O país que queremos: foco nas comunidades que ninguém enxerga

O Brasil desconhece o Brasil. A frase, semelhante a que dá início à música “Querelas do Brasil”, de Aldir Blanc e Maurício Tapajós, imortalizada na voz de Elis Regina, define muito bem a falta de informações (decorrente, por sua vez, da falta do olhar) sobre o que efetivamente acontece no território nacional – sobretudo, nas regiões periféricas e quilombolas.

Permanecem distantes física, caso dos quilombos, e socialmente, como as comunidades periféricas, de quem vive nas grandes cidades. Assim, vão lidando com suas dificuldades diárias: as primeiras enfrentando o avanço do agronegócio, da exploração de recursos naturais e da terra, que pertence por direito e hereditariedade a seus moradores; as da periferias com a falta de acesso ao básico (serviços, saúde, infraestrutura) para a garantir a saúde de seus moradores. Agora, indistintamente, enfrentam também o desafio do isolamento imposto e agravado pela pandemia do coronavírus. 


Dados do censo do IBGE, de 2010, mostram que, naquele ano havia  3.224.529 domicílios, em 6.329 em favelas ou aglomerados subnormais, de acordo com a classificação do instituto. Um olhar mais atento sobre essas informações revelam significativa desigualdade, de acordo com a cor. Em 2018, era maior a proporção de negros residindo em casas sem coleta de lixo (12,5%) do que brancos (6%), sem abastecimento de água encanada (17,9% contra 11,5%) e sem rede de esgoto (42,8% contra 26,5%). Essas condições aumentam a vulnerabilidade, elevam a exposição a agentes causadores de doenças. Em nove anos, o número de aglomerados no país praticamente dobrou e o de moradores nessas condições aumentou em quase 20%.

Sarah Marques do Nascimento, educadora popular e co-fundadora do Coletivo Caranguejo Tabaiares, em Recife (PE) – e  uma das selecionadas do Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco, iniciativa do Fundo Baobá em parceria com Instituto Ibirapitanga, Fundação Ford, Open Society Foundations e Fundação Kellogg, com o projeto “Fortalecimento e resgate histórico das lutas comunitárias” – destaca que a pandemia tirou véus e mostrou a realidade das comunidades a quem não queria enxergar, pois evidenciou que saneamento básico e educação têm relação direta com saúde. 

Sarah Marques do Nascimento, educadora popular e co-fundadora do Coletivo Caranguejo Tabaiares, em Recife (PE)

“Nunca tivemos acesso fácil a nada, principalmente a serviços que hoje ainda são considerados privilégios, mas são direitos.” Ela acredita que só é possível mudar essa realidade recorrendo à força dos ancestrais, principalmente das mulheres que aterraram aquele chão. “Precisamos mostrar como foi duro, mas foi lindo construir a história dessa comunidade com tantas mulheres fortes, ligadas à terra, ao território e às nossas águas, como comunidade pesqueira que somos.”

Quem também acredita na força dos antepassados para entender o momento da comunidade e transformar realidades é Andrea Sena, diretora-presidente da Associação Artístico-Cultural Odeart, de Salvador. O projeto “Mulheres, Adolescentes e jovens negros do Cabula exigindo direitos à cidade”, selecionado, em 2018 no edital “A cidade que queremos”, do Fundo Baobá, dentro do eixo Comunicação e Memória, teve como ponto de partida a história do Quilombo Cabula e a luta pelos direitos humanos (civis, políticos, sociais, econômicos e culturais) de seus moradores.

Da esq pra dir: Andrea Sena, diretora-presidente da Associação Artístico-Cultural Odeart, de Salvador (BA) e Janice Nicolin

Foi o conhecimento sobre o passado quilombola que manteve a comunidade unida e engajada em diversas atividades, especialmente as que são dirigidas às crianças e aos jovens negros. O resgate da memória incluiu, entre outras atividades, o espetáculo “Cabula Aiyê”, com música, dança, cenografia, texto. “Tivemos também atividades da oficina de comunicação que, além das postagens nas redes sociais, criou peças sobre Salvador e o Cabula com sua luta quilombola”, conta Andrea. Não foram abordados apenas os aspectos históricos dessa luta, mas também as violação dos direitos de igualdade social que a população negra vive em Salvador e em várias áreas urbanizadas do Brasil. “Violência urbana, de gênero e raça contra a mulher e a mulher negra, genocídio da juventude negra, o papel das mídias negras nas dinâmicas de denúncia contra o racismo e a divulgação das dinâmicas de afirmação da igualdade racial foram outros temas trabalhados”, explica a diretora da Odeart.

Territórios do esquecimento

Segundo ela, quando se pensa em territorialidade, o Cabula é um lugar de luta contra os direitos violados: falta saneamento, educação, escolas adequadas à questão da igualdade racial, e serviços de saúde capazes de atender a demanda das 22 comunidades. Nem todas as casas têm água potável. Rede de esgoto não há. Percebe-se, no lugar, valas e regos que passam pela porta das moradias. Além da ameaça da Covid-19, os bairros têm focos do mosquito Aedes aegypti e registram casos de Chikungunya. A oferta de hospitais e postos de saúde é insuficiente para atender as comunidades, que contam, como o Cabula, com mais de 30 mil moradores cada.

“Então, quando se fala de meio ambiente e direitos violados torna-se difícil traçar um cenário de igualdade social no Cabula”, afirma Andrea. “Agora, na pandemia, muitos perderam emprego ou tiveram remuneração cortada, uma grande maioria tem como renda familiar o trabalho informal”. 

“Vivemos aqui uma discussão contra milícia e disputa de territórios. Sabemos que essa luta pode valer nossa vida, mas não há outra outra opção que não seja a luta pelo básico: saúde, educação, bem-estar”, explica Sarah Marques do Nascimento, do  Coletivo Caranguejo Tabaiares.  Para ela, é essencial ter apoio para contar cada uma dessas histórias, com a certeza de que, assim, não serão apagadas do mapa. “Ter apoio de um um programa que leva o nome da Marielle é muito forte”, ressalta.

Protagonistas locais mudam a História

Andrea Sena, diretora-presidente da Associação Artístico-Cultural Odeart, lembra que a partir do apoio do Fundo Baobá foi possível manter um grupo de trabalho coeso e atuante. “Permitiu criar uma estrutura física, com notebook, quadro de giz, flip-chart, algumas mesas com cadeira, além de materiais pedagógicos de consumo”, diz. Até aquele momento, o trabalho era feito com doações esporádicas de simpatizantes do projeto, participantes, educadores e artistas. “Hoje a Odeart tem uma infraestrutura tímida, com uma pequena biblioteca, cozinha e três salas de aula para 18 pessoas, além de um espaço para atividades das mulheres com cinco máquinas de costura emprestadas”, enumera.

Por meio da Rede Cabula Vive, que também foi apoiada pelo Fundo Baobá para Equidade Racial em uma parceria com o Fundo Socioambiental da Caixa Econômica Federal, no período de 2018-2019, a organização dialoga e atua com outras organizações sociais civis do lugar. O resultado dessa interação levou ao desenvolvimento de um aplicativo que tenta mapear a saúde da população. Ao mesmo tempo, são promovidos encontros educativos com mulheres e jovens. “Pensar esses temas é criar estratégias para que a maioria possa ter acesso ao conhecimento por meio de dinâmicas de educação para população negra com ênfase na afirmação da identidade como caminho para a liberdade e a equidade social”, resume.

Sarah Marques do Nascimento, do  Coletivo Caranguejo Tabaiares, destaca a importância das ações realizadas na comunidade, especialmente com mulheres e crianças. Para isso, contam com o apoio do grupo AdoleScER e a Articulação Recife de Luta para mostrar que os moradores precisam ter seus direitos garantidos. Atualmente, são 5 mil pessoas e apenas uma equipe de saúde da família para acompanhá-las. É nitidamente uma relação desproporcional.

Sarah Marques do Nascimento em ação com o Coletivo Caranguejo Tabaiares – Recife (PE)

“Durante a pandemia, fazemos o trabalho de entrega de alimentos para melhorar a vida das pessoas e colocamos pias na comunidade porque nem todos têm acesso à água em casa”, desabafa. Como a fome não é apenas de comida, bicicletas rodam a região recitando poemas e músicas para ajudar no enfrentamento dos problemas. “Também entregamos kits de higiene pessoal e de limpeza da casa e promovemos o autocuidado da mulher. Participamos de um comitê de monitoramento para amenizar o impacto do coronavírus, já que o governo não assume o seu papel”.A líder comunitária afirma que o recorte racial não é visto nem considerado para pagamento da dívida histórica da sociedade com essas populações, majoritariamente formadas por negros. “Ficamos à margem, sempre. Com a pandemia, tudo o que acontece na comunidade fica mais explícito. Precisamos mostrar e tratar isso para termos acesso aos nossos direitos”. Sarah fala que a falta de reconhecimento data de 500 anos. “Falta reconhecimento do nosso povo com toda a sua riqueza, oralidade, usos das plantas medicinais, ligação com a  terra e a água”, revela.

Essas vozes anseiam ultrapassar os limites de seu território, conforme diz, e chegar às academias, ocupando debates em salas de aula e voltando para as comunidades sob a forma de ações práticas. “É importante que a gente consiga, com a nossa linguagem, falar e deixar de ser invisível”, declara.

Duas mulheres contam suas histórias de luta pelas populações quilombolas

Lucimar Sousa Silva Pinto, 63 anos, nascida em Pirapemas, no Maranhão, é um exemplo de resistência por amor ao próximo e à natureza. Mãe de oito filhos, criou mais cinco – seu caçulinha tem hoje 38 anos! Selecionada no Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco – iniciativa do Fundo Baobá em parceria com Instituto Ibirapitanga, Fundação Ford, Open Society Foundations e Fundação Kellogg – com o projeto “Plantando sementes, cultivando redes de cuidado e colhendo justiça social”, ela também é uma das coordenadoras do grupo Guerreiras da Resistência. E diz que, não fosse o projeto, estaria “sozinha e louca”, cuidado do Sítio Raízes – um espaço de 500 m2 que divide com mais oito pessoas, com roça e “umas 500 árvores”, diz. “Lutamos pela natureza, pela verdade, pelos ribeirinhos e demais povos para que tenham direito de plantar e colher nas suas terras, de criar os seus animais e de pescar”. 

O Sítio Raízes fica próxima de uma comunidade quilombola que foi crescendo e, hoje, chegou à cidade, confundindo limites. “Tudo é só um trecho: cidade e povoado”, afirma. O agronegócio continua avançando lentamente, ameaçando o babaçu – fonte de receita de muita gente por lá, que tem perdido espaço para a soja e a pecuária. “Nossos ribeirinhos foram jogados para a cidade por causa desse agronegócio. As comunidades que querem viver lá são impedidas”, desabafa.

Talvez por isso, sua voz se entristeça quando fala do descuido com o meio ambiente na região, cada vez mais pressionada pelo agronegócio e esquecida pelas autoridades. No povoado, também não há saneamento básico. “Nosso rio está pedindo socorro. Está cheio de lixo e esgoto…e isso tudo é muito triste, porque não tem muita  gente com quem compartilhar essa preocupação.” 

Lucimar Sousa Silva Pinto

O grande empecilho à resistência, segundo ela, é a falta de companheirismo, exceto das mulheres que, como ela, são mãe e pai – também chamadas de “pingadas” [por serem cada uma de uma comunidade e de uma região diferente]. São elas que se reúnem no Sítio Raízes para lutar por melhorias. 

Como ela, outras 21 mulheres integram o coletivo Guerreiras da Resistência – seis delas estão totalmente voltadas também para o cuidados com o meio ambiente e a saúde da mulher. Além do grupo, ela ainda encontrava tempo (antes da pandemia) para visitar as comunidades do entorno promovendo rodas de conversa com mulheres e crianças, cumprindo as diretrizes do projeto selecionado.

Graças à mentoria do Programa Marielle Franco, entendeu que a melhor forma para chegar aos lugares e falar com as pessoas, para se fazer entender, era promovendo pequenas oficinas de bonecas e costura. Também organiza aulas de artesanato, basicamente com babaçu – uma palmeira cujos frutos são usados nas mais variadas produções: da alimentação à indústria de medicamentos. 

Diante de todas as dificuldades que vivencia diariamente, Lucimar abre um sorriso e sua voz se anima quando pede pela preservação do meio ambiente. “Temos que zelar pela natureza como cuidamos da nossa saúde. Quando zelamos pela mãe natureza, que é terra, água e vida, nós podemos dizer: ‘eu sou terra, eu sou água, eu sou vida. Precisamos de vida e a vida a gente encontra na mãe natureza'”. 

Lucimar tem uma relação especial com o meio ambiente. Seu amor à terra a fez investir em cursos técnicos, especialmente os que são ligados à natureza e às suas riquezas, como fitoterapia, ervas medicinais e medicina popular. No ensino tradicional, cursou até o primeiro ano do ensino médio. “Há 20 anos, casei com a natureza e firmei um compromisso de não machucá-la mais”, conta.

Aliás, há 21 anos, aconteceu a “cerimônia de casamento” em meio a um curso de permacultura com 150 alunos. “Na época, estava meio perturbada, tinha acabado de sair de um casamento”, relembra. Todos os anos, repete o ritual: faz uma grande fogueira com lenha e galhos secos, usa aliança. “Hoje, sou casada com a natureza e divorciada de um homem bruto.” 

Identidade e territorialidade 

Tania Heloisa de Moraes, 28 anos, é negra, mãe do Bernardo e agricultora familiar. Ela reside no Quilombo Ostras, no município de Eldorado, cidade histórica a pouco mais de 200 quilômetros de São Paulo.  Lá, integra a equipe de Articulação e Assessoria às Comunidades Negras do Vale do Ribeira SP/PR (EAACONE), entidade que articula comunidade quilombolas, além de ser militante do Movimento dos Ameaçados por Barragem (MOAB).

Tania também foi contemplada pelo Programa Marielle Franco com o projeto “Mulher quilombola na defesa dos direitos e pela vida”. O seu propósito é retomar o trabalho coletivo das mulheres quilombolas e aprimorar a habilidade de liderança dentro da EAACONE. Foi a partir desse projeto que adquiriu mais força e autonomia para se posicionar e até falar em público, por exemplo. “Achava que só ouvir e concordar bastava”, diz. 

Hoje, tenta ser mais decidida  e sempre  mostrar o que acha, mesmo que não esteja totalmente certa ou segura. “Posso afirmar que cresci como mulher, podendo valorizar minha identidade negra e fazer com que outras se orgulhem da sua ascendência e tradição. A formação do Fundo Baobá vem ampliando meus horizontes e mostrando que sou negra, com capacidade de seguir em frente, valorizando meus conhecimentos e me ajudando a lutar por melhorias para nosso povo”, relata.

Tania Heloisa de Moraes

Atualmente, sua batalha é garantir o direito ao território que, em grande parte, está nas mãos de quem produz banana, gado, eucalipto. “O Estado não indeniza essas terras que, por direito, são nossas. Também estamos enfrentando grande ameaça dentro dos quilombos que têm suas áreas sobrepostas pelos parques (unidades de conservação) que não recebem o olhar adequado.”

