Inicialmente, nos conhecemos em um evento na OAB Pernambuco no dia da mulher negra em julho de 2019. A professora universitária e procuradora federal Chiara Ramos expôs a vontade de ter amigas negras, pois sempre foi a única nos espaços em que circulava”, relembra Patrícia Oliveira, uma das oito integrantes e diretora. No coletivo, cada uma delas tem uma função específica, como captação de recursos, administração etc.

Chiara montou um grupo em uma rede social e propôs uma reunião em sua casa. Na época, explicou a vontade de criar um quilombo para unir potencialidades. “Ela também falou da dificuldade de ver mulheres negras em espaços na justiça”, relembra Patrícia. Ainda durante a reunião viram como seria importante dar nome e forma ao grupo para debater racismo e outras questões essenciais. O nome Abayomi, o mesmo da boneca, foi sugerido pela também advogada Lígia Verner. À medida que falavam sobre a iniciativa de Chiara Ramos, despertaram o interesse de outras mulheres. “Muitas se identificaram com as pautas discutidas e o grupo cresceu. Em pouco tempo, éramos mais de 30 abayomis”, relembra Débora Gonçalves.

Abayomi Juristas Negras – Pernambuco

Poucos dias depois da criação do coletivo – que tem como propósito o afroempreendedorismo social para combater o racismo estrutural por meio da capacitação e inclusão da população negra em espaços de poder e saber, com foco na ocupação de cargos nos órgãos que compõem o Sistema de Justiça Brasileiro –, surgiu a chance de participar do edital do Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco, iniciativa do Fundo Baobá em parceria com Instituto Ibirapitanga, Fundação Ford, Open Society Foundations e Fundação Kellogg.

Hoje, elas fazem questão de afirmar que o foco do grupo não é apenas a educação e a tarefa de preparar as mulheres para disputar e conquistar espaços no campo da Justiça, mas cuidar também dos aspectos físicos, emocionais, espirituais e psicológicos de cada uma durante esse percurso. “Nós as ajudamos a entender os desafios que vão enfrentar no campo da Justiça, por exemplo, pois ainda é um espaço muito embranquecido, falamos de feminismo negro e as ajudamos a entender que o nosso lugar, como mulheres negras, é onde quisermos estar”, afirma Sabrina Santos.

No momento, o Coletivo Abayomi atua em três frentes:  Metodologia Abayomi de aprovação em concursos públicos ou Mada (com mentoria, coaching, treinamento estratégico e estudo em grupo afrocentrado), a Metodologia Abayomi de Aprovação na Primeira fase da OAB e Coaching Individual para aprovação.

O método que elas chamam de Mada foi idealizado por Chiara Ramos – ela é conhecida por ter disputado e passado em vários concursos públicos difíceis quando concluía a universidade. Em função disso, criou uma  estratégia de estudo para ajudar outras a conquistarem o mesmo sonho.

Elas não cobram mensalidade por esses programas. Quem pode, contribui com valores entre 100 e 150 reais para viabilizar a participação de mulheres que não têm como custear as despesas de transporte, por exemplo, pois antes da pandemia as reuniões eram presenciais. Hoje, aproximadamente 60% das alunas são bolsistas.

Com a pandemia, a agenda de atividades se ampliou. Agora, via redes sociais  – o que ajudou a aumentar a base de seguidores de 900 para quase 7 mil. “Realizamos uma mentoria com encontros semanais e metas estabelecidas”, explica Débora. “Fazemos também simulados, promovemos debates com juízes e procuradores e publicamos artigos científicos”, confirma Sabrina.

Mas as atividades não param por aí. Além da mentoria de como estudar, as mulheres têm aulas de zumba, reiki, acompanhamento com psicóloga. “Falamos sobre afroempreendedorismo, damos dicas de direito para concursos, exibimos vídeos sobre cultura africana, feminismo negro, motivação”, fala Sabrina. Além de ajudar a mulher negra a fortalecer sua educação para realizar o sonho de ser aprovada em concursos da área jurídica, o objetivo do Coletivo Abayomi é empoderar essa mulher para conquistar seu espaço de direito na sociedade.