Duas questões que têm tirado o sono da comunidade local é a construção de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), que, saindo do papel poderão atingir áreas da comunidade, e a mineração – por atrair empresas do setor de olho nas riquezas escondidas nas entranhas da terra.

Como base nesse cenário e com condições agravadas pela Covid-19, a EAACONE  elaborou um informe para as comunidades assessoradas, indicando a criação de acordos seletivos para organizar entrada e saída das pessoas das comunidades. “Estamos provocando o governo para aplicar testes,  buscando meios de prevenir o surgimento de casos da doença entre os quilombolas”, confirma. 

Por isso, segundo ela, é tão importante garantir a essas comunidades o máximo acesso à informação, aos auxílios, à saúde e à terra para plantar. No Vale do Ribeira (SP), por exemplo, onde está localizada a histórica cidade de Eldorado, há 88 comunidades quilombolas, 16 aldeias indígenas, 5 comunidades caboclas e mais de 30 caiçaras.

Mesmo enfrentando racismo e imensa dificuldade de produzir para garantir a renda da família, sempre existe resistência. A Cooperativa de Agricultores Familiares Quilombolas do Vale do Ribeira (Cooperquivale) tem fortalecido suas tradições, sua cultura e produzido vários alimentos orgânicos, impulsionando o negócio agroecológico que parte faz parte da  tradição do sistema de manejo dos quilombos. Com isso, gera recursos para as famílias. “Em pleno século XXI, estamos lutando ainda pelo direito de ir e vir e de morar nas terras que são nossas por direito”, desabafa. 

Outro risco que bate à porta é o discurso de que a construção de barragens e a exploração de minérios pode levar trabalho e renda para essas comunidades. A líder explica que, conversas não documentadas legalmente, trazem a reboque abuso sexual, drogas, degradação das terras e doenças para as populações. “Queremos a liberdade de plantar e colher, gritando bem alto que somos quilombolas com muito orgulho. E na resistência sempre”, finaliza.

O que o racismo não nos deixa ver: a importância das religiões afro na construção da identidade brasileira

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010, mostram que 588 mil brasileiros são adeptos do candomblé e da umbanda. Embora representem uma pequena parcela da população – menos de 0,3% – o preconceito que enfrentam por expressarem sua crença é dos maiores. Segundo levantamento do Disque 100, do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, houve aumento de 56% nas denúncias de intolerância religiosa no primeiro semestre de 2019, quando comparado ao mesmo período do ano anterior.

As religiões mais perseguidas foram justamente as de matriz africana, com terreiros sendo incendiados e imagens sagradas destruídas. Para o historiador e mestrando de Estado, Governo e Políticas Públicas na FLACSO (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais) e membro da Assembleia Geral do Fundo Baobá para Equidade Racial, Lindivaldo Junior, a razão e motivação disso tudo tem um nome: racismo. “Está presente em todas as dimensões da nossa vida e estrutura as relações sociais. As religiões de matriz africana são discriminadas no contexto da inferiorização das pessoas negras e de tudo que se refere à sua estética, história, cultura e referência.”

Lindivaldo Junior ( historiador e mestrando de Estado, Governo e Políticas Públicas na FLACSO e membro da Assembleia Geral do Fundo Baobá )

O mesmo pensamento tem Patricia Alves de Matos Xavier, no mundo religioso conhecida como Iya Suru, do terreiro Ilê Axé Iya Mi Agbá em Bauru (SP). A violência contra as tradições de matrizes africanas produzidas e reproduzidas hoje têm como motivação o mesmo pensamento presente entre os séculos 19 e 20 na sociedade. “Tem como base o racismo produzido pelo arranjo criativo intelectual apoiado no ensino superior, por institutos de pesquisa e difusão, e teve como foco o extermínio do conjunto de saberes ancestrais mobilizados, para promover a limpeza étnica eugenista”.

Patricia Alves de Matos Xavier – Iya Suru

Com 53 anos, 50 deles no candomblé, como ela mesma gosta de afirmar, a Ialorixá Jaciara Ribeiro dos Santos, do terreiro Ilê Axé Abassá de Ogum, em Salvador (BA), classifica tal ação como ódio religioso. “A intolerância religiosa tem crescido, considerando a falta de informação. Na verdade, vejo isso mais como um ódio mesmo”. Jaciara já foi vítima desse ódio religioso em 2016, quando seu terreiro foi alvo de vandalismo e depredação, incluindo o busto de sua mãe biológica, a Ialorixá Gildásia dos Santos, a Mãe Gilda de Ogum, que fica localizado no Largo do Abaeté, em Itapuã. 

Ialorixá Jaciara Ribeiro dos Santos

Mãe Gilda de Ogum, por sua vez, foi o principal símbolo de resistência e luta contra a intolerância religiosa. Em 1999, teve seu templo invadido, depredado e o seu marido agredido por fundamentalistas religiosos. Não superando o trauma dos ataques, faleceu em janeiro do ano seguinte, de infarto fulminante, após ver o seu nome e foto veiculados em um jornal de uma igreja evangélica, chamando-a de “macumbeira charlatã”. No ano de 2007, foi sancionada a Lei nº 11.635, que institui o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, celebrado no dia 21 de janeiro, dia da morte de Mãe Gilda de Ogum. 

A luta da Ialorixá Jaciara é contra a intolerância religiosa e ela acredita que a forma mais eficiente de fazer isso é por meio da educação e do diálogo. “Eu sempre faço atividades, roda de diálogos aqui na comunidade, no terreiro e faço também parceria com as escolas. Acho que só através da educação pra gente mudar esse ódio religioso e esse racismo”. Além disso, Jaciara, que é a apoiada pelo Programa  de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco, do Fundo Baobá em parceria com Instituto Ibirapitanga, Fundação Ford, Open Society Foundations e Fundação Kellogg, dá curso de corte e costura, em um projeto chamado “Costurando a Ancestralidade”, e organiza uma feira na orla da Lagoa do Abaeté que busca estimular o empreendedorismo feminino e pequenos empreendedores do bairro de Itapuã.

Ialorixá Jaciara

“Sou idealizadora da feira Iya Lagbara, que significa mulher empoderada, e tenho uma equipe com 50 empreendedores. Fazemos feiras aqui na comunidade e também dou curso de turbante e curso de culinária”, diz. Iya Suru, por sua vez, é atualmente presidente do Instituto Omolará Brasil. “Uma organização de mulheres negras que age para transformar a realidade pela educação, afroempreendedorismo e valorização das raízes africanas no Brasil, com ações para fortalecer outras mulheres negras em diversas regiões do país”, como o Instituto se descreve. O Omolará Brasil também foi um dos apoiados do Programa Marielle Franco, com o projeto “Trincheira Preta Feminista”, cujo principal objetivo é: “o fortalecimento institucional através de ações de formação política em diálogo com mulheres negras e suas comunidades”. 

Além disso, Iya Suru é integrante do grupo Mães Pela Diversidade, na cidade de Bauru, que sempre realiza ações voltadas às pessoas em situação de vulnerabilidade social. “Iniciamos uma campanha de atenção às mulheres trans e travestis que tiveram suas situações de vulnerabilidade agravada pela pandemia do coronavírus”, diz. 

Iya Suru no terreiro Ilê Axé Iya Mi Agbá em Bauru (SP)

Mesmo sendo alvo constante do racismo institucional e religioso, as religiões de matriz africana têm conquistado a cada dia o respeito e o direito de serem cultuadas. Em 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, que é constitucional o sacrifício de animais em cultos religiosos. Na época, denúncias equivocadas e repletas de racismo motivaram a ação movida. “Cada vitória é resultado de muita luta e articulação dos movimentos sociais. Sempre foi assim para a população negra. Foi assim nas conquistas da constituição federal que reconhece os quilombos e o patrimônio cultural afro-brasileiro como patrimônio a ser preservado, assim como define o racismo como crime. A participação social levou a um maior envolvimento de segmentos de matriz africana no monitoramento de políticas públicas e fortaleceu as comunidades como uma ‘categoria política’ de relevante papel no momento atual”, afirma Lindivaldo Junior.

A falta de informação ajuda a entender porque boa parte da população brasileira não reconhece ou compreende a importância das religiões afro para a construção da identidade do nosso próprio país. “As comunidades de matriz africana influenciam a forma como vivemos nós, os brasileiros, em especial a população negra. Apesar do constante desrespeito e negação, fruto do racismo, as religiões de matriz africana preservam a cultura alimentar tradicional e comunitária, a musicalidade, a produção artística, e o nosso português por exemplo, totalmente africanizado”, afirma Lindivaldo. 

Palavras como “Abadá”, que hoje é o nome dado a uma camiseta usada pelos integrantes de blocos e trios elétricos carnavalescos, tem a sua origem na cultura afro, significando túnica folgada e comprida. Assim como cafuné (fazer carinho na cabeça de alguém), dengo (gesto de carinho), agogô (instrumento musical), babá (pessoa que cuida de criança), farofa (mistura de farinha com água, azeite ou gordura), entre muitas outras. “As tradições de matrizes africanas são espaços de preservação dos processos de aprender e ensinar ancestralidade, valorização da vida e da natureza”, completa Iya Suru.

Em uma explicação didática, feita pela Ialorixá Jaciara, entendemos sua dimensão. “O candomblé é uma religião afro-brasileira derivada de cultos tradicionais africanos, no qual a gente cultua o ser supremo, Olorum, e o culto dirigido diretamente à força da natureza. Cultuar candomblé é contemplar a essência do próprio universo”. Além do respeito e amor pela natureza e de toda contribuição cultural e identitária para o nosso país, as religiões de matriz africana desempenham um papel social importantíssimo nos locais onde estão inseridas.

Parceria apoia ações contra a Covid-19 nas principais regiões do país

A parceria entre o Fundo Baobá para Equidade Racial e o Desabafo Social – laboratório de tecnologias sociais aplicadas à geração de renda, comunicação e educação –, iniciada no em 15 de abril, apoiou diversos projetos e ações no combate ao coronavírus em regiões vulneráveis do país.

A primeira fase do projeto foi realizada nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. A principal premissa da parceria era apoiar ações de combate à doença nessas áreas que, no país, são as que acumulam os maiores índices de pessoas infectadas e de mortes.

A seleção foi realizada por meio de um desafio na plataforma ItsNoon, um aplicativo de interação entre pessoas e suas ideias. Nesse caso, foram compartilhadas ações para apoiar quem estava em situação de risco nessas regiões. Dentro do próprio aplicativo, as pessoas respondiam ao desafio, podendo receber de R$ 60 até R$ 350 reais por uma boa sacada.

As ideias selecionadas deveriam estar de acordo com os cinco pilares propostos pelo projeto: Básico, com sugestões relacionadas a doações de cestas básicas, de itens de higiene pessoal, além da confecção e distribuição de máscaras de pano e Comunicação,  referente à produção de cartazes, ilustrações, vídeos, aplicativos e podcasts para conscientização das pessoas sobre os cuidados em relação à Covid-19. As demais eram:  criação e composição de músicas, poemas, videoclipes, além de dicas de inúmeras atividades para serem calizadas em casa, que englobam o pilar de Arte Para Aliviar a Sensação de Isolamento. O pilar Saúde incluiu dicas de atividades físicas, yoga, pilates, e com higiene em casa e, por fim, o pilar Empreendedores que apoiou ações e projetos que visavam auxiliar microempreendedores e gerar renda extra.  

Em 20 dias, foram recebidas 157 propostas, sendo 115 de 25 cidades do Estado de São Paulo e 42 de 8 cidades do Estado do Rio de Janeiro. No total, foram selecionados 64 projetos, sendo 31 no Rio de Janeiro e 33 em São Paulo.

Das pessoas apoiadas em São Paulo, 60,9% se declaram mulheres, enquanto 33,9 são homens. A faixa etária dos selecionados está entre 25 a 34 anos, e apenas 5,2% fazem parte de grupos ou coletivos. Das ideias apoiadas, 56,6% integram o pilar Básico, enquanto 17,7% são de Comunicação. A Arte vem na sequência com 16,8%. Já ideias de Saúde aparecem com 5,3% e, por fim, ideias Empreendedoras somam 3,6% dos projetos aprovados.

Já no Rio de Janeiro, 53,7% se declaram mulheres, enquanto 41,5% são homens. A faixa etária também está entre 25 a 34 anos, enquanto apenas 4,8% fazem parte de grupos ou coletivos. Em relação às ideias aprovadas, Básico aparece na frente com 36,6% das ideias apoiadas, seguido de Comunicação (31,7 %), Arte (17,1%) e Saúde e Empreendedores com 7,3% cada uma.

A segunda fase do projeto, lançada no dia 5 de maio, englobou outros estados do país, com foco nas regiões Norte e Nordeste. Foram recebidas, no total, 256 propostas de 87 cidades do Brasil. No total, foram apoiadas 86 iniciativas, as principais cidades contempladas foram: Salvador (BA), Recife (PE), Olinda (PE), Belo Horizonte (MG), Feira de Santana (BA), Belém (PA), Brasília (DF), Cachoeira (BA), São Luís (MA), Boa Vista (RR) e Laguna (SC). Além de regiões interiores do Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás e Ceará. 

Dos apoiados, 80% se declararam mulheres, enquanto 20% são homens. A faixa etária da maioria era entre 25 a 34 anos, seguido de 15 a 24 anos. Sobre as ideias aprovadas, Básico liderou com 53,4%, seguido de Arte (27,4%), Comunicação (9,6%), Empreendedores (5,5%) e Saúde (4,1%).

Os principais aprendizados dessa ação conjunta entre Fundo Baobá e Desabafo Social foi a importância de viabilizar financeiramente estes projetos, considerando que dinheiro na mão é uma ferramenta para saciar não apenas a necessidade básica, mas saúde mental que neste momento é muito mais importante. As pessoas selecionadas passaram a criar uma relação de gratidão e confiança com as organizações que apoiaram e, por sua vez, as organizações compreenderam que será necessário desburocratizar os apoios e transferências de renda, diante desse novo mundo.

Confira abaixo algumas das ideias aprovadas:

SÃO PAULO

ANDREZA DELGADO

Andreza Delgado – Faz parte da campanha Sobrevivendo ao Coronavírus que tem uma lista de 600 famílias para Doar por cesta básica e kit higiene

MICHELLE FERNANDES – CAPÃO REDONDO (SP)

Michelle Fernandes – Está confeccionando máscaras em tecido africano, ajudando a gerar renda para costureiras e fornecedores locais

FERNANDA ISAAC – OLÍMPIA (SP)

Fernanda Isaac – Tem feito divulgações em suas redes sociais com orientações em relação à covid-19, com uma comunicação acessível

DANI SOUZA – OSASCO (SP)

Criou um grupo no WhatsApp para ser ponte entre quem precisa e quem pode doar

https://www.youtube.com/watch?time_continue=20&v=E1QhF7L5UCk&feature=emb_logo

TATIANE CASSIANO

É professora de yoga e tem ajudado as pessoas a terem equilíbrio emocional na quarentena

RENATO MELO

Criou um podcast para disseminar informações importantes para a galera da periferia

RIO DE JANEIRO

BUBA AGUIAR – COLETIVO FALA AKARI

Buba Aguiar – O Coletivo Fala Akari, da Favela de Acari, zona norte do Rio de Janeiro, estão mobilizando campanha de enfrentamentos aos impactos da covid-19

LUDMILLA OLIVEIRA

Ludmilla Oliveira – Tem doado máscaras para profissionais de saúde que trabalham na UPA da zona oeste do Rio de Janeiro

JACIANA MELQUIEDES

Jaciana Melquiedes – Criou conteúdo informativo e educativo voltado para o publico infantil, utilizando Materiais lúdicos. Pequenos videos, propostas de brincadeiras para serem feitas dentro de casa, atividades de colorir e pequenas historias, e compartilhar especificamente em grupos de WhatsApp de moradores da Gamboa e Providência no Rio de Janeiro

SÉRGIO BARCELOS

Videoclipe musical “Xô Corona”, para conscientizar os jovens sobre a pandemia

SABRINA MARTINA

Usa a Poesia como ferramenta conta a covid-19

https://www.youtube.com/watch?v=UI2rpjw6iY4&feature=emb_logo

AIRA NASCIMENTO

Campanha “Apoie uma Empreendedora Periférica”

OUTROS ESTADOS

SCHEYLLA BARCELLAR – BELO HORIZONTE (MG)

Coletivo Mulheres da Quebrada está com uma campanha para fortalecer as mulheres, com entrega de cestas básicas, medicamentos e etc

EMILLY CASSANDRA – BELÉM (PA)

Contação de História dobre a vida da revolucionária Felipa Maria Aranha, mulher negra trazida à Belém do Pará e escravizada. Fez revolução no município de Cametá

THAIS MEDEIROS – FORTALEZA (CE)

Tem ido ao supermercado para pessoas do grupo de risco

https://www.youtube.com/watch?time_continue=2&v=lYvSXRIGD4o&feature=emb_logo

THIFANNY ODARA – LAURO DE FREITAS (BA)

O Terreiro Oya Matamba de Kakuruca está com um projeto #TransFormarVidas para auxiliar pessoas em situação de vulnerabilidade com a pandemia

Baobá na imprensa em maio

Em maio a diretora Selma Moreira concedeu entrevista à Ponte Jornalismo. Nessa oportunidade, ela destacou os critérios de seleção dos projetos de prevenção à contaminação pelo coronavírus objeto do edital de doações emergenciais do Fundo  e a necessidade de mais ações que beneficiem as populações vulneráveis. O edital do Fundo Baobá com o Desabafo Social estendido para todo o Brasil também repercutiu na mídia do Nordeste. Confira os destaques:

Ponte Jornalismo – 01 de maio de 2020 – Fundo Baobá financia projetos de combate à Covid-19 para negros, pobres e indígenas

Cidade Satélite  – 08 de maio de 2020 – Fundo Baobá e Desabafo Social apoiam ações comunitárias contra o coronavírus

Blog do Patrício Nunes – 07 de maio de 2020 – Fundo Baobá e Desabafo Social apoiam ações comunitárias contra o coronavírus

As listas de projetos também foram divulgadas pela imprensa:

Geledés – 01 de maio de 2002 – Fundo Baobá divulga segunda lista de projetos selecionados pelo edital de apoio emergencial contra o Coronavírus

Geledés – 16 de maio de 2020 – Fundo Baobá divulga terceira lista de projetos selecionados pelo edital de apoio emergencial contra o Coronavírus

Leia aqui

Alguns projetos apoiados pelo edital também divulgaram pela imprensa as ações realizadas:

IFB – 06 de maio de 2020 – Campus Riacho amplia campanha solidária

Mercadizar – 12 de maio de 2020 – Famílias da periferia de Belém recebem cesta básica do projeto Telas em Movimento

OBIND – 18 de maio de 2020 – CIR: Em isolamento, comunidade Canauanim recebe alimentos e orientações para se proteger da Covid-19

A presença do Fundo Baobá na página ParaQuemDoar também gerou menção em matérias sobre solidariedade às populações carentes

Anped – 11 de maio de 2020 – Apoio da SBPC e de sociedades científicas a comunidades pobres e favelas

Abeco – 12 de maio de 2020 – Apoio da SBPC, ABECO e de outras sociedades científicas a comunidades pobres e favelas

SBM – 14 de maio de 2020 – SBPC, instituições e sociedades científicas pedem solidariedade às populações vulneráveis

FUNDO BAOBÁ DIVULGA TERCEIRA LISTA DE PROJETOS SELECIONADOS PELO EDITAL DE APOIO EMERGENCIAL CONTRA O CORONAVÍRUS

O Fundo Baobá para Equidade Racial divulga hoje (15 de maio) a terceira e última lista de iniciativas selecionadas pelo edital de doações emergenciais para o combate ao coronavírus em comunidades vulneráveis. São projetos de 85 indivíduos e 45 organizações que receberão R$ 2,5 mil em até cinco dias úteis.

Ao todo, o Fundo Baobá recebeu, entre os dias 5 e 17 de abril de 2020, um total de 1037 solicitações de apoio, sendo 387 de organizações e 650 de indivíduos. Lançado em 5 de abril, o edital (relembre aqui) visa apoiar um amplo espectro de populações em situação de risco.

Desse total, foram selecionados 215 projetos de indivíduos e 135 de organizações. A primeira lista, divulgada em 17 de abril de 2020, contemplou projetos de 60 pessoas e 40 organizações; a segunda, que apoiou 70 indivíduos e 50 organizações, foi publicada em 30 de abril.

Com esta terceira lista, o edital de doações emergenciais é encerrado. O Fundo Baobá continuará apoiando ações que promovam a equidade racial – premissa fundamental para a resiliência da sociedade brasileira como um todo, como a pandemia do coronavírus está mostrando – por meio de outros editais que em breve serão comunicados.

Conheça a seguir os selecionados da terceira lista:

Nome da pessoa proponenteCidade/MunicípioEstadoOnde as ações serão realizadas – Cidade, Bairro, Comunidade/Território e UF
Adilson Victor OliveiraRedençãoCERedenção e Acarape
Alex dos SantosNiteroiRJComunidade
Amanda Kelly Gonçalves BrasileiroRecifePEBairro: Várzea. Comunidade: Sítio dos Pimenta 
Ana Paula Silva de OliveiraSão PauloSPJardim Rodolfo Pirani
Anagelia Ferreira PereiraFortalezaCEMondubim, e Planalto Ayrton Sena, Zona ZEI
Andreza Santos RodriguesSão PauloSPComunidade Vila Nova Jaguaré
Ângela Maria Dorneles PascoalCanoasRSMathias Velho e Harmonia
Antônia Fábia da Costa AlvesSenador GuiomardAC Bairro Chico Paulo 
Arilson VenturaCachoeiro de ItapemirimESComunidade Quilombola de Monte Alegre
Carla de Fátima Silva PereiraSanta HelenaMAQuilombo Vivo
Christiane MendesCaruaruPEBairro São José, Loteamento Cidade Agreste
Cíntia Cristina da Costa GeraldoRio de JaneiroRJRio Comprido, Comunidade do Escondidinho
Claudia Alice Rosa XavierSão PauloSPIlê Asé Oju OYa –  Jardim Minerva
Cláudia Maria Ferreira FreitasRio de JaneiroRJBairro Senador Augusto Vasconcelos
Climene Laura de CamargoSalvadorBAComunidade Quilombola Praia Grande, Ilha de Maré
Cynthia Dias da SilvaRio de JaneiroRJFazenda Botafogo, Acari, Pedreira e adjacências
Danielle Laleska Ferreira dos Santos FreitasRecifePEAgua Fria, Comunidade do Alto Santa Terezinha 
Débora Rodrigues Azevedo SilvaSanta LuziaMGQuilombo de Pinhões
Diego Nobrega Da SilvaRio de JaneiroRJJacarepaguá, Cidade de Deus
Edgard Aparecido de MouraSalvadorBASalvador
Edinalva Pereira SantosSanta Helena de MinasMGComunidades 
Edoniete Ribeiro GonçalvesNovo AripuanãAMNa comunidade Cristo Rei, Rio Arauá na RDS do Juma 
Emerson Claudio Nascimento dos SantosRio de JaneiroRJMorro Santa Marta
Emerson dos Santos de MirandaSalvaterraPAComunidades Quilombolas 
Erivaldo Soares de OliveiraFeira de SantanaBA Aviário
Eva Rete Mimbi BeniteParatyRJAldeia Indígena Paraty Mirim
Everton Santana SantosSalvadorBAAlto do Coqueirinho
Franciane Lima LeiteFortalezaCE Bairro da Serrinha
Francisco Ribeiro SilvaNatalRNFavelas da Cidade do Natal 
Gerson de Jesus SantosSão PauloSPPensões localizada no Centro 
Henrique da Costa SilvaRecifePEVirtualmente
Herika MarquesDuque de CaxiasRJImbariê, Jardim Rotsen
Isis Thayzi Silva de SouzaJaboatão dos GuararapesPEOcupação Carolina de Jesus
Ivaldo Bezerra Dias FilhoJoão PessoaPBComunidades de João Pessoa e Bayeux
Jadison dos Santos PalmaSalvadorBASubúrbio Ferroviário 
Jasmine Gabriele Borba PontesApiaíSP16ª Região Administrativa de Itapeva
Jeferson Alves FranciscoRio de JaneiroRJMorro da Mangueira
João Luís Joventino do NascimentoAracatiCEQuilombo do Cumbe
João Paulo de Araújo VieiraSao Bernardo do CampoSPCentro
Jonathas da Silva Conceição (John Conceição)AlvoradaRSVilas Tijuca, Umbú, Sitio dos Açudes, Santa Clara e Santa Bárbara
Jorge Luiz Fernando dos SantosRio de JaneiroRJCentro, Lapa, Catete, Glória, Largo do Machado
José Wagner do Nascimento CoelhoCaucaia -Jurema/AraturCESão Domingos, Toco, Metrópole Sul, Bouqueirão das Araras, Metropolitando, Parque São Gerardo, Tabapuazinho, Parque Potira, Arianópolis e Patricia Gomes
José Wanderson dos Santos AmorimItapecuru MirimMAQuilombo Tingidor
Joseilton de Oliveira PurificaçãoBom Jesus da LapaBAComunidade Quilombola de Barrinha, Território Velho Chico
Josemberg Silva PinheiroSão LuísMABairros de São Luís
Lisandra dos Santos LopesBrumadoBAConjuntos Habitacionais: Brisas I, II, III, IV e Bairro São Jorge
Luciana Santana de SouzaItaipavaESItapemirim (Joacima e Morro do Cemitério) Cachoeiro de Itapemirim (Itaoca Pedra)
Luís Otavio Alves BarretoSanto AmaroBABairro da Candolandia
Luísa Mahin Araújo Lima do NascimentoCachoeiraBAComunidades Rurais, Ribeirinhas, Quilombolas e intervenções sistemáticas na Feira Livre
Luzia CristinaBoa NovaGO Zona Urbana de Professor Jamil
Marcelo NascimentoSão PauloSP Guaianases, Jardim Soares 
Maria Alice ZachariasSão CarlosSPRegião periférica da cidade e zona rural
Maria de Lourdes Teixeira da SilvaJoão PesoaPBTerritório Quilombola de Ipiranga, Conde
Maria Edhayanne Erlle Ribeiro da SilvaNatalRN5  Comunidades perifericas 
Maria Lucia Quirino de CastroCampinasSPComunidades Aruanã, Chico Mendes e Santos Dummond
Maria Lucineide da SilvaCratoCEDistrito Baixio da Palmeiras, Romualdo
Maria Meirimar Santos da SilvaCoruripeALComunidade de Coruripe 
Maria Nazaré Barbosa da SilvaPoço BrancoRNComunidade Quilombola de Acauã
Maria Paula Ferreira RodriguesBelémPACidade Velha, Beco do Carmo e Beco das Malvinas, Comunidade do Porto do Sal 
Maria Sueli Corrêa dos PrazeresCametáPABom Sucesso e da Baixa Verde, Comunidade Quilombola de Porto Alegre
Marieny Matos NascimentoManausAMSão Francisco Nossa Sede, Praça 14 de Janeiro no Quilombo Urbano de São Benedito, Francisca Mendes Comunidade Indígena Urbana de Manaus
Michela Rita da SilvaBarretosSPBairros Santa Cecília, Caiçara e São Francisco
Naiane de Souza MarquesSão José da TaperaALComunidades
Onalvo de Jesus SantosBanzaeBAAldeia Pau Ferro
Pablo Rodrigo da Silva LimaSão PauloSPLajeado, Jardim Etelvina
Pâmella Gabriel Dos SantosRio de JaneiroRJPavuna
Reginaldo Souza RodriguesSão GonçaloRJVista Alegre, Jardim Bom Retiro, Guaxindiba e Morro da Viúva
Rita de Cássia Nascimento CorreiaPalmaresPEPalmares, Nilton Carneiro, Nova Palmares e Novo Horizonte
Rosália Oliveira da CostaPorto VelhoRO Bairro Jardim Santana
Rose Mary Pereira da Silva LimaRibeirao do LargoBAItambé
Rosimeire Alves de SouzaJanuaria, Riacho da cruzMG Comunidade Quilombola de Alegre
Ruan Philippe Marques Melo SantosSão Francisco do CondeBAGurugé, Estrada de Campinas
Sellena Oliveira RamosSalvadorBA Bairro Saúde
Sheyla Santana BacelarBelo HorizonteMGAglomerado da Serra, Serra
Sidnei dos SantosNiteróiRJComunidades no entorno do Largo da Batalha (Sapê, Ititioca, Maceió)
Silvane Aparecida MatiasItararéSPComunidade Quilombola Família Silvério
Solange Aparecida do NascimentoPalmasTOComunidade Quilombola Lagoa da Pedra, Município de Arraias
Thalyta Cristina Da Cunha De OliveiraRio de JaneiroRJComunidade do Guarda, Del Castilho
Valdilene Ferreira PaivaTomé-AçuPAComunidade Quilombola e Ribeirinha Marupaúba
Valdirene Aragão RochaBrumadoBADr. Juracy, Bairro da Rodoviária e o Mercado.
Valdirene Couto RaimundoMagéRJMagé, Quilombo do Feital e Bairro da Piedade
Vanda Lucia Roseno BatistaCratoCEBairro de Poço Dantas, Distrito de Monte Alverne
Vilson NovaisJaboatão dos GuararapesPEVila Rica, Moenda de Bronze 
Viviane de Sales SilvaRio de JaneiroRJBaía da Traição, Aldeia Potiguara, Estado da Paraíba
Zilda Maria de PaulaBarueriSPJardim Mutinga