A grande dificuldade, agravada pela pandemia, é conseguir patrocinadores que abracem a causa.  “Como não temos fins lucrativos, procuramos quem deseja investir nesse projeto”, conta Débora. Por isso, elas já pensam em implementar em breve algumas mudanças, como oferecer em contrapartida ao dinheiro investido cursos específicos sobre cultura antirracista e direito administrativo, entre outras ideias que são assuntos de conhecimento do grupo de oito advogadas da Abayomi. Em breve, elas também terão aulas de coaching.

“Só o fato de ser um coletivo de mulheres negras já é desafiador porque o sistema de Justiça não está pautado pelas nossas causas nem preocupado com a nossa inclusão”, desabafa Patrícia. Então, são espaços que precisam ser demarcados todos os dias. “Hoje, nós nos desdobramos para estudar e passar em um concurso e, assim, ajudarmos outras a passarem também”, completa Débora.

Ao contrário de pará-las, as dificuldades parecem ser o motor que as impulsiona. Sabrina afirma que, no processo de conhecimento de sua ancestralidade, foi importante aderir à cultura de quilombo das abayomis.  “Quando encontrei essas mulheres, elas me trouxeram toda a potência e o poder que vem do conhecimento da nossa ancestralidade”, afirma.

Por isso, elas insistem que o objetivo é continuar estimulando mulheres que queiram, com sua presença e conquistas, romper com as barreiras impostas pelo racismo. “Ninguém tem o direito de impor crenças que limitem você nem de dizer o que você pode ou não fazer e os espaços que deve ocupar”, desabafa Patrícia. É justamente isso que elas fazem: ajudam as mulheres a descobrir o potencial que cada uma tem.

“Rompi fronteiras e preconceitos”

Conheça a história de Dandara Rudan, a advogada que está focada em obter a licença da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para fazer diferença no enfrentamento à transfobia e ao racismo estrutural

Estudo realizado em 2016 pela Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais (ABGLT) revela que 73% de estudantes que não se denominam heteressexuais já sofreram agressões verbais nas escolas, especialmente com comentários negativos sobre a sexualidade. E isso é um dos principais fatores para abandonar os estudos.

O que a pesquisa mostrou em números, Dandara Rudsan, 30 anos, natural de Santarém, no Pará, sentiu na pele. Preta, transexual, antirracista e antiproibicionista, como se define, desde cedo esbarrou em preconceitos. O impulso para superá-los veio da educação. “Sem dúvida, o acesso à educação foi e é fundamental para a conquista de espaços e habilidades estratégicas para a luta. Mas é necessário destacar que, sem a determinação, a priori, não é possível exercer esse acesso”, explica.

Sua trajetória, como a de tantas mulheres transexuais, é marcada por processos de exclusão, agressão, violação de direitos e tentativas de aniquilação no enfrentamento ao machismo. “Nascemos em uma estrutura social que, definitivamente, não reconhece a existência de nossos corpos transexuais e esse ‘não existir’ se reflete nas leis, políticas públicas e, consequentemente, na educação”,  diz.

O que não a derrubou, fortaleceu.  “Além das dificuldades que a estrutura patriarcal e racista impõe à vida das mulheres transexuais negras, a luta contra a invisibilidade (em diversos espaços) tem sido uma das principais dificuldades para se chegar até aqui.”

Dandara Rudsan, do projeto “Atitude TRANSversal: Mulher Negra Transexual da Amazônia tecendo Redes e Ampliando Horizontes

Vencidos os preconceitos iniciais, foi a vez de encarar espaços educacionais onde, longe de se praticar e estimular o livre ser e pensar, a realidade era de mais exclusão e afastamento. “Quando sobrevivemos minimamente à marginalização de nossas vidas e conseguimos entrar em espaços educacionais tradicionais, como escola e universidades, nos deparamos com um sistema que não nos cabe, não respeita e não  reconhece como legítimas nossas realidades, vivências e experiências. E aí entra a determinação.”

Dandara fala que, se fosse comparar sua luta a um carro, o acesso à educação seria o motor e a determinação o combustível para avançar. “A partir do momento que nós, travestis e transexuais, colocamos nosso primeiro pé na educação formal, tudo é enfrentamento e aí só a determinação pode nos manter lutando ou suportando as violações, o racismo, a transfobia.”