Nome da organização proponenteCidade/MunicípioEstadoOnde as ações serão realizadas – Cidade, Bairro, Comunidade/Território e UF
ApremaceAquirazCEComunidade Riberinha do Iguape, Comunidade Quilombola, Resex do Batoque, Praia do Presidio, Comunidade da Vila Cabral
Associação Bebô Xikrin do BacajáSenador José PorfírioPAAldeias da TI Trincheira Bacajá
Associação Beneficente O Pequeno NazarenoFortalezaCECentro
Associação Cultural Companhia de AruandaRio de JaneiroRJMadureira, Comunidade da Serrinha
Associação Cultural e Carnavalesca Quero Ver o MomoSalvadorBASalvador
Associação de Desenvolvimento Comunitário dos Negros do Riacho-ADCNRCurrais NovosRNComunidade Negros do Riacho de Currais Novos
Associação de Desenvolvimento da Comunidade Remanescentes de Quilombro CarrascoArapiracaALQuilombo
Associação dos Moradores da Vila Cristina e Vila da PazSão PauloSPParque Bristol, Comunidades Vila Cristina e Vila da Paz
Associação Metareilá do Povo Indígena Paiter SuruíCacoalROTerra Indígena Sete de Setembro 
Associação Multicultural AzulmataNatalRNComunidade Quilombola de Capoeiras dos Negros
Associação Mutirão do PobreSão PauloSPRua dos Filhos da Terra
Associação Providenciando a Favor da VidaRio de JaneiroRJBairro Santo Cristo, Comunidades: Providencia, Morro do Pinto e King Kong
Associação Quilombola de RaposaCaldeirão GrandeBAComunidade Quilombola de Raposa
Associação Quilombola do Povoado PatiobaJaparatubaSEQuilombo Patioba Japaratuba 
Associação Quilombola Santa Filomena dos Pequenos Trabalhadores Rurais do Povoado Joaquim MariaMiranda do NorteMATerritório Quilombola
Associação Recreativa Cultural e ArtísticaJoão PessoaPBBairros da Ilha do Bispo (Comunidades do Tanque, Aratu, Mangue-seco e Beira da Linha), Porto do Capim e Varadouro (Comunidade Santa Emília e Cangote do Urubu) e na Cidade de Bayeux, nos Bairros do Baralho e São Bento 
Associação Semente da Vida da Cidade de DeusRio de JaneiroRJCidade de Deus 
Associação Social Educacional e Cultural Novos RumosSão PauloSPFavela da Ponte, Jaçanã
Casa da Comunidade do Berardo CCB-SOCIALRecifePEBairro do Prado, Comunidades do Berardo e Rua da Lama 
Centro de Estudos e Ações Solidárias da MaréRio de JaneiroRJComplexo da Maré
Comunidade Kolping  de Pedro IIPedro IIPIZonas urbana e rural de Pedro II 
G7/CPP Assistência ComunitáriaDuque de CaxiasRJParque Paulista
Grêmio Recreativo e Cultural Libertos na NoiteSão LuísMABairro Liberdade
Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBTIRio de JaneiroRJCidade do Rio de Janeiro
Instituto Bbrasileiro Cultural e SocioeducativoLaranjal do JariAPMalvinas
Instituto CrescerVicente PiresDFPontos de maior concentração da população de rua
Instituto de Ensino Profissionalizante SustentávelAquirazCEAbaiara
Instituto Efeito UrbanoRio de JaneiroRJSanto Cristo, Morro da Providência
Instituto Hórus, Instituto HojuRio de JaneiroRJMangueira, Jacarezinho, Manguinhos e Maré
Instituto ManguezalBelémPABairro Val-de-Cans
Instituto Projeto LapidarSanto AndréSPVila Sacadura Cabral
Instituto Sementes da SustentabilidadeFortalezaCEIpaumirim, Baixio e Umari
Instituto Sociocultural Nova Semeando AmorRio de JaneiroRJ Vargens e Jacarepaguá 
Instituto Vida RealRio de JaneiroRJComplexo da Maré
Integral World International MinistryFoz do IguaçuPRMorumbi III, Heleno de Freitas
Lute Sem FronteirasPortelPAIcuí, Jurunas, Pedreira e Terra Firme
Nucleo de Atendimento a Comunidade Articulada e Organizada – Grupo NaçãoVitóriaESJaburu, Gurigica, Bairro da Penha, Poligonal 1 e Território do Bem
Núcleo Sócio Cultural Semente do AmanhãRio de JaneiroRJBangu, Vila Aliança 
Projeto Alegria da CriançaCaucaiaCEDistrito de Jurema
Projeto Alternativo de Apoio a Meninos e Meninas de Rua – ERÊMaceióALComunidade Vila Brejal, Bairro Levada
Quilombo FM – 91,9Campo Grande do PiauíPISerra do Campo Grande
Sociedade da Mulher GuerreiraGuapimirimRJ Parada Ideal
Sociedade da RedençãoFortalezaCEBairro Pirambu 
Sociedade Filantrópica Semear de MedianeiraMedianeiraPRCentro, São Cristovão, Belo Horizonte, Condá, Itaipu, Cidade Alta, Frimesa, Nazaré, Ipê, Jardim Irene, Indepedência e Panorâmico
Visão SocialSobradinho IIDFSobradinho II 

Devemos celebrar o dia 13 de maio?

132 anos depois de uma lei que deveria criar as condições para que a população negra pudesse ter um tipo de inserção mais digna na sociedade, inúmeros indicadores evidenciam o racismo estrutural que conferem ao Brasil o titulo de um dos países mais desigual do mundo.

Mesmo representando 55,8% do total de brasileiros, os negros são maioria entre os desempregados do país (64%), entre aqueles que têm a mão de obra subutilizada (66,1%), os que vivem abaixo da linha da pobreza (41,7% contra 19% de brancos) e entre os que têm menos acesso a saneamento básico em seu domicílio (44,5%).

Na educação: embora praticamente não exista diferença percentual significativa entre crianças brancas e negras de 6 a 10 anos cursando o ensino fundamental (96,5% e 95,8%, respectivamente), jovens brancos de 18 a 24 anos que frequentam ou concluem o ensino superior são quase o dobro do percentual de jovens pretos e pardos na mesma faixa etária (36,1% versus 18,3%), segundo dados IBGE referentes a 2018.

Na saúde: 67% dos cidadãos brasileiros que dependem exclusivamente do SUS são negros (pretos e pardos) e, entre aqueles que declaram ter se sentido tratado de modo discriminatório ou degradante nos serviços de saúde, a maioria também é negra.

No mercado de trabalho: em 2019 a renda média mensal dos pretos equivalia a 55,8% da dos brancos.

Na segurança: as taxas de homicídio são maiores entre os pretos e pardos na faixa entre 15 e 29 anos. Entre brancos, a proporção de vítimas é de 34% enquanto para negros é de 98,5%.

É por isso que o Fundo Baobá existe: para contribuir no enfrentamento ao racismo e com a promoção da equidade racial que já deveria ter sido estabelecida.

Juntos podemos mudar esta realidade: https://bit.ly/2T4cXeF

CONHEÇA A PRIMEIRA LISTA DE PROJETOS SELECIONADOS PELO EDITAL DE APOIO EMERGENCIAL CONTRA O CORONAVÍRUS

O Fundo Baobá para Equidade Racial recebeu mais de 600 solicitações de apoio a projetos de combate ao coronavírus em comunidades vulneráveis entre os dias 5 e 12 de abril de 2020. 

Neste período foram 228 requerimentos apresentados por organizações e 376 apresentados por indivíduos. 

Destes, foram selecionadas 60 propostas individuais e 40 de organizações , totalizando 100 iniciativas que receberão repasses de até R$ 2,5 mil. Os valores serão creditados em até cinco dias úteis contando a partir de hoje (17 de abril de 2020).   

Entre 13 e 16 de abril recebemos outras 234 propostas de indivíduos e 131 de organizações, que serão avaliadas ao longo da próxima semana.  Os novos selecionados devem ser anunciados no dia 30 de abril de 2020.

O total de projetos recebidos até agora superou nossas expectativas. Para dar conta de avaliar e acompanhar os projetos selecionados, suspenderemos temporariamente este edital. Sua reabertura será comunicada por meio de nossas redes sociais.

Confira as Iniciativas Selecionadas

Nome da Organização Proponente Cidade/Município Estado Onde as ações serão realizadas (cidade, bairro, comunidade / território)
1 – Aqcomaq- Associação Quilombola Comunitária De Lagoa Grande Feira De Santana Bahia Comunidade Quilombola De Lagoa Grande
2 – Arena Cultural Idalina Souza   Duque De Caxias Rio de Janeiro Bairro Figueira e Adjacências, Duque De Caxias
3 – As Caboclas Rio De Janeiro Rio de Janeiro Ocupação Bosque Dos Caboclos, Campo Grande, Zona Oeste, Rio De Janeiro
4 – Associação Afro Brasileira Quilombo Erê – Atabaque Jacobina Bahia Jacobina, Bairro Quilombola Bananeira
5 – Associação Amigos De Nossa Senhora Da Conceição Paulista Pernambuco Paulista, Loteamento Conceição, Comunidade Dos 3 Postes e Baixada Do Mangue
6 – Associação Beneficente São Martinho Rio De Janeiro Rio de Janeiro Rio de Janeiro – Centro
7 – Associação Centro Social Estrela Dalva Ananindeua Pará Loteamento Cristo Redentor, Alameda São Paulo, N° 12 – Maguari
8 – Associação Cultural Maracrioula São Luís Maranhão São Luís, Bairro Liberdade
9 – Associação Da Cultura Hip Hop De Esteio Esteio Rio Grande Do Sul Cidade Esteio, Bairros São José, Primavera, Hípica, Vila Pedreira, São Sebastião
10 – Associação Das Comunidades Remanescentes De Quilombos Do Município De Oriximiná Oriximiná Pará Município De Oriximiná – Pará 1- Comunidades:  Cachoeira Porteira,  Abuí, Paraná Do Abuí, Santo Antônio Do Abuizinho, Tapagem, Sagrado Coração De Jesus, Mãe-Cué, Curuçá, Juquirizinho, Jamari, Juquiri Grande, Palhal, Nova Esperança, Último Quilombo, Moura, Boa Vista Trombetas, Mussurá, Bacabal, Aracuan De Cima, Aracuan Do Meio, Aracuan De Baixo, Serrinha, Terra Preta Ii, Jarauacá, Poço Fundo, Acapú, Varre Vento, Santa Rita, Boa Vista Cuminã, Água Fria, Ariramba, Jauari, Araçá, Espírito Santo, São Joaquim, Pancada
11 – Associação De Apoio As Meninas E Meninos Da Região Sé (Aacriança) São Paulo São Paulo Região central da cidade
12 – Associação De Moradores Do Alto Do Cabrito E Adjacência – Amaca Salvador Bahia Alto Do Cabrito, Subúrbio Ferroviário de Salvador
13 – Associação De Produtores Remanescentes Quilombolas De Volta Miúda – Caravelas/Ba Caravelas Bahia Município De Caravelas, Comunidade Quilombola de Volta Miúda
14 – Associação Dos Moradores E Produtores Ruais Da Comunidade Quilombola Santa Rita De Barreira São Miguel Do Guamá Pará Território Quilombola Santa Rita De Barreira, Zona Rural, Município De São Miguel Do Guamá
15 – Associação Dos Remanescentes De Quilombo De São Braz Santo Amaro Bahia Santo Amaro, São Braz, Comunidade Remanescente De Quilombo De São Braz/Território Quilombola
16 – Associação Dos Remanescentes Do Quilombo Dos Caetanos Em Capuan Caucaia CE Caucaia Ceará Caucaia, Capuan, Comunidade Quilombola Dos Caetanos, Território Jose De Alencar Metropolitano
17 – Associação Filantrópica Arte Salva Vidas Rio De Janeiro Rio de Janeiro Complexo Do Caju – Rio de Janeiro
18 – Associação Indígena Pariri Itaituba Pará Reserva Indígena Praia Do Índio e Reserva Indígena Praia Do Mangue, Itaituba
19 – Associação Médicos Do Mundo Sao Paulo São Paulo Região da Praça da Sé – São Paulo
20 – Associação Phábrika De Arthes Rio De Janeiro Rio Janeiro Fazenda Botafogo – Sub Bairro de Coelho Neto – Rio de Janeiro
21 – Associação Soenama Do Povo Indígena Paíter Suruí   Cacoal Rondônia  Aldeia Iratana
22 – AST-Agência Social De Talentos Rio De Janeiro Rio De Janeiro Em Bonsucesso, ao lado dos Complexos Do Alemão, Da Maré, De Manguinhos
23 – Centro De Ensino Superior De Agudos Agudos São Paulo Centro Oeste Paulista -Município de Agudos e Região (Lençóis Paulista, Bauru, Pederneiras, Piratininga, Macatuba, São Manoel)
24 – Centro De Orientação E Desenvolvimento De Luta Pela Vida João Pessoa Paraíba João Pessoa – área central, no entorno dos Mercados Públicos, Marquises Comerciais, Praças, Viadutos e Construções Abandonadas.
25 – Comissão Pastoral Da Terra Rio Branco Acre Seringal da Bacia Hidrográfica do Riozinho do Rola
26 – Comunema – Coletivo De Mulheres Negras “Maria-Maria” Altamira Pará Reassentamentos Urbanos Coletivos, Território Periférico Urbano E Rural
27 – Conselho Indígena De Roraima – CIR Boa Vista Roraima Comunidade Indígena Canauanim, Terra Indígena Canauanim, Município De Cantá
28 – Educap- Espaço Democrático De União,Convivência,Aprendizagem E Prevenção Rio De Janeiro Rio De Janeiro Compelxo do Alemão, Matinha/Canitar
29 – Fundação Dom José Brandão De Castro Poço Redondo Sergipe Poço Redondo, Sergipe
30 – Grupo Anjos Da Tia Stellinha Rio de Janeiro Rio de Janeiro Comunidade Dos Macacos, Vila Isabel, Rio De Janeiro
31 – Grupo Brasileiro De Promoção Da Cidadania Picos Piauí Picos – Piauí
32 – Grupo Mulher Maravilha Recife Pernambuco Bairro de Nova Descoberta
33 – Ile Axe Omorode Loni Oluaye Santo Amaro Da Purificação Bahia Santo Amaro Da Purificação – Bairros Do Pilar, Ilha Do Dendê, Derba, Sinimbú E Acupe. Assim Como Para Pessoas De Comunidades De Terreiro
34 – Instituto Anjos Da Noite Camocim Ceará Camocim Ceará
35 – Instituto Futsal Sem Drogas Várzea Grande Mato Grosso Cohab Cristo Rei – Parque Do Lago – Jaime Campos – Bairro Da Manga
36 – Instituto Inovação Sustentável São Paulo São Paulo São Paulo / Brasilândia / Zona Norte
37 – Ocip Ylê Axé De Iansã Araras São Paulo Assentamento Rural Araras 3
38 – Profec – Centro Ecumênico De Formação E Educação Comunitária Duque De Caxias Rio de Janeiro Bairros  Jardim Primavera, Campos Elíseos e Saracuruna
39 – Projeto Recriando Raízes Rio De Janeiro Rio de Janeiro Costa Barro –  Comunidades do Quitanda, Pedreira, Largatixa, Final Feliz, Chapadão e Terra Nostra
40 – Fundação Dom José Brandão de Castro  Poço Redondo, Sergipe  Poço Redondo Sergipe Poço Redondo, Sergipe
Nome da Pessoa Proponente Cidade/Município Estado Onde as ações serão realizadas (cidade, bairro, comunidade / território)
1 – Adinil Batista De Souza Cachoeira Bahia Comunidades Quilombolas do Município de Cachoeira
2 – Altamira Simões  – Santos De Sousa Salvador Bahia Salvador (Liberdade,  Pero Vaz,  Alto Do Cabrito,  Boiadeiro- Plataforma), Camaçari ( Barra De Pojuca)
3 – Ana Biatriz Santos De Souza Camaragibe Pernambuco Camaragibe- Timbi (Lixão, Enbolatanga e Maconhão), Bairro Novo (Rosa Selvagem, Aldeia De Baixo, Rachão)
4 – Ana Bispo Martins Dianópolis Tocantins Comunidade Quilombola de Lajeado, Zona Rural de Dianópolis
5 – Ana Cleide Ferreira Do Nascimento Teresina Piauí Comunidade Vila Nossa Sra. da Guia, Comunidade São Raimundo e Moradores de Rua do Grande Itararé
6 – Ana Paula Souza Da Silva Salvador Bahia Salvador
7 – Andreia Quintão Vasconcelos Duque De Caxias Rio De Janeiro Duque De Caxias – 1º Distrito
8 – Antonio Elisio Celestino Da Silva Fortaleza Ceará Grande Pirambu (Cristo Redentor e Barra Do Ceará)
9 – Christian Basilio Oliveira Duque De Caxias Rio De Janeiro Terceiro Distrito de Duque de Caxias – Imbariê
10 – Cleide Jane Figueiró De Araujo Duque De Caxias Rio de Janeiro  Vila Amélia / Duque de Caxias
11 – David Jefferson Tavares De Oliveira Jaboatão Dos Guararapes Pernambuco Jaboatão Dos Guararapes, Conjunto Muribeca, Muribeca e Adjacências
12 – Dayana Gusmao Da Silva Rio De Janeiro Rio de Janeiro Nova Holanda e Morro Do Timbau – Maré 
13 – Demison Ferreira Cardoso Ouriçangas Bahia Ouriçangas/Bahia
14 – Diácono Claudio Viana Gonçalves Itapipoca Ceará Bairros São Francisco, Cacimbas e Alto Alegre
15 – Edilene Americo Silva Brasília Distrito Federal Brasília, Samambaia e Estrutural
16 – Fabiana Da Silva Ferrinha Rio De Janeiro Rio de Janeiro Bonsucesso
17 – Fábio Da Mata De Sousa Belo Horizonte Minas Gerais  Belo Horizonte (Região Central da Capital, Região Hospitalar, Bairro Santa Efigênia, Regiões Periféricas do Bairro Venda Nova)
18 – Fabíola Maria De Oliveira Da Silva Rio De Janeiro Rio de Janeiro  Taquara; Bateau Mouche Praça Seca Jpa Cantagalo (Ipanema); Morro dos Macacos (Vila Isabel); Brisa no Recreio dos Bandeirantes; Localidades na Baixada Fluminense nas Cidades de Mesquita, Nova Iguaçu, Queimados e Belford Roxo.
19 – Fabrício Cabral Do Nascimento Feira De Santana Bahia Feira De Santana – Feira 10
20 – Fernanda Rodrigues Dos Santos Santa Maria Da Boa Vista Pernambuco  Comunidade Quilombola de Cupira, Município de Santa Maria da Boa Vista
21 – Flávio Gomes De Pontes João Pessoa Paraíba Comunidade São Rafael
22 – Flavio Santos Machado Salvador Bahia Itapuã, Alto Do Coqueirinho
23 – Francisco Ricardo Calixto De Souza Fortaleza Ceará Fortaleza, bairro – São Joao Do Tauape, Comunidades Lagamar e Maravilha
24 – Glenda Yamali Farias Alves São Paulo São Paulo Guarulhos, Vila Itapegica (Comunidades Portelinha E São Rafael)
25 – Jailes Pimentel Dos Reis Manaus Amazonas Zonas Leste, Norte e Periferia De Manaus
26 – Jéferson Da Silva Pereira Orocó Pernambuco Território Quilombola Águas Do Velho Chico, Zona Rural
27 – Jéssica Silva José Rio Das Ostras Rio de Janeiro Rio das Ostras, Cantagalo – Comunidade Andorinhas e Presidente Lula
28 – Joice Jane Teixeira São Paulo São Paulo Comunidade do Heliópolis
29 – Joyce Cristina Cursino De Abreu Belém Pará Bairro do Jurunas
30 – Juliana Alves Alexandre Niterói Rio de Janeiro Niterói, Vital Brazil (Morro Do Vital Brazil), Santa Rosa (Morro Do Souza Soares), Santa Rosa (Favela Do Viradouro) Atalaia (Morro Do Atalaia)
31 – Letícia Freitas Firmino Da Hora São Gonçalo Rio de Janeiro São Gonçalo,  Sacramento,  Parada São Jorge
32 – Lindinalva De Paula Pinto Salvador Bahia Santa Lúzia – Subúrbio, Mussurunga, Paripe Subúrbio, Cassaje, Boca Da Mata – Cidade Salvador
33 – Lorenço Ribeiro Filho Belém Pará Comunidade Quilombola De Itacoã, Municipio do Acará
34 – Luciéte Duarte Araujo Antônio Cardoso Bahia Comunidade Rural Remanescente de Quilombos Subaé
35 – Marcelle Decothé Da Silva Rio De Janeiro Rio de Janeiro Parada De Lucas/ Rio De Janeiro
36 – Marcelo Barros Meneses Fortaleza Ceará Centro da cidade de Fortaleza
37 – Marcos Antonio Francisco Mariano Rio De Janeiro Rio de Janeiro  Costa Barros – Comunidade do Fim do Mundo
38 – Maria Patricia Santana Oliveira Adustina Bahia Comunidade do Assentamento Caimã Ponta da Serra
39 – Mayara Micaela Alves Gomes Niterói Rio de Janeiro Comunidades e Ruas De Niterói
40 – Nelson Nunes Dos Santos Vitória Da Conquista Bahia Comunidades Quilombolas do Território de Vitória da Conquista
41 – Neusa De Jesus Rio Grande Da Serra São Paulo Bairros Periféricos
42 – Nilcimar Maria Silvestre Dos Santos Duque De Caxias Rio de Janeiro Duque De Caxias e demais Municípios da Baixada Fluminense
43 – Nzinga Cavalcante De Lima Dias Tracunhaém Pernambuco Comunidade: Complexo Prado – Assentamento Chico Mendes I E Ii, Belo Oriente – Cidade: Tracunhaém – Território: Zona Da Mata Norte De Pernambuco
44 – Ozeias De Almeida Santos Antonio Cardoso Bahia Comunidade Quilombola De Paus Altos
45 – Rafael Marques Geraldo São Paulo São Paulo Rio Pequeno, Comunidade São Remo / Butantã
46 – Rita De Cássia  Pantoja Cravo Belém Pará  Bairro Da Brasília – Outeiro, Ilha De Caratateua
47 – Rodrigo Menezes Coelho Salvador Bahia Nordeste de Amaralina/ Santa Cruz / Vale Das Pedrinhas
48 – Rodrigo Monteiro Dos Santos Nova Iguaçu Rio de Janeiro Bairro Corumbá
49 – Rosana Vieira De J. Oliveira Cruz Das Almas Bahia Loteamentos Miradouro E Bela Vista
50 – Rosenilda Pereira Da Silva Ivinhema Mato Grosso Do Sul Ivinhema
51 – Sabrina Prado Alves Osasco São Paulo Osasco (Jardim Conceição) e Mairiporã (Terra Preta)
52 – Saney Luzia De Souza Rio De Janeiro Rio de Janeiro Ocupação Bosque Dos Caboclos – Estrada Dos Caboclos, Campo Grande
53 – Silvana Do Amaral Veríssimo Piracicaba São Paulo  Bairros Pauliceia e  Vila Sônia
54 – Sintia Almeida Silva Ribeiro São Paulo São Paulo Jardim Apura, Pedreira, Dorotéia e Eldorado
55 – Tasciano Santos Silva Solari Salvador Bahia Salvador, Massaranduba, Comunidade Dos Alagados (Conder)
56 – Teodora De Souza Dourados Mato Grosso do Sul Aldeia Jaguapiru, Dourados
57 – Thais Zimbwe Rio De Janeiro Rio de Janeiro Pilares – Vila Da Penha – Belford Roxo – Seropédica
58 – Ubiraci Carlucio Dos Santos Salvador Bahia Bairro Federação – Comunidade Do Auto Da Bola
59 – Vívian Kristinny Campos Silveira Dias Gonçalves   Rio De Janeiro         Rio de Janeiro         Morro Do Borel, Comunidade Da Indiana        
60 – Zoraide Francisca Gomes (Cris dos Prazeres) Rio de Janeiro   Rio de Janeiro Morro dos Prazeres


Baobá na imprensa em abril

O lançamento do edital de doações emergenciais foi noticiado por diversos veículos da imprensa brasileira, assim como o edital em parceria com o Desabafo Social. Nesse mês, nossa diretora, Selma Moreira, também conversou com a revista Capital Aberto sobre nosso fundo patrimonial e com o Nexo, sobre a saúde da população negra neste contexto de pandemia. A mídia negra também divulgou amplamente o edital, com destaque para Geledés, Ipeafro e Blogueiras Negras. 

Confira a seguir alguns destaques:

Nexo

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Capital Aberto

Revista Exame

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Folha de São Paulo

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El País

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Yahoo

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Depois da Pauta (Podcast) 

GIFE

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Observatório Terceiro Setor

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Geledés

Blogueiras Negras

Ipeafro

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“Programa Marielle Franco” realiza encontro virtual entre os seus participantes

No dia 16 de abril, o Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco promoveu um momento de interação e troca de experiências entre suas participantes e atores estratégicos, através da plataforma Zoom.

Além de todas as selecionadas e apoiadas pelo Programa, participaram desse momento de integração virtual representantes das fundações e institutos que apoiam o programa, como Alejandra Garduño e Sebastian Frias, da Fundação Kellogg, Átila Roque, da Fundação Ford, Lígia Batista, da Open Society Foundations, e Mohara Valle, do Instituto Ibirapitanga. Membros dos comitês de investimento e finanças e, também, da assembleia geral e do conselho deliberativo do Fundo Baobá, como Giovanni Harvey, presidente do conselho deliberativo, e a filósofa e ativista na luta antirracista Sueli Carneiro também estiveram presentes. 

Harvey agradeceu a todas as mulheres e entidades que estavam representadas no encontro virtual. Disse que, embora nossa sociedade sofra com o  racismo estrutural, iniciativas como a do Programa de Aceleração  “ajudam a mudar contextos e paradigmas”. Já Sueli Carneiro, durante a sua fala, ressaltou a importância desse momento histórico virtual: “Em março nós rememoramos mais um ano sem Marielle Franco, e hoje nós inauguramos, dessa maneira, esse processo de integração e interação das nossas apoiadas do Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco. É importante sempre lembrar que essa iniciativa foi a resposta necessária ao covarde assassinato de Marielle Franco, a resposta de todos e todas nós – defensores dos direitos humanos e a resposta de todas nós que lutamos pela promoção social, visibilidade e representatividade das mulheres negras”.  

Dirigindo a fala às selecionadas, Sueli disse: “Vocês são as herdeiras desse sonho e das lutas que o sustentam. Cada uma de vocês respondem às dimensões que estão colocadas como desafios para afirmação individual e coletiva das mulheres negras, que vêm sendo identificados, sobretudo, pelo protagonismo político das mulheres negras. Esses desafios podemos dividir em quatro pontos fundamentais: A necessidade de fortalecimento das organizações políticas de mulheres negras;  a necessidade e a urgência de formação de quadros políticos e técnicos; o combate sistemático ao racismo e aos estereótipos que aprisionam as mulheres negras; e a construção de novos imaginários para as mulheres negras”.

Por fim, Sueli Carneiro ressaltou: “Esse programa foi a forma encontrada de honrar a memória de Marielle Franco e o seu legado de coragem, luta e compromisso com as causas populares, e com um Brasil mais justo e igualitário”.

A família de Marielle Franco também participou do encontro virtual. Marinete Silva, mãe da vereadora, reforçou a importância do empodeamento das mulheres negras: “É muito bom saber que o Fundo Baobá está empenhado em manter esse projeto e que está presente na vida dessas mulheres que têm muita vontade de vencer”. Anielle Franco, a irmã, agradeceu a participação, além de demonstrar alegria ao ver o grupo de mulheres reunido: “Tenho muito orgulho de estar aqui com vocês e faço minhas as palavras de muitas participantes aqui, pois recebemos de vocês todo o apoio para a nossa família que tem passado por várias provações durante este tempo”. Luyara Franco, a única filha de Marielle Franco e uma das líderes em processo de aceleração, também teve a palavra: “Agradeço a parceria, porque a gente não faz nada sozinha. Construir a nossa história ao lado dessas mulheres é muito gratificante”.

Luyara e Marinete Franco

Entre as muitas falas e discursos, em aproximadamente duas horas de interação, Alejandra Garduño, diretora da Fundação Kellogg para a América Latina, ressaltou a importância da atuação do Fundo Baobá no planejamento do programa de desenvolvimento de novas lideranças. Ela destacou que espera, em breve, encontrar todas as participantes pessoalmente, quando a pandemia passar. “É necessário continuar trabalhando e contribuindo para promover a equidade racial. Espero estar perto de vocês e ouvir de cada uma detalhes de seus projetos para ver de que maneira podemos contribuir com soluções”. 

Alejandra Garduño (Diretora da Fundação Kellogg)

A diretora e Sebastian Frias, oficial responsável pelas iniciativas de promoção da equidade racial na Fundação Kellogg, também afirmaram que o momento é muito importante para transformar os sistemas que produzem desigualdades no mundo. Para isso, contam com  uma liderança, como o Baobá, que ajuda a guiar as ações nas comunidades. “Esperamos que as pessoas selecionadas aproveitem esse programa para fortalecer a sua liderança e continuar pressionando pela justiça social”, disse Sebástian.

O diretor  da Fundação Ford para o Brasil e América Latina,  Átila Roque destacou  a massiva representação negra entre os participantes do encontro virtual, reforçando: “Olhando para todas essas carinhas aqui, é muito emocionante ver o quanto avançamos na luta pela democracia e na luta contra o racismo”. Ele também destacou a importância de programas como este na promoção da equidade racial em nosso país.