Nesse processo, foi necessário criar estratégias para ultrapassar obstáculos. “Se algo não nos cabe, a gente pega e inventa uma maneira de caber”, diz. “Minha determinação, criatividade e inovação foram cruciais para as conquistas e para trazer mais pessoas para a luta, mas reconheço que sem o apoio de uma comunidade inteira de mulheres negras cis isso não seria possível.”

Selecionada no Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco, iniciativa do Fundo Baobá em parceria com Instituto Ibirapitanga, Fundação Ford, Open Society Foundations e Fundação Kellogg, com o projeto “Atitude TRANSversal: Mulher Negra Transexual da Amazônia tecendo Redes e Ampliando Horizontes”, ela afirma que as dificuldades enfrentadas no Pará por ela não se distanciam das histórias de outras mulheres trans e pretas que lutam para conquistar seus direitos.

Viver naquela região impõe dificuldades específicas, como a obrigação de lutar pela terra, pelo território e pelo meio ambiente. “O problema é que o imaginário ‘cis heteronormativo’ e a invisibilidade desses corpos, dentro dos movimentos sociais, não permite que, em um primeiro momento, se perceba a luta das mulheres transexuais e travestis que estão nesse contexto”, afirma.

A advogada reconhece que muitas companheiras transexuais e travestis, assim como a comunidade LGBTQI+, estão encabeçando lutas importantíssimas no país, atuando nas agendas de enfrentamento ao HIV, à aids e à homotransfobia, em defesa do empreendedorismo de mulheres trans. “Existem mulheres, mulheres travestis e mulheres transexuais atuando fortemente na agricultura familiar, na pesca artesanal, no extrativismo e na coleta de sementes e, mesmo assim, quase não ouvimos falar delas”, desabafa.

Desafios não faltaram nesse caminho. O maior deles foi se estruturar e apoiar a família, quando começou a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, que começou em 2011 e perdurou até 2019. Sua família, assim como a comunidade, foi removida e transferida para assentamentos urbanos coletivos. Todas essas dificuldades a fortaleceram e abriram caminho para outras que vieram depois.  

Mulheres transexuais e travestis, assim como cis, aliaram-se à luta anti LGBTfobia na região da Transamazônica, criando o Coletivo Amazônico LesBiTrans, o primeiro grupo de luta exclusivamente LGBTQI+ da Cidade de Altamira e, por meio de seu projeto no Programa Marielle Franco, estabeleceram a Rede de Cooperação  Negra e LGBTQI+ Pretas & Coloridas, além do Laboratório de Ciberativismo Zarabatana Info.

Além de simbólica, a aprovação na OAB representa o fechamento de um ciclo de estudos, lutas, dificuldades. Para Dandara, que atua em postos de coordenação no Centro de Formação do(a) Negro(a) da Transamazônica e Xingu (CFNTX) e no Coletivo Amazônico LesBiTrans, isso permitirá atuar em diversos espaços do Poder Judiciário, ampliando a capacidade de enfrentamento de questões raciais e de gênero. “Para mim e para todas as mulheres pretas e trans, será a mensagem de que podemos ser e chegar aonde quisermos”, conclui.

Foco na igualdade de oportunidades

Conheça os propósitos que norteiam a Citi Foundation no Brasil e no mundo

Trabalhar para promover o progresso econômico e melhorar a vida das pessoas em comunidades de baixa renda em todo o mundo. Com essa visão, a Citi Foundation, associação de investimento social do Citibank, apoia diversas causas filantrópicas e desenvolve parcerias com organizações comunitárias que buscam acelerar mudanças na sociedade, por meio de soluções inovadoras e eficientes.

Presente em diversos países, sua atuação é marcada também por grandes números. Entre 2017 e 2019, foram investidos US$ 194 milhões no combate ao desemprego juvenil. Para os próximos 10 anos serão alocados US$ 164 bilhões para apoiar frentes de Environmental, Social and Governance (ESG). No Brasil, a Citi Foundation atua desde 1999 e já investiu R$ 7 milhões em projetos no período de 2019 a 2020. Nesta edição, a história que faz diferença na vida de milhares de pessoas é contada por Katia Oliveira, head de Public Affairs do Citi Brasil

Boletim Desde quando você está à frente da área de Marketing e Relações Públicas da Citi Foundation no Brasil? No nosso país, qual o principal foco de atuação?