Atila Roque (Fundação Ford)

Entre as selecionadas, a pesquisadora Durvalina Rodrigues, pós-graduada em Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça e em Políticas e Gestão do Cuidado, pautou sua fala nos aspectos políticos. Disse que estava orgulhosa de ser a porta-voz dos coletivos selecionados e que escutou representantes dessas organizações. Nessa escuta, entre outros aspectos, detectou o expressivo aumento da violência racial contra mulheres, principalmente as quilombolas. “Portanto, o Fundo Baobá, ao nos apoiar, nos dá a chance de olhar para isso e intervir.”

A jornalista Jaciara Novaes Mello (PR), agradeceu as oportunidades que o Programa está ofertando a cada uma daquelas mulheres e, particularmente, à ela. Disse também que o vivemos um tempo paradoxal, mas também de aprendizado. “O programa está mudando o patamar de todas nós e essa interação permite que a gente se inspire na experiência de cada uma”.

Juliana de Oliveira Ferreira, de Goiânia (GO), à frente do projeto “Movimentos Atlânticos”, frisou o quanto o Programa foi essencial em sua jornada de desenvolvimento: “Este edital me abriu várias possibilidades de trabalho e de estudo. Através dele eu comprei livros que eu sonhava em adquirir para a minha formação. Portanto, a minha fala aqui é apenas de agradecimento”. 

Gratidão também resume o discurso de Monalyza Ferreira Alves Pereira, à frente do projeto “De uma para muitas – Transformação, Comunicação e Formação em Gestão de Políticas Públicas”, no Rio de Janeiro que trabalha na formação de gestores públicos, reconheceu o quanto o Programa é importante na construção de uma sociedade igualitária: “Nós ainda temos muito trabalho e desafios pela frente, que serão coroados com muita conquista e inspiração. Só tenho que agradecer por essa oportunidade”.
Lançado em setembro do ano passado pelo Fundo Baobá, o Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras busca a paridade real, em todos os lugares, instituições, organizações não governamentais, sindicatos, empresas privadas e públicas, organismos internacionais, estruturas formais do Estado (Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário) e no próprio movimento social, para que cada vez mais, as vozes, as falas, e a produção política e intelectual das mulheres negras em papel de liderança sejam ouvidas, percebidas e reconhecidas nos espaços onde o poder simbólico e material é exercido. Foi concebido e será implementado para que mais mulheres negras quebrem o “teto de vidro” e possam fazer das suas capacidades coletivas e individuais  instrumentos potentes para que cada vez menos mulheres negras fiquem para trás.

Saúde como prioridade no Fundo Baobá

A saúde é um subtema dentro do eixo viver com dignidade, trabalhado pelo Fundo Baobá. Portanto, é uma das áreas onde o impacto das desigualdades e das injustiças sociais ficam mais evidentes. Desde a sua criação, o Fundo Baobá tem lançado editais que trabalham a promoção da saúde para população preta e parda. No ano de 2014 foi lançada a “1ª Chamada para projetos de Organizações Afro-Brasileiras da Sociedade Civil” – um fundo de apoio a pequenos projetos com o objetivo de apoiar por 12 meses, 22 organizações pequenas e médias da sociedade civil.

Entre os trabalhos selecionados estavam “Bancada de Arrambã no Gumé do Querebentã – Saúde no Terreiro”, da Federação de Cultura Negra do Vale do Itapecuru Mirim, no Maranhão, que além de possibilitar, direta e indiretamente, a melhoria do nível de conhecimento de 560 mulheres jovens e trabalhadores(as) rurais, transmitia informações e habilidades dos antepassados na área de saúde e educação alimentar e nutricional, patrimônio dos “gumés” de cultos afro-maranhenses.

Outro projeto contemplado foi “Saúde da População Negra em foco” da ACMUN – Associação Cultural de Mulheres Negras de Porto Alegre (RS), que tinha como premissa ampliar a informação aos usuários do SUS sobre a existência de uma Política Nacional de Saúde Integral da População Negra.

Em junho de 2018, foi lançado o edital “Negras Potências”, uma parceria do Fundo Baobá e Benfeitoria, com apoio de Coca-Cola Brasil e Movimento Coletivo, reunindo projetos de impacto que contribuem para o empoderamento de meninas e mulheres negras. Entre os 16 projetos selecionados estava “Doula a Quem Quiser”, da Associação de Doulas do Rio de Janeiro (RJ), que promove o acesso à informação de qualidade sobre gestação, parto e puerpério, salientando a questão da violência obstétrica vivenciada por mulheres.

“Parte da preocupação da ADOULASRJ era como mulheres periféricas, negras em especial, vivenciavam o ciclo gravídico-puerperal, o que chamamos de gestação-parto-puerpério”, diz Morgana Eneile, que está à frente da associação. Com o lançamento do edital, a associação enviou o seu projeto para análise: “A proposta era realizar encontros de educação perinatal dentro do sistema de atenção já existente, como medida de prevenção à violência obstétrica e consequentemente à mortalidade materna. Além disso, fazer a interlocução entre a promoção destes conteúdos, direitos e formas de acesso, articulando formas de denúncia ao seu descumprimento”, ressalta Morgana.

Associação de Doulas do Rio de Janeiro

Com o projeto selecionado pelo Fundo Baobá, deu início às atividades do “Doula a Quem Quiser”: “O trabalho que realizamos ocorreu nas Clínicas da Família na Zona Oeste do Rio de Janeiro, especificamente em Realengo, com a atuação em atividades coletivas de gestantes em atenção pré-natal. Ao mesmo tempo, foi articulada uma cooperação com a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, através da Coordenação de Direitos da Mulher,  para elaboração e publicação de uma cartilha de Direitos e um mecanismo de acompanhamento de denúncias”, relembra Morgana.

Segundo ela, ter o projeto selecionado pelo Fundo Baobá foi fundamental para a promoção da saúde e da humanização do parto: “Os trabalhos realizados através do edital colaboram com a constituição de novas modelagens para a atuação das Doulas dentro da atenção primária à Saúde. Muito do que se referencia sobre doulas tem um olhar sobre o trabalho de parto em si, com o suporte realizado neste momento”, disse. 

O projeto abriu outras portas para a instituição de mais construções para mulheres que não tinham a oportunidade de acessar outras modelagens de atenção perinatal, baseadas em atividades coletivas. Para isso, também foi constituída uma modelagem específica pensada para a abordagem permeada pelo lúdico e constituída para mulheres que não necessariamente buscam informações sobre parto natural/humanizado, geralmente acessível às classes privilegiadas. Esse processo formativo, em que as discussões sobre racismo estrutural e institucional foram centrais, potencializaram a atenção da instituição como vocalizadora deste enfrentamento. Estamos sistematizando a experiência para poder dividir com outras organizações”, finaliza.

No mesmo ano, em parceria com a Fundação OAK, foi lançado o edital “A Cidade Que Queremos”, voltado para região Nordeste.  Além da saúde, trabalhou os eixos temáticos de educação, meio ambiente, segurança, trabalho, transporte, habitação, serviços, lazer e cultura. Entre os 10 projetos selecionados estava o Grupo Mulher Maravilha de Pernambuco, uma organização não governamental, com certificado de entidade beneficente de assistência social, filiada à Associação Brasileira de ONGs (ABONG), ao Movimento Nacional dos Direitos Humanos (MNDH), ao Fórum de Mulheres de Pernambuco (FMPE), ao Fórum de Economia Solidária e a Articulação Aids. 

“O Grupo Mulher Maravilha iniciou, em meados dos anos 1980, suas ações de saúde popular junto às mulheres que aprenderam a fazer auto-exame com espéculo de acrílico e espelho, e a se curar com ervas medicinais.”, relembra Maria de Lourdes Araújo Luna, assistente social e Suplente da Coordenação do grupo que, posteriormente, foi convidado para participar de grande campanha de prevenção ao HIV no bairro de Nova Descoberta e Morro da Conceição. No ano de 2001 teve seu primeiro projeto aprovado como o nome Mulheres na Prevenção da Aids, no Recife, e depois Mulheres se Fortalecem na Prevenção da Aids.

Selecionado pelo Fundo Baobá, o GMM começou a executar as suas ações: “O maior trabalho com o  apoio do Fundo Baobá foi a possibilidade da abertura de espaço de diálogo na comunidade sobre o direito a ter saúde, a um meio ambiente equilibrado nas periferias e a reflexão sobre a importância do reconhecimento de ser mulher negra, num contexto político de grande expectativa e ameaça de perda de direitos”, frisa Maria de Lourdes, que entre as inúmeras ações realizadas, elenca os principais destaques: “Realizamos rodas de conversa com várias temáticas, como saúde da mulher negra na perspectiva dos direitos humanos; criação de comissão de acompanhamento de demandas/denúncias da comunidade sobre o descaso do governo com a saúde pública; realização de oficinas de formação de políticas públicas e conjuntura política com foco na Reforma da Previdência”. As oficinas ainda incluíram temas como alimentação saudável, estética afro, jardinagem e ações de prevenção e de enfrentamento à violência doméstica e sexual contra mulheres através de práticas integrativas de auto-cuidado com massagem, yoga, biodança e mapeamento afetivo.

Grupo Mulher Maravilha

Para Maria de Lourdes, o maior legado que o GMM teve após a participação no programa “A Cidade Que Queremos” foi a construção do Núcleo Dandara situado em Nova Descoberta: “O Núcleo Dandara dá maior visibilidade à luta pela saúde da população negra e formação cidadã do Grupo Mulher Maravilha na comunidade, fortalecendo articulação com serviços do Distrito Sanitário, do CRAS, Conselhos de Saúde, da Mulher e Fóruns de Mulheres Negras”, finaliza.      

Em 2019, foi o lançamento do “Programa Marielle Franco de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras”, em parceria com a Ford Foundation, Open Society Foundations, Instituto Ibirapitanga e a W.K. Kellogg Foundation, e que  teve entre as propostas selecionadas o projeto “Racismo e a interface com a violência doméstica na Saúde”, da participante Magna Barboza Damasceno (SP). 

No mesmo ano, uma parceria entre o Fundo Baobá, W.K. Kellogg Foundation e Fundação Lemann, que trabalha com educação e formação de lideranças, criou um fundo patrimonial de R$ 7,5 milhões, voltado para o apoio a estudantes negros brasileiros através de bolsas de pós graduação nas universidades de Harvard, Columbia, Stanford e MIT. E entre as áreas de pós graduação ofertadas está a saúde.

Segundo Magna, o projeto “Racismo e as interfaces com a violência doméstica na Saúde” ampliou a capacidade de liderança de forma mais assertiva e assegurou discussões sobre o racismo institucional no campo do trabalho por meio de aperfeiçoamento de técnicas de gestão. “Inicialmente, nosso trabalho era organizar a base de dados sobre violência interpessoal/doméstica, dentro do território trabalhado por meio de uma plataforma com três elementos: um banco de dados em tempo real, boletins informativos sobre o agravo e uma leitura que pressupõe o tratamento de dados para a atuação local e a gestão da clínica”, explica ela.

Magna diz que é de conhecimento que a população negra é um público com alta vulnerabilidade e que, em muitas circunstâncias, tem suas necessidades negligenciadas, impactando diretamente em sua saúde. “São as mulheres negras que mais sofrem violência doméstica e também são elas as que mais utilizam os serviços de saúde do SUS”, afirma. 

Reunião do projeto “Racismo e as interfaces com a violência doméstica na Saúde”. Embaixo: Magna Barboza Damasceno (Coordenadora da Rede de Atenção às Pessoas em Situação de Violência Doméstica e Sexual), à esquerda Giovana Neves Damasceno (Gestora de projetos responsável pelo aplicativo), à direita Raquel Regina Rodrigues Monteiro (Articuladora de rede)

Além da plataforma prevista, o financiamento do projeto propõe um momento de imersão dos trabalhadores de saúde sobre as questões que abarcam raça/cor/etnia e a saúde da população negra. Traz elementos para pensar novas abordagens sociais/clínicas do ponto de vista institucional e como essas intersecções interferem nas condições de saúde da população negra. “Isso permite uma reflexão por parte dos trabalhadores na mudança da perspectiva do trabalho de maneira mais crítica, o que pode impactar de forma mais eficaz e positiva no atendimento em saúde”, finaliza.

Manter o foco em saúde é uma necessidade, sobretudo neste momento de pandemia. Com foco nessa questão, o Fundo Baobá tem promovido editais de doações emergenciais para projetos de prevenção à contaminação pelo coronavírus e ações pontuais para combater o avanço da pandemia.

Parceria vai apoiar ações contra Covid-19 nas comunidades do Rio e de São Paulo

Usar a criatividade e a habilidade com ferramentas digitais para combater o avanço do coronavírus em territórios vulneráveis dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo: esse é o desafio proposto pela parceria firmada entre o Fundo Baobá para Equidade Racial e o Desabafo Social – laboratório de tecnologias sociais aplicadas à geração de renda, comunicação e educação.

O objetivo da iniciativa é filtrar ações de combate à doença nessas áreas que, no país, são as que acumulam os maiores índices de pessoas infectadas e de mortes.

A seleção é feita por meio de um desafio na plataforma ItsNoon, um aplicativo de interação entre pessoas e suas ideias. Dessa forma, é possível compartilhar ações que possam ser feitas agora para apoiar quem está em situação de risco nessas regiões. No app, as pessoas responderão ao desafio e podem receber de R$ 60 até R$ 350 reais por uma boa ideia. 

app Itsnoon

“Queremos apoiar iniciativas que escapam aos mecanismos tradicionais de filantropia”, explica Selma Moreira, diretora-executiva  de Fundo Baobá. “Poderemos viabilizar, por exemplo, campanhas rápidas desenvolvidas pelo senhor ou a senhora que vende produtos de limpeza ou ovos; transmissões online feitas por adolescentes e jovens das comunidades – em suma, ideias simples que podem ser convertidas facilmente em ações”, afirma.

Essa foi a maneira encontrada para ajudar as pessoas a lidarem com a sensação de impotência diante desse vírus invisível, desconhecido e “preservar o sentimento de pertencimento e o espírito comunitário tão necessários neste momento de pandemia”, como explica a diretora.

Quem são os parceiros – O Fundo Baobá é o primeiro e único fundo dedicado exclusivamente à promoção da equidade racial para a população negra no Brasil. Já o Desabafo Social é um laboratório de tecnologias sociais que foi criado em 2011 em forma de grêmio estudantil. De lá pra cá, tornou-se organização social com foco em soluções para educação, comunicação e direitos humanos. Hoje, é um laboratório de tecnologias voltadas para a área social.

Segundo Monique Evelle, criadora do Desabafo Social, outro diferencial dessa iniciativa é premiar a criatividade.  “Neste momento de incertezas, é importante apoiar pessoas e iniciativas que estão ajudando quem está em situação de risco”, explicou. “Criamos um ecossistema de ideias que estão sendo valorizadas através de micropagamentos. Assim, conseguimos colocar essas ideias em prática, apoiar financeiramente os projetos e impactar cada vez mais gente”. Podem ser inscritas músicas, poesias, vídeos e outras manifestações artísticas que beneficiem as comunidades pela informação, pela motivação ou pelo suporte emocional.

É muito simples participar. Basta baixar o aplicativo (https://linktr.ee/desabafosocial) e criar um perfil para começar as publicações. O desafio começou dia 14 de abril e ficará aberto até a total distribuição do recurso aportado.

O objetivo é que as ideias selecionadas, voltadas para os estados do Rio de Janeiro ou de São Paulo, ajudem a  reduzir os riscos de novas infecções, diminuir a sensação de isolamento e até mesmo ajudar a resolver problemas financeiros imediatos. Também é importante ter foco na criatividade e na educação em saúde, na resiliência comunitária e na contenção da onda de contágio.

Parceria com foco na equidade racial e no fortalecimento das instituições

Instituto Ibirapitanga, fundação 100% brasileira, optou por investir no Fundo Baobá em função da sua proposta de combater a desigualdade racial

Pense em uma instituição genuinamente brasileira com foco em defender as liberdades civis e aprofundar a democracia nacional: assim é o Instituto Ibirapitanga. De origem tupi-guarani, seu nome é um dos sinônimos de pau-Brasil – a madeira típica do país que existia em abundância por aqui quando os portugueses chegaram.

Quando foi criado em 2017 pelo cineasta Walter Salles, o Instituto Ibirapitanga rapidamente definiu, após discussões iniciais, que um de seus principais eixos de atuação seria manter estreita e sólida parceria com entidades que tivessem como foco, princípio e meta a equidade racial, como explica Andre Degenszajn, diretor-presidente.

“Conheço o Baobá desde que era ainda uma ideia”, relembra. Na época, Degenszajn saíra da Conectas Direitos Humanos para o Grupo de Institutos Fundações e Empresas (GIFE). Então, ele participou de várias discussões sobre a criação do Baobá com entidades e lideranças de movimentos sociais.

Andre Degenszajn (Diretor-presidente do Instituto Ibirapitanga)

Quando o Instituto Ibirapitanga definiu que teria um programa voltado para a equidade racial, a discussão sobre o apoio ao Baobá surgiu naturalmente. “Era uma forma de reconhecer a importância desse fundo que tem como mandato apoiar iniciativas de combate ao racismo.”

O investimento inicial feito pelo instituto no Fundo Baobá foi da ordem de US$ 1 milhão,  a partir de recursos próprios provenientes dos rendimentos de um fundo patrimonial. Com o assassinato de Marielle Franco, há dois anos, esse aporte foi destinado a viabilizar o Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras que leva o nome da vereadora.

Andre Degenszajn explica que o Instituto Ibirapitanga trabalha com duas áreas prioritárias. A primeira é da equidade racial. A segunda é voltada para a construção de um sistema de alimentação saudável, justo e sustentável, considerando, por exemplo, o estímulo à agricultura orgânica.

Instituto Ibirapitanga

No âmbito da equidade racial, há três eixos prioritários. Um deles é ampliar a representação simbólica e política da população negra, com ações que tenham relação com a construção de narrativas, resgate histórico e memória, com afirmação da presença negra na sociedade brasileira.  A segunda linha tem foco em ações afirmativas e debates em torno dessas propostas. E, por fim, fortalecimento de movimentos antirracistas já constituídos e emergentes.

Uma das razões para o Instituto Ibirapitanga definir esses segmentos para aportar recursos foi a necessidade de fortalecer a autonomia de organizações e movimentos que atuam com o foco na equidade racial.

O diretor-presidente explica que, na filantropia, são poucas as instituições dedicadas exclusivamente à promoção da equidade racial, como é o caso do Fundo Baobá, porque essas questões geralmente estão diluídas no campo dos direitos humanos. Outro fato é que, historicamente, os recursos estão concentrados em organizações brancas, tanto nas que doam como nas que recebem apoio.

“Agora, temos a oportunidade de reequilibrar a distribuição de recursos, mas sempre com o cuidado de não criar ou construir uma relação paternalista. Queremos, ao contrário, dar autonomia e buscar construir um diálogo mais horizontal”, finaliza.

Edital de apoio emergencial contra o coronavírus já selecionou mais de 200 projetos e busca doadores individuais

Em apenas doze dias, o edital do Fundo Baobá recebeu 1037 solicitações de apoio a projetos de combate ao coronavírus em comunidades vulneráveis. Desse total, 387 são de organizações e 650 de indivíduos. Ao todo, foram selecionados 220 projetos – sendo 130 pessoas e 90 organizações. Lançado em 5 de abril, o edital (relembre aqui) visa apoiar um amplo espectro de populações em situação de risco.

A primeira lista, divulgada em 17 de abril de 2020, contemplou projetos de 60 pessoas e 40 organizações. A segunda, publicada no site do Fundo em 30 de abril, selecionou projetos de 70 indivíduos e 50 organizações, que receberão repasses de até R$ 2,5 mil em até cinco dias úteis.

“O objetivo deste edital é intensificar as ações de prevenção à doença nas áreas mais carentes de recursos e de serviços, que são também as que concentram as populações mais suscetíveis”, explica Selma Moreira, diretora do Fundo Baobá, que destinou R$ 600 mil em recursos próprios (fundo patrimonial) para essa ação e agora está em busca de doações, principalmente de pessoas físicas, para viabilizar mais iniciativas. 

Quem quiser fazer uma doação, basta acessar o seguinte link no site do Baobá: https://baoba.colabore.org/Sejaumdoador/single_step e contribuir com quanto puder.

É bom lembrar que cada doação, o Fundo Baobá recebe uma contrapartida da Fundação Kellog na seguinte proporção: a cada R$ 1,00 arrecadado no País, a fundação contribui com mais R$ 3,00 que se destina ao fundo patrimonial.

No domingo (19), Roberto Carlos fez uma live cantando a música “Como é grande o meu amor por você” justamente para divulgar a plataforma “paraquemdoar.com“, da qual o Fundo Baobá participa, e a necessidade de usar máscaras para proteção individual. Ivete Sangalo também promoveu  a página por meio de uma live no sábado seguinte (25). 

Roberto Carlos em sua live no dia 19 de abril

Resultados iniciais – As iniciativas escolhidas foram majoritariamente do Rio de Janeiro, seguido por Bahia e São Paulo. Com relação a projetos de organizações, os estados com mais entidades selecionadas foram os mesmos e na mesma ordem.

Segundo Selma Moreira, a variedade de projetos selecionados visa contemplar a diversidade do nosso país e envolve iniciativas implementadas nos grandes centros urbanos do Rio e de São Paulo, mas também no Norte e Nordeste. “Recebemos projetos cujas ações ocorrem em comunidades indígenas, assentamentos, outros que envolvem quilombolas, população em situação de rua, profissionais do sexo, usuários de drogas, idosos, mulheres que vivem ou vivenciaram o cárcere, pescadores artesanais, catadores de material reciclado, além de moradores das periferias das grandes cidades. Essa era justamente a finalidade do edital: levar recursos para quem realmente precisa nas diversas regiões deste país”, disse.

O edital visa apoiar indivíduos e organizações comprometidos com a equidade racial que atuem junto a comunidades periféricas e outros territórios de vulnerabilidade;  com populações em situação de rua, pessoas privadas de liberdade, idosos, jovens em medidas socioeducativas, ciganos, migrantes, refugiados,  residentes em áreas remotas de todas as regiões do país, como comunidades quilombolas, ribeirinhas, indígenas e outras comunidades tradicionais, nas florestas e ilhas, onde haja casos notificados, em fase de análise, ou casos confirmados de infecção pelo coronavírus. 

Vale lembrar que, em meio à pandemia, a população negra é a mais suscetível, conforme pode ser conferido no texto Um raio-x da saúde da população negra no Brasil em meio à pandemia. “Portanto, a ação de todos é fundamental para conter a transmissão”, alerta Selma.

O desafio diário das Marielles

Este é um mês emblemático na luta pela equidade racial para as  mulheres. Além do Dia Internacional da Mulher, que serve para expor a situação de desigualdade entre os sexos, tivemos o 14 de março – quando, neste ano, completaram-se dois anos, do assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, no Rio de Janeiro. Um crime ainda sem solução.

Este ano a data foi marcada por reflexões, debates e pelo olhar para o futuro: como proteger as tantas Marielles que vivem e atuam Brasil afora?  Como manter e amplificar suas vozes? Como garantir seu direito à dignidade e à vida?  

O Fundo Baobá participou ativamente de várias discussões. A primeira delas ocorreu no dia 9, com a participação de Fernanda Lopes, diretora de programa do Baobá, no Bom para Todos, da TVT. Com o tema “o legado de resistência de Marielle Franco”, o programa contou com a presença também de Ully Zizo (Fundo Brasil), no estúdio, além de Jurema Werneck (Anistia Internacional/Fundo Brasil) e Patricia Oliveira (Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência). A ideia foi debater de que forma os movimentos pela valorização da vida e defesa dos direitos humanos  avançaram após a morte da vereadora. 

https://youtu.be/7QYNgrndra4

Já no sábado, 14, foi publicado no Jornal O Globo um artigo assinado por Selma Moreira, diretora-executiva do Baboá. No texto, intitulado “Precisamos proteger todas as Marielles”, ela abordou a necessidade de criar ações que promovam a equidade racial e a liderança feminina em vários setores da sociedade como forma de superar o fosso social deixado por séculos de desigualdade, discriminação e injustiças contra a população negra, principalmente contra a mulher negra.  O link para a publicação está aqui e a íntegra do texto no final desta nota.
No dia 18, 58 mulheres do Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras Marielle Franco, iniciativa do Fundo Baobá em parceria com Instituto Ibirapitanga, Fundação Ford, Open Society Foundations e Fundação Kellogg, cobraram justiça para o crime ocorrido há dois anos. Em uma carta aberta à sociedade, elas destacaram a relevância da vereadora na luta pela equidade racial e pediram providências para o seu assassinato e do motorista Anderson Gomes. Confira a íntegra: https://bit.ly/3d6KxJg.

Existe equidade racial na gestão pública?

No mês da Consciência Negra, o Baobá – Fundo para Equidade Racial, aproveita para trazer à discussão temáticas pouco exploradas, mas extremamente relevantes para a sociedade brasileira, especialmente para a população negras.

Para contribuir com essas reflexões, especialistas respondem perguntas sobre diferentes temas.

Quem comenta sobre desafios da gestão pública é Trícia Calmon, mestranda em Desenvolvimento e Gestão Social especialista em Políticas Públicas de Gênero e Raça, graduada em Ciências Sociais. Atualmente, ocupa o cargo de Coordenadora Geral do Programa Corra pro Abraço (Secretaria de Justiça e Direitos Humanos e Desenvolvimento Social do Estado da Bahia). Trícia é conselheira no Conselho Estadual de Políticas de Drogas, colaboradora da plataforma Hysteria.etc, Conselheira do Fundo Baobá e membro-titular do Comitê Interinstitucional de Monitoramento e Avaliação das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, presidido pelo Ministério Público do Estado da Bahia. Atuou como consultora da Fundação Kellogg no programa de Equidade Racial no Nordeste e como Coordenadora Executiva de Igualdade Racial da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Estado da Bahia.

Apenas em 1988, 100 anos após sancionada a Lei Áurea, o Brasil reconheceu formalmente a existência do racismo, da discriminação racial e se propôs a enfrentá-los por meio de ações afirmativas. Quais os efeitos desse reconhecimento para o desenvolvimento da população negra e do país como um todo?

Antes de 1988 o Brasil já vinha se afinando com compreensões em conferências e convenções, essa sinalização formal em relação à agenda do combate ao racismo se delineou a partir de articulações internacionais. Tivemos a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, ratificada pelo Brasil em 1968.

A constituição de 1988 é muito importante porque deu abertura para outras políticas. As ações afirmativas ocorrem um pouco mais adiante ampliando o debate nacional a partir das cotas e outras políticas de estímulo e permanência à estudantes negros e negras nas universidades. Posteriormente o governo federal verificamos implanta o sistema de cotas também para concursos públicos. Temos outras políticas no campo de enfrentamento e combate ao racismo, ou pelo menos de promoção da igualdade racial no âmbito dos governos e das casas legislativas, leis no campo da educação e outras áreas. A legislação por si só não vai causar efeitos de reversão do cenário de desigualdades sócio raciais, temos uma visão crítica nesse sentido, mas consideramos que esses avanços na legislação são demarcadores importantes para a constituição legítima de políticas públicas. Quem atua em gestão, em áreas específicas de promoção da igualdade racial ou em áreas transversais que tocam o racismo, tem condições de se assentar em bases legais a partir desse conjunto de leis que embasa políticas de promoção da igualdade racial ou de enfrentamento ao racismo.

Consequência da luta de décadas do movimento negro, a sociedade brasileira assiste a uma mudança de postura em relação às desigualdades raciais no país. Dentre a diversidade de temáticas, as cotas raciais é uma das que gerou mais debate da sociedade em geral. Que outros temas centrais e desafios necessitam de mais engajamento de toda sociedade brasileira?

Eu não sei se a sociedade brasileira adotou uma mudança de postura. A sociedade brasileira tem se posicionado mais claramente sobre o que pensa em relação ao racismo, especialmente nesse momento de um governo mais reacionário e declaradamente intolerante, racista, homofóbico. Tem também um grupo que acha ruim o Brasil ser um país racista, mas que não quer mexer nessa realidade e abrir mão de privilégios. Tanto que o tema das cotas, embora consolidado por conta das leis e mostrando resultados a algum tempo, é um assunto ainda controverso.

Acho que os movimentos sociais e políticas publicas tem conseguido arregimentar mais pessoas no momento em que elas começam a ficar mais bem informadas sobre o assunto. Conseguimos tencionar um pouco mais sobre o tema do racismo, a partir de décadas de luta do movimento negro. Inclusive, a gente pode observar agora a adesão de outros movimentos sociais em relação a desigualdade sócio racial e combate ao racismo. Foi muito importante e educador ter esse debate sobre cotas raciais no Brasil da maneira que foi, inicialmente dentro do tema da educação de nível superior. Falando sobre o mundo do trabalho, as cotas vêm ocorrer nos concursos públicos federais, com adoção de alguns estados e municípios pelo país afora.

Precisamos refletir sobre a educação básica, temos a lei 10.639 de 2003 que, além de instaurar o Dia Nacional da Consciência Negra, tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira no ensino fundamental e médio, oficiais e particulares. Temos assuntos proeminentes que precisamos olhar com calma, carinho, força e dedicação, como o tema do genocídio da juventude negra, o hiper encarceramento das pessoas negras, a desigualdade no campo da educação.