Katia Oliveira – Ingressei no Citi em novembro de 2018. O foco dos projetos da Citi Foundation são: inclusão financeira, oportunidades econômicas para jovens e transformação urbana. No momento, as instituições apoiadas são: o Fundo Baobá para Equidade Racial, o Instituto Reciclar, a Laboratória, a Organização dos Estados Americanos (OAS, na sigla em inglês) e a NESsT. Além disso, em meio à pandemia global, um projeto envolveu também o Citi e mais de US$ 65 milhões até o momento em apoio aos esforços de ajuda comunitária relacionados à Covid-19. O Citi continua a tomar medidas proativas para preservar o bem-estar dos funcionários em todo o mundo, incluindo prêmios de remuneração especial para 75 mil colegas, para ajudar a aliviar os encargos financeiros dessa situação. No Brasil, a associação doou R$ 1 milhão para o Hospital Santa Marcelina, localizado na zona leste da cidade de São Paulo. Esse valor ajudará na criação de uma Central de Orientação sobre a Covid-19, por meio da qual pacientes poderão receber informações e orientações médicas, mesmo de locais distantes, por meio da telemedicina. O projeto contará com 96 médicos(as), 30 técnicos(as) de enfermagem, 6 enfermeiros(as) e 30 computadores.  

Boletim Como são enfrentadas as questões de cunho racial nos Estados Unidos e no Brasil? Por que investir em projetos de fundações, ONGs, institutos e fundos que lutam pela equidade?

Katia Oliveira – Um dos pilares do Citi no mundo é contribuir para uma sociedade mais igualitária e justa. O banco anunciou a doação de US$ 10 milhões para ajudar organizações que trabalham para aumentar oportunidades e combater a desigualdade. Esse valor será dividido da seguinte forma: US$ 8 milhões serão doados para quatro instituições de direitos civis e justiça racial, abordando uma série de questões como direitos de voto, disparidades de renda e riqueza e discriminação habitacional. São elas:  NAACP Legal Defense FundLawyers’ Committee for Civil RightsNational Urban LeagueNational Fair Housing Alliance. Outros US$ 2 milhões serão destinados a uma campanha interna para incentivar os funcionários a ajudar organizações de suas escolhas, que lutem por igualdade racial e direitos humanos. A cada US$ 1 doado por funcionários (as), o Citi doará US$4 para UNCFManagement Leadership for Tomorrow.

Boletim Qual é o papel de fundações, como a do Citi, na busca por um mundo mais justo e igualitário?

Katia Oliveira – Somos uma organização que defende a diversidade e a inclusão e estamos dispostos a defender esses valores quando são ameaçados. Acreditamos que devemos apoiar as comunidades em que atuamos para diminuir as desigualdades sociais. Por isso, apoiamos projetos que contribuem para a formação de jovens e seu ingresso no mercado de trabalho, para as finanças inclusivas e para a melhoria urbana.

Katia Oliveira, head de Public Affairs do Citi Brasil

Boletim Além da parceria com o Fundo Baobá, em que tipo de iniciativa (ou áreas) a Citi Foundation investe?

Katia Oliveira – Apoiamos as quatro instituições já citadas. O Instituto Reciclar atua na formação e inserção de jovens de 15 a 19 anos da rede pública no mercado de trabalho, a Laboratoria tem um programa para recrutar, treinar e inserir mulheres jovens de baixa renda como desenvolvedoras web no Brasil, contribuindo para sua inclusão social, a OAS prepara prepara jovens urbanos de baixa renda do Brasil para carreiras em segurança cibernética, e a NESsT tem projetos que apoiam o empreendedorismo, a inclusão financeira e a criação de empregos no Brasil.

Boletim Para finalizar, que recado você gostaria de deixar?

Katia Oliveira Vivemos um dos períodos mais desafiadores da história recente com a pandemia da Covid-19. Sabemos que essa crise tem um impacto expressivo nas comunidades mais vulneráveis no mundo todo. Nos próximos anos, os bancos terão um papel importante para ajudar as pessoas e a sociedade a se recuperarem dessa pandemia. O Citi continuará focado em apoiar seus clientes e as comunidades nas quais está presente.

Fundo Baobá participa de lives sobre luta antirracista e equidade racial no mercado de trabalho

A luta antirracista, o mercado de trabalho, a pandemia do novo coronavírus  e o impacto na população negra foram alguns dos temas das lives e webinars que contaram com a participação do Fundo Baobá para Equidade Racial, na figura das suas diretoras Selma Moreira e Fernanda Lopes, durante o mês de julho.

A primeira live do mês aconteceu no dia 1º de julho. Com o tema “Como as práticas integrativas e complementares podem ajudar no cuidado da saúde mental em tempos de isolamento social”, o evento virtual foi organizado e mediado por Evânia Maria, socióloga, ativista, educadora em saúde e apoiada pelo Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco, iniciativa do Fundo Baobá em parceria com Instituto Ibirapitanga, Fundação Ford, Open Society Foundations e Fundação Kellogg, e contou com as participações da diretora de programa do Fundo Baobá, Fernanda Lopes, bem como da médica da família e comunidade, Iracema Benevides. Em sua participação, Fernanda Lopes, falou sobre os objetivos e prioridades de investimentos do Fundo Baobá, sobre ações desenvolvidas para apoiar pessoas e comunidades no combate ao coronavírus. Comentou também sobre o Programa de Aceleração e Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco, e dos aspectos relacionados a saúde das mulheres negras no contexto da pandemia e sobre como o Fundo Baobá tem dado suporte para aquelas que estão sendo apoiadas atualmente.

No dia 3, foi a vez de Selma Moreira participar do bate-papo “Raça e Mercado – O Impacto do Racismo no Mercado”, uma iniciativa co-liderada por Afrobusiness, Diáspora Black, FGV EAESP e Preta Hub. Além da diretora-executiva do Fundo Baobá, participaram também Daniel Teixeira (CEERT – Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdade), Marcelo Paixão (Professor – The University of Texas at Austin) e Marcio Macedo (Professor FGV EAESP). 

 

Fernanda Lopes foi uma das convidadas do programa Sala de Convidados do Canal Saúde, da Fiocruz, no dia 10, junto com a psicóloga e representante do Instituto Amma Psique Negritude Clélia Prestes e com o Sociólogo da Fundação Hermínio Ometto, Danilo Morais.  Com apresentação de Yasmine Saboya e com o tema “Racismo e Manifestações na Pandemia”, teve como ponto de partida o caso George Floyd nos Estados Unidos, que desencadeou uma série de protestos antirracistas no mundo, mesmo diante de uma pandemia mundial. Em sua fala, Fernanda frisou. “Nós precisamos falar em como construir uma sociedade justa, na qual todas as vidas importam e que a dignidade seja um valor real a ser experimentado por todas as pessoas. Quando o movimento chama a atenção para a necessidade de discutirmos justiça e de enfrentarmos o racismo, nós também reiteramos a certeza de que o racismo fere, desequilibra, adoece e mata. É isso que a gente precisa discutir todos os dias para construir caminhos de transformação e de mudança sustentável.” 

https://youtu.be/NwS4_iOVqeg

Na mesma semana (12) Fernanda Lopes também participou da live “Ação Catadoras”, uma iniciativa para ajudar as catadoras de materiais recicláveis a desenvolverem os seus projetos. O bate-papo foi conduzido pelo ator e produtor cultural Max Mu e contou com a participação da Presidenta da Cooperativa Granja Julieta, Mara Sobral. Na ocasião, Fernanda falou da importância dos editais lançados pelo Fundo Baobá neste mês – Edital Para Primeira Infância no Contexto da Covid-19 e o Programa Já É. “É essencial esse espaço de trabalhar as bases e de garantir que nós tenhamos voz e vezes, não apenas uma vez, mas vezes, para que a gente possa ser o que a gente quiser, e não o que acreditam que nós devamos ser”, ressaltou.  

https://youtu.be/mjMo58_XJlo

Já no dia 21, contamos com Selma Moreira em dose dupla. Às 15 horas, ela participou ao vivo do programa de Nice Lima na “Frei Caneca FM”, de Recife, também falando sobre os editais lançados em julho e do trabalho da organização na promoção da equidade racial. “O Fundo Baobá nasce na perspectiva de ofertar oportunidades de inclusão e desenvolvimento para a população negra”.

https://www.instagram.com/tv/CC6gy0OHFgE/?igshid=yeon5dzqtb66

E às 17 horas, foi a vez do bate-papo “O papel da comunicação na luta antirracista”, organizado pela Rede Narrativas, e que também contou com a participação de Cristina Fernandes (Podcast Ideias Negras e Instituto Vladimir Herzog), Fernanda Nobre (Fundação Tide Setubal), Mohara Valle (Instituto Ibirapitanga), e mediação de Andréia Coutinho (Instituto Clima e Sociedade). 