O Brasil tem um número escandaloso de pessoas que não concluem o ensino fundamental e essas pessoas são majoritariamente negras, nos conduzindo para um processo de tragédia social que a gente precisa interromper. Tudo isso converge para um sinal de violência urbana geradora de ódio às pessoas que ficam em situações mais extremas de vulnerabilidade. Vemos o aumento de pessoas que são em situação de rua, que não têm onde morar. Essas pessoas têm baixa escolaridade, sobrevivem a partir de trabalhos precários e isso é uma realidade cada vez mais gritante na sociedade brasileira. O tema da política de drogas precisa ser olhado com cuidado por nós, vivemos numa sociedade que criminaliza o uso de drogas por pessoas negras, mas o uso de drogas por pessoas brancas é descriminalizado. As tratativas com um sujeito branco de classe média alta e com um sujeito negro de periferia são totalmente diferentes e essa é uma realidade cada vez mais gritante.

São temas caros que estão determinando os índices de prisão, a guerra às drogas que tem elevado os índices de mortalidade de jovens, pessoas na periferia e até crianças acometidas por essa situação de violência e a própria força policial, também abatida nessa relação ostensiva.

A presença de representantes negros nos diferentes espaços de poder e tomada de decisão pode impulsionar o desenvolvimento de políticas públicas para essa população. Que ações são necessárias para promover a justiça racial no processo eleitoral?

A representação negra nos espaços de poder e tomada de decisão é algo absolutamente importante. Vivo em Salvador, cidade que tem uma população de 85% de pessoas negras, mas nunca teve uma pessoa negra governando. Quer dizer, a cultura negra é pulsante, gera renda e gera recursos na cidade, mas essa renda é concentrada em pessoas brancas, o poder é concentrado em pessoas brancas.

Tem questões da realidade de uma pessoa negra em uma cidade, em determinados bairros e territórios que, por mais bem-intencionado que um politico branco de classe média alta seja, tem dimensões que ele jamais vai alcançar sobre as necessidades, sobre as ausências, sobre a forma de ser, de pensar e de viver que precisam ser consideradas na hora em que você elabora políticas públicas.

Negros e negras acabam também sendo preteridos e permanecendo fora desses espaços de decisão dentro dos partidos. No final das contas impera uma lógica que não responde às teses que os partidos de esquerda defendem declaradamente, de pluralidade, de inclusão, de combate ao racismo, à desigualdade de gênero. Há necessidade de ações mais efetivas para corrigir isso.

A presença negra na produção cinematográfica do Brasil

No mês da Consciência Negra, o Baobá – Fundo para Equidade Racial, aproveita para trazer à discussão temáticas pouco exploradas, mas extremamente relevantes para a sociedade brasileira, especialmente para a população negra.

Para contribuir com essas reflexões, especialistas respondem perguntas sobre diferentes temas.

Quem comenta sobre produções audiovisuais no Brasil é Joel Zito Araújo, cineasta e membro do Conselho Deliberativo do Fundo Baobá.

Joel Zito Araújo é diretor, roteirista, curador de festivais, escritor e pesquisador. É tido como um dos responsáveis pela implantação do chamado cinema negro, tanto na ficção quanto no documentário, com filmes que debatem o racismo e a desigualdade entre negros e brancos. O tema também se encontra em suas pesquisas universitárias, particularmente, na presença de afrodescendentes no audiovisual. Joel Zito dirigiu 29 curtas e médias documentais e ficcionais, lançando em 2000 “A Negação do Brasil”, longa documental que recebeu o título de melhor filme brasileiro do É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários, de 2001. Em 2004 finalizou seu primeiro longa-metragem de ficção, “As Filhas do Vento” e, em 2019 fez o lançamento mundial do seu novo longa, “Meu Amigo Fela”, em que o diretor brasileiro entrevista o africano-cubano Carlos Moore, amigo íntimo e biógrafo oficial de Fela, com o objetivo de tentar entender o homem que viveu atrás do mito de “excêntrico ídolo pop africano do gueto”. Diferente de qualquer narrativa anterior sobre o gênio musical nigeriano Fela Kuti, que frequentemente foi retratado como um excêntrico ídolo pop do gueto, neste filme Fela Kuti é finalmente apresentado como o líder político importante que foi. Com uma narrativa construída através dos olhos de seus amigos, especialmente do seu biógrafo oficial, o intelectual afro-cubano Carlos Moore, este documentário é dedicado a desvendar os altos e baixos e a complexidade da vida de Fela. Um exemplo das glórias e tragédias que moldaram a vida de sua geração de militantes pan-africanistas.

Como você avalia a presença negra na produção cinematográfica no Brasil?

Continuamos minoritários e sendo tratados como minoria, mas existe um evidente crescimento e reconhecimento. Os números revelados pelas pesquisas do GEMAA (Grupo de Estudos Multidisciplinar da Ação Afirmativa) e da ANCINE foram as pás de cal em cima daqueles que negavam o evidente racismo na produção audiovisual brasileira. Hoje temos um reconhecido cinema negro, com centenas de jovens cineastas fazendo curtas, médias e longas, além das pessoas de minha geração que continuam em evidência fazendo produções de impacto. É só ver o alcance dos nossos filmes em grandes festivais internacionais.

Mas, mesmo considerando um evidente avanço, a população negra e sua representação cinematográfica quando é conduzida pelas mãos de uma minoria branca, com poder audiovisual, continua, majoritariamente, sendo representada dentro dos estereótipos da subalternidade, ou como segmento indesejável do país. As telenovelas continuam sendo o melhor exemplo das dificuldades do país em dar um salto na representação audiovisual do segmento populacional negro (que é maior que 54% do total de nossa população total). Nela, a maioria dos atores, e dos melhores papéis continuam sendo somente para o segmento branco.

Que posições trabalhadorxs negrxs ocupam no cinema?

No cinema mainstream quase nenhuma. No cinema alternativo cresce a cada dia que passa. Tem uma velha e nova geração de realizadores e realizadoras brancas preocupadas em não incorrer nos mesmos erros do passado. Mas tem uma novidade mais positiva ainda, especialmente entre aquelas produtoras que desenvolvem produções para novas plataformas como Netflix, Amazon Prime e HBO, que tem suas matrizes nos EUA, onde a pressão pela diversidade é quase lei. Elas estão seriamente preocupadas com a diversidade racial e de gênero, e como consequência estão incorporando muitos profissionais nas frentes e atrás das câmeras em suas produções.

Como o momento de crise vivido pelo setor audiovisual brasileiro impacta a participação dessxs trabalhadorxs na produção de conteúdo?

Impacta muito. A maioria dxs novxs realizadorxs que estão na iminência de fazer os seus primeiros longas para a televisão ou salas de cinema, está com os seus projetos em compasso de espera em decorrência da paralização da ANCINE, boicotada pelo presidente de extrema direita. Ou seja, temos uma política destrutiva proposital para ceifar as cabeças culturais do país, e para impedir o desabrochar destas novas visões. 

Você tem uma vasta produção e um papel importante no cinema brasileiro. O que é preciso para que haja mais representatividade no audiovisual?

Eu não tenho uma vasta produção, talvez eu seja aquele que produziu mais entre nós, mas a minha média é de um filme a cada quatro anos. Eu achei que iria romper com esta média neste novo contexto que surgiu com o aumento dos recursos do FSA – Fundo Setorial do Audiovisual. Mas sou atingido da mesma forma que os novos. Não sei quando voltarei filmar, se depender de recursos do FSA ou de patrocínio de empresas brasileiras. Portanto, o que é preciso é que tenhamos recursos financeiros e que eles sejam democratizados e respeitem nossa diversidade racial, de gênero e cultural. 

Acompanhe aqui as novidades sobre o trabalho do cineasta.

Aviso de alteração

Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco

O Baobá – Fundo para Equidade Racial comunica as seguintes alterações nos editais “Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras” e “Fortalecimento de capacidades de organizações, grupos e coletivos de mulheres negras”:

1 – Alteração do item 10 no edital “Fortalecimento de capacidades de organizações, grupos e coletivos de mulheres negras” e item 9 no edital “Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras”:  – Divulgação dos Resultados

A data de divulgação dos resultados, que a princípio seria no dia 20 de novembro de 2019, foi transferida para o dia 10 de dezembro de 2019.

Devido ao grande número de inscrições e também à necessidade de melhorias em nossa plataforma, foi necessário alterar a data final de envio de projetos para os dois editais do Programa de Aceleração, para garantir que todas as interessadas tivessem iguais condições de finalizar seu processo de inscrição. A mudança impactou diretamente no processo de seleção das propostas e, consequentemente, na data de divulgação dos resultados. A informação com as novas datas já havia sido divulgada nos dois editais disponíveis no nosso site oficial desde a alteração da data final de envio dos projetos em www.baoba.org.br/edital-pad.

2 – Edital “Fortalecimento de capacidades de organizações, grupos e coletivos de mulheres negras”: Alteração do item 9 – 3ª Fase do processo de seleção

Em função das ações do mês de novembro relacionadas ao Dia Nacional da Consciência Negra, muitas organizações, grupos e coletivos estão envolvidos em atividades nos seus territórios.

Com o intuito de assegurar que todos os projetos selecionados para a 3ª Fase tenham a chance de passar pela avaliação, optou-se por substituir as visitas de campo por entrevistas a distância (por telefone ou videoconferência) e roteirizadas com as organizações, grupos e coletivos cujos projetos forem selecionados para essa fase.

O objetivo e critérios de análise desta fase permanecem inalterados, tal como descritos no item 9 – 3ª Fase do Edital.

O Fundo Baobá fará contato, apenas com as selecionadas, a partir do dia 21 de novembro, para agendar as entrevistas dessa fase. As organizações, grupos e coletivos devem estar preparados para que seus membros – lideranças e/ou colaboradoras, possam participar desse diálogo, mesmo estando em lugares diferentes.  

O Fundo Baobá reafirma seu compromisso de atender as expectativas e manter o diálogo permanente com as pessoas interessadas em participar de seus editais.

Agradecemos a compreensão e nos colocamos à disposição para adicionais esclarecimentos.

21 de novembro de 2019
Baobá – Fundo para Equidade Racial
baoba@baoba.org.br

Investimento Social Privado e equidade racial

No mês da Consciência Negra, o Baobá – Fundo para Equidade Racial, aproveita para trazer à discussão temáticas pouco exploradas, mas extremamente relevantes para a sociedade brasileira, especialmente para a população negra.

Para contribuir com essas reflexões, especialistas respondem perguntas sobre diferentes temas.

Quem comenta sobre Investimento Social Privado é Selma Moreira , Diretora Executiva no Fundo Baobá. Ela também atuou como Gerente de Responsabilidade Social do Instituto Walmart, Gerente de Sustentabilidade na Fundação Alphaville e Gerente de Projetos da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Fundação Getúlio Vargas (ITCP – FGV). É membra do Conselho Consultivo do Instituto Coca-Cola Brasil e da Assembleia Geral do Greenpeace Brasil. É formada em Administração de Empresas pela Fundação Instituto Tecnológico de Osasco, pós-graduada em Gestão Estratégica em Comunicação Organizacional e Relações Públicas, pela Escola de Comunicação e Artes da USP, tem MBA em Gestão e Empreendedorismo Social, pela FIA.

A equidade racial é uma temática carente de investimentos sociais privados?

De acordo com o Censo GIFE 2016, as fundações, institutos e empresas brasileiras aplicaram o recurso de investimento social privado majoritariamente nas áreas da educação, formação profissional, cultura e artes. Apenas 2% dos associados apontam investimento com o recorte de relações raciais.

No Brasil, 54% da população se autodeclara negra. Por isso, entendemos ser fundamental que o tema da relações raciais entre na agenda estratégica dos investidores, a fim de garantir recursos que possam contribuir com ações de promoção da equidade racial.

Quais as possibilidades de atuação do investimento social privado em prol da equidade racial?

Há uma urgência na revisão das estratégias dos investidores sociais, a fim de contribuir para que organizações que atuam no campo dos direitos e relações raciais, possam executar suas missões. Hoje muitas organizações deste campo estão mais fragilizadas e demandam atenção e investimento a fim de garantir o cumprimento e sua missão.

O Fundo Baobá tem na sua forma de operação mobilizar recursos e pessoas para cumprir sua missão de promoção da equidade racial e busca através de alianças com investidores comprometidos com a mudança elaborar estratégias que permitam em parceria fortalecer o campo das relações raciais, seja para elaboração de implementação de programas e projetos, bem como, pelo fortalecimento da estratégia do consolidação do fundo patrimonial que em médio e longo prazos, nos permitirá dirigir mais recursos para promoção da agenda em prol da equidade racial no país.

Como as organizações podem refletir e rever suas práticas internas voltadas à equidade racial?

Temos um histórico de 388 anos de pais sob a égide do regime escravocrata e apenas 138 após a promulgação da lei Aurea. O contexto ainda é de extrema discriminação e acúmulos de vulnerabilidade sobre a população negra. Não se pode pensar ou planejar democracia fortalecida sem a inclusão de toda sociedade. Somos a maioria da população brasileira e é hora de implantar ações estruturantes que considerem a equidade racial como orientadora e não só mais uma ação pontual.

Para as organizações, é uma possibilidade de olhar para um tema urgente, altamente relevante, mas que não recebe a devida atenção.

Quer saber mais sobre as possibilidades de atuação em prol da equidade racial? Fale conosco no baoba@baoba.org.br

Dê uma Adunni. Empodere uma criança.

Entendendo a necessidade social de oferecer às crianças negras uma boneca que dialogue com suas identidades, fortaleça sua autoestima e também propicie uma conexão comportamental real com o brinquedo, o Baobá – Fundo para Equidade Racial – em parceria com a Ri-Happy e a Estrela lançaram no mercado, em 2016, a linha Adunni, que é composta por três bonecas (uma bebê e duas fashion doll), que buscam reforçar a representatividade das culturas e identidades negras em um país onde negros aparecem 7 vezes menos do que modelos brancos em campanhas publicitárias – segundos dados da agência de propaganda Heads, mesmo sendo um país majoritariamente negro (53% da população, segundo o IBGE), dificultando a formação e a reafirmação de estereótipos positivos de pessoas negras, especialmente entre crianças.

“Para uma menina, ganhar uma boneca negra que reflete suas características físicas, que via de regra não são vistas como padrão ou sinônimo de beleza pela sociedade, vai muito além de um simples brinquedo.. Esta boneca pode gerar uma conexão afetiva que vai além do conceito lúdico; ela vai reflete a identidade da criança, fazendo com que ela se sinta representada na boneca negra. Reconhecer a própria identidade em um brinquedo é fortalecer a autoestima da criança. Estes foram os motivadores para a criação da linha Adunni, que na Língua Iorubá significa a doçura chegou ao lar”, explica Selma Moreira, Diretora Executiva do Fundo Baobá.

A linha Adunni tem venda exclusiva nas lojas Ri-Happy em todo o Brasil. Para cada boneca vendida, a Ri-Happy vai destinar um percentual para o Fundo Baobá investir em iniciativas que promovam a equidade racial.

As Bonecas podem ser compradas nas lojas físicas da Ri Happy. Fizemos uma lista com as lojas que têm Adunni em estoque, atualizada às 10h do dia 08/10/2019. Vá até a loja mais próxima e consulte.