Sobre o tema principal, Selma disse: “As organizações sociais do movimento negro, em geral, a grande maioria, não tem orçamento para operar na sua essência e para desenvolver a sua atividade final. Portanto, a gente precisa encontrar os meios para garantir que mais recursos alcancem as instituições, para o seu fortalecimento e, por consequência, para o desenvolvimento de uma estratégia de comunicação adequada à finalidade da pauta de luta antirracista e da promoção da equidade racial”

Veja aqui

Selma Moreira participou de mais uma live, desta vez no dia 23, organizada pela Escola Social do Varejo, sobre “Raça Gênero e Mundo do Trabalho”. Na ocasião, ela divulgou o Edital Já É e falou das dificuldades de jovens negros para o acesso ao ensino superior: “No caso da população negra, as dificuldades são ainda maiores. Quando a gente fala de prestar um vestibular, todo mundo vai prestar a mesma prova, só que algumas pessoas tiveram a chance de se preparar para esse vestibular a vida toda. Enquanto, para outras pessoas, existe a realidade de conciliar a escola com o trabalho”.

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E no dia 24, na véspera do Dia da Mulher Negra, o Fundo Baobá esteve em duas lives. Fernanda Lopes participou às 19h da 2ª edição do “Buyìn Dudu: Recontando Nossas Histórias”, organizado pela coletiva Abayomi Mulheres Negras – Paraíba. Na ocasião, foi concedida uma premiação para as mulheres negras que atuam na perspectiva da afirmação da identidade negra e do enfrentamento ao racismo na Paraíba, em diferentes espaços de atuação. Já Selma Moreira participou às 20h do Congresso “Mulheres Negras: Entre Dororidade e Potencialidade”, organizado pela Abayomi Juristas Negras e OAB – Pernambuco, no painel “Mulheres Negras em Espaços de Poder”.

2ª edição do “Buyìn Dudu: Recontando Nossas Histórias” – Abayomi Mulheres Negras – Paraíba

Baobá na imprensa em julho

Julho foi um mês repleto de atividades no Fundo Baobá para Equidade Racial que repercutiram na imprensa. No dia 6, tivemos o lançamento do Edital Para Primeira Infância no Contexto da Covid-19, e na semana seguinte, no dia 10, foi a vez do Programa Já É: Educação para Equidade Racial, e ambos ganharam espaço na mídia. Enquanto o Primeira Infância foi destaque no Minuto Futura do Canal Futura, na Revista Afirmativa e no Portal Mundo Negro. Já É foi mencionado na entrevista da diretora-executiva Selma Moreira no portal Setor3 do Senac. 

O caso George Floyd, ocorrido em maio deste ano, nos Estados Unidos, que deflagrou protestos antirracistas em todas as partes do mundo, ainda foi pautado pela mídia em julho, quando Selma Moreira participou da reportagem do UOL “Empresas contra o racismo”, que trouxe o questionamento de como uma empresa pode ser antirracista. Em sua fala, Selma disse. “Contratar é importante, mas a inclusão é fundamental. Portanto, tanto a equipe de seleção como a que for receber os colaboradores negros precisarão de preparo para que sejam sensíveis às questões raciais e saibam lidar com as situações.” 

Em virtude do dia 25 de julho, no qual se celebra o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e também, no Brasil, é comemorado o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, em honra a escrava que virou rainha e liderou o Quilombo do Quariterê no Século 18, o mês é conhecido como o Julho das Pretas. No próprio dia 25 de julho, o portal Exame fez uma matéria com cinco mulheres negras empreendedoras, entre elas, a diretora-executiva do Fundo Baobá, Selma Moreira. “Promover o protagonismo da mulher negra, contribui para reduzir desigualdades de salário, de educação e de representatividade. É um desafio urgente e prioritário para termos um país menos desigual”, disse.

As mulheres apoiadas pelo Fundo Baobá também foram destaque na imprensa. A campanha “Negras Que Movem”, formada por mulheres selecionadas pelo Programa de Aceleração e Desenvolvimento de Lideranças Negras: Marielle Franco, iniciativa do Fundo Baobá em parceria com Instituto Ibirapitanga, Fundação Ford, Open Society Foundations e Fundação Kellogg, foi destaque no Portal Geledés, na Carta Capital, na Revista Afirmativa, na Folha de Pernambuco e no Bahia Notícias. A premissa do movimento é divulgar projetos para promover e dar visibilidade a iniciativas de mulheres negras em diferentes setores. Outras apoiadas pelo Fundo Baobá também tiveram destaque na mídia: a cantora e percucionista brasiliense Nãnan Matos foi matéria no Correio Braziliense. A terceira edição do “Uyelê das Pretas”, ação organizada pelo Grupo de Mulheres Lésbicas e Bissexuais Maria Quitéria em parceria com o Slam das Minas da Paraíba, foi destaque no Paraíba Já. O Coletivo Mulheres da Parada, de São Gonçalo (RJ), selecionado no edital Doações Emergenciais no Combate à Covid-19, foi entrevistado em uma matéria especial no portal Yahoo. E a coletiva Abayomi Juristas Negras, de Pernambuco, ganhou matéria na Folha de Pernambuco.

Confira os destaques:

Primeira Infância

Revista Afirmativa – 06/07
https://revistaafirmativa.com.br/fundo-baoba-lanca-edital-para-primeira-infancia-no-contexto-da-pandemia-da-covid-1/

Revista Amazônia – 07/07  https://revistaamazonia.com.br/equidade-racial-fundo-baoba-lanca-edital-para-primeira-infancia-no-contexto-da-pandemia-da-covid-19/

Tribuna do Recôncavo – 07/07
https://tribunadoreconcavo.com/fundo-baoba-lanca-edital-para-primeira-infancia-no-contexto-da-pandemia-da-covid-19/

Setor3 – 10/07

http://setor3.com.br/edital-beneficia-iniciativas-que-apoiam-familias/

Minuto Futura (TV futura) – 14/07

https://www.youtube.com/watch?v=F8DBU3TjWWw&feature=youtu.be

Mundo Negro – 15/07

https://mundonegro.inf.br/fundo-baoba-ajudara-projetos-que-aborda-familias-com-criancas-em-vulnerabilidade-social/

Julho das Pretas

Folha de Pernambuco – 09/07

https://www.folhape.com.br/noticias/juristas-negras-e-a-luta-por-espacos-no-mundo-do-direito/146536/

Paraíba Já – 13/07

https://paraibaja.com.br/terceira-edicao-do-uyele-das-pretas-acontece-de-20-a-25-de-julho-na-pb/

Yahoo – 15/07

https://br.noticias.yahoo.com/mulheres-criam-mercado-solidario-para-familias-afetadas-pela-pandemia-133042887.html

Correio Braziliense – 16/07

https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2020/07/16/interna_diversao_arte,872830/nanan-matos-compartilha-conhecimento-musical-e-ancestral-com-a-comunid.shtml

Bahia Notícias – 19/07

https://www.bahianoticias.com.br/noticia/250872-campanha-que-divulga-profissionais-negras-de-todo-o-brasil-tem-baiana-na-coordenacao.html

Revista Afirmativa – 21/07

https://revistaafirmativa.com.br/campanha-inspirada-em-tais-araujo/

Folha de Pernambuco – 22/07

https://www.folhape.com.br/cultura/campanha-inspirada-em-tais-araujo-une-mulheres-negras-ao-redor-do-pais/148086/

Entrevista Selma Moreira

Revista Alliance – 10/07

https://www.alliancemagazine.org/blog/follow-kelloggs-foundations-lead-by-backing-racial-justice-brazil/

Setor3 – 23/07

http://setor3.com.br/diretora-executiva-do-fundo-baoba-enfatiza-recursos-para-iniciativas-da-populacao-negra/

Exame – 25/07

https://exame.com/negocios/essas-5-mulheres-comandam-negocios-que-voce-deveria-conhecer/

UOL – 26/07

https://economia.uol.com.br/reportagens-especiais/como-empresas-podem-ser-antirracistas/?aff_source=56d95533a8284936a374e3a6da3d7996